Minha Crônica: Ao meu pai, Zeny

Uma crônica sobre meu pai como homenagem a todos os pais!
Uma crônica sobre meu pai como homenagem a todos os pais!

Em 2012 eu publiquei essa crônica aqui no Blog, após anos de intenções não concretizadas. Republico hoje com alguma edição necessária ao tempo para homenagear meu pai, seu Zeny Pereira da Costa, em mais um Dia dos Pais que chega e que me traz muitas saudades. E com elas, lembranças.

Ao publicar esse texto, compartilhando com os leitores do Palavra Livre, desejo homenagear também a todos os pais que certamente buscam dar o melhor a seus filhos. Feliz Dia dos Pais, vocês merecem! Boa leitura!

“Ao meu pai, seu Zeny”

A rua Santa Catarina era ainda uma estrada de chão batido, caminho de carroceiros que vinham do planalto norte e seguiam rumo ao sul de Santa Catarina. Áreas essencialmente rurais e ocupadas por descendentes de alemães, que cultivavam a terra, criavam gado, porcos, galinhas, além das famosas arrozeiras que por longos anos produziram o arroz nosso de cada dia. Até na BR 101 existiu a perigosa “curva do arroz” onde muitos se acidentaram e morreram, e onde também está hoje o elevado do Eixo de Acesso Sul a Joinville. Naquela região em 14 de novembro de 1929 nasceu um dos seis filhos de Salvador Thomaz da Costa e Georgina Machado Pereira da Costa, a quem eles deram por nome Zeny Pereira da Costa.

Seu Salvador fazia parte do Exército Brasileiro, e foi lhe dada a missão de manter uma escola no quilômetro sete da então estrada Santa Catarina. Ao mesmo tempo, a família trabalhava cuidando da subsistência familiar na roça. Zeny botou a mão no cabo da enxada desde muito novo, e acompanhou seu pai a ensinar ao povo a escrever, ler, fazer contas. Foi aprendendo junto, pois as aulas eram ministradas na casa de seu Salvador. À medida que foi crescendo, ele queria um futuro melhor, e decidiu então ir para a “cidade”, como hoje se diz que se vai ao centro da cidade. Naqueles tempos, sair daquele ermo para a cidade era uma epopéia! E se virar sozinho então, mais ainda!

Zeny não teve medo. Encarou a Joinville conservadora – muito mais que hoje – de frente. O caboclinho de olhos azuis, cabelos castanhos e crespos, magro como pau de virar tripa, acertou a morada em uma pensão pelos lados da rua Rio Grande do Sul em casa de família. Respeitador e educado, logo conseguiu trabalho na entao fábrica de pentes, cachimbos e leques de João Hansen Júnior, que depois veio a ser a Tigre S/A, fabricante de tubos e conexões reconhecida no mundo inteiro. Trabalhou também na Tricotagem Alfredo Marquardt, e depois na Cipla, onde se aposentou. Com ele era assim: seriedade, contas bem feitas – e de cabeça! – organização, honestidade. O que era dele era dele, e dos outros cuidava melhor que do seu.

Casou cedo com sua primeira esposa, Evoni Hassel, também da região da Anita Garibaldi. Com ela teve cinco filhos: Elzevir, Ernani, Elézio, Eliete e Evelyn. Já morando em uma casa que construiu no Floresta, na rua João Pinheiro 139, Zeny sofreu sua primeira tragédia pessoal: a morte do primogênito, atropelado na rua Santa Catarina nas imediações de onde hoje se localiza a lojas Salfer. Jamais se recuperou do trauma. Mergulhou no trabalho, e nas horas vagas saía a pescar no rio Piraí, e caçar na mesma região onde se criou ao lado do pai e irmãos. Anos depois dessa tragédia, outras viriam. Cuidadoso com seu pai, o trouxe junto com seus irmãos para Joinville, pois o velho Salvador Thomaz sofrera um derrame cerebral e foi parar no fundo de uma cama.

Cuidava de manter as irmãs e seus filhos, que cuidavam no dia a dia do seu pai acamado. Entre 1964 e 1965 perdeu a esposa, a mãe e o pai em um espaço de um ano apenas. Zeny então ficara viúvo e com quatro filhos para cuidar. Não esmoreceu um minuto. Conheceu então a professora de seus filhos que estudavam no colégio estadual João Colin, no bairro Itaum. Dona Isolde Bäher se apaixonou por Zeny. Largou a profissão para assumir um lar que necessitava de uma esposa dedicada. Dessa união nasceram este jornalista, a quem ele deu o nome de seu pai para homenageá-lo, Salvador Tomaz da Costa Neto, e também Zeny Pereira da Costa Júnior, em sua própria homenagem. Para sua tristeza, Júnior nasceu com problemas mentais, um retardo intelectual. Orgulhoso, teve dificuldades de aceitar o fato.

Com todas essas situações dolorosas, duras, Zeny cada vez mais mergulhou no trabalho. Chegou a chefe de custos na Cipla, mas um stress perigoso o levou a ter de se aposentar por problemas de saúde já em 1974. Empreendedor, ele chegou a ser representante da Dudalina, camisaria de Blumenau. Sovina, segurava o dinheiro, mas comprava alguns terrenos na região do Floresta, e teve até um sítio perto de onde seu pai havia vivido. Mais tarde teve outro quando tocou um bar por seis anos, também no bairro Floresta onde viveu até morrer por câncer no estomago em 13 de agosto de 1989 com apenas 59 anos. Com certeza reflexo das emoções e perdas duras que teve, e deixou muitas saudades a todos nós, principalmente para minha mãe, dona Isolde, e seu filho Júnior, que também já nos deixou em 2005 com apenas 33 anos.

Com meu pai aprendi a pegar minhoca para pescar, usar a enxada, a pá, a escolher a forquilha correta nos galhos de goiabeira, para fazer a “xilóida”, a “cetra”, o bodoque para caçar passarinhos. Acompanhei o seu Zeny fazendo gaiolas com gapiruvú, com muita paciência para fazer os furinhos onde colocava as varetas feitas com bambu. Aprendi também a escolher a varinha de bambu certa para fazer a vara de pescaria. E também a usar cipós para trazer o monte de peixes que pescávamos no rio Pirai. Fiz “picada” no mato para chegar aos destinos melhores para caçar e pescar. Carpinei muito terreno na casa, e limpei centenas de vezes o viveiro de pássaros que manteve por longos anos. Até cuidar de uma pequena granja que ele montou eu ajudei. Sempre estive com ele, ao seu lado. O adorava de paixão, mesmo que ele fosse muito machista, duro demais.

Seu Zeny manteve toda a família com muito suor e lutas. Passou ensinamentos a todos igualmente, mas como em todas as famílias, nem todos seguiram seus ensinamentos. Eu segui. Nem todos, mas segui. Com meu pai fui várias vezes votar – ele era Arenista – e também ia a todos os jogos do Caxias que ele me autoriza ir junto, além do Jec no Ernestão. Íamos juntos ao cemitério municipal no dia de Finados, todos os anos, e a pé. Tudo era bacana ao lado dele. Ele não achava legal ganhar beijos e abraços do filho. Mas sempre insisti, beijando sua careca. Ficava ao seu lado quando menino, olhando-o ler o jornal. Peguei gosto pela leitura com ele. Hoje sou jornalista. Ele queria que eu fosse contador, administrador, trabalhasse em escritório. Não me deu apoio ao sonho de ser jogador de futebol. Ele queria o melhor para mim, tenho certeza.

Hoje sou pai de três filhos naturais que tive do meu primeiro casamento, e de uma menina linda da minha mulher e companheira Gi Rabello, que tomei emprestada e quero passar meus princípios, que aprendi com ele, o seu Zeny. Gabriel, João Pedro e Lucas receberam os ensinamentos que aprendi com ele, e espero que seja de muita valia. Infelizmente há tempos eles não falam comigo. Sou um pai órfão dos filhos vivos. Mas esse é assunto para outra crônica. A eles passei a educação que tive, de honradez, integridade, honestidade, respeito ao próximo, de trabalho e luta, de estudos sempre. Tenho certeza que passei o mais importante, e passo ainda hoje com exemplo de vida, dia a dia, como um homem deve ser nesta passagem pela Terra. Aprendi com ele, o seu Zeny, meu pai, grande pai!

Meu pai morreu no Dia dos Pais em 1989. Naquele ano, o dia caiu em um 13 de agosto. Completam-se portanto 25 anos da sua ida ao outro plano, uma grande perda para nossas vidas aqui. Já estamos mais tempo sem ele ao nosso lado do que o tempo que convivemos juntos. Mas a intensidade com que vivemos juntos, mesmo sendo ele um homem de opiniões fortes, conservador, endurecido pelas tragédias pessoais, e da luta pela vida e por um lugar melhor, foi tão forte que ele é presente a todo tempo. A saudade aperta várias vezes meu coração, choro como criança em momentos que lembro dele. Ainda hoje vou ao sítio em que vivemos bons tempos, comendo goiabas, abacates, dormindo no rancho à base de lampião, comendo peixe frito com farinha, e tomando café feito como os tropeiros faziam. Uma forma de nos sentirmos juntos novamente.

Em mais um Dia dos Pais, em que ele nos deixou bem ao meio dia – jamais esquecerei disso – escrevo essa crônica para homenagear a todos os pais, de todos os lugares, classes sociais, raças, credos, enfim, a todos sem distinção. Falar dele é uma honra para eu, seu filho, porque não há nada que o desabone, e sua conduta e exemplo são lembrados até hoje por seus amigos que ainda vivem pelo bairro Floresta e região. Guardo comigo uma foto emblemática do seu amor por mim, e eu por ele. Eu com uma canequinha, enchendo de água e jogando fora – hoje seria enquadrado pelo desperdício! – e seu Zeny ao meu lado, agachado, com a mão sobre minha cabeça. Ao seu jeito, ele foi meu grande amigo e parceiro.

Seu carinho e amor marcaram minha alma, e tento honrá-lo todos os dias, em todos os lugares e todos os momentos. De onde estiver tenho absoluta certeza que está a cuidar de seu filho que escreve essa crônica, da sua nora Gi, da neta Rayssa, dos netos Gabriel, Lucas e João Pedro, e da sua companheira Isolde. Tua luz e teu exemplo ficaram gravados para sempre em nossos corações. Um beijo enorme seu Zeny, meu pai!

Por Salvador Neto

Minha Crônica, em homenagem aos pais: “Seu Zeny”

Seu Zeny teria hoje 82 anos de idade e muita coisa para ensinar e aconselhar

Demorei a escrever esse texto, até longo, porque não é fácil escrever sobre quem se ama, e infelizmente já perdeu. Neste dia dos Pais, falar sobre seu Zeny é mexer com emoções latentes, emoções guardadas no baú da saudade, da memória. Mas saiu. Compartilho com os leitores do Blog, e assim penso que homenageio a todos os pais, que no dia a dia tentam dar o seu melhor a seus filhos. Feliz Dia dos Pais, e boa leitura!

“Seu Zeny”

A rua Santa Catarina era ainda uma estrada de chão batido, caminho de carroceiros que vinham do planalto norte e seguiam rumo ao sul de Santa Catarina. Áreas essencialmente rurais e ocupadas por descendentes de alemães, que cultivavam a terra, criavam gado, porcos, galinhas, além das famosas arrozeiras que por longos anos produziram o arroz nosso de cada dia. Até na BR 101 existiu a perigosa “curva do arroz” onde muitos se acidentaram e morreram, e onde também está hoje o elevado do Eixo de Acesso sul a Joinville. Naquela região em 14 de novembro de 1929 nasceu um dos seis filhos de Salvador Thomaz da Costa e Georgina Machado Pereira da Costa, a quem eles deram por nome Zeny Pereira da Costa.

Seu Salvador fazia parte do Exército Brasileiro, e foi lhe dada a missão de manter uma escola no quilômetro sete da então estrada Santa Catarina. Ao mesmo tempo, a família trabalhava cuidando da subsistência familiar na roça. Zeny botou a mão no cabo da enxada desde muito novo, e acompanhou seu pai a ensinar ao povo a escrever, ler, fazer contas. Foi aprendendo junto, pois as aulas eram ministradas na casa de seu Salvador. À medida que foi crescendo, ele queria um futuro melhor, e decidiu entao ir para a “cidade”, como hoje se diz que se vai ao centro da cidade. Naqueles tempos, sair daquele ermo para a cidade era uma epopéia! E se virar sozinho então, mais ainda!

Zeny não teve medo. Encarou a Joinville conservadora – muito mais que hoje – de frente. O caboclinho de olhos azuis, cabelos castanhos e crespos, magro como pau de virar tripa, acertou a morada em uma pensão pelos lados da rua Rio Grande do Sul em casa de família. Respeitador e educado, logo conseguiu trabalho na entao fábrica de pentes, cachimbos e leques de João Hansen Júnior, que depois veio a ser a Tigre S/A, fabricante de tubos e conexões reconhecida no mundo inteiro. Trabalhou também na Tricotagem Alfredo Marquardt, e depois na Cipla, onde se aposentou. Com ele era assim: seriedade, contas bem feitas – e de cabeça! – organização, honestidade. O que era dele era dele, e dos outros cuidava melhor que do seu.

Casou cedo com sua primeira esposa, Evoni Hassel, também da região da Anita Garibaldi. Com ela teve cinco filhos: Elzevir, Ernani, Elézio, Eliete e Evelyn. Já morando em uma casa que construiu no Floresta, na rua João Pinheiro 139, Zeny sofreu sua primeira tragédia pessoal: a morte do primogênito, atropelado na rua Santa Catarina nas imediações de onde hoje se localiza a lojas Salfer. Jamais se recuperou do trauma. Mergulhou no trabalho, e nas horas vagas saía a pescar no rio Piraí, e caçar na mesma região onde se criou ao lado do pai e irmãos. Anos depois dessa tragédia, outras viriam. Cuidadoso com seu pai, o trouxe junto com seus irmãos para Joinville, pois o velho Salvador Thomaz sofrera um derrame cerebral e foi parar no fundo de uma cama.

Cuidava de manter as irmãs e seus filhos, que cuidavam no dia a dia do seu pai acamado. Entre 1964 e 1965 perdeu a esposa, a mãe e o pai em um espaço de um ano apenas. Zeny então ficara viúvo e com quatro filhos para cuidar. Não esmoreceu um minuto. Conheceu então a professora de seus filhos que estudavam no colégio estadual João Colin, no bairro Itaum. Dona Isolde Bäher se apaixonou por Zeny. Largou a profissão para assumir um lar que necessitava de uma esposa dedicada. Dessa união nasceram este jornalista, a quem ele deu o nome de seu pai para homenageá-lo, Salvador Tomaz da Costa Neto, e também Zeny Pereira da Costa Júnior, em sua própria homenagem. Para sua tristeza, Júnior nasceu com problemas mentais, um retardo intelectual. Orgulhoso, teve dificuldades de aceitar o fato.

Com todas essas situações dolorosas, duras, Zeny cada vez mais mergulhou no trabalho. Chegou a chefe de custos na Cipla, mas um stress perigoso o levou a ter de se aposentar por problemas de saúde já em 1974. Empreendedor, ele chegou a ser representante da Dudalina, camisaria de Blumenau. Sovina, segurava o dinheiro, mas comprava alguns terrenos na região do Floresta, e teve até um sítio perto de onde seu pai havia vivido. Mais tarde teve outro quando tocou um bar por seis anos, também no bairro Floresta onde viveu até morrer por câncer no estomago em 13 de agosto de 1989 com apenas 59 anos. Com certeza reflexo das emoções e perdas duras que teve, e deixou muitas saudades a todos nós, principalmente para minha mãe, dona Isolde, e seu filho Júnior, que também já nos deixou em 2005 com apenas 33 anos.

Com meu pai aprendi a pegar minhoca para pescar, usar a enxada, a pá, a escolher a forquilha correta nos galhos de goiabeira, para fazer a “xilóida”, a “cetra”, o bodoque para caçar passarinhos. Acompanhei o seu Zeny fazendo gaiolas com gapiruvú, com muita paciência para fazer os furinhos onde colocava as varetas feitas com bambu. Aprendi também a escolher a varinha de bambu certa para fazer a vara de pescaria. E também a usar cipós para trazer o monte de peixes que pescávamos no rio Pirai. Fiz “picada” no mato para chegar aos destinos melhores para caçar e pescar. Carpinei muito terreno na casa, e limpei centenas de vezes o viveiro de pássaros que manteve por longos anos. Até cuidar de uma pequena granja que ele montou eu ajudei. Sempre estive com ele, ao seu lado. O adorava de paixão, mesmo que ele fosse muito machista, duro demais.

Seu Zeny manteve toda a família com muito suor e lutas. Passou ensinamentos a todos igualmente, mas como em todas as famílias, nem todos seguiram seus ensinamentos. Eu segui. Nem todos, mas segui. Com meu pai fui várias vezes votar – ele era Arenista – e também ia a todos os jogos do Caxias que ele me autoriza ir junto, além do Jec no Ernestao. Íamos juntos ao cemitério municipal no dia de Finados, todos os anos, e a pé. Tudo era bacana ao lado dele. Ele não achava legal ganhar beijos e abraços do filho. Mas sempre insisti, beijando sua careca. Ficava ao seu lado quando menino, olhando-o ler o jornal. Peguei gosto pela leitura com ele. Hoje sou jornalista. Ele queria que eu fosse contador, administrador, trabalhasse em escritório. Não me deu apoio ao sonho de ser jogador de futebol. Ele queria o melhor para mim, tenho certeza.

Hoje sou pai de três filhos naturais que tive do meu primeiro casamento, e de uma menina linda da minha mulher e companheira Gi Rabello, que tomei emprestada e quero passar meus princípios, que aprendi com ele, o seu Zeny. Gabriel, João Pedro e Lucas hoje não querem falar comigo. Sou um pai órfão dos filhos. Mas esse é assunto para outra crônica. A eles passei a educação que tive, de honradez, integridade, honestidade, respeito ao próximo, de trabalho e luta, de estudos sempre. Tenho certeza que passei o mais importante, e passo ainda hoje com exemplo de vida, dia a dia, como um homem deve ser nesta passagem pela Terra. Aprendi com ele, o seu Zeny, meu pai, grande pai!

Neste dia 13 de agosto completam-se 23 anos da perda dele em nossas vidas. Já estamos mais tempo sem ele ao nosso lado do que o tempo que convivemos juntos. Sua esposa e minha mãe, dona Isolde, ainda fala dele com carinho e saudade. Mas a intensidade com que vivemos juntos, mesmo sendo ele um homem duro, endurecido pelas tragédias pessoais, e da luta pela vida e por um lugar melhor, foi tão forte que ele é presente a todo tempo. A saudade aperta várias vezes meu coração, choro como criança várias vezes em que lembro dele. Ainda hoje vou ao sítio em que vivemos bons tempos, comendo goiabas, abacates, dormindo no rancho à base de lampião, comendo peixe frito com farinha, e tomando café feito como os tropeiros faziam.

Neste dia dos Pais, em que ele nos deixou bem ao meio dia – jamais esquecerei disso – escrevo essa crônica para homenagear a todos os pais, de todos os lugares, classes sociais, raças, credos, enfim, a todos sem distinção. Falar dele é uma honra para eu, seu filho, porque não há nada que o desabone, e sua conduta e exemplo são lembrados até hoje por seus amigos que ainda vivem pelo bairro Floresta e região. Guardo comigo uma foto emblemática do seu amor por mim, e eu por ele. Eu com uma canequinha, enchendo de água e jogando fora – hoje seria enquadrado pelo desperdício! – e seu Zeny ao meu lado, agachado, com a mão sobre mim.

Seu carinho e amor marcaram minha alma, e tento honrá-lo todos os dias, em todos os lugares, e todos os momentos. Beijos seu Zeny, meu pai amado, Deus certamente está feliz com tua presença ao seu lado, e tenho absoluta certeza que estás a cuidar de seu filho que escreve essa crônica, da sua nora Gi, da neta Rayssa, dos netos Gabriel, Lucas e João Pedro. Tua luz e teu exemplo ficaram gravados para sempre em nossos corações. Beijo enorme seu Zeny, meu pai!