Cultura interditada? Muita coisa interditada, e faz tempo…

A Vigilância Sanitária de Joinville (SC) interditou mais um espaço cultural da cidade no dia de ontem, quinta-feira (15): o Museu Nacional de Imigração e Colonização. Antes dele já foram interditados os museus Fritz Alt, do Sambaqui, Casa da Cultura, Biblioteca Pública, e a Estação de Cargas que abrigava o – cadê ele? – Museu da Bicicleta, na antiga Estação Ferroviária, que apelidaram de Estação da Memória. Que fazem os nossos governantes em seus mandatos? Onde andam os incontáveis assessores, aspones em sua maioria, que não fazem o dever de casa?

Com todo o respeito que grande parte de assessores merece – aí incluídos secretários, gerentes, coordenadores, etc – porque realmente são esforçados, a grande maioria não sabe a que veio. Ao ver cadeiras vagando, conseguiram indicações e se sentaram, ávidos por bons salários, mordomias, status, mas muito pouco prática administrativa, gerencial, executiva. Afinal, ao assumir um cargo público, o vivente deveria pelo menos ter as capacidades adequadas a ele. Senão, o resultado é esse que vemos ao longo dos anos.

Esse incontável número de prédios públicos interditados, e aí incluo as escolas estaduais, municipais e outros, é uma afronta a população que paga impostos, muitos impostos. É um deboche com cidadãos que delegam o comando de sua cidade a políticos que devem ser responsáveis em mante-los em pé! E para que administrem, não basta serem bonzinhos, simpáticos, bacanas. Têm de saber gerenciar, escolher muito bem sua equipe, com gente capaz, e com vontade de trabalhar.

E mais: além disso, é preciso espírito público altíssimo, desejo de ver a cidade andando bem, com seu patrimônio preservado, com suas ruas limpas, organizadas, com obras planejadas, e em execução. Escolas exemplares, com professores exemplares. Mas como ter isso se nossos políticos não tem mais esses olhar público, esse desvelo pelo que é nosso, de todos?  Cada um que chega ao cargo que for, logo pensa na próxima eleição, e os seus escolhidos também. Esquecem de que tem de administrar a cidade, o estado, o país! Não acreditam que trabalhando duro, podem receber novamente o voto do eleitor. Pensam apenas em como fazer para ganhar a próxima. Que infelicidade termos uma elite política que se distanciou do bem comum, para pensar apenas em projetos pessoais, dos seus partidos, esquecendo dos seus.

Por isso que política não é só votar, é fiscalizar, cobrar, manifestar indignação se preciso. Observar, ler, e por que não, participar ativamente de partidos, e até de eleições? Enquanto nosso povo achar que política é suja, chata, etc, os de sempre vão continuar aí, e projetando outros clones para que os incautos eleitores votem. E depois chorem e reclamem na roda de bar, dentro da sala de jantar, que a política não presta. Será? Outubro vem aí, prestem atenção nos salvadores da pátria, os arautos da salvação das cidades. Esses são os mais perigosos, porque vendem o que não podem entregar.

Autor: Salvador Neto

Jornalista e escritor. Criador e Editor do Palavra Livre, co-fundador da Associação das Letras com sede no Brasil na cidade de Joinville (SC). Foi criador e apresentador de programas de TV e Rádio como Xeque Mate, Hora do Trabalhador entre outros trabalhos na área. Tem mais de 30 anos de experiência nas áreas de jornalismo, comunicação, marketing e planejamento. É autor dos livros Na Teia da Mídia (2011) e Gente Nossa (2014). Tem vários textos publicados em antologias da Associação Confraria das Letras, onde foi diretor de comunicação.

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