Com a presença de bom público, cerca de 300 trabalhadores estiveram no auditório do Sindicato dos Mecânicos de Joinville e Região na noite desta quinta-feira (17/1), o sonho da criação de uma cooperativa formada por ex-funcionários da Busscar para voltar a produzir ônibus na maior cidade catarinense deu um passo importante rumo a sua criação.
Com as presenças do presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), Paulo Caires; do representante da CUT/SC, Vilmar Ossowsky; do presidente da Unisol – Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários, Arildo Mota Lopes; presidente da Unipol – antiga Profiplast – Gilson Gonçalves, e do presidente do Sindicato dos Mecânicos, Evangelista dos Santos, a Comissão de Trabalhadores que estudou e produziu o plano de viabilidade para a cooperativa apresentou a idéia para um auditório tomado de expectativas e ansiedades dos trabalhadores.
Pedro de Medeiros, que fazia parte da área comercial da Busscar, apresentou detalhadamente a proposta, suas dificuldades, oportunidades, explicando também a diferenciação entre a criação da cooperativa e o processo de falência que corre na Justiça. “Uma não afeta a outra, mas com a cooperativa em funcionamento, produzindo ônibus, além do maquinário não se perder e ter manutenção e assim o patrimônio ficar preservado para uma futura venda a preços justos para pagamento da dívida com os trabalhadores, vamos destinar parte do faturamento para pagar o arrendamento do parque fabril, aumentando os valores para que nós mesmos possamos receber o quanto antes o que nos devem”, falou Medeiros, que trabalhou por quase 25 anos na empresa.
O presidente da CNM/CUT, Paulo Caires, disse que estava presente representando a base nacional dos metalúrgicos – cerca de um milhão de trabalhadores – para apoiar a idéia e, caso os trabalhadores realmente aceitem e criem a cooperativa, ajudar diretamente na busca por financiamentos junto ao governo federal, BNDES e outros.
O presidente da Unisol, Arildo Mota Lopes, contou as histórias de formação de cooperativas de que fez parte e conhece pelo mundo e no Brasil, destacando ser um processo difícil, mas que dá resultados aos trabalhadores em médio prazo. Ele destacou casos como a Unipol em Joinville, que fazia parte do grupo Cipla, a Uniforja em Diadema (SP), um “case” de sucesso em cooperativas que já tem quase 20 anos de história, entre outras. A Unisol organiza, orienta, apóia a todos os projetos de cooperativas de trabalhadores e empreendimentos solidários pelo país.
Após as explanações, acompanhadas atentamente pelos trabalhadores, foi aberto espaço a perguntas que foi intensivamente utilizado para esclarecimento de dúvidas. Durante o evento, aproximadamente 200 fichas de interesse em participar da cooperativa foram entregues à Comissão de Trabalhadores, que em seu plano de viabilidade prevê que para dar início à produção seriam precisos 600 trabalhadores de várias áreas para produzir dois ônibus ao dia, segundo planejaram.
No sábado, dia 19 de janeiro, às 9 horas no mesmo auditório do Sindicato dos Mecânicos – centro de Joinville – será realizada a segunda grande reunião para apresentar o plano da cooperativa a quem não pode comparecer na primeira reunião. As fichas voltam a ser recolhidas para que na terça-feira (22/1) a Comissão e Sindicato se reúnam para avaliar os próximos passos.
Ainda ontem, quinta-feira, a Comissão de Trabalhadores, Sindicato dos Mecânicos, Unisol, Unipol, CUT e CNM/CUT foram recebidos pelo secretário do Desenvolvimento Economico de Joinville, Jalmei Duarte, representando o prefeito Udo Döhler. Jalmei ouviu atentamente os apelos por apoio institucional do Executivo ao projeto, e prometeu dar um retorno logo após conversar com o Prefeito sobre o tema, mas deixou sinalização positiva à iniciativa dos trabalhadores.
A Comissão dos Trabalhadores pretende buscar apoios das três esferas de poder – municipal, estadual e federal – tanto com o Prefeito de Joinville e Governador do Estado, quanto com os deputados estaduais, federais e senadores, além do Governo Federal, para dar sustentabilidade e garantir apoios de financiamentos ao projeto.
Do Sindicato dos Mecânicos de Joinville e Região