A literatura de cordel a renascer em Portugal

Chegados a Portugal, há cinco anos, os Depois das Cinco perceberam que a tradição da literatura de cordel se tinha perdido com o tempo e acharam que era de lembrar que, em 1500 e nos anos que se seguiram, “nem tudo só foi guerra e destruição”, também houve poesia.

“A literatura de cordel chegou ao Brasil com a colonização”, recorda, em entrevista à Lusa, Ana França (Aricleta do Céu no grupo), confessando-se espantada com os “pouquíssimos” portugueses que sabem o que é este género literário popular.

O que é, afinal, a literatura de cordel?

“São livretos, tipologicamente mais baratos, mais em conta, com folhas de menos qualidade, e aí escreviam os poetas antigos, os que não sabiam ler, os cegos que não sabiam ler, mas que cantavam, cantavam, decoravam os versos, cantavam e outro ia lá e escrevia e vendia nas feiras, vendia nos comércios e isso foi crescendo, crescendo”, conta.

O grupo quer chamar a atenção para os versos, os autores, os xilogravuristas, os cordelistas, muitos dos quais “aprenderam a ler com as histórias que ouviam, contavam as seus filhos, contavam aos seus netos”.

No Brasil, a literatura de cordel “já é um património imaterial” e há até uma “academia de literatura de cordel”, destaca. “Hoje é uma produção muito grande, são muitos poetas que vivem no Brasil e que vivem disso”, estima Ana França.

Agora, o grupo – que já havia animado as ruas de Sines, na anterior edição do Festival Músicas do Mundo (FMM) – recorre à literatura de cordel para contar uma história um pouco diferente da oficialista, porque essa “já foi”.

Numa mistura entre música e declamação, ao som dos ritmos tradicionais nordestinos do Brasil, coube a esta família (pai, mãe e filhos) fazer o aquecimento antes do arranque dos concertos do FMM deste ano.

Começaram logo no Largo Marquês de Pombal, contando a história de 1500, o ano em que Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil. Navegando pelas palavras, descem as ruas, rimando e cantando e contando histórias de pessoas, nomeadamente de algumas que foram conhecendo no Alentejo, onde vivem.

“Era como se fosse um jornaleco da época”

“A gente já tem burilado muitas aldeias, principalmente no Alentejo, que é onde a gente está e percebe-se que muitos desses poetas (…) já morreram ou (…) estão ali, na sua própria aldeia, e só a aldeia conhece e eles fazem versos, em décimas, em sextilha, em quadra e tudo isso é oriundo do cordel, da literatura de cordel do século XII, por exemplo”, destaca Ana França.

“Era como se fosse um jornaleco da época, que vinha da França, que vinha da Espanha, que chegava tanto para o povo como para a burguesia. Então, o cordel era totalmente democrático nesse momento”, assinala.

O ideal – apela – é que os portugueses “gostem disso, voltem com isso, porque a literatura de cordel é importante e é importante também para a história”, apela, lembrando que a tradição oral “vem do povo” e, por isso, tem “um poder maior”.

* Com informações do Sapo24H

A carta de Kafka

A missiva do escritor Franz Kafka, escrita em 1920, está dirigida a um amigo que lhe pediu para que este contribuísse para a sua revista. Na altura, Kafka encontrava-se a ser submetido aos tratamentos de tuberculose.

Uma carta escrita por Franz Kafka vai ser leiloada pela Sotheby’s e é esperado que seja pago um valor entre os 81 mil dólares e os 115 mil dólares (entre 82 mil euros e 106 mil euros). O leilão vai decorrer de 26 de junho a 10 de julho

A correspondência data de 1920, quando o escritor estava a receber tratamentos para a tuberculose, doença diagnosticada três anos antes.

“Não escrevo nada há três anos, e o que está publicado são coisas antigas. Não tenho mais trabalhos, nem mesmo começados”, lamentou o escritor numa carta dirigida a Albert Ehrenstein, poeta austríaco e amigo de Kafka.

Segundo um comunicado publicado pela leiloeira na segunda-feira, a carta em questão foi em resposta ao amigo, que o questionou sobre se ele queria contribuir para a sua revista.

Explicando que estava a passar por um bloqueio, Kafka escreveu: “Quando as preocupações penetram numa certa camada da existência interior, é óbvio que a escrita e as queixas cessam, de facto a minha resistência não era muito forte”.

O convite do amigo para publicar na sua revista foi feito depois de Ehrenstein ver um trabalho publicado de Kafka, provavelmente, segundo a nota, um conto que tinha sido escrito antes

“A vida e trabalho de Franz Kafka dão, desde há muito, uma fonte de fascínio por todo o mundo”, explicou um dos especialistas da leiloeira, Gabriel Heaton.

Heaton deu ainda conta de que a carta em questão mostrava a “exigência que a escrita tinha sobre ele” e quanta força interior era necessária por parte do escritor, face às suas inseguranças. “Podemos estar gratos por Kafka continuar a pegar na caneta apesar do seu bloqueio”.

Na altura em que foi escrita, Kafka também tinha começado uma relação com a escritora Milena Jesenská, que o apoiou e fez com que este começasse a escrever ‘O Artista da Fome’ e ‘ O Castelo’, obras publicadas já depois da morte de Kafka – apesar do seu pedido para que nada fosse publicado depois de morrer

Uma Poesia – “Horror sem fim?”

Poesia – “Horror sem fim?”

Em terras tão antigas e sagradas,
O sangue dos inocentes é derramado.
A guerra entre irmãos não cessa,
E a desumanidade é o legado.

Hamas e Israel se enfrentam,
Num ciclo de dor e destruição.
Os palestinos sofrem, clamam,
Enquanto o mundo assiste, em inação.

Crianças sem destino, sem lar,
Vidas ceifadas pela crueldade.
Onde está a justiça, onde está a paz?
Neste teatro de brutalidade.

Quebram-se laços, destroem-se esperanças,
Enquanto o ódio cega mentes.
Que se erga a voz dos que se calam,
Para deter esses horrores latentes.

Que a humanidade desperte,
E se una em clamor pela paz.
Que a guerra seja apenas uma lembrança,
E que o amor seja a única pauta capaz.

* por Salvador Neto, Portugal, 13 de maio de 2024

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94ª Feira do Livro de Lisboa inicia hoje com destaque para programação e acessibilidade

A 94.ª edição da Feira do Livro de Lisboa começa hoje, no Parque Eduardo VII, naquela que será, segundo a organização, a maior de sempre, com um horário alargado e melhorias ao nível da acessibilidade.

Até 16 de junho, 350 pavilhões, com 960 marcas editoriais, representadas por 140 participantes, vão ter disponíveis para venda ao público 85 mil títulos, a que juntarão diversas iniciativas, entre sessões de autógrafos, conversas com escritores, espetáculos de música ou cinema ao ar livre.

Entre os destaques para hoje, conta-se o encontro de autores “Poesia africana”, com Conceição Lima, Ana Paula Tavares, João Melo e Ondjaki, e uma conversa em torno do livro “Oriente Próximo”, com Alexandra Lucas Coelho, Shadd Wadi e a participação especial de Dima Akram.

Fernando Aramburu, Jean-Baptiste Andrea, Jeferson Tenório, Joël Dicker, Leila Slimani e Michael Cunningham são alguns dos autores internacionais que vão passar pela feira, juntando-se a nomes da literatura nacional como Afonso Cruz, António Jorge Gonçalves, Hugo Gonçalves, Joana Bértholo, João Tordo e Lídia Jorge, entre muitos outros.

A edição da Feira do Livro de Lisboa deste ano chegou ao limite máximo da capacidade, com mais 10 pavilhões e duas novas praças, não sendo possível estendê-la mais nos próximos anos, disse à Lusa o presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), responsável pela organização do evento.

Uma das novidades deste ano é a forte aposta na acessibilidade de pessoas com mobilidade condicionada, graças a um protocolo assinado com a Access Lab (empresa que trabalha a questão da acessibilidade em Portugal, pelo direito à cultura das pessoas com deficiência) para os próximos três anos.

Já nesta edição, haverá mais casas de banho com acesso para pessoas de mobilidade condicionada e haverá também fraldários, em resposta aos pedidos das famílias.

Adicionalmente, as rampas vão estar mais bem sinalizadas e vai haver “uma formação bastante intensa por parte da Access Lab quer ao ‘staff’ da APEL, quer aos participantes, para poderem dar informação adequada às pessoas de mobilidade condicionada”, especificou o presidente da APEL, Pedro Sobral.

A parte da programação também será mais acessível, com uma agenda específica de eventos com língua gestual portuguesa, e a existência de um alfabeto de cores para daltónicos, que, entre outras coisas, ajuda as pessoas a orientarem-se nas praças, que são definidas por cores.

Outra novidade é a antecipação do horário de abertura da feira, que passa a abrir às 12:00 durante a semana, e às 10:00 ao fim de semana e feriados.

O horário de encerramento mantém-se às 22:00, com exceção dos sábados, sextas-feiras e vésperas de feriado, em que fecha às 23:00.

  • Fontes: Sapo24H e ECO

Uma poesia – “Escutas”

Ouvir coisas que não fazem sentido, faz sentido, porque é melhor que não ter ouvido

Escutar coisas que não fazem sentido, não faz sentido, porque escutar é mais que ouvir, é fazer ao outro, sentido.

* Por SN, Portugal, 23maio2024

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Salman Rushdie estará em Portugal no final de setembro

O livro que Salman Rushdie, um dos escritores britânicos mais conhecidos dos últimos tempos, prometeu escrever depois do ataque que sofreu em agosto de 2022, que fez com que perdesse um olho e sofresse danos nos nervos da mão, está a chegar a Portugal, depois de ter sido lançado em vários países em abril. Desde o dia 14 de maio que os portugueses tem acesso aos relatos em primeira mão do dia em que Salman Rushdie, de agora 76 anos, foi atacado, e quase morto, por um jovem com uma faca.

Agora há o anúncio de que Rushdie estará no Porto no final de setembro a convite da Livraria Lello a participar de evento especial. O atentado que o escritor sofreu é a matéria prima que dá nome a este novo livro, “Faca, Meditações na Sequência de uma Tentativa de Homicídio”. O escritor conta a história do dia 12 de agosto de 2022, uma sexta-feira que parecia banal quando, já no palco pronto para iniciar uma palestra em Nova Iorque, EUA, é esfaqueado 15 vezes por um jovem norte-americano de origem libanesa. 

Na altura, o agente do escritor, Andrew Wylie, falou com a imprensa acerca do estado de saúde do escritor e revelou que este ia perder um olho, assim como ia sofrer danos nos nervos do braço e no fígado, segundo o jornal “Observador”.

O suspeito do ataque, Hadi Matar, um homem de 24 anos, foi a tribunal no dia seguinte, declarando-se inocente. No entanto, segundo a Comunidade de Cultura e Arte, Hadi Matar era suspeito de ser simpatizante da República Islâmica do Irão, país que ofereceu uma recompensa de três milhões de dólares a quem assassinasse o escritor, de acordo com o “Observador”. 

Isto porque, em 1988, Salman Rushdie publicou a obra “Os Versículos Satânicos”, uma história que se passa na Índia e em Inglaterra e acompanha as aventuras de duas personagens que sobrevivem a um ataque terrorista à bomba durante uma viagem de avião. Apesar de ter sido muito bem recebida pela crítica, no Irão, no entanto, a reação foi muito mais violenta, e Khomeini, Líder Supremo do Irão, lançou uma fatwa (um decreto religioso islâmico) condenando o escritor à morte.

  • com informações de várias agências de notícias

Conto – “De Pression”

Ele contava que naquele inverno chegou mais perto dela do que nunca. Durante muitos anos à assediava a mandar mensagens e sinais. O ardor a que se tinha entregado não o deixava pensar em mais nada. Nem o nascer do sol que o encantava desde menino já não o interessava. Dóca havia se perdido no vale frio e úmido da apatia e solidão. Os amigos o perderam de vista ao longo dos anos, e ele os negava porque não sentia mais vontade de estar ao lado destes felizes, dizia ele. Era um caso sem solução à vista, um caminho que o carregava a um precipício. Mas ele não ouvia os gritos, preferia a presença dela a cercá-lo de sedução.

Na verdade, ele andou por léguas a esconder seus sentimentos. Desde menino queria o amor. Desejava o amor. Ele era puro amor a ponto de se dar de todo. Aos poucos a desesperança o assolava, e ele trocava o receber algum carinho por dar todo o seu calor a alguém. Trocou o desejo de ser amado por se doar inteiro a mulheres, depois esposa e filhos. Três homens belos que os acontecimentos de uma vida louca e traiçoeira se fizeram afastar dele. Assim, se tornou solitário. As garrafas eram companhias perfeitas. As horas passavam, a vida se arrastava e Doca sentia que ela estava a um toque.

Ele recusava-se a ser um marginal. Queria ser grande, acreditava nas pessoas. Eu mesmo o vi tantas vezes gastar seu ouvido a acolher as lamurias de outros. Nunca falou de si. Dóca queria o amor, mas o desencontro entre ambos o adoecia. A alma de menino o fazia leve, e ela, a quem já admirava, o enlaçava como uma cobra à espreita. E assim foi descendo ao centro da terra das desilusões. Ao se aproximar perigosamente, eis que surge a fêmea prometida! Um ser luminoso e quente, a mulher que a um olhar o puxou para o ar puro.

Dóca então retomou o viço, a força, o caminho que o levava para as planícies e planaltos do amor. Mergulhou no mar das emoções perdidas, e se refrescou, e amou como se não existisse amanhã. Novos sonhos nasceram, quem sabe novas conquistas a realizar. E foi-se o nosso menino a se entregar. Mas então do nada ela, chamava-se De Pression, sorrateiramente reaproximou dele. Foi com mestria que criou fissuras, trouxe tempestades, furacões e trovões à vida de meu amigo. Lentamente ele largou as mãos da esperança e voltou a descer nas profundezas da dor irracional. E só parou ao sentir seu corpo físico fraquejar, derrotado.

Naquele duro dia ele literalmente desabou. Na cama, a perder a fala, enrolar a língua. A não mexer braços e pernas, paralisado a pensar, o que eu fiz? A partir de então Dóca foi cumprir o seu calvário. Acamado pelo AVC, ora aqui, ora acola, caiu em mãos duras, mas poderosas, a dar-lhe todo o amor que pediu a Deus. De leito em leito foi viver a dor que procurou a vida inteira. Aqueles homens e mulheres que lhe trocavam, banhavam, ensinavam-lhe a sentar, mexer seus dedos, mãos, braços, eram como anjos a compor o novo homem que renascia ali. A dor suprema que tanto buscou o faria se tornar um novo homem.

Ele se exalta ao contar-me, pela enésima vez, dos treinos de fisioterapia, como o limpavam, de como reaprendeu a pegar em talheres e se alimentar sozinho. E chorou ao rever-se de pé, depois equilibrado e dando pequenos passos ajudado por tanta gente. Dóca é assim, um empolgado homem que retomou a alegria de menino após ter deturpado o seu olhar pela fria De Pression. Um café caridoso nos une, eu e Dóca, perfeita simbiose de personas únicas. É assim há anos, e assim o será. Café, conversas, amizade.

  • por Salvador Neto, Portugal, em 14 de abril de 2024

94ª Feira do Livro de Lisboa começa dia 29 de maio

A próxima Feira do Livro de Lisboa, a 94ª, acontecerá entre 29 de maio e 16 de junho de 2024 no Parque Eduardo VII. Este evento congrega editores, livreiros e leitores, representando uma oportunidade singular para descobrir novas narrativas, conhecer autores inspiradores e festejar a diversidade da cultura literária. Restam somente 14 dias para o começo desta edição, que promete proporcionar mais jornadas de descoberta literária e encontros culturais inesquecíveis.

Os destaques da Feira do Livro de Lisboa deste ano são variados e prometem agradar a todos os amantes da literatura. Aqui estão alguns dos pontos altos:

  1. Autores em Destaque: A feira contará com a presença de autores nacionais e internacionais, oferecendo sessões de autógrafos, palestras e debates. Fique atento à programação para saber quais autores estarão presentes.
  2. Lançamentos Literários: Editoras e escritores aproveitam a feira para lançar novos livros. Você terá a oportunidade de descobrir as últimas obras e adquirir exemplares autografados.
  3. Espaços Temáticos: A feira terá áreas dedicadas a diferentes gêneros literários, como ficção, poesia, não ficção e infantojuvenil. Explore esses espaços para encontrar livros que correspondam aos seus interesses.
  4. Atividades Culturais: Além da venda de livros, haverá apresentações musicais, exposições de arte e performances culturais. Aproveite para mergulhar na atmosfera criativa.
  5. Gastronomia: A feira também oferece opções gastronômicas, como cafés e food trucks. Desfrute de uma pausa entre as compras de livros.

Lembre-se de verificar a programação completa para não perder nenhum evento especial durante a Feira do Livro. Os horários de funcionamento da Feira do Livro de Lisboa variam ao longo dos dias. Geralmente, a feira abre às 10h00 e fecha às 22h00.

No entanto, é sempre bom verificar o site oficial ou a programação específica para confirmar os horários exatos em cada dia. Aproveite a feira e mergulhe na magia dos livros! Para maiores informações acesse: https://feiradolivrodelisboa.pt/.

Poesia de Segunda – “Esqueço”

Esqueço, porque preciso esquecer
Para viver

Não há razões que nos façam
Âncoras

Esqueço, porque lembrar faz
Tempestades

Há espelhos para enxergar
O que senti

Esqueço, mas lembro de
Ser bom

Viajo por memórias infalíveis
Vivo a voar

Esqueço, esqueci, esquecerei
Para viver.

* por Salvador Neto, Portugal, 18mar2024

English

Forget

I forget because I need to forget
To live

There are no reasons that make us
Anchors

I forget because remembering creates
Storms

There are mirrors to see
What I felt

I forget, but I remember
Being good

I travel through infallible memories
Living while flying

I forget, I forgot, I will forget
To live.

  • by Salvador Neto, Portugal, March 18, 2024

#poetry #poems #literature #forgetting #Portugal #PortugueseLiterature

Spanish

Olvido

Olvido porque necesito olvidar
Para vivir

No hay razones que nos hagan
Anclas

Olvido porque recordar crea
Tormentas

Hay espejos para ver
Lo que sentí

Olvido, pero recuerdo
Ser bueno

Viajo a través de memorias infalibles
Viviendo mientras vuelo

Olvido, olvidé, olvidaré
Para vivir.

  • por Salvador Neto, Portugal, 18 de marzo de 2024

#poesía #poemas #literatura #olvidar #Portugal #literaturaportuguesa

French

Oublier

J’oublie parce que j’ai besoin d’oublier
Pour vivre

Il n’y a pas de raisons qui nous fassent
Ancres

J’oublie parce que se souvenir crée
Des tempêtes

Il y a des miroirs pour voir
Ce que j’ai ressenti

J’oublie, mais je me souviens
D’être bon

Je voyage à travers des souvenirs infaillibles
Vivant en volant

J’oublie, j’ai oublié, j’oublierai
Pour vivre.

  • par Salvador Neto, Portugal, 18 mars 2024

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