Poesia do Dia – “Outono Ardente”

Outono chega, folhas caem em desejo,
No crepúsculo, teus olhos são chama,
Teu toque é brasa, fogo que almejo,
Na penumbra, somos faísca e drama.

Teus lábios são vinho, doce tentação,
Em cada beijo, um segredo sussurrado,
Nossos corpos dançam, pura devoção,
Fusão ardente em ritmo compassado.

No bosque encantado, sob a lua nua,
És ninfa que seduz minha alma errante,
Em teu abraço, encontro a rua
Que nos leva ao êxtase fulgurante.

Outono ardente, amor desmedido,
Em teus braços, sou homem renascido.

Por SN, Portugal, nov2024

Entrevista à Sérgio Silva na TVBE do Brasil

Há poucos dias fui entrevistado pelo jornalista Sérgio Silva na TVBE da cidade de Joinville, minha cidade natal no Brasil. Publico aqui em meu blog para manter arquivo e memória das atividades.

A entrevista tem três blocos, e espero que gostem amigos do Palavra Livre:

Obra de brasileiro estará na coleção Antologia de Poesia Portuguesa Contemporânea

Olá, leitor, leitora, apoiadores do Palavra Livre, viramos notícia aqui em Portugal no principal jornal do país, o Diário de Notícias, suplemento brasileiro! Compartilho da alegria com voces, leiam a matéria que segue:

A 16ª Antologia de Poesia Portuguesa Contemporânea Entre o Sono e o Sonho, uma das mais importantes de Portugal, terá o poema escrito por um brasileiro. Salvador Neto, de 57 anos e morador de Alcobaça, teve seu trabalho escolhido entre dezenas de outros concorrentes. O nome do poema é Voo da Liberdade e será conhecido no final de setembro, quando está prevista a publicação da obra.

Salvador recebeu um e-mail convidando para escrever, com aviso de que apenas os melhores poemas seriam escolhidos. Um tempo depois, recebeu outro e-mail, com a notícia que tanto esperava. “Às vezes escolhemos, às vezes somos escolhidos. Há que se acreditar nos critérios das comissões que analisam. Como cada pessoa tem suas visões de mundo e de gostos, uma pontinha de sorte ajuda. Mas é preciso sempre entregar o seu melhor”, diz ao DN Brasil.

O escritor relata o sentimento de ter tido o trabalho escolhido. “Olha, me sinto como uma criança que ganha um presente inesperado, sabe.  Estou feliz de ser escolhido, por ser um brasileiro e imigrante e também representar Alcobaça”, conta. Outro fato que deixa Salvador ainda mais feliz é que acaba de se recuperar de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico. “Fiquei seis meses em camas de hospitais e reabilitação”, destaca.

A experiência da recuperação também está descrita no livro Tinha um AVC no meio do caminho, lançado em abril deste ano pela editora Autografia, que possui sedes na Espanha e no Brasil. As experiências de vida são uma das inspirações para a escrita do brasileiro, que trocou o Brasil por Portugal para viver o sonho de morar na Europa.

“As pessoas, suas vidas, com as riquezas humanas que todos temos. Sou humanista, sou ativo defensor dos direitos humanos, da igualdade de direitos, acredito em uma só raça, a humana. A natureza também me dá muita matéria prima para escrever. Mas os sentimentos humanos, esses me dão o fio condutor da minha escrita”, explica. A 16º Antologia de Poesia Portuguesa Contemporânea Entre o Sono e o Sonho estará às vendas nas livrarias e sites da área.

* com informações do Diário de Notícias Brasil, Diário de Notícias, Texto: Amanda Lima

Mia Couto vence prémio da Feira Internacional do Livro de Guadalajara

O escritor moçambicano Mia Couto é o vencedor do Prémio FIL (Feira Internacional do Livro de Guadalajara) de Literatura em Línguas Românicas 2024, anunciou esta segunda-feira o júri, numa conferência de imprensa no México.

O júri decidiu atribuir o prémio por unanimidade, algo que “diz tudo quanto ao reconhecimento da obra, do que significa literariamente, para a língua portuguesa e para quem escreve literatura nesse subúrbio da língua portuguesa que é Moçambique”, referiu o ensaísta e professor português Carlos Reis, que integrou o júri e a quem coube anunciar o nome do vencedor.

Com este prémio “reconhece-se uma obra literária notável que inclui crónica, conto, novela”, considerou o júri, composto por sete críticos literários e escritores.

O vencedor, que recebe um prémio de 150 mil dólares (135,5 mil euros), foi escolhido entre 49 autores de 20 países, que escrevem em seis línguas: catalão, castelhano, francês, italiano, português e romeno.

Mia Couto vai estar presente na 38.ª FIL de Guadalajara no dia 30 de novembro, primeiro dia desta edição, que se estende até 08 de dezembro. Numa videochamada a partir de Moçambique, mostrou-se surpreendido com distinção: “Foi uma grande e bela surpresa”.

Em resposta a questões dos jornalistas presentes na conferência de imprensa, que foi transmitida ‘online’ para todo o mundo, o escritor partilhou que “o primeiro grande assunto” que o preocupa atualmente é a paz, lembrando que vive num país “que ainda está em guerra”. “Preocupa-me também esta falsa busca de uma afirmação identitária, quando África se ocupa de afirmar o que é a sua própria universalidade”, referiu.

Mia Couto considera que Moçambique “tem um desafio enorme que é não esquecer”. “Luto também na minha escrita contra esse apagamento da História, essa espécie de ‘historicídio’“, defendeu.

Lembrando que começou a carreira como jornalista, o escritor mostrou-se preocupado com a crise vivida no jornalismo, “que pode significar um dia a sua morte”. “Mas não é por causa da ameaça das redes sociais e a tecnologia, mas por causa de uma questão: ‘quem são os donos dos meios de comunicação de hoje?“, defendeu.

Esta não é a primeira vez que um escritor de língua portuguesa é distinguido com o Prémio FIL de Literatura em Línguas Românicas. Os portugueses António Lobo Antunes e Lídia Jorge receberam o prémio em 2008 e 2020, respetivamente, e os brasileiros Nélida Piñon e Rubem Fonseca em 1995 e 2003. No entanto, é a primeira vez que um escritor africano é premiado.

Obra de Mia Couto foi traduzida em mais de 30 línguas

Mia Couto nasceu na Beira, em Moçambique, em 1955, trabalhou como jornalista e professor, e atualmente é biólogo e escritor. Prémio Camões em 2013, Mia Couto é autor, entre outros, de “Jesusalém”, “O Último Voo do Flamingo”, “Vozes Anoitecidas”, “Estórias Abensonhadas”, “Terra Sonâmbula”, “A Varanda do Frangipani” e “A Confissão da Leoa”.

Traduzido em mais de 30 línguas, o escritor foi igualmente distinguido com o Prémio Vergílio Ferreira, em 1999, com o Prémio União Latina de Literaturas Românicas, em 2007, e com o Prémio Eduardo Lourenço, em 2011, pelo conjunto da obra, entras outras distinções.

“Terra Sonâmbula” foi eleito um dos 12 melhores livros africanos do século XX, e “Jesusalém” esteve entre os 20 melhores livros de ficção mais publicados em França, na escolha da rádio France Culture e da revista Télérama.

Em novembro está a prevista a edição de um novo livro de Mia Couto, “A cegueira do rio”.

“Decorre no palco da guerra entre Portugal e a Alemanha, os militares alemães fizeram incursões em Moçambique e no mês seguinte Portugal envia a primeira de várias expedições militares para as colónias. Os combates generalizaram-se em finais de 1914 no Sul de Angola e no Norte de Moçambique”, lê-se na sinopse divulgada pelo grupo editorial Leya.

O programa completo da 38.ª FIL de Guadalajara é anunciado em 08 de outubro.

* com informações da Sic Notícias

“Voo da Liberdade” de Salvador Neto na Antologia de Poesia Portuguesa Contemporânea “Entre o Sono e o Sonho”

É com grande entusiasmo que anunciamos a inclusão do poema “Voo da Liberdade”, do escritor e jornalista Salvador Neto, residente em Alcobaça, distrito de Leiria, na prestigiada Antologia de Poesia Portuguesa Contemporânea “Entre o Sono e o Sonho”, publicada pela Chiado Books.

Este lançamento marca o 16º volume desta aclamada série, que continua a celebrar a diversidade e a riqueza da poesia portuguesa contemporânea. 
Salvador Neto, conhecido por sua habilidade em capturar a essência da liberdade e da esperança através de suas palavras, contribui com um poema que promete ressoar profundamente com os leitores. “Voo da Liberdade” é uma obra que reflete a busca incessante pela liberdade e a capacidade humana de sonhar e transcender barreiras. 

A Chiado Books, editora responsável pela antologia, expressa sua ambição em criar, mais uma vez, o melhor volume de sempre desta coleção. “Ambicionamos criar, mais uma vez, o melhor volume de sempre desta antologia, representando as diversas correntes da poesia portuguesa contemporânea”, afirma a editora, destacando o compromisso em reunir vozes distintas e poderosas da poesia atual. 

A inclusão de “Voo da Liberdade” é um testemunho do talento de Salvador Neto e da sua contribuição significativa para a literatura portuguesa. Convidamos todos os amantes da poesia a explorar este novo volume e a descobrir as múltiplas facetas da poesia contemporânea através das páginas de “Entre o Sono e o Sonho”. O lançamento da Antologia está previsto para o final de setembro. 

Sobre Salvador Neto
Salvador Neto é um escritor e jornalista brasileiro residente em Alcobaça, distrito de Leiria. Com uma carreira marcada pela paixão pela escrita e pela comunicação, Neto tem se destacado por sua capacidade de contar histórias que tocam o coração e a mente dos leitores. É autor de três livros: Na Teia da Midia (2011), Gente Nossa (2014) e Tinha um AVC no Meio do Caminho (2024). 

Poema – “Ecos do Amanhã”

Nas ruas vazias da cidade,  
Passos ecoam memórias,  
Cada esquina, um suspiro,  
Cada sombra, uma história. 

O tempo, tecelão invisível,  
Entrelaça passado e futuro,  
Em fios de ouro e prata,  
Tecendo sonhos no escuro. 

Florescem jardins secretos,  
Em corações que esperam,  
Primaveras de esperança,  
Em invernos que desesperam. 

O sol nasce em horizontes,  
Onde a noite se despede,  
E em cada raio de luz,  
Um novo dia se atreve. 

E assim, seguimos em frente,  
Com coragem e ternura,  
Desvendando os mistérios,  
Que o amanhã nos assegura. 
 
* por Salvador Neto, Portugal, 15ago2024 

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Bienal do Livro de São Paulo 2024: A Bienal deste ano promete ser a maior de todas, com expectativa de recorde de público e participação de autores renomados.

    Mario Vargas Llosa

    Mario Vargas Llosa: O escritor hispano-peruano foi recentemente aceito na Academia Francesa, sendo o primeiro membro que não escreve em francês.

    Márcio Souza: O autor de “Mad Maria” e “História da Amazônia” faleceu aos 78 anos. Ele era uma figura importante na literatura amazonense.

      Colleen Hoover

      Colleen Hoover: A autora americana, conhecida por “É Assim Que Acaba”, está gerando polêmica com a adaptação de seu livro para o cinema.

      Festival de Cinema de Veneza 2024: O festival deste ano está destacando filmes de diretores emergentes e temas sociais importantes. A expectativa é alta para a estreia de vários filmes independentes.

      Prêmio Nobel de Literatura: A lista de candidatos para o Prêmio Nobel de Literatura 2024 inclui autores de diversas partes do mundo, com uma forte presença de escritores europeus.

      Flip 2024: A Festa Literária Internacional de Paraty deste ano contará com a presença de autores internacionais e debates sobre literatura contemporânea e questões sociais.

      Exposição de Tarsila do Amaral: Uma grande exposição da obra de Tarsila do Amaral está em cartaz no MASP, celebrando a contribuição da artista para o modernismo brasileiro.

        Noite da Literatura Europeia em Lisboa em outubro

        Habitualmente apresentada por volta do mês de junho, este ano a Noite da Literatura Europeia decorrerá num sábado de outono, a partir das 19h e até às 23:30, como de costume, num serão literário que dá a conhecer ao público de todas as idades obras de autores europeus contemporâneos, interpretadas por atores portugueses.

        Segundo a organização do evento, a 12.ª edição da Noite da Literatura Europeia vai ocupar espaços mais conhecidos e outros por desvendar de Carnide, desde lojas do bairro até salões históricos, onde, a partir das 19h, será possível assistir a 10 sessões, que incluem a leitura e a encenação por atrizes e atores.

        Com uma duração de 10 a 15 minutos, as sessões realizam-se de meia em meia hora, dando ao público a possibilidade de assistir às várias apresentações, mas também de visitar os diversos espaços, entre os quais aqueles que nem sempre são acessíveis ao público.

        Alemanha, Áustria, Bélgica, Chéquia, Dinamarca, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Polónia, Portugal, Reino Unido e Roménia são os países que terão alguns dos seus autores presentes nas sessões, dando ao público a possibilidade de contactar com a literatura e os criadores europeus.

        Este ano, esta experiência literária estará também disponível para os visitantes com deficiências auditivas, através de um percurso com sessões acompanhadas de interpretação em língua gestual portuguesa.

        A Noite da Literatura Europeia é uma iniciativa da EUNIC Portugal, rede que reúne institutos culturais e embaixadas de países da União Europeia, nascida em Praga em 2006 e que teve a sua primeira edição portuguesa, em Lisboa, em 2013.

        O evento é gratuito e, nesta edição, realizado em parceria com a Rede de Bibliotecas de Lisboa BLX, a Junta de Freguesia de Carnide e a Boutique da Cultura.

        Presença, de Mario Quintana

        É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
        teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
        das horas ponha um frêmito em teus cabelos…

        É preciso que a tua ausência trescale
        sutilmente, no ar, a trevo machucado,
        as folhas de alecrim desde há muito guardadas
        não se sabe por quem nalgum móvel antigo…

        Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
        e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
        É preciso a saudade para eu sentir
        como sinto – em mim – a presença misteriosa da vida…

        Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
        que nunca te pareces com o teu retrato…
        E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.

        Poesia – Solitude”

        Do primeiro passo, lembrei
        Na queda que sobreveio, chorei
        Pois, depois, aprendi o equilíbrio
        Descobri pra quê, o livre arbítrio

        Por entre trilhas, chão batido, asfalto
        Lapidei meu espírito livre, e alado
        Às sombras, nevoeiros, ventanias
        Bebi coragem e mordi sabedorias

        Não busquei louros, ouros ou tesouro
        A simplicidade me fascina, nascedouro
        Daquilo que sonhei e senti, biografia
        Porque o caminho, amigo, logo estreita

        A jornada há de ser sempre bravura
        Não existe espaço, tempo, parada
        A vida é confusa, matreira, multidão
        Onde o que nos faz fortes, é a solidão

        * Por SN, Portugal, julho de 2024

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