Busscar quer pagar trabalhadores com ações

Leia matéria de hoje produzida pelo jornal A Notícia de Joinville (SC), por Maellen Muniz, que mostra mais uma investida, a meu ver desastrada mais uma vez, de tentar sensibilizar os credores trabalhistas em favor do seu plano de recuperação. Leia a matéria aqui:

Empresa propõe à Justiça que os trabalhadores se tornem acionistas

A Busscar apresentou ontem nova proposta para o pagamento das dívidas trabalhistas. A maior parte da quitação dos R$ 115 milhões devidos seria feito por meio do pagamento em ações. Os trabalhadores terão direito a 12% da companhia. A mudança ocorreu em função da determinação do juiz Maurício Cavalazzi Povoas, para que a Busscar ajustasse o plano de recuperação judicial. O principal questionamento era em relação à quitação dos créditos trabalhistas.

Inicialmente, a empresa propôs acerto em 36 meses, enquanto a lei prevê um ano. Agora, os credores terão carência de seis meses, receberão um sexto do dinheiro nos seis meses seguintes e o valor restante será convertido em ações, que podem ser negociadas como o portador preferir.

A proposta foi protocolada na 5ª Vara Cível. O presidente Cláudio Nielson deixou claro que as ações não tornam os funcionários responsáveis pela dívida. “A modificação do plano prevê a quitação legal no prazo citado pelo juiz e abre a possibilidade de os credores serem sócios da companhia. Quem não quiser, tem a opção de recompra obrigatória das ações pela Busscar, recebendo seus créditos em dinheiro”, garante.

Segundo o advogado da empresa, Euclides Ribeiro S. Junior, foi uma negociação com os trabalhadores. “Com esta proposta, percebemos a aceitação de cerca de 70% deles”, afirma. O advogado diz que não houve conversa com o Sindicato dos Mecânicos porque a entidade fez exigências que inviabilizavam o pagamento dentro da realidade do fluxo de caixa. O presidente do Sindmecânicos, Evangelista dos Santos, diz que a entidade desistiu de conversar há algum tempo. “Não tinha clima, nem possibilidade de acordo.”

Quanto à nova proposta, ele tenta ser otimista. “É um cenário melhor do que tínhamos antes, com as debêntures. Mas, de onde virá o dinheiro caso a maioria dos trabalhadores queira que a Busscar recompre as ações?” O sindicalista destaca que a proposta, defendida no início do processo de recuperação, pode trazer vantagens aos trabalhadores, já que dará voz ativa na empresa. As questões apontadas no documento entregue ontem à Justiça serão debatidas após o novo juiz do caso, Gustavo Marcos de Farias, assumir a 5ª Vara Cível em 15 dias.

“O que queremos é o que a Lei de Recuperação Judicial prevê. O novo juiz deve avaliar as questões legais, assim como fez o doutor Maurício, antes de começarmos novas conversas”, diz Santos. O futuro da empresa deve ser definido na continuação da assembleia de credores, em 7 de agosto, no Centreventos.

MAELLEN MUNIZ

PRINCIPAIS ALTERAÇÕES
– Desconto médio de 15% para multas e outras punições. Salários atrasados, férias, verbas rescisórias e FGTS serão pagos integralmente.
– Carência de seis meses para o início dos pagamentos.
– Junto com o pagamento da 6ª parcela, haverá um desconto para conversão e o recebimento de ações preferenciais da Busscar, que dará quitação do crédito trabalhista.
– Os novos acionistas não terão responsabilidade sobre o passivo.
– As ações são resgatáveis. Os funcionários poderão obrigar a empresa a recomprá-las. Os créditos convertidos ao saldo original antes do recebimento da ação. O restante será pago em até 30 meses com uma parcela mínima de R$ 400,00.
– Se o controle acionário mudar, os sócios minoritários têm o direito de venda de suas ações pelas mesmas condições dos majoritários.
– Se houver interesse de compra do controle acionário da Busscar por investidores, os acionistas têm obrigação de venda conjunta.
– Os pagamentos dos funcionários da Tecnofibras e da Climabuss permanecem sem alteração.
GARANTIAS
– No caso de falência, o crédito trabalhista retornará à condição anterior à recuperação judicial, descontados os valores recebidos
– Se o INPC for maior que 5%, a diferença será incorporada ao saldo devedor.
– A Busscar manterá a reserva de imóveis que responderão prioritariamente pelas obrigações da classe trabalhista.

Saneamento: matéria em A Notícia ficou muito bacana

Matéria publicada hoje, segunda-feira, 26 de março pelo jornal A Notícia falando do andamento das obras de saneamento em Joinville (SC), maior cidade catarinense, ficou muito bacana. A ilustração então é mais que didática, e além de tudo presta um grande serviço à população que ainda não sabe como funciona, onde está acontecendo, o que ela tem de fazer para se adequar, enfim, detalhes fundamentais do tema, que ainda é tão distante do cotidiano do povão.

Parabéns aos colegas envolvidos com a matéria, vocês mostram que há qualidade superior sim em jornalismo na cidade. Quem quiser curtir, e ter acesso ao mapa e textos é só acessar o www.an.com.br.

Justiça condena TV Globo, RBS TV e Estado de SC a indenizar Aluísio Plocharski

Umas das histórias mais tristes para o jornalismo, polícia, e claro, especialmente para Aluísio Plocharski e sua família começa a ter fim: a Justiça acaba de condenar a TV Globo, RBS TV e Estado de Santa Catarina a pagarem indenização de R$ 270 mil ao trabalhador braçal que teve sua imagem difundida indevidamente nos meios de comunicação como sendo o Maníaco da Bicicleta. O caso ocorreu em 2000, quando um criminoso, preso dois anos depois, atacou várias mulheres cometendo estupros, e aterrorizando a cidade por vários meses. A notícia está publicada na edição de hoje do jornal Notícias do Dia que circula em Joinville (SC).

Aluísio Plocharski foi detido para averiguações e acareação com as vítimas, e nunca foi reconhecido como o Maníaco. No entanto, as investigações policiais em seu emprego – logo depois foi demitido – e a divulgação de sua foto como sendo o criminoso, levou a família ao desespero, desintegração e humilhação. Até hoje eles sentem os efeitos da exposição do filho na televisão e jornais. Após longos 10 anos finalmente a Justiça dá sua primeira sentença. Essa decisão deve servir especialmente ao jornalismo, para que cheque sempre à exaustão as informações que são repassadas, sob pena de atingir duramente a honra das pessoas.

Eu conheci a família pela mãe de Aluísio, dona Marli Plocharski, que me procurou para conseguir apoio ao início de seu trabalho como confeiteira para manter a família. Isso aconteceu por volta de 2001, e de lá para cá se formou uma amizade forte, e da sua história nasceu um trabalho de monografia que em breve se transformará em livro, coisa que me comprometi há bastante tempo, mas nunca consegui realizar por motivos profissionais.

Meus parabéns à família Plocharski pela luta em busca de justiça a esses erros. Que seja pelo menos um alento para que retomem suas vidas de forma normal, já que até hoje vivem nessa gangorra, à espera de uma decisão. Certamente a Justiça receberá recursos sobre a sentença, mas o primeiro passo após anos de espera, foi dado. Felicidades dona Marli, a senhora precisa voltar a viver com alegria.

Marcão Braga fora de A Notícia…

Recebi via twitter a notícia da saída do velho amigo e grande talento do jornalismo, Marco Aurélio Braga, mais conhecido como Marcão no meio jornalístico. Grande farejador de notícias, repórter investigativo premiado, Marcão tem mais bala na agulha do que o projeto atual de AN oferece. Talvez tenha sido isso o estopim para a sua saída. Não falei com ele, mas espero que o seu destino seja o melhor possível. Afinal, ele vai ser papai em breve – tava na hora né Marcão!! – e precisa ganhar a vida. Forte abraço amigo véio… e sucesso!!