Opinião – Liberar tráfego de veículos na Ponte Hercílio Luz é erro e rasga discurso

Participei de várias reuniões sobre os futuros usos da velha, agora renovada, Ponte Hercílio Luz. Nelas, Governo do Estado e Prefeitura de Florianópolis, com seus representantes, se digladiavam sobre se passariam veículos leves (carros, motos) e todos os demais, ou somente ônibus, priorizando o coletivo em detrimento do individual. A Prefeitura brigou e muito pelo que, dizia, acreditava: a Ponte Hercílio Luz é um patrimônio cultural, e será utilizada para a mudança de cultura, do individual para o coletivo. Agora, acabo de assistir o próprio secretário de Mobilidade que defendia isso com unhas e dentes, defender a abertura para os carros.

Fazem isso com uma tranquilidade como se nunca tivesse existido um cabo de guerra entre Prefeitura e Governo de SC. Colocam à mesa que haverá controle de horários, etc, e sabemos que isso jamais funcionará. Ou vamos ajudar, funcionará nas primeiras semanas, até que liberem geral. E o que isso acarretará para o patrimônio Ponte Hercílio Luz? O desgaste insano de uma ponte quase centenária que consumiu mais de R$ 600 milhões em sua recuperação, e que estava fechada há mais de 30 anos. Felicidade dos catarinenses e turistas era espantosa ao rever a velha senhora aberta e livre para os seus passeios a pé, de bicicleta, e servindo ao transporte coletivo que leva muito mais pessoas aos seus destinos que carros e motos, vai ficar para trás após esta decisão, pasmem, conjunta de Governo do Estado e Prefeitura.

Qual mudança ocorreu para que se libere o tráfego de carros? Nenhuma. Inclusive, a pandemia reduziu durante longos meses a passagem inclusive de transporte coletivo para evitar o contágio do coronavírus. Todos os cálculos de números de passageiros, demonstrações de quantidade de carros x ônibus, etc, foram jogados fora? Enfim, quando se pensava que a capital dos catarinenses tinha finalmente acertado ao usar o cartão postal catarinense como modelo de mudança de cultura em relação à mobilidade, e que o uso da Hercílio Luz como poderosa ferramenta para o turismo e geração de renda estava priorizado, eis que o velho jeito da política pré-eleitoral aparece, e joga tudo ao mar nas baías da linda Floripa.

A temerária decisão, sem consultas públicas como foram feitas antes da Ponte reabrir, pode nos custar muito caro. Não resolverá o problema de mobilidade na Capital – eles mesmos tem os estudos e os apresentaram exaustivamente – e ampliará os problemas na Ilha, além de afetar fortemente a estrutura da Hercílio Luz. É um erro, e perdemos todos com esta decisão que em nada promove a Florianópolis do futuro, mais humana e com desenvolvimento sustentável.

Para se certificarem do que falo aqui, deem um Google sobre a Ponte Hercílio Luz e mobilidade, ponte viva, etc. É um verdadeiro descaso com a inteligência das pessoas.

Estatuto da Metrópole é sancionado pela presidenta Dilma Rousseff

A presidenta Dilma Rousseff sancionou a Lei nº 13.089, que institui o Estatuto da Metrópole. A lei entra em vigor, nesta terça-feira (14/1), com a publicação no Diário Oficial da União.

O estatuto estabelece diretrizes gerais para o planejamento, a gestão e execução das funções públicas de interesse comum em regiões metropolitanas. A lei fixa normas gerais sobre o plano de desenvolvimento urbano integrado e critérios para o apoio da União a ações que envolvam governança interfederativa – compartilhamento de responsabilidades e ações entre entes da Federação – no campo do desenvolvimento urbano.

A norma prevê planos de desenvolvimento urbano integrado, consórcios públicos, convênios de cooperação, contratos de gestão, parcerias público-privadas interfederativas e compensação por serviços ambientais.

A presidenta vetou os artigos que criavam o Fundo Nacional de Desenvolvimento Urbano Integrado. A finalidade seria captar recursos financeiros e apoiar ações de governança interfederativa em regiões metropolitanas e em consórcios públicos constituídos para atuar em funções públicas de interesse comum no desenvolvimento urbano.

– A criação de fundos cristaliza a vinculação a finalidades específicas, em detrimento da dinâmica intertemporal de prioridades políticas. Além disso, fundos não asseguram a eficiência, que deve pautar a gestão de recursos públicos. Por fim, as programações relativas ao apoio da União ao desenvolvimento urbano integrado, presentes nas diretrizes que regem o processo orçamentário atual, podem ser executadas regularmente por meio de dotações orçamentárias consignadas no Orçamento Geral da União – disse Dilma, nas razões para o veto enviadas ao Congresso.

Do Correio do Brasil

Mobilidade será discutida a partir desta segunda-feira (14/11) em Joinville (SC)

De 14 a 18 de outubro, Joinville será sede do 1º Congresso Nacional das Engenharias da Mobilidade (CONEMB). Durante os cinco dias de evento diversos palestrantes de renome nacional e internacional vão passar pelo palco principal da Expoville. A abertura do evento acontece na segunda-feira, às 19h, com a palestra do norte americano Oliver Kuttner, CEO da Eddson 2, que projetou o carro VLC, ganhador do X- Prize.

A Edison2 é uma empresa que se dedica a projetar conceitos de automóvel futurísticos. O projeto mais recente do estúdio é o VLC (Very Light Car), sigla para o que, em português, significa “carro muito leve”. O design fluido do protótipo tem a função de criar um coeficiente aerodinâmico mais baixo, que garante um veículo mais eficiente, além de divertido de conduzir. O VLC 4.0 foi pensado para ser um carro de dois lugares voltado para as necessidades do futuro: a máquina pode admitir motores elétricos, sistemas híbridos e até mesmo unidades convencionais a combustão.

Um ponto realmente interessante do modelo foi a solução criada para a suspensão, que apresenta um complexo esquema, capaz de agregar molas e sistemas de freio no interior da roda. Segundo os criadores, isto permite que o veículo tenha um comportamento dinâmico que garante prazer ao motorista, deixando o carro mais estável. No entanto, a complexidade do sistema, que deve gerar custos de produção e manutenção, além de exigir o uso de pneus mais estreitos, que não são exatamente fáceis de encontrar.

Outro aspecto em que  VLC se destaca é a leveza: a versão para as ruas pesaria 635 Kg contra os pouco mais de 1000kg dos veículos convencionais. Diferente das tentativas inovadoras de montadoras e estúdios independentes, o carro é feito de metais comuns, como alumínio e aço. O uso desses materiais permite vislumbrar a produção comercial do automóvel, uma vez que tendem a manter os custos de produção sob controle.

Oliver é um promotor imobiliário comercial, que foi fundamental na revitalização Charlottesville, no centro de Virginia. Hoje, seus métodos iluminados e ambientalmente responsáveis estão ajudando revitalizar Lynchburg, Virginia. Praticar o que prega, Oliver colocado escritórios da Edison2 e facilidade de montagem em 360 mil metros quadrados de fábrica têxtil abandonada anteriormente que hoje abriga mais de 24 empresas e inúmeras residências.

Este importante trabalho demonstra a capacidade de Oliver para liderar projetos complexos, construir relacionamentos de negócios e entregar resultados. Sua ampla experiência inclui também o projeto de construção award-winning, esportes carro de corrida protótipo de construção, a paternidade do ALMS Ford GTR e, mais recentemente, ganhando a Progressive Insurance Automotive X Prize. Oliver é um ex-BMW, Porsche, Audi e franqueado, e é um colecionador de carros italianos.  A palestra de abertura Eddson 2  terá inicio às 19h.

Mais informações: http://conemb2013.com.br/

Mobilidade Urbana: Joinville (SC) recebe evento nacional em outubro

De 14 a 18 de outubro de 2013, Joinville será sede do I Congresso Nacional das Engenharias da Mobilidade (CONEMB). O evento vai tratar de áreas internas à engenharia veicular e de transportes, engenharias aeronáutica, aeroespacial, naval, automotiva, ferroviária, mecatrônica, infraestrutura e tráfego, além de temas relacionados aos engenheiros atuantes e acadêmicos, como gestão, planejamento urbano e motivação.

Durante o congresso, sete eventos paralelos ligados às modais, serão realizados: I Encontro Brasileiro de Acadêmicos de Engenharia Aeroespacial (EBAERO); I Encontro Nacional dos Estudantes de Engenharia Automotiva (ENEAUTO); I Semana dos Acadêmicos de Engenharia Ferroviária e Metroviária (SAM); I Encontro Nacional dos Estudantes de Engenharia Mecatrônica (ENMECA); IX Encontro Nacional dos Estudantes de Engenharia Naval (ENAV); I Semana Acadêmica de Engenharia de Transportes e Logística (SAEL); I Semana Acadêmica de Engenharia de Infraestrutura de Transportes (SAIET). A programação vai oferecer palestras, minicursos, workshops, competições acadêmicas, visitas técnicas e feira de estandes.

Palestras magnas
Um time de palestrantes renomados passará pelo palco principal do Conemb. As palestras magnas acontecerão uma vez ao dia, do primeiro ao último dia de evento. O CEO  da empresa Edison2, Oliver Kuttner, que desenvolveu o carro VLC (Very Light Car) vencedor do X-Prize, o astronauta brasileiro Marcos Pontes, o navegador Amyr Klink, o diretor de satélites da Agência Espacial Brasileira (AEB) Carlos Alberto Veras, a doutora em Geografia e coordenadora de projetos internacionais sobre mobilidade urbana, Carme Miralles-Guash, são os palestrantes que farão parte da programação principal respectivamente.

Palestras técnicas
Uma grade com mais de 40 temas específicos às áreas da engenharia da mobilidade será oferecida durante o Conemb. Assuntos sobre naval, mecatrônica, mobilidade urbana, serão abordados nessa programação. Algumas entidades farão parte dessa grade, como Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (ABIFER), Agência Espacial Brasileira (AEB).

Competições acadêmicas
Com o objetivo de aproximar os acadêmicos das atividades que exploram a teoria aprendida em sala de aula e que incitam o desenvolvimento de modelos, projetos e protótipos, o Conemb preparou:  I Desafio de Mobilidade Urbana, I Competição de Pathfinder, I Competição de Ponte de Macarrão e I Competição de Lançamento de Foguetes de Água e Ar. As competições e as premiações serão realizadas durante o congresso.

Workshops Siemens
A empresa Siemens, patrocinadora master do Conemb, traz ao evento uma nova experiência. Uma programação direcionada às soluções tecnológicas que as engenharias das indústrias podem utilizar para aumentar a produtividade e agilidade no desenvolvimento de produtos, bem como conteúdo de aprendizado ao meio acadêmico.

Durante o evento os participantes poderão experimentar o Solid Edge, um software utilizado para o desenvolvimento de peças e produtos, que acelera o tempo de projeto, proporciona revisões mais rápidas e oferece reaproveitamento de dados multi-CAD. No ambiente da feira será estruturada uma área com workstations para proporcionar a experiência do software  aos participante. Uma sala especial chamada de “Get the Edge”, será utilizada pela Siemens, para oferecer treinamento de modelagem de peças, montagens, detalhamento e análise de elementos finitos.

Os workshops Siemens serão: Tecnomatix – Mar azul da manufatura digital, Femap – Validando o protótipo digital , Projete Melhor – A nova geração do CAD, PDM/PLM – Gestão de Dados e Ciclo de Vida do Produto.

Iniciando as atividades do CONEMB, a Siemens vai oferecer a palestra de abertura, com o CEO da empresa Edison2, o norte-americano Oliver Kuttner, que projetou o carro VLC, ganhador do prêmio X-Prize. Informações em www.conemb2013.com.br.

Mobilidade Urbana é tema de evento da Câmara dos Deputados na maior cidade catarinense

Quando se fala em Mobilidade Urbana, a Universidade Federal de Santa Catarina – campus Joinville – é referência no assunto com o curso de Engenharia da Mobilidade. Pensando nisso, a Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara dos Deputados (CDU) promove na cidade o 2º Seminário sobre Mobilidade Urbana, etapa preparatória para a XIII Conferência das Cidades que será realizada em Brasília, no final do ano.

Apenas cinco cidades irão receber a CDU para debater sobre o tema – Fortaleza (CE) foi a primeira. Joinville representará a região Sul e é a única cidade que receberá o evento sem ser a capital de seu estado. O Município foi defendido pelo deputado federal Mauro Mariani (PMDB/SC), vice-presidente da Comissão, responsável, também, por coordenar a etapa Sul dos seminários. Integra também a CDU o deputado joinvilense Marco Tebaldi (PSDB/SC).

“Um dos maiores desafios dos gestores municipais é a questão do trânsito, e em Joinville não é diferente. Queremos trazer a CDU para a cidade e proporcionar aos estudantes este debate, trocar experiências com técnicos e pessoas que há anos trabalham buscando soluções para a mobilidade urbana. Realizar o Seminário dentro do campus da UFSC vai enriquecer ainda mais o debate”, observa Mauro Mariani.

O Seminário de Mobilidade Urbana acontece no dia 25 de maio (sexta-feira), a partir das 8h30, no auditório da UFSC Joinville – Rua Presidente Prudente de Moraes, 406, Santo Antônio. O evento é aberto ao público. Veja os palestrantes:

Os palestrantes:

– Visão Geral Mobilidade Urbana – Professor Acires Dias – Diretor Geral da UFSC Joinville, Centro de Engenharia da Mobilidade Urbana;

– Tarifa Transporte Público como Política Pública – Professora Eliana Bittencourt – Consultora do Laboratório de Transportes e Logística da UFSC;

– Desoneração da Tarifa de Transporte Público – Antônio Lauro Valdivia – Assessor Técnico NTC & Logística, e Marcos Bicalho dos Santos – Diretor Administrativo e Institucional da NTU;

– Políticas Nacionais de Mobilidade Urbana – Idivar Parsinato – Secretário Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana (Ministério das Cidades);

– Custos dos Diversos Modais – Fernando Araldi – Analista de Infraestrutura da Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana (Ministério das Cidades.

Bicicletas: retorno das “magrelas” melhora a vida na Cidade do México

A bicicleta começa a cumprir uma função que em poucos anos será indispensável: ajudar os moradores das cidades a irem de suas casas até o metrô, terminais urbanos ou trens, e dali para o trabalho ou escola. E desta forma reduzir o uso de mais de 3 milhões de automóveis que circulam diariamente na Cidade do México.

Estima-se que, em média, cada cidadão gasta duas horas de viagem por dia, considerando ida e volta. Isto soma milhões de horas de atividade não produtiva, já que número de viagens na zona metropolitana é de 22 milhões a cada dia. A reaparição da bicicleta na cidade propicia, também, a utilização dos espaços públicos, pois nos lugares onde ela está presente o ambiente melhora – independente da região.

Foi o que aconteceu em 2010 com o Monumento à Revolução, uma região esquecida que se regenerou e incluiu infraestrutura ciclista, travessias seguras e cicloestacionamentos; logo abriram novos comércios, restaurantes e cafés. De um lugar considerado de risco, se converteu em um espaço público que hoje é convidativo aos cidadãos.

Em nível global, a bicicleta se tornou o símbolo do bem estar urbano. Hoje já as vemos estabelecidas nos centros econômicos, políticos e sociais mais importantes dos países que a adotaram como meio de transporte seguro, ecológico e saudável.

Paris, por exemplo, tomou a iniciativa em julho de 2007, com sistema público Velib (20 mil bicicletas). Assim a prefeitura de Paris deu um novo rosto à bela cidade e a tornou ainda mais turística e atrativa. Da mesma forma em Barcelona, Montreal e Londres, a bicicleta propiciou uma nova fisionomia urbana; diminuiu o uso do automóvel; e a poluição. A bicicleta torna os parques, a cultura, a educação e o comércio mais acessíveis. Quando adequadamente planejado, seu uso permite uma mobilidade sustentável baseada na interconexão com os sistemas públicos de transporte, reduzindo a dependência do transporte particular.

A volta da bicicleta é um fenômeno global cujo epicentro são as megalópolis – sempre é bom lembrar que mais de 50% da população do planeta vive em centros urbanos. Alguns especialistas classificam o século XXI como aquele em que vigora o triunfo das cidades, e ao qual se apresenta o desafio de fazê-las viáveis.

A Cidade do México, ponto de partida da bicicleta

No começo do século passado, 80% da população mexicana vivia em zonas rurais. Atualmente, 70% reside nas áreas urbanas. Nesse contexto, as prefeituras se perguntam como incrementar a mobilidade.

Um exemplo que temos é a Cidade do México e cidades periféricas, cuja extensão ocupa 500 mil quilômetros quadrados. Estima-se que 70% desta gigantesca área seja propícia para o uso da bicicleta. Além disso, a temperatura média é de 16 graus, ideal para passeios de bicicleta.

Por outro lado, sabemos que 40% das viagens na cidade duram menos de 15 minutos e menos de oito quilômetros, o que significa um enorme potencial para a interconexão do ciclismo ao transporte público, que responde por 70% das viagens. Além disso, a maioria dos usuários precisa de dois ou mais meios de transporte para chegar ao seu destino final. Isso aumenta o tempos de viagem e reduz a qualidade de vida.

De acordo com um censo da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM) realizado em 2010, a despesa diária com transporte público, por pessoa, é de 17 pesos, ou cerca de 2,50 reais. Isso significa que as pessoas de baixa renda gastam 35% do que ganham com transporte. Ou seja: aumentando o uso de bicicletas, o custo fica reduzido (além do trânsito e da poluição). Na década de 80, o uso das bicicletas para mountain bike se tornou ferramenta para a conservação de parques e reservas florestais em torno das cidades.

Agora, as bicicletas vão para o asfalto.

Mexico, um “povinho de ciclistas”

Hoje em dia, diferentemente do século passado, o uso das bicicletas não se restringe às camadas sociais com renda mais baixa. Usar a bicicleta era uma marca de inferioridade. A alta sociedade torcia o nariz, dizendo que o México era um “povinho de ciclistas”.

Agora, pessoas de diferentes classes sociais vêem a bicicleta como uma opção de transporte vantajosa e versátil. Hoje a bicicleta compete com os carros particulares e o sistema de transporte público: ocupa menos espaço, é fácil de estacionar e barata de manter. Também chega a ser mais veloz na megalópolis do que um veículo motorizado: na hora do rush na Cidade do México, a velocidade de um veículo motorizado é de cerca de 14 km/h; a da bicicleta supera 16 km/h.

A vantagem é mais evidente em viagens curtas. De acordo com a estratégia de mobilidade de bicicletas traçada pela UNAM, dá para substituir entre 2,5 e 3,5 milhões de viagens diárias feitas em outro meios de transporte, já que 40% delas não é superior a 11 quilômetros

A ideia do bem estar está mudando

O uso urbano da bicicleta é um sintoma de uma mudança social, que favorece a flexibilidade e a liberdade no deslocamento dos cidadãos, afirmou Connie Hedegaard, comissária europeia do Ambiente, durante a Conferência Mundial de Velocidade, em 2010. “As cidades que têm as bicicletas são modernas, e uma cidade moderna é muito mais equitativa, uma vez que promove o bem-estar de todos os membros do núcleo social. Uma cidade com bicicletas tem mais benefícios sociais, ambientais e éticos”.

A idéia de bem-estar também está mudando. Assim como casais jovens vivem em locais muito menores do que antes, há uma mudança cultural no que diz respeito à idéia de bem-estar. Se antes o sonho era ter uma casa e jardim, agora muitos optam por viver em um apartamento para não terem quem enfrentar o transtorno de dirigir, explica Edward Glaeser  no seu livro O Triunfo das Cidades.

Diferentemente dos seus pais ou avôs, os jovens de hoje já não vêem a posse de um carro como sinônimo de bem estar, diz Glaeser. Para o economista graduado em Harvard, isso já se reflete na redução das viagens de carro, que começam a ser substituídas pela bicicleta e pelo transporte público.

Ao mesmo tempo, a bicicleta contribui para a transformação da cidade, tornando habitáveis novamente áreas decadentes. Isso fica claro em determinadas regiões, como o sul da Cidade do México, que experimentam um “boom” imobiliário porque os habitantes preferem viver perto do transporte público para não ter que dirigir longas distâncias.

A mudança das moradias para áreas mistas, onde estão localizados lojas, serviços, recreação e estações de metro, está mudando a paisagem urbana da Cidade do México – e um dos vetores dessa mudança é o ciclismo. “É o local de habitação que determina o tipo de meio de transporte”, disse o Dr. Manuel Suarez, do Instituto de Geografia da UNAM, que estuda o fenômeno da habitação, mobilidade e bicicleta na cidade. “A ausência de espaço entre as pessoas reduz os custos de transporte de bens e idéias, o que conta mais na cidade do futuro é o fluxo de idéias, o conhecimento é mais valorizado do que o espaço. Isso que é a cidade moderna”.

Glaeser diz que “estamos testemunhando uma nova forma de moradia e uso da terra que, em meados do século passado se consolidou em algumas cidades que hoje são ícones do ciclismo urbano” –como Amsterdã, Copenhague e algumas capitais da Ásia.

O automóvel continua a predominar no México – bem como os recursos alocados para a construção de novas estradas e manutenção das antigas. O investimento para a chamada Supervia, atualmente em construção, é estimado em 18 bilhões de pesos (cerca de 2,5 bilhões de reais) enquanto na cidade de 70% das viagens são feitas por transportes públicos.

O Sistema ECOBICI

Em fevereiro de 2010, as autoridades da Cidade do México começaram a estabelecer medidas para incrementar o uso da bicicleta, com o sistema ECOBICI. Como resultado, mais de mil bicicletas foram adicionadas ao sistema de transporte público.

Foi um marco importante para a promoção e investimento governamental na infraestrutura ciclista. Não apenas pelo investimento –100 milhões de pesos, cerca de 14 mihões de reais –mas pela contundência da mensagem, pois a experiência mundial confirma que uma vez que se instala um sistema desse tipo, a tendência é crescer.

O programa visa substituir o primeiro e o terceiro modo de transporte: a pessoa sai de casa para o trabalho ou escola com a própria bicicleta para chegar ao metrô ou metrobus. Ao sair destes meios de transporte, toma uma bicicleta pública para chegar ao destino final.

O resultado tem sido satisfatório. No começo, o registro era feito através do cartão de crédito. Mas descobriu-se que um sistema simples de registro não representam uma grande despesa e traz muito menos uma complicação. Hoje, há uma lista de espera de 15.000 usuários.

O sistema ECOBICI oferece, como em outras cidades do mundo, meia hora de uso gratuito – o que costuma ser suficiente para ir de um ponto para outro.

Antes da implementação do novo sistema, 99,4% das viagens de bicicleta não eram combinadas com nenhum outro meio de transporte – as outras100.250 viagens diárias se articulavam com ônibus ou metrô. Com o estabelecimento do ECOBICI, o último número aumentou entre 8 e 9 mil viagens diárias.

Segundo a Estratégia de Mobilidade em Bicicleta realizada pela UNAMA, entre 2008 e 2009, para que a população jovem utilize a bicicleta para chegar à escola e para se deslocar no interior dos bairros é preciso criar zonas de trânsito calmas, seguras para os pedestres e ciclistas, com cruzamentos adequados e programas de médio e longo prazo para incidir na mudança de hábitos e aquisição de confiança e segurança.

Espaço público X risco

O uso da bicicleta também vem sendo aproveitado por administrações públicas municipais para melhorar o espaço público de forma a propiciar encontros casuais e harmoniosos entre os cidadãos.

Por exemplo, em um domingo de manhã, no Paseo de La Reforma, não somente pode-se andar de bicicleta como também ter uma aula de dança ou ioga a céu aberto e conviver com patinadores e skatistas. Nesse dia, essa importante via pela qual transitam uma infinidade de automóveis muda sua fisionomia para integrar a bicicleta.

A estratégia do governo na Cidade do México para integrar bicicletas às avenidas tem um impacto positivo porque envia uma mensagem ao público, mostrando que o ambiente social e urbano pode ser diferente. Pelo menos em uma avenida da cidade. E se nesse espaço a atmosfera é diferente, então você pode ter em outros.

Segundo o plano de mobilidade desenvolvido por especialistas na UNAM, a infra-estrutura de ciclismo, além de estar no Paseo de la Reforma e em bairros como La Condesa, Chapultepec, Polanco, deve chegar aos arredores da cidade. O ponto essencial da bicicleta não é apenas a mobilidade na capital, mas que os espaços dignos gerados cheguem a todas as classes sociais.

Vários especialistas na área, como o arquiteto paisagista Pedro Camarena, acreditam que o investimento público deva ser ampliado em áreas distintas para atingir o conjunto da população. Se os governos instalarem infraestrutura para o ciclismo em diferentes áreas, os cidadãos começam a acreditar na mudança e, portanto, a participar dela.

O relatório do uso de bicicletas públicas indica que, depois de 3 milhões de viagens no sistema ECOBICI, houve apenas acidentes menores –  e nenhuma morte. O sistema mexicano de bicileta pública é que sofre menos vandalismo no mundo.

A Estratégia de Mobilidade em Bicicleta da UNAM

A mesma pesquisa da UNAM investigou os principais obstáculos e preocupações dos cidadãos em relação ao uso da bicicleta. 39% por cento dos entrevistados citaram a segurança como o principal fator contrário ao ciclismo. Outro é a longa distância entre origem e destino das viagens.

Os pesquisadores da UNAM perguntaram se as pessoas usariam bicicletas para ir ao trabalho. A aceitação foi relativamente alta: 22% das pessoas se mostrou disposta a sempre usar o programa de bicicletas públicas; 26% respondeu que sempre utilizariam uma bicicleta se existisse uma ciclovia; e 27% substituiria o primeiro modo de transporte se existisse um lugar seguro para guardar a sua bicicleta.

Com base nestes dados anteriores se pode traçar um detalhado mapa sobre os locais ideais para a instalação de infraestrutura ciclista na Cidade do México.

Em casos como a Cidade do México, onde a média de viagem diária por trabalhador que vai ao centro da cidade é de duas horas, o uso da bicicleta poderia ajudar a reduzir esse tempo.

Segundo pesquisadores da UNAM, se as 15 estações de metrô nas quais se detecta mais bicicletas contassem com cicloestacionamentos seguros, se poderiam substituir 128.740 viagens que atualmente se fazem por outros meios.

Os bairros devem articular múltiplas ciclovias, cicloestacionamientos e zonas de trânsito tranquilo unindo estações de metrô, centros de trabalho e residências.

O estudo mostra que o ciclismo urbano na capital mexicana tem grandes possibilidades de crescer. Se as políticas públicas conseguirem consolidar a bicicleta como articuladora entre mobilidade motorizada e não motorizada, em poucos anos a capital mexicana poderia ser exemplo mundial de mobilidade limpa.

O ciclismo urbano também mantém presença em outras metrópoles do país, com atores muito engajados. É o caso de Guadalajara, Querétaro, Torreón e Monterrey, onde organizações, coletivos, órgãos governamentais, academia, corporações e, sobretudo, cidadãos interessados na construção de uma nova paisagem urbana, participam ativamente. É notória, também, a recente onda de livros, manuais técnicos, estratégias locais e, inclusive, a oferta de capacitação acadêmica que promove a instauração de uma cultura e infraestructura ciclista nas cidades do México.

Por Antonio Suárez, do La Jornada da Cidade do México, reproduzido no site da agencia Pública.

Ainda sobre a retirada do Terminal Central de Ônibus – Novo comentário

Este blog fica feliz quando seus leitores participam com suas impressões, opiniões, críticas e sugestões aos mais diversos temas. Nossa proposta colocada aqui em relação à retirada do Terminal Central de Ônibus gerou boas perguntas, boas ideias, alguns destemperos partidários, outros que “fizeram de conta” que não leram, ou não entenderam, mas o fato é que a coisa rolou bem pela rede. Segue agora mais um comentário do mestre Mário Cezar da Silveira, o “cara” da acessibilidade em Joinville (SC) e também pelo Brasil afora, onde atua fortemente em consultorias e treinamentos na área. Fiquem à vontade para comentar:

“Salvador, infelizmente o assunto que hora discutimos, não é de interesse coletivo discutir neste momento. Estão “todos muito preocupados” com as discussões do agora, dos fatos criados no dia a dia de nossos despreparados gestores e legisladores(?). Estamos muito preocupados em discutir Tarifa Zero, transporte coletivo por empresa pública, aumento “legal”dos nossos prestativos edís, o asfaltamento de mais ruas, a volta do Tebaldi, o BBB, entre outros assuntos mais importantes do que a RESPONSABILIDADE de nossas decisões.

Pensar nas heranças que as decisões deixarão para o futuro da cidade é muito cansativo e pode angariar inimigos.Tenho, há muito tempo, procurado alternativas para conseguir fazer as mudanças no conceito de pensar a cidade. Já fui viceral, encrenqueiro, o chato de plantão. Hoje tenho os pés no chão. Vou comendo pelas beiradas, jogando opiniões aqui e ali, até que um ouvido “certo” descubra interesse nos meus pitacos.

Continuo o “Chato de plantão”, o “cara de um só tema” – ACESSIBILIDADE, mas tenho consciência, sem modestias desnecessárias, que as conquistas conseguidas são boas heranças.Estamos concluindo a Política Municipal de Acessibilidade,  decreto que deve ser assinado em breve pelo prefeito. Minha próxima meta é começar a discussão da “Política Mun icipal de Mobilidade Urbana”, pois ela é fundamental para a micro  e macro acessibilidade, ou seja, respectivamente, a relação pedestre/ território e o deslocamento na malha viária estrutural da cidade. Só depois de entender o que será a mobilidade na cidade é que podemos entender pelo que queremos lutar”.

Terminal Central de Ônibus – Retirada é comentada aqui no Blog

Olá leitores do Blog Palavra Livre! Recebi a pouco um comentário do arquiteto e especialista, mestre, um doutor em acessibilidade e mobilidade urbana, Mário Cézar da Silveira, falando sobre a ideia lançada aqui de retirar o Terminal Central de Ônibus do centro da cidade de Joinville (SC), possibilitando assim a ocupação dos espaços de forma mais ampla, para lazer, artes, etc. Mário trouxe já mais ideias para debatermos em conjunto. Leiam abaixo sua manifestação, e comentem, porque penso que é uma ótima oportunidade de pensarmos a cidade que queremos de verdade, e não a cidade que apenas alguns querem. Com vocês o comentário de Mário Cézar da Silveira:

” Salvador, não sei se concordo com você. A avaliação que faço é pensando em “Mobilidade Urbana Sustentável”. Antes de mais nada, devemos saber exatamente o que queremos do centro de Joinville e que atrativos REALMENTE levariam a população a ocupar aquele espaço. Tirar o terminal como motivo de propiciar melhor circulação de veículos é por si só péssimo.

Temos é que “dificultar” o interesse de ir de automóvel para o centro.   Sei que serei criticado pela posição que aqui coloco, mas deveríamos começar por aproveitar a licitação do Estacionamento Rotativo e o do Transporte Coletivo, para estudar a vocação que queremos para aquela região da cidade onde temos o maior investimento público em infraestrutura urbana.

Na licitação do Estacionamento Rotativo proponho criar três níveis de preço de vaga. O primeiro a R$ 4,50, na área central, o intermediário a R$ 2,00, nos arredores do centro e o terceiro a R$ 1,oo, no restante das áreas. A intenção é dificultar o uso central por automóveis e usar parte da arrecadação para melhoria e conservação da área. A intenção final é fazer do centro um grande shopping, repleto de lojas e atrações culturais de lazer e esportes, com calçadas largas, ciclovias, um grande PARQUE do CENTRO, ou seja atrativos para que o povo tome posse do centro.

Com isso, TALVEZ o terminal seja importante onde está. Digo TALVEZ porque é necessário, antes de mais nada, um estudo técnico aprofundado.. Proponho também adiar o lançamento da licitação do  Transporte Coletivo, que está sendo feito no afogadilho de interesses políticos, e estudar as mudanças ocorridas nos últimos anos na mobilidade da cidade, para poder ser visionário quanto ao que acontecerá nos próximos 15 anos, duração inicial do contrato.

DEVEMOS APROVEITAR OS INSTRUMENTOS DAS LICITAÇÕES  PARA MELHORAR A CIDADE E NÃO REPETIR MAIS DO MESMO, QUE TEM NOS DEMONSTRADO QUE NÃO É  A MELHOR ESCOLHA. É MOMENTO DE CHOQUE DE GESTÃO.Abraço, Mário Cezar”

Terminal Central de Ônibus: retirada devia ser prevista na licitação do transporte coletivo

Terminal Urbano Central não cabe mais no centro de Joinville (SC) e deve dar lugar a espaço cultural e de convivência

Correndo o controle remoto pelos canais da tv, assisti na noite de ontem um programa interessante do Sergio Silva na TV Brasil Esperança falando sobre o transporte coletivo e a provável realização de concorrência pública ainda este ano, pela primeira vez na história da maior cidade catarinense, Joinville. Ouvi atentamente o diretor-executivo do IPPUJ, Vladimir Constante, e devo dizer que gostei de boa parte das suas informações, não concordei com outras ponderações, mas penso que só o fato de estarmos discutindo isso com a população já é um avanço considerável em nossa província.

Pois eis que aqui vai uma sugestão que penso ser importante e relevante para o bom andamento do trânsito no centro da cidade, maior fluidez no tráfego dos ônibus e veículos na área central, modernização e humanização do centro como um todo: a desativação do Terminal Central. Há 40 anos foi importante, era fundamental, mas hoje é impraticável. O próprio diretor executivo do IPPUJ relatou isso, a demora dos ônibus se deslocarem do Terminal até sair na JK e outras vias de grande tráfego. Pensem em fazer as grandes paradas e acessos aos usuários pelas avenidas e ruas JK, Beira Rio, Blumenau, João Colin, por exemplo. Ficam próximas ao centro e não “matariam” o comércio, coisa que tanto assombra os comerciantes, alguns deles é claro.

No local poderia ser criada uma grande praça, com um bela concha acústica para apresentações culturais, musicais, populares. Espaço de convivência e passeio para famílias, um lugar de efervescência cultural que por si só faria o movimento e mobilidade das pessoas melhorarem muito, com grandes ganhos comerciais também. E, claro, sem o tráfego dos grandes ônibus que se arrastam pelas estreitas ruas centrais, e com adaptações de algumas ruas e sentidos delas,  teríamos um novo centro, aberto, iluminado, mais humanizado, moderno e voltado para as pessoas e não veículos.

Tá aí mais uma ideia do Blog, e quem sabe a Prefeitura possa aceitar e realizar. Mas não venham com histórias de que o Terminal é uma marca desse ou daquele, é tombado, e que sem ele tudo morre em volta, enfim, coisas desse tipo. Se querem Joinville melhor, melhor é se despir desses ranços, ultrapassar desejos pessoais e egos, para ver algo novo florescer. Que tal pensarmos nisso IPPUJ, Prefeitura, CDL, etc.?