Câmara de Vereadores de Joinville é inoperante para fiscalizar, mas rápida para cassar?

A Câmara de Vereadores de Joinville (SC) abriu, em menos de 10 dias, um processo para julgar e cassar o vereador oposicionista Odir Nunes (PSDB), ácido adversário do governo do prefeito Udo Döhler (MDB). Nunes usou a tribuna em sessão virtual e utilizou daqueles arroubos verbais, dizendo entre outras coisas, que o Prefeito merecia apanhar, levar “uma camaçada de pau” dos empresários que foram prejudicados pelas infindáveis obras de macrodrenagem do rio Mathias, centro da maior cidade catarinense.

A fala do tucano exaltou ânimos entre os vereadores governistas, e até a Prefeitura emitiu nota condenando o discurso que “incitaria a violência”. Logicamente foi uma declaração infeliz, irracional, mas facilmente resolvida com diálogo, retratação. Agora apareceu um cidadão de nome Carlos Eduardo da Silva apresentando uma representação contra o vereador por se sentir “ofendido” pelo ato do mesmo, pedindo a sua cassação por quebra de decoro. E os vereadores governistas agiram rápido na análise, votação e instauração do processo, uma clara ação de intimidação e demonstração de força por parte da ala do prefeito Udo Döhler (MDB). O placar ficou 11 votos pela abertura do processo, e cinco contra.

O que fica muito mal para a Câmara de Vereadores de Joinville é a demonstração clara de perseguição política ao oposicionista, abrindo em tempo recorde o processo, e esperando longos seis anos para fiscalizar, cobrar ações e até abrir uma CPI para descobrir porque a cidade está paralisada em seu coração comercial por obras que custam milhões, que não acabaram, e não se sabe quando irão finalizar. Recentemente não se viu rapidez e interesse público na Câmara para abrir a CPI, faltando um voto para que se concretizasse. O que temiam? Qual a prioridade, fiscalizar o Executivo ou proteger o Governo? Defender a população por uma má gestão da obra, descobrir quem errou, quando e porque, ou perseguir quem ouse ir contrário ao poderoso Prefeito? Fontes ouvidas pelo Palavra Livre dizem que o autor da representação foi “arrumado” por governista, e que estão colhendo informações sobre o fato.

Para saber quem votou veja a notícia no site da Câmara clicando aqui.

O vereador Odir Nunes é experiente parlamentar, estando há mais de três décadas no parlamento municipal. Ao Palavra Livre ele se manifestou dizendo que vai resistir e se defender seguindo os ritos legais. Em nota enviada por sua assessoria, Nunes afirma que o que desejam “é nos calar”. Abaixo segue a nota de esclarecimento e posicionamento do vereador:


“Sobre a representação pública pedindo a minha cassação, não adianta retração ou pedir perdão, o que querem de fato é nos calar! A perseguição do politicamente correto chegou à Câmara. A base do governo, revoltada com a exposição de suas ações e omissões tenta dar um jeitinho para “expulsar” quem entrar no seu caminho.

Agora reflitam comigo: eu como vereador de Joinville, acompanhando as obras desde o início, sabendo dos problemas e tendo feito de tudo nesses seis anos para parar, na situação dos comerciantes que faliram pela incompetência do prefeito, dava uma surra nele. Sim, não deveria ter dito, mas no calor das emoções, de ver no que se transformou o centro da cidade pela “geston” atual, saiu no momento. Força de expressão, jamais defendi a violência e não vejo nela solução. É a fala da emoção de ver tamanha irresponsabilidade com os comerciantes do centro, bem como de toda Joinville Resultado: falou mal da “geston”: expulsa, essa é a decisão da base. Ditadura de Joinville instalada.

Odir Nunes
Vereador PSDB

Autor: Salvador Neto

Jornalista e escritor. Criador e Editor do Palavra Livre, co-fundador da Associação das Letras com sede no Brasil na cidade de Joinville (SC). Foi criador e apresentador de programas de TV e Rádio como Xeque Mate, Hora do Trabalhador entre outros trabalhos na área. Tem mais de 30 anos de experiência nas áreas de jornalismo, comunicação, marketing e planejamento. É autor dos livros Na Teia da Mídia (2011) e Gente Nossa (2014). Tem vários textos publicados em antologias da Associação Confraria das Letras, onde foi diretor de comunicação.

2 comentários em “Câmara de Vereadores de Joinville é inoperante para fiscalizar, mas rápida para cassar?”

  1. Infelizmente Joinville tá abandonada na minha opinião vereador e pra defender o povo e não defender prefeito que tá deixando a desejar força Odir

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