Com a Palavra, Salvador Neto – Edição #2 – Distância e saudade

palavralivre-poema-distancia-saudade-salvador-neto-jornalista-escritorNeste retorno à edição do Palavra Livre, vamos escrevendo e publicando textos guardados em outras gavetas, outras memórias. Eis aqui uma poesia de minha autoria feita há dois anos. Talvez possa virar música, se algum compositor tiver a vontade de…

Leiam, curtam, comentem e claro, compartilhem! Ah, e se tiver algum que você escreveu, mande que publicamos aqui, mande já!!

Distância e saudade

Sinto falta dos acordes do violão
Do tan tan do bongô
Das artes e transformações
Dos teatros, vídeos, das vozes

Sinto falta dos desenhos
Caricaturas de gente esquisita
Quase fotografias criadas por mãos especiais
Sinto falta dos cabelos crespos, ondulados e lisos

Pensando na rota do bumerangue
Lancei amor, paixão, torci e estive ali, lado a lado
Na volta, recebi algo não esperado

Sinto falta do que dei e não recebi
Sinto falta dos chutes e treinos
Das corridas nos campos
De ver os jogos e torcer
Até ver as medalhas, com suor no rosto

Sinto falta de cantar junto
Desafinar, mas cantar
Sinto a falta de ver, e ver crescer
E fico somente a imaginar

Sinto falta das crianças que foram
E que hoje não mais são
Sinto muito, mas não perco a esperança
De acabar com a distância, e matar a saudade

Sinto falta dos acordes do violão
Do tan tan do bongô
Das vozes juntas, dos carinhos
Dos teatros, dos vídeos, das vozes
Do bater dos corações

Sinto falta, mas continuo mandando
Amor e sonhos,
Desejos de vitórias
Com o mesmo bumerangue
Esperando na volta
O fim da falta, o fim da distância

Por Salvador Neto, jornalista e editor do Palavra Livre, escrito em 10 de outubro 2014

Crônica de um jovem talento: “Saudade”

Seu nome é Otavio Henrique Komar Hlenka. O conheci muito rapidamente em uma palestra que ministrei na Escola Estadual Arnaldo Moreira Douat, no bairro Costa e Silva, na cidade de Joinville (SC). Quando falava em sala de aula, antes de palestrar com mais duas turmas, e para todas em conjunto no auditório, percebi seu olhar atento lá no fundão.

O tema o agradou. Falei sobre jornalismo, comunicação de massas, a importância da leitura, da escrita, e nesta toada falei da nossa Associação das Letras, sediada em Joinville, mas com ação e abertura para o país e o mundo, fundada há pouco mais de três anos.

Mostrei que há caminhos sim para novos autores, sonhadores das palavras, maestros da rima, do encanto das histórias. Esparramei na sala a nossa força: sete mini antologias Letras da Confraria, duas antologias, a primeira edição de uma nova mini antologia Letras Associadas, e dois grandes encontros de escritores, já caminhando para o terceiro em novembro deste ano.

Creio que fisguei o Otavio, e ele veio ao diálogo. Via rede social Facebook, atamos amizade, e ele vai se associar à nossa luta pela literatura, participando e também escrevendo, quem sabe publicando um de seus textos em nossas antologias, iniciando a caminhada que tanto sonham os escritores: ver seu texto publicado em uma obra!

Mas ele fez ainda mais. Enviou-me sua crônica, “Saudades”, para que eu lesse e desse um parecer. Quem sou para tanto, sou apenas um escriba, um jornalista que cumpre seu destino que é provocar, informar, opinar, noticiar, denunciar, orientar. O estudante já sabe o caminho, e tem seu blog próprio – http: www.incrivelmundodeotavio.com.br, muito bacana, onde expõe seu talento, seus escritos… parabéns a ele! Me comprometi com ele a publicar seu texto aqui no Palavra Livre. Eis o texto para o crivo dos leitores deste Blog.

Façam com prazer e atenção esta leitura, e se possível comentem, curtam, compartilhem, pois Otavio, que rebatizei apenas de Otavio H. para o nome artístico, é uma daquelas pedras preciosas que encontramos onde já não temos tanta esperança de encontrar. E cada pessoa que conseguimos trazer à luz do conhecimento, da literatura, das artes, da batalha por paz, é uma vitória retumbante!

Com vocês, Otavio H. e sua crônica “Saudades”:

“Os entardeceres dos fins de primavera fazem falta. Minha família tomando o chimarrão na beira da calçada enquanto conversava. Falavam da vizinhança, do bairro, da cidade, ao observar os carros passando vagarosamente pelo logradouro, coberto por paralelepípedos.

O sol, suave, se escondia atrás do alto muro de cor bege e deixava com que a sombra refrescasse nossos corpos demasiadamente, trazendo arrepios de frio que acompanhavam o balançar das folhas de altas palmeiras, que mesmo distantes sofriam dos mesmos ventos que meus braços.

À medida que o sol se punha, a térmica ia se esvaziando, a erva-mate perdendo o sabor amargo, e logo todos resolviam entrar. Na cozinha já havia sido posto o desjejum que vovó fizera, com direito a pão, bolo, biscoito, doces… Tudo caseiro. No meu prato, morangos colhidos especialmente para mim, e acompanhados de um pequeno pires com açúcar, do jeito que sempre me agradou.       

E assim eram todos os anos. Viajávamos de carro centenas de quilômetros para encontrar toda a família na casa de vovó, e lá passar alguns dias, ou até uma semana. E estes eram os melhores dias das férias. Eu me apaixonava pela simplicidade daquilo tudo, ficava encantado, e tinha vontade de viver isso para sempre, a ponto de não me importar com as grandes viagens de férias que faria nas semanas seguintes, ao deixar a cidadezinha.

Há um tempo então, minha vontade fora realizada: Aqui estamos morando, na cidadezinha de meus avós. Eu os visito sempre, mas ainda fico vagando na espera de cessar minha saudade pelos antigos momentos. A térmica está aqui, em todos os entardeceres esvaziando na cuia a sua água, que tira o amargo da erva-mate, que amarga o paladar de toda a família reunida na calçada.

O sol se esconde, deixando a sombra nos atingir com seu vento gelado. E o desjejum caseiro de vovó nos espera na mesa de jantar, junto com meus morangos. Mas falta algo. Faltam os meus olhos de turista, que viam o comum como extraordinário.

Por Otavio Henrique Komar Hlenka, 2015 ( Saiba mais sobre ele em http://www.incrivelmundodeotavio.com.br)

A minha poesia no Blog – “Desabafo”

Sou por natureza uma pessoa otimista. Conheço de berço o que é preconceito, a não aceitação em família, a luta pelo carinho e amor em família, ou fora dela. Aprendi também desde pequeno, que há pessoas muito boas, que te acolhem sem você saber porque, e para quê naqueles dias. Crescendo a gente aprende os porquês, e sente na pele que a indiferença e a maldade estão muito mais nas pessoas do que parece. E há pessoas que jamais serão felizes, elas preferem a escuridão, o rancor, a raiva, o ódio, e fazer algo contra o outro dá mais prazer que amar, na concepção desses seres… humanos?

E aí você também aprende que é preciso sabedoria, tolerância, paciência, mesmo com traições e perdas sem explicação! E para sanar muito dessas dores, sim porque somos fortes à primeira vista, mas somos humanos, também choramos, sentimos e daí…. precisamos desabafar. Ontem por conta de algumas notícias, respostas, lembranças e saudades, escrevi esse poema em alguns minutos no Facebook. Sem nome, apenas palavras vindas do fundo da alma dolorida, cansada, que precisa jogar suas mazelas em algo, e então que seja no papel, ou na tela de computador, compartilhando sentimentos. Assim nasceu mais um poema, a que dei o nome agora de “Desabafo”, porque é isso mesmo, há que se desabafar às vezes, sem perder a ternura….

Espero que gostem, curtam, compartilhem, com vocês o desabafo…

Desabafo

Se saudade fosse veneno,
Há tempos que viria morrendo,
Pois aos poucos me dosam
Da torpe traição que me dão!

Eis que sigo em frente
Mas lá vem ela, a maldade
Sorrateira, voraz, inteira
Tentar acabar com minha vida, que besteira!

Não te cansas, não te esgotas?
De esconder-te por trás das portas?
Do uso do juízo, como faca
Apunhalando-me, como sempre, pelas costas?

Não, não vencerás não!
Porque tenho comigo a força e a razão
Vais embora saudade venenosa
Porque é vida que me espera, toda fogosa

É chão, é pó, é paixão
Combustíveis que movem meu coração
E não é a ingratidão, o fel, a língua maledicente
Que vão me ver por terra, demente!

Feliz Aniversário João Pedro, muita saúde, paz e amor no coração filhote

João Pedro em 2007/2008 mostrando sua arte em coletiva da escolinha de artes da Casa da Cultura, lindão do pai!

Só para registrar que hoje, dia 4 de maio, meu filho João Pedro completa 12 anos, um anjo que merece todo o amor que tenho para dar hoje e sempre. Nem mesmo a distância vai apagar a nossa história, nem o amor gigante que existe entre nós. Escrevo neste espaço para que um dia ele possa ler, e saber que seu pai não o esquece, o ama, e o quer perto dele.

Para que ele sinta o carinho que não posso lhe dar pessoalmente, como sempre fiz em todos os momentos de sua vida, e da minha. Meu coração chora, a vó Isolde chora, a Gi e a Rayssa também choram a sua falta em nossa casa. Companheiro, carinhoso, ativo, criativo, parceiro, jogador, um filho maravilhoso, João Pedro com certeza só faz crescer os amigos e admiradores.

Com muita saudade que não cabe neste mundo ou em qualquer outro, desejo a esse menino amado toda luz do Criador, muita saúde, paz, amor, sucesso, alegrias, muitas amizades boas, esperando sempre receber, um dia, o seu abraço e beijo de filho. Te amo eternamente João Pedro, feliz aniversário com milhões de beijos do pai, por toda a vida!

Minha crônica – Carta ao menino que amo

Oi menino, como vai você? Não te assustes, nem te desesperes, não pretendo me estender por essas linhas, não quero te aborrecer. Não te chateie, sou do tempo da carta escrita a mão, em papel pautado com linhas, e colocado em envelope. Destinatário na frente, remetente no verso. Coisa antiga. Hoje é email, face, twitter. Escrevo-te de meu notebook. Em outros tempos poderia até ter datilografado para ficar mais bonito… mas deixa isso prá lá. Já disse que não quero te aborrecer com pouca coisa.

Te escrevo menino meu, porque morro de saudades! Desde nosso primeiro contato, do primeiro olhar, do abraço em que te envolvi, do cheirinho seu, esse é o maior tempo que fiquei longe de ti! Não bastasse a falta de tocar em você, não ouço mais tua voz, nem te carrego para qualquer lugar onde pudéssemos nos divertir. Tampouco ligas para mim, me deixas surdo de tanto silêncio. Será que estás mais alto, mais magro, mais forte talvez… E teus cabelos, lisos, castanhos, que tantos penteados já recebeu, moicano, com franja, surfista, como estarão hoje?

Olha, por essas linhas tento chegar de novo ao seu coração. Sim, tenho medo que me rejeites, que não me ames mais! A tua negação ao meu amor, assim, mais uma vez, me arderia como fogo na pele, como um corte profundo que insistiria em não cicatrizar. Ah, se pelo menos cicatrizasse essa ferida da tua falta. Porque me negas teu carinho, qual a causa de tanto desalinho quanto a mim? Que fiz para você me deixar pelo caminho, logo agora que temos tanto para fazer juntos! Ah menino, te disse não querer entediar tua vida, mas meu amor por você é infinito, sua fonte não seca, é perene!

Pensa, relembra nossos momentos de amor! Quando sorrias para mim parecíamos um só. Não feliz por te levar na escola todos os dias, ia te buscar alegremente. Saber de tudo, me embriagar das tuas coisas! Galo na cabeça do tamanho de uma bola, bola que você sempre adorou, a correr pelos campos e quadras por aí afora. A emoção de te ver correndo atrás do gol em campeonatos, de aparar tuas lágrimas na derrota, e alegria no gol marcado… menino, ah menino, como te amo! Não, não pare de ler agora, não jogue essa carta no lixo, por favor!

Aqui comigo tenho coisas tuas, coisas nossas. A cada palavra que preenche a tela em branco, levanto os olhos e vejo teu quadro, obra de arte da pequena infância. Abro gavetas e lá estão eles, os teus bonequinhos do forte apache. Teus desenhos, formosos, com dedicatória e tudo! Aí pego uma caneta, e lá está meu nome, presente teu! Como faço para te esquecer, se não posso, não quero e jamais vou te esquecer? Vivo assim com esse amor todo para te dar, mas… onde está você menino? Venha, saia dessas sombras, dessa tristeza, vem cá me dar teu abraço!

Sei, sei, já te canso com tantas linhas em tempos de 140 caracteres, mas sou assim, emoção, sou assim, escritor das vidas, de outras vidas, de tantas vidas, de nossas vidas… Lembra do tanto que fomos felizes, do tanto que nos demos um ao outro, das dores que passamos juntos, das felicidades, do colo, do abraço, do beijo na bochecha, das aventuras, brigas, brincadeiras, decepções, desilusões.

Escrever é meu bálsamo para matar a distancia, a saudade. Enquanto digito, lágrimas vêm e vão, lavam minha alma ferida, mas não molham nenhum papel. Encharcam meus pensamentos de esperança no reencontro contigo. Recorda, menino, acorda, meu filho, seja muito feliz. Saiba sempre que te amo João Pedro, meu menino. Feliz aniversário em teus 12 anos! Dia desses a gente se vê por essa vida, o tempo há de fazer isso por nós. Milhões de beijos e abraços de quem sempre vai te esperar e torcer por ti. Com carinho, amor e paixão eternas, teu pai.

* crônica para meu filho João Pedro, que completa 12 anos nesta sexta-feira, 4 de maio.