Os derrotados

Findaram as eleições municipais em todo o país. Agora é hora da análise dos resultados, e este Blog jamais se furtaria a isso. Aviso de antemão que é uma análise isenta, com base nos fatos. Começamos com os derrotados. São eles Kennedy Nunes (óbvio), Carlito Merss, Marco Tebaldi, Darci de Matos, PT, PP.

Carlito Merss, Marco Tebaldi e seus respectivos partidos saem derrotados duas vezes. Já tinha publicado isso em meu perfil no Facebook no domingo, e repito aqui. O atual Prefeito por estar com a máquina administrativa em suas mãos, e além de ter faltado pulso, gestão e articulação política, com uma grande aliança partidária com mais de 100 candidatos a vereador, e ter perdido a grande chance do PT de continuar o seu projeto de mudança político-administrativa. E na equivocada, incoerente e mal-sucedida decisão de apoio ao seu algoz por quatro anos, Kennedy Nunes. Carlito conseguiu assim perder duas vezes em apenas um pleito, e mais uma vez não conseguiu seu intento, vencer LHS.

Marco Tebaldi porque já foi Prefeito e reeleito.  Conseguiu a eleição para a Câmara dos Deputados em 2010, mas logo assumiu a Secretaria da Educação no governo Raimundo Colombo. Ficou um ano, com greves, problemas políticos, e saiu meio que expulso pelo PSD do Governador. Resolveu, junto com o PSDB, encarar a disputa. Saiu forte, mas chegou combalido pelo ataque dos adversários petistas e pessedistas, e depois peemedebistas. Acabou em quarto lugar. E para completar, se aliou ao seu desafeto político Carlito, à Kennedy, ao PT (!!), buscando também atingir ao PMDB e LHS. Não deu certo, e sai arranhado deste pleito, e derrotado duas vezes, também.

Darci de Matos apostou tudo em por os pés em duas canoas. Um pé com Kennedy, pois são correligionários no PSD, e outro com seu amigo Tebaldi. As duas canoas afundaram, e Darci agora deve voltar a flertar com o PMDB, que não deve ceder aos galanteios do deputado estadual. Darci articulou também essa aliança esquisita entre PSD, PSDB, PT, DEM, colocando todo o peso para também tentar derrotar Udo Döhler, derrubando assim ao senador LHS e seu PMDB. Mais um derrotado por duas vezes, perdendo força política.

Kennedy Nunes perdeu a sua terceira eleição para a Prefeitura, quando teve a sua grande chance de conquistar um sonho acalentado desde a juventude. Comunicador nato, experiente na política – está nela desde os seus 18 anos – em segundo mandato de deputado estadual, sucumbiu ao já ganhou. Subestimou a força do PMDB e de LHS em fazer de Udo Döhler o Prefeito. Foi desconstruído ao longo do segundo turno, quando as comparações, diferenças e ataques se limitam a dois postulantes.

Suas declarações anteriores sobre água, alianças, tarifa de ônibus, onde dizia uma coisa, foram colocadas lado a lado com suas falas de hoje. Fatal. Sua estratégia de criar um mote, “dá prá fazer”, virou um viral na internet, em redes sociais que superexpôs sua já conhecida forma demagógica de propor as coisas, e os adversários não o pouparam. O que era para ser um impulsionador, virou quase uma piada nas redes, e nas rodas nos bairros. Por fim, o PMDB grudou nele a ideia de que o governo Carlito continuaria com o apoio que lhe deu, bem como Tebaldi mandaria no governo, até porque declararam apoio formal. As pesquisas também ludibriaram o staff do candidato, que não percebeu o avanço de Udo nos bairros.

Já PT e PP, aliados de primeira hora no governo que se findará em 31 de dezembro, perderam a grande chance de crescer e ampliar a aliança para voos maiores em 2014. O PT sofre um duro golpe com essas duas derrotas – já fiz análise sobre isso em post anterior, clique aqui – expondo problemas no comando da sigla, o que deverá ficar mais agudo a partir de agora. A mudança de forças partidárias no comando será imprescindível, com renovação do diretório para valer, incluindo-se aí os vereadores eleitos, e novas lideranças que emergiram com boa votação das urnas.

O PP, que teve em suas mãos uma das mais poderosas secretarias do governo Carlito, a Infraestrutura, também perde espaços preciosos com a dupla derrota. Jovens nomes que poderiam despontar para a vereança, assembleia e outros, perderam muito. O único vereador eleito, Sabel, também apostou tudo, mas este ainda tem o mandato para conversar.

Essas eleições foram um marco histórico para Joinville, assim como foram as de 2008, quando Carlito Merss chegou ao poder após muitas tentativas. Cabe às lideranças reavaliarem posturas, atitudes, e se alinharem a um novo eleitorado, mais politizado, atento e plugado na internet. De observadores apenas, os eleitores agora disputam, debatem e batalham pela rede mundial de computadores, um novo espaço que é livre, sem amarras com os meios tradicionais. Os eleitores agora são cada vez mais senhores do seu voto. E decidem ainda mais conscientes os seus votos.

Cultura interditada? Muita coisa interditada, e faz tempo…

A Vigilância Sanitária de Joinville (SC) interditou mais um espaço cultural da cidade no dia de ontem, quinta-feira (15): o Museu Nacional de Imigração e Colonização. Antes dele já foram interditados os museus Fritz Alt, do Sambaqui, Casa da Cultura, Biblioteca Pública, e a Estação de Cargas que abrigava o – cadê ele? – Museu da Bicicleta, na antiga Estação Ferroviária, que apelidaram de Estação da Memória. Que fazem os nossos governantes em seus mandatos? Onde andam os incontáveis assessores, aspones em sua maioria, que não fazem o dever de casa?

Com todo o respeito que grande parte de assessores merece – aí incluídos secretários, gerentes, coordenadores, etc – porque realmente são esforçados, a grande maioria não sabe a que veio. Ao ver cadeiras vagando, conseguiram indicações e se sentaram, ávidos por bons salários, mordomias, status, mas muito pouco prática administrativa, gerencial, executiva. Afinal, ao assumir um cargo público, o vivente deveria pelo menos ter as capacidades adequadas a ele. Senão, o resultado é esse que vemos ao longo dos anos.

Esse incontável número de prédios públicos interditados, e aí incluo as escolas estaduais, municipais e outros, é uma afronta a população que paga impostos, muitos impostos. É um deboche com cidadãos que delegam o comando de sua cidade a políticos que devem ser responsáveis em mante-los em pé! E para que administrem, não basta serem bonzinhos, simpáticos, bacanas. Têm de saber gerenciar, escolher muito bem sua equipe, com gente capaz, e com vontade de trabalhar.

E mais: além disso, é preciso espírito público altíssimo, desejo de ver a cidade andando bem, com seu patrimônio preservado, com suas ruas limpas, organizadas, com obras planejadas, e em execução. Escolas exemplares, com professores exemplares. Mas como ter isso se nossos políticos não tem mais esses olhar público, esse desvelo pelo que é nosso, de todos?  Cada um que chega ao cargo que for, logo pensa na próxima eleição, e os seus escolhidos também. Esquecem de que tem de administrar a cidade, o estado, o país! Não acreditam que trabalhando duro, podem receber novamente o voto do eleitor. Pensam apenas em como fazer para ganhar a próxima. Que infelicidade termos uma elite política que se distanciou do bem comum, para pensar apenas em projetos pessoais, dos seus partidos, esquecendo dos seus.

Por isso que política não é só votar, é fiscalizar, cobrar, manifestar indignação se preciso. Observar, ler, e por que não, participar ativamente de partidos, e até de eleições? Enquanto nosso povo achar que política é suja, chata, etc, os de sempre vão continuar aí, e projetando outros clones para que os incautos eleitores votem. E depois chorem e reclamem na roda de bar, dentro da sala de jantar, que a política não presta. Será? Outubro vem aí, prestem atenção nos salvadores da pátria, os arautos da salvação das cidades. Esses são os mais perigosos, porque vendem o que não podem entregar.