Aldeias de Angola: A longa caminhada da aprendizagem

Doroteia e Isabel seguem lado a lado pela estrada poeirenta e esburacada. Vão demorar mais de duas horas para chegar até à escola mais próxima da sua aldeia, Kawewe, no Bié, no coração de Angola.

Como elas, milhares de alunos angolanos de zonas rurais andam dezenas de quilómetros para ter acesso ao ensino devido à falta de transportes.Muitos cedem ao cansaço e à dureza das caminhadas e abandonam a escola logo nos primeiros anos. Outros prosseguem, mas com baixos níveis de aprendizagem e aproveitamento.

“O setor da educação aqui tem desafios significativos”, desabafa José Edgar, administrador comunal da Chicala, uma das comunas desta província angolana que ocupa uma área equivalente a 80% da superfície de Portugal Continental.

Estamos a 52 quilómetros do Cuíto, capital do Bié, uma vasta extensão de planalto onde a população se dedica sobretudo à agricultura familiar e onde o mau estado da estrada implica perder quase duas horas de carro para chegar.

Nesta comuna, os 18 mil habitantes estão distribuídos por 57 aldeias, todas distantes entre si, sem transportes públicos, sem água, sem eletricidade, sem rede de telemóvel nem Internet, e com um número elevado de jovens em idade escolar.

Com o processo de aglutinação das escolas, por falta de salas de aula, e insuficiência de professores, muitas crianças das aldeias circundantes passaram a ter de se deslocar à Chicala para ir às aulas, para descontentamento dos pais, que, muitas vezes, acabam por preferir manter os filhos consigo nas lavras.

“Os pais veem os filhos a sacrificarem-se, têm baixo aproveitamento, apresentaram-nos essa preocupação”, diz o responsável da comuna que conta com dois centros escolares — um secundário e um primário — para atender uma população estudantil de 350 alunos.

Os quatro professores chegam a ter 80 alunos por turma no início do ano letivo, mas muitos vão ficando pelo caminho. Dos mais de 1.800 alunos matriculados no ano letivo de 2023/2024, cerca de 30% deixaram de ir às aulas. É meio da manhã e ouve-se a partir da janela a toada infantil do bê-a-bá recitado pelos alunos da 2.ª classe.

Os materiais pedagógicos são escassos ou inexistentes e os estudantes, mal alimentados, revelam pouca capacidade de concentração. Quem está a dar a aula de português é Frederico Chipessola, que, pacientemente, vai ensinado o alfabeto.

Pede a uma das crianças para ir fazer a leitura no quadro, mas o rapazinho recusa. “Tenho fome”, justifica, tristonho. As crianças acordam cedo e muitos fazem a longa caminhada de barriga vazia.

Um sacrifício que se estende também aos professores, como Alberto Tiago, de 30 anos, que leciona a 3.ª classe e vai e vem de mota, diariamente, do Cuíto para dar aulas na Chicala.

“Saio às 04:30”, diz, acrescentando que por vezes pernoita na casa dos professores disponível na comuna. O seu aluno Manuel Gueve, de 12 anos, acorda quase à mesma hora para chegar à escola, a pé, a partir da aldeia de Candondo.

Os pais e os irmãos trabalham na lavra e, apesar dos cerca de 20 quilómetros que percorre, Manuel diz que quer continuar a vir às aulas “para aprender”, apesar do cansaço.

Prosseguimos pela tormentosa estrada cavada de sulcos abertos pelas chuvas, cruzando-nos com alguns — poucos — “kaleluias”, as motas de três rodas que servem como principal meio de transportes desta população rural e pobre.

 Por aqui anda-se sobretudo a pé, homens, crianças e mulheres que carregam os filhos nas costas e as bacias à cabeça, postais africanos onde as privações se escondem atrás de sorrisos.

A paisagem, ora descampada, ora povoada por pequenos núcleos de casas de adobe com telhados de colmo ou de chapa presa com pedras, sucede-se por mais uma hora.

Fizemos cerca de 15 quilómetros para chegar à escola n.º 122 de Chilema, que serve sete aldeias, a mais longínqua das quais — Dumba Kalunjololo – a 26 quilómetros.

Dos 68 alunos da Dumba inscritos inicialmente, restam 18, diz Leonardo Chicomo, o diretor desta escola, que gasta também seis horas por dia no percurso escola-casa, no Cuíto, na sua motorizada.

A sala de aulas está instalada num barracão e transforma-se em local de culto aos domingos. Uma solução que as autoridades locais encontraram para colmatar a insuficiência de salas de aula.

Pouco mais de uma dezena de meninos e meninas aconchegam-se em banquinhos nesta igreja que faz de escola, ouvindo distraídos a aula de matemática dada por Miguel da Costa, 26 anos.

Chegou à aldeia há menos de um ano, depois de quatro anos passados na Chicala e ganha cerca de 150 mil kwanzas mensais (162 euros). “O maior problema é a locomoção”, o que o leva a ficar durante a semana na aldeia onde os professores podem pernoitar, lamenta.

Com uma pontinha de orgulho, diz que foi aprendendo a lidar com as outras dificuldades, o isolamento, a vida sem Internet e sem telemóvel: “eu sou escuteiro, a gente acostuma-se”.

Avançamos para a aldeia de Kawewe, onde muitos dos jovens deixaram de ir à escola. Jacinto Bunga, por exemplo. Tem 16 anos e parou na 5.ª classe. Porquê? “As condições”, responde.

Demorava três horas para ir à escola e mais três para voltar e acabou por se dedicar “ao cultivo”, juntando-se à família. Em época de chuvas, a estrada transforma-se num lamaçal e torna-se intransitável, levando ao abandono escolar.

Ernesto Jamba tem dez filhos e diz que os mais novos não têm como ir até à escola. “É uma hora de marcha”, diz. Verónica Capolo tem nove filhos e também ela critica as distâncias que tornam ainda mais difícil a vida destes estudantes.

“Se fosse mais próximo podiam estudar de manhã e de tarde ir à lavra”, ajudar a mãe no cultivo do milho e feijão que servem de sustento à família. Verónica fala e, aos poucos, crianças e adultos vão vencendo a timidez e começam a apontar a lista de necessidades. “Queremos escola, queremos rede, queremos manivela (água), queremos luz, queremos saúde”, pedem.

Voltamos a encontrar Doroteia e Isabel, já de tarde, na escola da Chicala. As duas jovens de Cawewe têm 16 anos e frequentam a 6.ª e a 7.ª classe. Saíram de casa por volta das 10:00 e vão regressar de noite.

No dia seguinte, tudo se repete, serão mais 50 quilómetros para ter acesso à educação, um direito que é garantido, mas que nem todos conseguem exercer quando têm de escolher entre comer ou aprender.

O cenário poderá mudar em breve com a implementação de um projeto-piloto no âmbito da iniciativa “Unidos pela Educação” – que integra o Centro Ufolo, a Fundação Ulwazi e o Ministério da Educação – para formar professores ambulantes e levar uma “escola móvel” até às aldeias.  

O projeto está a ser gizado com as autoridades locais e pretende encontrar soluções logísticas para transportar os professores, estabelecendo parcerias com os mototaxistas locais, e garantir kits pedagóicos e meios audiovisuais, através, por exemplo, de painéis solares portáteis, explica Rafael Marques, do Centro Ufolo.

“A educação tem de ir ao encontro dos alunos”, diz o ativista e jornalista, diretor do site Maka Angola, que espera ter o projeto no terreno já no início do próximo ano letivo.

Fonte: História de Lusa

94ª Feira do Livro de Lisboa inicia hoje com destaque para programação e acessibilidade

A 94.ª edição da Feira do Livro de Lisboa começa hoje, no Parque Eduardo VII, naquela que será, segundo a organização, a maior de sempre, com um horário alargado e melhorias ao nível da acessibilidade.

Até 16 de junho, 350 pavilhões, com 960 marcas editoriais, representadas por 140 participantes, vão ter disponíveis para venda ao público 85 mil títulos, a que juntarão diversas iniciativas, entre sessões de autógrafos, conversas com escritores, espetáculos de música ou cinema ao ar livre.

Entre os destaques para hoje, conta-se o encontro de autores “Poesia africana”, com Conceição Lima, Ana Paula Tavares, João Melo e Ondjaki, e uma conversa em torno do livro “Oriente Próximo”, com Alexandra Lucas Coelho, Shadd Wadi e a participação especial de Dima Akram.

Fernando Aramburu, Jean-Baptiste Andrea, Jeferson Tenório, Joël Dicker, Leila Slimani e Michael Cunningham são alguns dos autores internacionais que vão passar pela feira, juntando-se a nomes da literatura nacional como Afonso Cruz, António Jorge Gonçalves, Hugo Gonçalves, Joana Bértholo, João Tordo e Lídia Jorge, entre muitos outros.

A edição da Feira do Livro de Lisboa deste ano chegou ao limite máximo da capacidade, com mais 10 pavilhões e duas novas praças, não sendo possível estendê-la mais nos próximos anos, disse à Lusa o presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), responsável pela organização do evento.

Uma das novidades deste ano é a forte aposta na acessibilidade de pessoas com mobilidade condicionada, graças a um protocolo assinado com a Access Lab (empresa que trabalha a questão da acessibilidade em Portugal, pelo direito à cultura das pessoas com deficiência) para os próximos três anos.

Já nesta edição, haverá mais casas de banho com acesso para pessoas de mobilidade condicionada e haverá também fraldários, em resposta aos pedidos das famílias.

Adicionalmente, as rampas vão estar mais bem sinalizadas e vai haver “uma formação bastante intensa por parte da Access Lab quer ao ‘staff’ da APEL, quer aos participantes, para poderem dar informação adequada às pessoas de mobilidade condicionada”, especificou o presidente da APEL, Pedro Sobral.

A parte da programação também será mais acessível, com uma agenda específica de eventos com língua gestual portuguesa, e a existência de um alfabeto de cores para daltónicos, que, entre outras coisas, ajuda as pessoas a orientarem-se nas praças, que são definidas por cores.

Outra novidade é a antecipação do horário de abertura da feira, que passa a abrir às 12:00 durante a semana, e às 10:00 ao fim de semana e feriados.

O horário de encerramento mantém-se às 22:00, com exceção dos sábados, sextas-feiras e vésperas de feriado, em que fecha às 23:00.

  • Fontes: Sapo24H e ECO

Dia Mundial do Escritor!

Escrever é um ato de extrema coragem, criatividade, sentimento, profundidade, que depende de laços indestrutíveis com a educação, a cultura e principalmente, a leitura. Parabéns a todos os escritores, de todas as línguas, países, gêneros, porque são empreendedores do conhecimento!

Na imagem do post o grande prêmio Nobel de Literatura, o português José Saramago, que aliás completaria 100 anos em 2022. As comemorações do seu centenário estão acontecendo por todo o planeta.

Retorno às aulas em SC – Gestores recebem orientações

O detalhamento do retorno das atividades presenciais em 2021 foi tema de uma reunião virtual na tarde desta segunda-feira, 25, entre a equipe da Secretaria de Estado da Educação (SED), os gestores escolares e os coordenadores regionais de educação da rede estadual. Os professores da rede permanecem em período de recesso, mas devem retornar às atividades a partir da próxima semana, assim como as equipes técnicas das escolas e coordenadorias.

A reunião contou com a participação virtual de mais de 2,5 mil profissionais vinculados à gestão escolar da rede. O objetivo foi detalhar pontos relevantes sobre os modelos pedagógicos que vão orientar a ação de cada unidade escolar ao longo do ano letivo de 2021, como questões relacionadas ao retorno seguro das atividades presenciais, quadro de pessoal do magistério, transporte e alimentação escolar.

Aulas em três modelos no ano letivo de 2021

A perspectiva da SED é trabalhar com três modelos, que podem coincidir: 100% presencial, misto e 100% online. O primeiro será aplicado nas escolas que dispuserem de salas com infraestrutura adequada para realizar o distanciamento de 1,5 metro exigido entre as carteiras dos alunos. No caso de professores integrantes do grupo de risco, haverá duas possibilidades. Para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental será necessário fazer contratação de profissional ACT. Já nos Anos Finais do Ensino Fundamental e Médio, a respectiva disciplina será ministrada de maneira remota.

Caso a matriz de risco da região onde a escola estiver localizada se altere para o nível Gravíssimo (cor vermelha no mapa), a unidade passa a atender no modelo misto. O mapa de risco para Covid-19 em Santa Catarina é atualizado pelo Governo do Estado toda quarta-feira e pode ser acessado neste site

segundo modelo, que incluirá a maioria dos alunos, funciona com a alternância dos grupos que frequentam a escola e dividido em dois momentos: o “Tempo Escola” e o “Tempo Casa”. O “Tempo Escola” consiste no atendimento presencial na unidade escolar, com turmas subdivididas em grupos. Já as atividades pedagógicas que compõem o “Tempo Casa” podem ser realizadas com ou sem a mediação por tecnologias digitais, com orientação para que as escolas criem dinâmicas para que estudantes sem acesso possam, sempre que possível, integrar-se às atividades em espaços disponibilizados na unidade. O atendimento presencial nesse modelo se dará de duas a três vezes por semana nos Anos Iniciais e semanalmente nos Anos Finais e Ensino Médio.

Nesses dois modelos, a recomendação às escolas é a organização da carga horária priorizando horários concentrados nas turmas (aulas-faixa), para evitar trocas de sala constantes. O aluno deve permanecer na sala e, se possível, a carteira deve ser marcada para que o estudante use sempre a mesma.

Já o modelo 100% online, que foi aplicado ao longo de 2020, com a suspensão das aulas presenciais, continua em 2021 para os cerca de 28 mil alunos da rede estadual que, comprovadamente, fazem parte de grupo de risco para Covid-19, assim como os professores. Essa modalidade também será ofertada quando os pais optarem por manter seus filhos em atividades remotas. Nesse caso, os responsáveis devem assinar um termo de compromisso informando o desejo de manter o estudante nesse modelo. O termo tem validade de 15 dias e pode ser suspenso por desejo dos pais ou responsáveis, desde que a escola seja formalmente informada com sete dias de antecedência.

Transporte e alimentação escolar

A previsão da SED é que 20% do total de estudantes da rede utilizem o transporte escolar. A gestão das escolas, em conjunto com a rede municipal, deve organizar o roteiro de circulação dos veículos para atender os modelos pedagógicos que estarão vigentes. A orientação é priorizar os agrupamentos de alunos presenciais por proximidade.

No caso da alimentação escolar, a SED manterá a entrega dos kits de alimentação escolar aos alunos, mesmo para aqueles que retornem às atividades presenciais em quaisquer dos dois modelos. O serviço de bufê, existente em algumas escolas em 2020, não será aplicado em nenhuma unidade, atendendo às recomendações sanitárias. No caso de atendimento presencial, a refeição será preparada e entregue por profissional da empresa responsável por esse serviço.

Orientações para servidores

Os professores da rede estadual de educação retornam ao trabalho no dia 3 de fevereiro, quando iniciam a formação pedagógica com o objetivo de assegurar o planejamento docente coletivo da continuidade curricular entre 2020 e 2021. Os servidores que integram o grupo de risco devem preencher uma autodeclaração para permanecer em atividades remotas.

Semana de preparação da comunidade escolar

Para as equipes gestoras das coordenadorias regionais e das escolas, esta semana será de intenso planejamento e organização. Entre as tarefas necessárias estão levantamento dos alunos que devem permanecer em atividades remotas, finalização do Plano de Contingência Estadual para Educação (PlanCon Edu) e preparação dos informativos à comunidade escolar.

Educação é tema de ebook que trata das práticas educacionais na pandemia

Mestre em Educação, o professor da Sustentare Escola de Negócios, George Stein, é um dos autores do livro (digital): “De Wuhan a Perdizes. Trajetos Educativos”, organizado por pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Educação: Curriculo da PUC-SP. Stein contribuiu com o texto:  “Novos contextos e caminhos para o currículo escolar na Educação com COVID-19”.

“Trata-se de uma coletânea, em forma ebook, elaborada em emergência análoga à da crise que nos revirou, que traz reflexões, análises e práticas da Educação com a Covid19”, explica Alípio Casali, Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação: Currículo da PUC-SP.  “Imperdível para quem se interessa por Educação!”, complementa Stein.

De acordo com o coordenador, o programa é fruto da mobilização de mestrandos, doutorandos e docentes-pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Educação: Currículo da PUC-SP. São textos que se distribuem, aproximadamente, em quatro vertentes: 

1) Descrição analítica das novas práticas emergentes que puseram em funcionamento os dispositivos tecnológicos necessários à boa continuidade do Currículo; 

2) Análise dos alcances e limites no uso das TIC nesse contexto; 

3) Avanços conceituais e prático-pedagógicos em novas frentes sociais, políticas e culturais do Currículo; 

4) Proposição de novos conceitos e práticas de desenhos curriculares, antevendo-se problemas sociais mundiais, que tenderão a se agravar no pós-pandemia

“Além disso, estou iniciando um grupo de troca, reflexão, análise e ação para construirmos o futuro de nossas práticas educativas nessa nova realidade de maneira coletiva e efetiva para transformar a Educação”, antecipa o professor George Stein.

Estas mudanças que a pandemia trouxe em todos os setores da vida merecem estudos cada vez mais profundos para uma nova realidade que está posta. A educação, já um tema central para o desenvolvimento da humanidade, precisa ainda mais de atenção para que possamos manter a formação das pessoas em novos meios e formatos.

Acesse o ebook gratuitamente no site: 

Apresentação da obra
“Em tempos sombrios, os livros podem trazer luz! Há livros que levam anos para serem produzidos; pesquisas, análises, profundas reflexões… Com De Wuhan a Perdizes: trajetos educativos foi diferente. Ele foi produzido dentro da pandemia para refletir a própria pandemia.

Esse foi o empenho realizado em 90 dias com intensos esforços, operados por meios digitais, que envolveram todos os professores do Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação: Currículo da PUC-SP.

Em uma sociedade marcada pela velocidade de divulgação do bem e de coisas más, a velocidade de organização de um livro faz parte dessa batalha pelo bem. Este livro, publicado pelos professores e por 18 alunos da PUC-SP, venceu na batalha do tempo. E temos, hoje, o relato da criação de condições de transformação de cursos presenciais para os 120 alunos em aulas remotas por meio de diferentes plataformas. Os conteúdos dos cursos, assim como as reflexões produzidas a partir das aulas e de pesquisas, estão nele retratados.

São alguns de seus temas: a história de outras epidemias e de como as tecnologias contribuíram e a sociedade se esquivou delas…, assim como as competências de articulação entre alunos e professores brotadas das aulas. Mas o teor do livro enfatiza, sobretudo, o papel da educação na compreensão das pandemias, de suas dimensões éticas e de seus impactos sociais no currículo escolar e na educação não formal.

De Wuhan a Perdizes mostra que ideias podem viajar tão rapidamente quanto a Covid-19 e nos auxiliar a enfrentar o vírus com conhecimento e sabedoria. E a Educ – Editora da PUC-SP, por meio da publicação deste livro de temática tão atual, busca contribuir para atravessarmos juntos esse momento crucial que a humanidade está vivendo.”

Deputada quer transmissão de aulas pela TV AL da Assembleia Legislativa de SC

Uma ideia que merece atenção e apoio essa proposta da deputada Ada de Luca (MDB), o uso da estrutura nada desprezível da TV AL, a TV da Assembleia Legislativa de SC, para transmitir aulas e também produzir conteúdos é vital neste momento que vivemos da pandemia do coronavírus que afeta tudo e a nossa educação, que está suspensa desde março.

Aliás, seria importante que as autoridades da educação do Estado pensassem em dar estas condições aos alunos, e não o retorno em condições ainda críticas para as salas de aula. A Mesa Diretora da Assembleia, conduzida pelo presidente Julio Garcia, deve dar andamento à iniciativa, é o que se espera, porque a estrutura está ali e é das melhores e com equipe de alto nível. Vamos à notícia.

A possibilidade de disponibilização da estrutura física, equipamentos, profissionais, e de horários na programação da TVAL para a produção e veiculação de aulas e conteúdos educacionais a serem transmitidos nas áreas de abrangência da emissora no Estado de Santa Catarina foi apresentada pela deputada estadual Ada Faraco de Luca (MDB).

Conforme anúncio feito durante a sessão desta quarta-feira (29), a sugestão é que a TV da Assembleia Legislativa possa contribuir na distribuição de materiais educativos enquanto continuar a suspensão das aulas presenciais, interrompidas desde 16 de março, em virtude da pandemia do coronavírus.

“Esta iniciativa prevê a democratização aos conteúdos oferecidos aos alunos catarinenses, de forma que possa haver um equilíbrio nas condições de acesso aos estudantes, sem que seja aumentado ainda mais o abismo entre estudantes que podem e que não podem pagar por escolas particulares”, afirmou Ada. Segundo dados divulgados pela Secretaria de Estado da Educação, dos 540 mil alunos da rede pública estadual, quase 100 mil não têm acesso à internet em suas casas.

Conforme a sugestão, encaminhada por meio de ofício à presidência da Assembleia, seria criado um grupo de trabalho que reuniria os agentes necessários para a viabilização do projeto. A exemplo da proposição sugerida por Ada, a Câmara de Vereadores de Florianópolis e a Secretaria Municipal de Saúde discutem a disponibilização de espaço na TV Legislativa da Capital para o mesmo fim.

TVAL é referência em qualidade
A TVAL completou 20 anos de fundação em outubro do ano passado. Hoje, está presente nos 63 maiores municípios catarinenses, por sinal aberto e TV paga. A emissora também exibe a programação 24 horas pelo YouTube. Considerada uma referência nacional pela qualidade da programação, além de transmitir ao vivo as sessões e reuniões das principais comissões, a TVAL produz conteúdo jornalístico que é reconhecido por premiações importantes, além de pautas que mostram os aspectos políticos, econômicos, culturais e sociais de Santa Catarina.

Educação: Aprovação do Novo Fundeb é vitória para o país e derrota para o Governo Bolsonaro

Em um dia considerado histórico para os educadores e com uma derrota do governo, a Câmara aprovou nesta terça-feira a prorrogação do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), principal mecanismo de financiamento das escolas públicas do País. Além de aumentar a quantidade de recursos que a União passa a depositar no fundo, o novo formato diminui a desigualdade, destinando mais dinheiro aos municípios mais pobres. Com as mudanças, 17 milhões de alunos a mais serão beneficiados no País, por meio de recursos para a escolas em que estudam.

Foram 499 votos a favor e contra, como os deputados ligados ao presidente Jair Bolsonaro, Bia Kicis (PSL-DF) e Chris Tonietto (PSL-RJ). O Fundeb foi criado em 2007 e expirava no fim deste ano, mas o governo Bolsonaro se recusou a discutir a prorrogação até a véspera da votação, o que chegou a colocar o mecanismo em risco. No sábado, o governo quis destinar recursos do fundo renovado ao Renda Brasil, que ainda está sendo desenhado pela equipe econômica para substituir o Bolsa Família, para driblar o teto dos gastos federais (que não atinge o Fundeb), e ainda limitar o gasto com salário de professores.

O fundo funciona como uma conta bancária que recebe 20% do que é arrecadado em impostos, na maioria estaduais, como ICMS IPVA. Até agora esse dinheiro era dividido pelo número de alunos em cada Estado. O resultado dessa conta não podia ser inferior ao valor mínimo por estudante estipulado pelo governo federal, cerca de R$ 3 mil. Os Estados mais pobres ganhavam ajuda financeira da União, que até hoje representava 10% do Fundeb. Com a aprovação desta terça-feira, o governo federal passa a responder por 23% do total dos recursos, que vai aumentar gradativamente durante seis anos.

Outra mudança é que a lógica, que era estadual, passa a ser municipal. Ou seja, municípios pobres em Estados ricos não recebiam essa complementação da União. Segundo cálculos do Todos pela Educação, 2745 redes de ensino e 17 milhões de alunos a mais receberão dinheiro para aumentar o quanto investem por estudante.

“Com essa arquitetura redistributiva, se alcança mais municípios. Caso contrário, a União teria que colocar muito mais dinheiro”, diz a presidente do Todos pela Educação, Priscila Cruz. “É um momento histórico. Vai se dar mais para quem mais precisa e menos para quem menos precisa.” Ela considera o aumento da complementação para 23% algo espetacular. Parte desse dinheiro, 5%, terão que ser destinados apenas para a educação infantil, principalmente para aumento de vagas nas creches.

Originalmente, a proposta da relatora Dorinha Seabra (DEM-TO) previa ampliar a complementação da União partindo de 15% em 2021, chegando progressivamente a 20% até 2026. Em 2019, o Fundeb movimentou R$ 156 bilhões, sendo R$ 14 bilhões da União. Cada ponto percentual a mais representa cerca de R$ 1,5 bilhão.

Durante a leitura do relatório, Dorinha elogiou o empenho do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) em aprovar o Fundeb. Maia chorou emocionado. “Sabemos que são despesas que são investimentos nas nossas crianças e futuro de tantos brasileiros”, disse Maia. A aprovação desta terça-feira foi do texto-base em primeiro turno. Deputados precisam ainda votar os destaques (pedidos de alteração) e depois o segundo turno. Posteriormente, a proposta segue para o Senado. Nos últimos dias, a proposta foi discutida entre o ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Dorinha. A equipe econômica defendia uma complementação de 22%, com 4% para os benefícios à primeira infância.

Outra proposta do governo rechaçada pela Câmara era que a PEC só tivesse validade a partir de 2022, deixando um vácuo durante 2021. Era questão de discordância também a proibição do uso de verbas para o pagamento de aposentados e pensionistas. O governo queria permitir isso.

Todos esses pontos levaram aos partidos do Centrão a protocolarem seis requerimentos de obstrução na manhã desta terça-feira, com objetivo de atrasar a votação, mas os pedidos foram retirados antes do início da sessão.

“Vamos assegurar pela primeira vez que a educação infantil tenha prioridade”, disse Dorinha. “Hoje queremos escola boa com profissionais respeitados”, afirmou a relatora. Ela parabenizou a atuação de Maia durante a tramitação da proposta, que chorou no plenário da Câmara ao ouvir a homenagem da colega.

A relatora estabeleceu também no texto aprovado a revisão do Fundeb a cada dez anos, que era uma das demandas do governo. Dorinha manteve também piso de 70% como o mínimo a ser aplicado no salário de professores, e não o máximo, como a equipe econômica queria. Esse ponto, no entanto, pode ainda ser modificado nos destaques. A relatora também determinou que o padrão mínimo de qualidade do ensino garantido pela União, por meio de assistência a estados e municípios, deve ter como referência o custo aluno qualidade (CAQ), um parâmetro de financiamento educacional previsto no Plano Nacional de Educação (PNE).

“Nos últimos dias alguns grupos surgiram para dizer que esse não era o momento para aprovar o Fundeb, pois estamos passando por uma grave crise econômica e fiscal. Se enganam aqueles que pensam que educação não pode contribuir com a superação da crise que estamos vivendo, serão nossas escolas públicas que acolherão os estudantes”, afirmou a deputada Tabata Amaral (PDT-SP), que se disse emocionada e esperançosa “nesse dia histórico”.

“Nós estamos deixando claro na Constituição, na carta magna, que não vamos sossegar enquanto tiver um brasileiro ainda sem acesso à educação”, disse a deputada Soraya Santos (PL-RJ). Parlamentares do PSOL destacaram a atuação de professores nas redes sociais durante o dia para garantir a aprovação da proposta. “Estamos falando de um programa para incluir 3 milhões de jovens fora da escola e valorizar professores”, disse a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP).

  • com informações da Ag. Câmara, Terra, Congresso em Foco

Educação – Novo Fundeb deve ser votado na semana que vem

Os deputados devem votar na próxima semana a proposta de emenda à Constituição (PEC) que cria o novo Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Líderes partidários definiram que a votação vai acontecer nas próximas segunda-feira (20) e terça (21). A versão atual do fundo vence no dia 31 de dezembro de 2020.

A PEC aumenta de 10% para 20% em seis anos a participação da União na manutenção do Fundeb e torna o fundo permanente. A versão mais recente do parecer  (íntegra) da deputada Professora Dorinha Seabra (DEM-TO)  que eram demandadas pelo governo, como o fim da vinculação de recursos do petróleo e a diminuição no ritmo de aumento da participação da União, e da oposição, que não queria que recursos do salário-educação fossem diminuídos para bancar o Fundeb.

Os deputados tentam votar o texto desde o ano passado. Inicialmente, a relatora queria aumentar a participação da União para 40% em 11 anos. A medida traria um grande impacto nas contas públicas do governo e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), decidiu não agir para fazer a PEC avançar enquanto o percentual fosse desse tamanho.

Além disso, em 2019, durante a administração do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub não havia diálogo entre os dois Poderes sobre o tema e o clima era de confronto. O então ministro chegou a anunciar que iria enviar uma  diferente da que tramita na Câmara. O principal atrito no tema era sobre o tamanho da participação da União no financiamento.

Se confirmada a votação na próxima semana vai ser a quarta PEC votada no sistema remoto adotado por conta da pandemia do coronavírus. A Câmara já votou a proposta que institui a calamidade pública, o orçamento de guerra e o adiamento das eleições.

* com informações do Congresso em Foco

Crianças criam aplicativo para inserir mulheres e pessoas com deficiência no mercado de trabalho

Crianças criam aplicativo que reúne vagas e dicas para inserção no mercado de trabalho de mulheres e pessoas com deficiência. App foi desenvolvido por estudante da rede municipal de Florianópolis em conjunto com colega de escola particular. As duas são finalistas do Technovation Girls.

Entre os representantes na próxima etapa mundial do Technovation Girls está uma equipe de Florianópolis. Inscrito na categoria junior, o “Mulheres em Ação” é composto por duas estudantes e três mentoras. Melissa Albuquerque, 14 anos, é da Escola Básica Municipal Professora Herondina Medeiros Zeferino, nos Ingleses, e Sophia Rodrigues, 10 anos, é da Escola da Fazenda, no bairro Campeche.

Estudante Melissa, da Escola Básica Municipal Herondina Medeiros Zeferino

Selecionado após uma avaliação virtual, o time se junta aos demais representantes brasileiros na semifinal, e agora concorre com mais de 100 times de 22 países diferentes. Os 10 finalistas serão conhecidos na primeira quinzena de julho.

Por meio do desenvolvimento de um aplicativo, o programa busca incentivar a participação de mulheres no mercado da tecnologia e do empreendedorismo.

O aplicativo criado pela equipe chama-se “Get A Job”, em português: “conseguir um emprego”. A proposta da plataforma é reunir vagas abertas e dicas para inserção no mercado de trabalho de mulheres e pessoas com deficiência.

A ideia foi escolhida a partir de experiências pessoais relatadas pelo time. Todas as integrantes tinham exemplos de familiares com dificuldades para conseguir um trabalho por causa de necessidades especiais.

“As funcionalidades foram pensadas nos familiares delas e como elas poderiam ajudar a resolver o cenário. Através de pesquisas elas elaboraram oito dicas de como encontrar o emprego desejado. Eu acredito que é um diferencial que pode ter levado elas para a semifinal”, explica Daniela Amorim, analista de sistemas e mentora no grupo.

“Nada nos tirou do nosso foco”

Melissa e Sophia participam do desafio pela primeira vez. Melissa, representante da escola municipal, não esconde a alegria: “fazer parte desse projeto foi muito legal para mim, foi uma troca de experiências. Mesmo com a pandemia nada nos tirou do nosso foco, eu estou muito feliz de estar na semifinal”.

A Escola Herondina inscreve equipes no Technovation Girls desde 2016, quando o programa começou em Florianópolis, e já coleciona histórias de meninas que transformaram o futuro a partir da iniciativa.

Giselle Araújo e Silva de Medeiros, professora de tecnologia educacional e embaixadora do Technovation Girls, confirma: “foi um projeto abraçado pela gestão escolar e pela comunidade, entendendo que o desenvolvimento de aplicativos a partir de problemas reais, contribui para o empoderamento feminino e também para a construção de conhecimentos”.

Florianópolis começou a temporada com mais de 130 participantes e 15 equipes. A capital catarinense é uma das referências do país em participações no Technovation Girls. Os trabalhos começaram em fevereiro, com encontros presenciais, mas por medida de segurança devido ao novo coronavírus, as reuniões foram suspensas e o desenvolvimento do trabalho seguiu com todas as etapas no formato online. Diante deste novo formato, nem todas as meninas conseguiram dar continuidade aos projetos.

“Estas meninas são o exemplo de pessoas que o nosso mundo precisa, de pessoas que não ficaram paradas frente a uma crise, que querem ser parte da mudança”, comemora Julia Machado, embaixadora do programa.

A dedicação e a determinação das meninas num projeto para melhorar a sociedade demonstram o quanto estão engajadas em transformar o mundo, atentas ao que ocorre na sua comunidade, diz o secretário municipal de Educação. “Na rede municipal de ensino de Florianópolis o incentivo a participar em projetos como este acontecem há alguns anos e vemos os benefícios destas práticas nas escolas”, complementa Maurício Fernandes Pereira.

Sobre o Technovation Girls

É um programa mundial onde meninas de 10 a 18 anos desenvolvem aplicativos que tragam soluções para problemas da comunidade baseados nos Objetivos para Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. A iniciativa não-governamental surgiu em São Francisco (EUA) e está presente em mais de 100 países.

Encontro virtual reúne gestores escolares da Grande Florianópolis

O Arranjo de Desenvolvimento da Educação (ADE) Granfpolis retomou os trabalhos do projeto Gestores Escolares em Movimento. Na manhã da quinta-feira, 4, cerca de 350 profissionais, entre diretores e coordenadores de escolas e secretários municipais de Educação dos 21 municípios da região da Grande Florianópolis, participaram de um encontro virtual que tratou sobre felicidade e bem-estar. O objetivo é retomar o contato com os gestores escolares e profissionais da Educação, acolher e transmitir uma mensagem positiva de forma alegre e bem humorada. Para isso, o encontro contou com a mediação do professor Nino Paixão, doutor em Ciências, palestrante e consultor na área de motivação, felicidade, saúde, educação, acolhimento, neurodesenvolvimento infantil, neuroaprendizagem e relação entre escola e família.

Paixão falou sobre o novo normal, o novo modelo de sobrevivência e o que podemos fazer para melhorar nossa vida e superar os desafios deste momento. “O que estava planejado para acontecer em 2025 está acontecendo agora e nós tivemos que nos adaptar. Temos encontrado oportunidades nesta crise, muitas descobertas de habilidades. O professor não é mais apenas professor, é o Classroom Influencer. Este é o momento de muito aprendizado para quando voltar à sala de aula saber não apenas passar o conteúdo da disciplina, mas lidar com uma nova criança que retorna para as salas de aula”, destaca.

De acordo com a secretária municipal de Educação de Alfredo Wagner, Valneide Terezinha da Cunha Campo, o isolamento social trouxe muitas dificuldades gestão escolar. “O cotidiano se transformou em incertezas, angústias, muita informação, tomadas de decisões rápidas em um cenário totalmente novo. O professor Nino Paixão foi assertivo ao falar que todo mundo foi tirado do seu lugar de conforto. No entanto, sair do conforto demanda um grande exercício diário e o projeto Gestores Escolares em Movimento está contribuído para isso. Para os gestores, proporciona um apoio mútuo. O  trabalho colaborativo é um caminho para superar incertezas e adversidades vivenciadas neste momento, além de ser um canal de diálogo, que prevê o acolhimento, a escuta e a troca de experiências”, conta.

O diretor do CEIM Dona Virgínia, de Biguaçu, José Dalvo Borba, confessou que não gosta muito de reuniões virtuais, mas disse que o encontro o surpreendeu. “Gostei bastante. Dentro dessa pandemia, nos abriu muitos caminhos para que possamos superar os obstáculos que nos cercam. Vejo os encontros do projeto com muita importância para nos aprofundar em um aprendizado cada vez melhor”, comenta.

O projeto tem a missão de aproximar os gestores escolares e ressaltar que eles fazem parte de um grupo, que ninguém está sozinho. “Compartilhando vivências, podemos encontrar soluções mais facilmente, pois ninguém tem uma resposta pronta. Estamos remando a partir do mesmo lugar – o que pode ser um momento de ricas aprendizagens. Os diretores saíram da palestra mais estimulados e animados, pois sabem da importância desses encontros para reduzir os prejuízos e fortalecer os laços de confiança de toda a comunidade escolar”, finaliza Valneide.