Ações do movimento Black Bloc. Você é a favor ou contra?

 

 “Não diria que a revolução é uma realidade agora. Algumas revoluções do pensamento levaram dois séculos para serem concluídas, mas pode ser que a nossa ação (violenta) seja o começo de algo grande e importante”. (Depoimento de uma jovem brasileira à agência BBC Brasil).

 

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Não é de agora que as ações dos ativistas do movimento Black Bloc causam polêmica, entre o principal alvo de críticas está à depredação de patrimônio público ou de patrimônio de empresas que para estes representem ferramentas de opressão ou alienação.

De um lado estão os que são contrários às ações do movimento, as explicações mais usadas para defender este posicionamento são à ilegalidade de ações violentas e que visam à destruição de patrimônio público/privado, esvaziamento de propostas ou objetivos claros por parte do grupo, sendo suas ações serviriam mais para atrapalhar as manifestações e a justiça.

De outro lado, existem os favoráveis as ações, estes citam a necessidade de uma ação mais violenta para que a sociedade seja respeitada em suas reivindicações, como também, a necessidade da destruição dos símbolos da exploração, do capitalismo e do Estado, enfim, ferramentas de opressão social.

Em referência a ação no Instituto Royal, por exemplo, o Ministério Público acusa o movimento de ter prejudicado as investigações, pois prejudicou a comprovação da materialidade dos fatos. Quem adotar qualquer dos cães da raça Beagle, levados por ativistas na madrugada da sexta-feira, 18, do Instituto Royal, em São Roque, pode incorrer em crime de receptação, alertou o delegado seccional de Sorocaba, Marcelo Carriel.

O que poucos sabem é que a ação do movimento Black Bloc no Instituto Royal foi apenas de apoio, as principais ativistas responsáveis pela invasão eram mulheres, de classe média, dentre estas se inclui a apresentadora Luísa Mell, que afirma “Eu fui à delegacia, chamei o Ministério Público, fui atrás de políticos. Tem um processo correndo há um ano e meio e nada aconteceu. Da porta do instituto, escutamos os animais gritando, e depois disso não foi possível conter os manifestantes”.

A polícia já começou a investigar as ações do movimento Black Bloc no Instituto Royal; antes disso, já havia uma investigação para possibilitar encontrar “líderes” do movimento que tanto vem gerando problemas para as autoridades. Vários integrantes do grupo já foram autuados pela polícia pelo crime de formação de quadrilha e dano ao patrimônio público.

Tais manifestações já alcançaram repercussão internacional, o jornal espanhol El Paìs publicou nesta sexta-feira (18/10) um artigo em que diz que os políticos e os meios de comunicação brasileiros começam a se preocupar com o aumento da violência nas ruas que se repete em todos os protestos. O jornalista Juan Arias fala da atuação dos grupos adeptos à tática black bloc, que inicialmente eram pequenos, mas tomaram grandes dimensões em atos pacíficos. Arias diz que a polícia nacional foi pega de surpresa e sua ação foi lenta. “De braços cruzados”, assistiu aos jovens mascarados destruir vários patrimônios públicos e empresas privadas, que para os protestantes são “símbolos do capitalismo selvagem”.  “Como é que a classe política atual será capaz de oferecer canais de expressão para os jovens que hoje se sentem órfãos políticos, deixados à sua própria sorte e que são vítimas da violência policial e do que eles chamam de ‘violência do Estado’?”.

O El Paìs faz um comentário sobre essa lei: “Não se crê, no entanto, que podem ser efetuadas”. Para justificar a sua avaliação, o artigo cita o caso do Sindicato dos Professores na cidade do Rio de Janeiro, que “aplaudiu o trabalho dos black blocs nas manifestações da categoria. “A questão é quanto tempo isso pode continuar e o que fazer com esses jovens órfãos da política que já teve espaço para mostrar a sua indignação dentro dos principais partidos da esquerda radical, como o Partido dos Trabalhadores (PT) ou Partido Comunista”.

O artigo do El Paìs traça um perfil desse jovem mascarado que está nas ruas protestando violentamente e “tenta” ser um ativista, além de citar o trecho de uma canção para melhor traçar o perfil dos jovens: “Estamos lutando por algo que não sabemos o que é”. E no trecho seguinte comenta: “mas sugere buscar uma revolução contra um sistema que não os aceita”.

Bandidos, vândalos e arruaceiros para uns; heróis e revolucionários para outros.

E você? Quer dar o seu posicionamento sobre o tema? Basta deixar seu comentário no site.

Com informações de Agência Brasil, Folha de São Paulo, R7, Último Segundo, G1, Jornal do Brasil.

Autor: Salvador Neto

Jornalista e escritor. Criador e Editor do Palavra Livre, co-fundador da Associação das Letras com sede no Brasil na cidade de Joinville (SC). Foi criador e apresentador de programas de TV e Rádio como Xeque Mate, Hora do Trabalhador entre outros trabalhos na área. Tem mais de 30 anos de experiência nas áreas de jornalismo, comunicação, marketing e planejamento. É autor dos livros Na Teia da Mídia (2011) e Gente Nossa (2014). Tem vários textos publicados em antologias da Associação Confraria das Letras, onde foi diretor de comunicação.

4 comentários em “Ações do movimento Black Bloc. Você é a favor ou contra?”

  1. Que matéria sensacional. Realmente imparcial, contando fatos, e analisando a verdade, diferente de outras mídias manipuladoras e tendenciosas! Eu concordo com a ação dos BB’s apesar de não participar. Eles tem o direito a manifestação, e cada um luta por aquilo que acredita. E os participantes desta tática não estão afetando outras pessoas, apenas grandes símbolos, que esses sim afetam outras pessoas e suas vidas!

  2. Anonymous: Obrigado pela participação! Apenas tento cumprir da melhor maneira meu trabalho, fico grato pelo reconhecimento. A obrigação da imprensa é divulgar a notícia e deixar que o leitor tire suas próprias conclusões, por isso a participação dos leitores é de fundamental importância.

  3. Parabéns pela sua matéria, bem imparcial, diferente do que a mídia divulga diariamente chamando o grupo black bloc de vândalos.

    Nós somos anonymous, somos legião, não perdoamos, não esquecemos, esperem por nós.

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