E o Museu da Bicicleta?

Valter Bustos trocou SP por Joinville, trazendo um acervo gigante para valorizar a cidade. Hoje, foi abandonado mesmo sendo o seu Mubi o mais visitado dos museus até 2010

Ainda falando de museus, de cultura, fico estarrecido com mais coisas que acontecem na maior cidade de Santa Catarina. Uma delas, e que considero grave diante da ligação cultural e histórica que a bicicleta tem com Joinville, foi o fechamento do Museu da Bicicleta, o Mubi em 2010, já no governo Carlito Merss. Aliás, já escrevi sobre isso aqui no Blog – clique aqui e leia – quando da exoneração arbitrária do dono do acervo, colecionador, jornalista e então coordenador do Museu, Valter Bustos.

Sou amigo de Valter. Buscamos juntos o “canudo” necessário para legitimar nossa atividade profissional. Ajudei-o em alguns trabalhos, e principalmente, quando em 2005 o então prefeito Marco Tebaldi e seu vice à época, e também presidente da Fundação Cultural, Rodrigo Bornholdt, fizeram o primeiro assédio contra o colecionador, o que quase o empurrou para a cidade de Itajaí, que o esperava de braços abertos com galpão enorme, apoio total, etc. Valter preferiu lutar e ficar em Joinville, por amor à cidade que o acolheu em 2001, quando instalou o Museu no sesquicentenário da cidade com o pedido e apoio da Prefeitura – governo LHS.

Na época, Carlito Merss – atual Prefeito – era deputado federal e encampou a luta para manter vivo e na cidade o Museu da Bicicleta, de longe o museu mais visitado na cidade, com registros oficiais em livros de presença mantidos por Bustos. Escolas, turistas, visitantes de todas as partes do país e do mundo acorriam para ver o acervo maravilhoso e aprender um pouco sobre a história da bicicleta.  Com toda a fuzarca que fizemos, o Mubi ficou na cidade, mas com a vitória de Carlito Merss veio a novidade: a demissão de Bustos em 2010. E o fechamento do Museu com a interdição do local na Estação Ferroviária.

Até hoje essa é uma pergunta sem resposta: porque Carlito permitiu o fechamento do Museu mais visitado da cidade, ponto turístico e berço de cultura e história da cidade? Que interesses levaram a tamanho mal à cidade? E a um amante de Joinville, que a adotou como lugar de viver e dispor todo o seu trabalho e conhecimento? Pior, não fazem um movimento de apoio, de boa vontade sequer. Lixe-se a história da cidade, o slogan de “Cidade das Bicicletas”. Não dá para entender certas coisas aqui na província.

Depois, vem Marco Tebaldi com ares de apoio, quando ocupou a cadeira de Secretário da Educação de SC. Acenou com locais, apoio, etc. Nada. Saiu do cargo. E Joinville ficou sem o seu Museu da Bicicleta, pode? A quem interessa essa situação? Homens públicos tem de ter um olhar estadista, superior a veleidades pessoais, tem de pensar na cidade como um todo. E se tiver que passar por cima de algumas decisões de  assessores e secretários, que faça. Pelo bem da cidade, a cobrança fica: queremos o Museu da Bicicleta de volta, e com urgência. Com a palavra, o prefeito Carlito Merss, presidente da Fundação Cultural, Silvestre Ferreira, e deputado federal Marco Tebaldi.

Autor: Salvador Neto

Jornalista e escritor. Criador e Editor do Palavra Livre, co-fundador da Associação das Letras com sede no Brasil na cidade de Joinville (SC). Foi criador e apresentador de programas de TV e Rádio como Xeque Mate, Hora do Trabalhador entre outros trabalhos na área. Tem mais de 30 anos de experiência nas áreas de jornalismo, comunicação, marketing e planejamento. É autor dos livros Na Teia da Mídia (2011) e Gente Nossa (2014). Tem vários textos publicados em antologias da Associação Confraria das Letras, onde foi diretor de comunicação.

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