Casan é multada em R$ 15 mi pela Prefeitura de Florianópolis por danos à Lagoa da Conceição

A Prefeitura de Florianópolis, por meio da Fundação Municipal do Meio Ambiente (FLORAM), notificou na tarde desta quarta-feira (27), a Casan após o rompimento da Lagoa de infiltração da estação de tratamento de esgoto da empresa, na Lagoa da Conceição.

A multa será aplicada com base na Lei Federal 9.605/98, e no Decreto 6.514/08, com o valor inicial estipulado em R$ 15.000.000,00, conforme a tabela de valoração da Portaria Conjunta CPMA/IMA nº143 de 06/06/2019.

Segundo o corpo técnico da FLORAM, o acidente da última segunda-feira (25) danificou dunas e restingas no entorno da lagoa artificial, havendo também a alteração da qualidade da água. O município contratou um laboratório para identificar que tipos de resíduos foram levados para dentro da Lagoa. O laudo deverá sair nos próximos dias.

Superintendente da Floram, Rafael Poletto, relatou sobre o caso: “Todas as atividades feitas são importantes para subsidiar as ações administrativas punitivas que foram tomadas. Levando como base relatórios e análises para estabelecer o valor da multa” – explica.

Após a notificação da prefeitura, a companhia de água terá 20 dias para a apresentação da defesa, e 5 dias para o pagamento da multa com 30% de desconto em relação ao valor estabelecido, respeitando o art. 126 do Decreto Federal 6.514/08.

Lixo no esgoto sanitário, e nas áreas mais ricas da cidade? O que é isso companheiros?

esgTodos os dias, materiais de todo tipo – fraldas, absorventes, brinquedos, preservativos e até animais mortos – são recolhidos das redes de esgoto em Joinville. Esse mau hábito causa diversos transtornos, dentre eles entupimento da rede coletora, retorno do esgoto aos imóveis, vazamento na rua e mau cheiro.

A necessidade de desobstruções frequentes impacta diretamente no custo de manutenção das redes. “A empresa responsável por fazer a limpeza cobra um valor por serviço, que poderia ser dispensado se a população se conscientizasse de quanto o lixo causa danos na rede coletora”, afirma César Rehnolt Meyer, gerente de operação e manutenção da Águas de Joinville.

“Em certos locais, a limpeza da rede de esgoto tem de ser feita semanalmente, chegando a ser realizada, em alguns pontos, dia sim, outro não”, afirma a técnica em saneamento Dalva Schnorrenberger. A manutenção é feita para retirar lixo e também o óleo descartado pela pia, o que frequentemente ocorre em locais próximos a restaurantes.

“O óleo solidifica e forma crostas, que obstruem a tubulação”, explica. Cerca de 30% das reclamações de entupimento de rede têm como causa o óleo de cozinha jogado na pia ou vaso sanitário. Mesmo com o trabalho de educação ambiental que é feito pela Companhia, são grandes as quantidades de gordura e lixo encontradas nas redes.

O lixo jogado na rede que vai até a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Jarivatuba fica retido em cestos nas estações elevatórias – locais que bombeiam o esgoto até as estações – e precisa ser retirado mensal ou quinzenalmente por uma empresa terceirizada.

Parte do que é jogado na rede coletora consegue chegar à outra estação de tratamento de esgoto. Na ETE Espinheiros – uma estação nova com baixo número de ligações, que ainda não funciona a plena carga – já são encontrados diariamente papéis higiênicos, preservativos, embalagens, tampas de plástico, papéis de bala e até pedaços de brinquedos.

A retirada desse lixo grosseiro é feita duas vezes por dia, de manhã e à tarde. “Conseguimos tirar manualmente a maior parte dos sólidos, mas cabelos e pequenos plásticos podem ultrapassar a primeira fase do tratamento de esgoto, que é o gradeamento. A sujeira pode entrar e danificar as válvulas, ou queimar o rotor das bombas”, afirma Rafaela Machado Soares, técnica em saneamento da Águas de Joinville. A limpeza nas hélices dos misturadores também deve ser feita constantemente, pois um detrito acumulado pode danificar todo o sistema.

Em 2011, sacos de lixo, tubos de cola e até rodinhas de brinquedo foram alguns dos objetos removidos das tubulações do então recém-inaugurado sistema de coleta e tratamento de esgoto do Morro do Amaral. O mau uso do sistema coletor, por parte de alguns moradores, provocou o travamento e queima de pelo menos duas estações elevatórias das cinco que existem na localidade.

Um filtro para educar a população
Com base na quantidade de ordens de serviço abertas para consertos de vazamentos na rede coletora, a Companhia Águas de Joinville criou, em parceria com uma empresa especializada em PVC, um filtro educador. Desenvolvido no ano passado, o dispositivo é instalado entre a rede do cliente e da Companhia e permite que sejam retidos os resíduos médios e grandes, deixando a água escoar normalmente.

Primeiramente, foram instalados filtros nas duas sub-bacias que mais apresentaram problemas na rede de esgoto. A instalação dos equipamentos aconteceu no dia 23 de outubro do ano passado e a partir desta data passaram a ser monitorados. Assim que foram descobertos os imóveis que causavam prejuízo à rede coletora, a coordenação de educação socioambiental da Companhia foi avisada para que realizasse a abordagem domiciliar e orientasse os moradores quanto ao uso adequado da rede.

Segundo Dalva, o filtro não é um dispositivo fixo, mas apenas um identificador do problema. “O filtro é um educador ambiental. Através dele achamos o problema, mas o que resolve a situação é a conscientização das pessoas”, afirma.

Saneamento: nova ETE dos Espinheiros entra em funcionamento dia 20/11

Mais um passo no avanço do tratamento de esgoto de Joinville, e consequentemente na qualidade de vida de toda a cidade, será dado com a inauguração da ETE Espinheiros. A Estação de Tratamento, somada à implantação da rede de esgoto, tem investimento de cerca de R$ 10 milhões, e capacidade para atender mais de 10 mil pessoas. A cerimônia está marcada para o dia 20/11 (terça).

O tratamento de esgoto beneficia diretamente a população que vive às margens da Baía da Babitonga e Lagoa do Saguaçu. “A Estação vai atender todo o bairro Espinheiros, que hoje tem aproximadamente 8 mil moradores, com possibilidade de ampliação para atender uma população de mais de 13,5 mil”, diz Grasiela Breis, coordenadora das estações de tratamento de esgoto da Companhia Águas de Joinville. “A ETE Espinheiros vai ajudar a melhorar a paisagem da Lagoa do Saguaçu e também a vida da comunidade de pescadores do local”, aponta Luiz Alberto de Souza, presidente da Companhia.

A nova ETE, diferentemente das lagoas de estabilização utilizadas no atual sistema do Jarivatuba, terá sistema fechado. Além de monitoramento com acesso remoto, possui tecnologia para manter a concentração de matéria orgânica e vazão constantes, graças à presença de um equalizador. Esta estabilidade permite maior controle de todo o processo.

“O monitoramento remoto e o equalizador farão da ETE Espinheiros a estação mais automatizada de Joinville, e uma das mais modernas do estado”, revela a bióloga da Águas de Joinville Cláudia Rocha. A ETE Espinheiros também terá uma Estação de Tratamento de Lodo (ETL) própria, que permitirá que o excesso de lodo, resultante do tratamento, seja devidamente descartado em aterro.

Agentes socioambientais da Companhia, por meio de visitas e folders explicativos, já informaram os moradores do bairro sobre como ligar corretamente o esgoto doméstico à rede, e sobre os cuidados para não ligar a rede de drenagem ou de piscinas ao sistema. Agora os moradores começam a receber mais uma visita dos agentes, que estão avisando que as ligações à rede de esgoto já podem ser feitas.

Embora o prazo para a interligação à rede seja de 120 dias, contados a partir da data do aviso, a Companhia Águas de Joinville recomenda que as ligações sejam feitas o quanto antes. Segundo o engenheiro Michel Bitencourt, coordenador de fiscalização de obras da Companhia, a ETE não apresenta odor, desde que haja uma carga mínima para funcionar plenamente. “Quanto mais cedo os moradores se ligarem à rede, mais cedo essa carga mínima será atingida”, afirma.

Hoje, a Companhia Águas de Joinville investe mais de R$ 300 milhões em melhorias nos serviços de saneamento básico da cidade, tanto na implantação de rede de esgoto como em melhorias na distribuição de água.

Inauguração da ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) ESPINHEIROS:

Quando: 20/11/2012 –  terça-feira

Horário: 10h

Onde: final da Rua Francisco R. Miranda – bairro Espinheiros / lateral da Rua. Pref. Baltazar Buschle

Investimento: Cerca de R$ 10 milhões.

População beneficiada: aproximadamente 8.000 pessoas.

Rede de esgoto: 32,3 km, com 12 estações elevatórias (locais onde se faz o bombeamento do esgoto)

Vazão: 21 litros por segundo

Rio+20: comunidade joga parte de seu esgoto não tratado em rio ao lado de onde será o evento

Localizada a menos de 5 quilômetros de onde será a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Cnuds), a Rio+20, a comunidade de Francisco de Assis, em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio, é uma das centenas de comunidades brasileiras que não têm sistema adequado de coleta e tratamento de esgoto.

Grande parte das casas da comunidade, que abriga cerca de mil pessoas, joga seu esgoto diretamente no Arroio Pavuna, rio que margeia a comunidade e desemboca na Lagoa de Jacarepaguá, em frente ao Riocentro, onde será a Rio+20.

A outra parte das moradias é atendida por um sistema de coleta. Ainda assim, pelo menos parte desses resíduos coletados acaba no rio, já que é jogado na rede de águas pluviais. A Agência Brasil constatou que há esgoto saindo da rede de drenagem da comunidade, mesmo em um dia sem chuvas.

Além da consequência mais evidente, que é a poluição de corpos hídricos [cursos d´água ou reservatórios] que cortam grande parte dos bairros de Jacarepaguá e da Barra da Tijuca, a falta de saneamento básico cria também problemas de saúde para a população.

Durante visita da Agência Brasil à comunidade, um grupo de cinco crianças brincava às margens do rio, que tem a aparência de um valão, de cor cinza, cheio de esgoto e lixo.

“Nessa favela, o esgoto vai todo para dentro desse rio. A gente tem medo de doença. Na minha casa, em abril do ano retrasado, a água veio na minha cintura. Um vizinho já pegou cólera e um outro teve hepatite”, conta a moradora Ginalva dos Santos, de 51 anos, que vive com dois filhos e cinco netos em uma casa ao lado do rio.

Maria do Carmo da Silva, de 65 anos, conta que joga o esgoto de sua casa direto no curso d’água.

“Tem muito mosquito. É uma coisa insuportável, a gente não consegue nem dormir direito. Acho que deveríamos ter saneamento. Seria o certo, né?”, questionou a moradora.

A líder comunitária Ana Maria Costa disse que a comunidade também tem problemas com infestações de ratos devido ao acúmulo de lixo nas margens do rio e que os moradores vêm “batalhando desde 2009 para conseguir fazer um saneamento básico direito”.

Responsável pelo saneamento na região, a Fundação Rio-Águas informou que a comunidade Francisco de Assis será atendida ainda neste semestre por um pacote de intervenções de manutenção de esgoto que está em licitação na prefeitura.

Entre as intervenções que serão feitas estão serviços de desobstrução e reparo na rede. Também será realizada vistoria para identificação de possíveis redes clandestinas de esgoto que estejam sendo jogadas no sistema de águas pluviais, que desemboca no rio.

Correio do Brasil