Com juro baixo, crédito consignado revolucionou mercado

O empréstimo com desconto em folha de pagamento é um dos mais interessantes para pessoas físicas
Não são poucos os motivos para que o Brasil tenha permanecido durante tanto tempo com um volume de crédito ínfimo quando comparado a outros países. A combinação de juros exorbitantes com inflação em disparada e elevada inadimplência desenharam por cerca de duas décadas um cenário desalentador. Quem tomasse 100 reais emprestados em 1994, por exemplo, pagaria ao longo de um ano outros 214 reais de juros. Da mesma forma que a responsabilidade fiscal e a estabilidade monetária endireitaram a economia no governo FHC, a grande revolução da era Lula foi o efeito do crédito consignado na mitigação dos riscos dos empréstimos bancários. Como o desconto da dívida é feito diretamente no salário do trabalhador, a chance do pagamento não ser honrado é quase nula. Na prática, isso possibilita a oferta de juros bem menores – uma média de 27,1% ao ano, contra 41,9% do crédito pessoal e 165,1% do cheque especial.

Apesar do apelo, a modalidade só ganhou força no fim de 2003, quando o desconto em folha foi estendido aos trabalhadores da iniciativa privada com carteira assinada. Aposentados e pensionistas do INSS também foram contemplados e enfim entraram na mira dos bancos. Antes disso, apenas os funcionários públicos tinham acesso a esse tipo de crédito. Os anos seguintes se encarregaram de provar o óbvio. A prática de taxas visivelmente mais baixas catapultou o volume das operações: o salto foi de 9,6 bilhões de reais em janeiro de 2004 para 123,4 bilhões em junho deste ano. Sozinho, o consignado responde por um quarto de todas as operações destinadas à pessoa física e por 60% do crédito pessoal.

“Tínhamos uma demanda reprimida muito grande. Boa parte da população não era alvo do sistema financeiro e o crédito não chegava às classes C, D e E”, sustenta Renato Oliva, presidente da Associação Brasileira dos Bancos (ABBC). Como o consignado não exige conta corrente ou relacionamento com o banco, essas pessoas puderam sair da mão de agiotas e contar com encargos menos pesados na hora de financiar. Oliva relata que 65% dos aposentados que tomaram o empréstimo pela primeira vez usaram o recurso para pagar dívidas mais caras. “Hoje, 80% deles têm o objetivo de adquirir um bem”, completa.

Informações site: Portal Exame

Autor: Salvador Neto

Jornalista e escritor. Criador e Editor do Palavra Livre, co-fundador da Associação das Letras com sede no Brasil na cidade de Joinville (SC). Foi criador e apresentador de programas de TV e Rádio como Xeque Mate, Hora do Trabalhador entre outros trabalhos na área. Tem mais de 30 anos de experiência nas áreas de jornalismo, comunicação, marketing e planejamento. É autor dos livros Na Teia da Mídia (2011) e Gente Nossa (2014). Tem vários textos publicados em antologias da Associação Confraria das Letras, onde foi diretor de comunicação.

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