Conhece Pablo Neruda?

O poeta Pablo Neruda (Ricardo Eliecer Neftalí Reyes Basoalto) nasceu em 12 de julho de 1904, em Parral, no Chile. Mais tarde, em 1917, publicou seu primeiro texto, o artigo “Entusiasmo e perseverança”, no jornal La Mañana. A partir de então, passou a publicar poesias em periódicos.

O autor, que morreu em 23 de setembro de 1973, em Santiago do Chile, foi senador e diplomata, mas é mundialmente conhecido por suas poesias de temática amorosa, além de seus poemas de cunho político. Assim, seus dois livros mais famosos são Vinte poemas de amor e uma canção desesperada e Canto Geral.

No ano seguinte, publicou o poema “Meus olhos” na revista Corre-Vuela, de Santiago. Era o início de sua carreira como poeta. Assim, em 1919, seu poema “Noturno ideal” alcançou o terceiro lugar nos Jogos Florais de Maule. Só em 1920 que o autor passou a utilizar o pseudônimo de Pablo Neruda, pelo qual seria mundialmente conhecido.

Em 1921, vivendo em Santiago, começou a estudar francês no Instituto Pedagógico da Universidade do Chile. Dois anos depois, publicou seu primeiro livro de poesias — Crepusculário —, além de escrever para as revistas Dionysios e Claridad. Em 1924, publicou seu famoso livro, Vinte poemas de amor e uma canção desesperada.

A carreira diplomática teve início em 1927. Em sua viagem até a Birmânia, passou pelos seguintes países: Argentina, Portugal, Espanha e França. Começou a escrever crônicas para o jornal chileno La Nación. Três anos depois, casou-se com María Antonieta Hagenaar Vogelzang, relacionamento que teve fim em 1936.

O escritor foi eleito senador no Chile em 1945. Nesse mesmo ano, ganhou o Prêmio Nacional de Literatura, ingressou no Partido Comunista e viajou ao Brasil. Em São Paulo, esteve presente em uma homenagem a Luís Carlos Prestes (1898-1990), e, no Rio de Janeiro, foi recebido na Academia Brasileira de Letras.

Já em 1946, foi condecorado com a Ordem da Águia Asteca, no México. Contudo, em 1948, sua prisão foi decretada no Chile, por questões políticas. Permaneceu na clandestinidade até o ano seguinte, quando conseguiu sair do país, ao qual só voltou em 1952, após receber o Prêmio Internacional da Paz, em 1950.

O poeta se separou de sua segunda companheira, Delia de Carril, em 1955, e passou a viver com Matilde Urrutia (1912-1985), principal inspiração para o seu livro Cem sonetos de amor. Dez anos depois, recebeu, da Universidade de Oxford, o título de doutor honoris causa, e, em 1971, o Prêmio Nobel de Literatura. Faleceu dois anos depois, em 23 de setembro de 1973, em Santiago, no Chile.

Pablo Neruda é um autor da geração de 1920 da literatura chilena. Suas obras são marcadas por um tom melancólico e saudosista. É perceptível, também, o erotismo associado à temática amorosa. No entanto, o poeta não empreende a fuga da realidade. Além de trabalhar com elementos do cotidiano, faz crítica sociopolítica e enaltece a cultura latino-americana.

Principais obras de Neruda

  • Crepusculário (1923)
  • Vinte poemas de amor e uma canção desesperada (1924)
  • Tentativa do homem infinito (1926)
  • O habitante e sua esperança (1926)
  • Residência na terra (1933)
  • Espanha no coração: hino às glórias do povo na guerra (1937)
  • Terceira residência (1947)
  • Canto geral (1950)
  • Os versos do capitão (1952)
  • Todo o amor (1953)
  • Odes elementais (1954)
  • As uvas e o vento (1954)
  • Novas odes elementais (1955)
  • Terceiro livro das odes (1957)
  • Estravagário (1958)
  • Cem sonetos de amor (1959)
  • Navegações e regressos (1959)
  • As pedras do Chile (1960)
  • Cantos cerimoniais (1961)
  • Memorial de ilha Negra (1964)
  • Arte de pássaros (1966)
  • Fulgor e morte de Joaquín Murieta (1967)
  • A barcarola (1967)
  • As mãos do dia (1968)
  • Fim de mundo (1969)
  • Maremoto (1970)
  • A espada acesa (1970)
  • Discurso de Estocolmo (1972)
  • Incitação ao nixonicídio e louvor da revolução chilena (1973)
  • Livro das perguntas (1974)
  • Jardim de inverno (1974)
  • Confesso que vivi (1974)
  • Para nascer, nasci (1977)

Para finalizar o post, segue uma poesia do grande Neruda, Soneto LXVI:

Não te quero senão porque te quero
e de querer-te a não querer-te chego
e de esperar-te quando não te espero
passa meu coração do frio ao fogo.

Quero-te apenas porque a ti eu quero,
a ti odeio sem fim e, odiando-te, te suplico,
e a medida do meu amor viajante
é não ver-te e amar-te como um cego.

Consumirá talvez a luz de Janeiro,
o seu raio cruel, meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego.

Nesta história apenas eu morro
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero, amor, a sangue e fogo.

Exumação dos restos mortais de Pablo Neruda deve iniciar hoje (8/4)

nerudaAutoridades e especialistas no Chile preparam para hoje (8) o início do processo de  exumação dos restos mortais do poeta Pablo Neruda. O corpo do poeta, que morreu em setembro de 1973, foi enterrado na região de Isla Negra, a 100 quilômetros de Santiago, a capital chilena. Participarão da exumação um total de 12 pessoas – peritos do serviço forense, especialistas da Universidade do Chile e observadores internacionais.

A versão oficial é que o poeta morreu em consequência de complicações causadas pelo câncer de próstata, em um hospital privado, em Santiago. Porém, amigos e parentes de Neruda sempre manifestaram dúvidas sobre a morte, pois ele era um crítico do governo militar e morreu logo após a instauração da ditadura no país.

No grupo de especialistas que acompanhará a exumação estão o toxicologista norte-americano Ruth Winecker, o cirurgião Aurélio Luna e o legista Francisco Etxeberria – este último participou, em 2011, do processo de exumação dos restos do presidente chileno Salvador Allende, que também morreu em 1973.

Três observadores internacionais estarão presentes durante a exumação, além do presidente do Partido Comunista (PC), Guillermo Teillier, o advogado da legenda  Eduardo Contreras, um sobrinho do poeta, Rodolfo Reyes, assim como o motorista que trabalhou para Neruda, Manuel Araya.

Em 2011, Araya levantou a suspeita sobre a causa da morte do poeta, levando o Partido Comunista, ao qual Neruda pertencia, a apresentar um pedido à Justiça para a abertura de inquérito. Em fevereiro, o juiz Mario Carroza, da Corte de Apelações de Santiago, decidiu pela exumação para esclarecer as causas da morte.

*Com informações da emissora multiestatal de televisão, Telesur.

A poesia no Blog com Pablo Neruda – “Sê”

Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.

Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.

Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.

Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso…
Mas sê o melhor no que quer que sejas.

Pablo Neruda

Poema do dia com Pablo Neruda – “Teu riso”

Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas
não me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a flor de espiga que desfias,
a água que de súbito
jorra na tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
por vezes com os olhos
cansados de terem visto
a terra que não muda,
mas quando o teu riso entra
sobe ao céu à minha procura
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, na hora
mais obscura desfia
o teu riso, e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

Perto do mar no outono,
o teu riso deve erguer
a sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero o teu riso como
a flor que eu esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
curvas da ilha,
ri-te deste rapaz
desajeitado que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando os meus passos se forem,
quando os meus passos voltarem,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas o teu riso nunca
porque sem ele morreria.

Pablo Neruda, in “Poemas de Amor de Pablo

Poesia do dia com Pablo Neruda

pablo_neruda

Morre lentamente quem não viaja,
Quem não lê,
Quem não ouve música,
Quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói seu amor próprio,
Quem não se deixa ajudar,
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito
Repetindo todos os dias os mesmos trajetos.
Quem não muda de marca,
Não se arrisca a vestir uma nova cor
Ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem evita uma paixão
E seu redemoinho de emoções,
Justamente as que resgatam o brilho dos olhos
E os corações aos tropeços.
Morre lentamente quem não vira a mesa
Quando está infeliz com o seu trabalho ou amor,
Quem não arrisca o certo pelo incerto
Para ir atrás de um sonho.
Quem não se permite
Pelo menos uma vez na vida,
Fugir dos conselhos sensatos…
Viva hoje!
Arrisque hoje!
Faça hoje!
Não se deixe morrer lentamente!
Não se esqueça de ser feliz!”

A poesia do dia – Antes de amar-te, de Pablo Neruda

Pablo Neruda, grande poeta chileno e Nobel de Literatura
Pablo Neruda, grande poeta chileno e Nobel de Literatura

Pablo Neruda, pseudônimo de Neftalí Ricardo Reyes Basoalto, nasceu a 12 de julho de 1904, em Parral, no Chile. Poeta chileno, considerado um dos mais importantes literatos do século XX. Seu pseudônimo foi escolhido para homenagear o poeta tcheco Jan Neruda. Sua obra é lírica, plena de emoção e marcada por um acentuado humanismo.

Alternando a vida literária com a diplomática, Pablo Neruda era o embaixador chileno na França quando ocorreu o golpe de Estado que depôs o presidente Salvador Allende. De volta ao Chile, sofreu perseguições políticas e morreu pouco depois, sendo enterrado em sua casa de Isla Negra, ao sul do Chile. Em sua obra destacam-se Residência na Terra (1933), España en el corazón (1937, inspirado na Guerra Civil Espanhola), Canto Geral (1950), Cem sonetos de amor (1959), Memorial de Isla Negra (1964), A espada incendiada (1970) e a autobiografia póstuma, Confesso que vivi (1974), um emocionante testemunho do tempo e das emoções de uma grande poeta.

Em 1971, Neruda recebeu o Prêmio Nobel de Literatura e o Prêmio Lênin da Paz. Antes havia sido agraciado com o Prêmio Nacional de Literatura (1945). Morre em 1973.

“Antes de Amar-te… (Pablo Neruda)

Antes de amar-te, amor, nada era meu
Vacilei pelas ruas e as coisas:
Nada contava nem tinha nome:
O mundo era do ar que esperava.
E conheci salões cinzentos,
Túneis habitados pela lua,
Hangares cruéis que se despediam,
Perguntas que insistiam na areia.
Tudo estava vazio, morto e mudo,
Caído, abandonado e decaído,
Tudo era inalienavelmente alheio,
Tudo era dos outros e de ninguém,
Até que tua beleza e tua pobreza
De dádivas encheram o outono.”