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  • Eleições 2014: Confira como fica o perfil da Câmara dos Deputados a partir de 2015

    Eleições 2014: Confira como fica o perfil da Câmara dos Deputados a partir de 2015

    Para cientistas políticos, a composição da Câmara dos Deputados eleita neste domingo (5/10) terá perfil mais conservador. De acordo com os especialistas, isso terá reflexos na pauta de propostas analisadas no Congresso e na relação direta do Legislativo com o Executivo, a partir do próximo ano.

    Um dos aspectos da próxima legislatura da Câmara já detectado pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) é a redução da bancada de sindicalistas e o aumento da bancada empresarial. Para o analista político do Diap Antônio Augusto de Queiroz, esse fato se deve a dois fatores principais: “o conservadorismo, de um lado. E o custo muito elevado das campanhas, de outro”, declarou.

    Religião e segurança
    O grande número de deputados eleitos com discurso religioso ou focado em segurança pública chamou a atenção do advogado e cientista político Rafael Favetti, especialista em relação entre Poderes.

    “Os discursos da bancada evangélica e da bancada da bala estão em um aspecto mais à centro-direita do que o atual Congresso Nacional. Inegavelmente, temos um rumo de prumo um pouco mais à centro-direita do que hoje”, disse Favetti.

    Para Antônio Augusto de Queiroz, essa futura configuração do Parlamento terá reflexos diretos na pauta de projetos a serem discutidos e votados nas comissões temáticas e no Plenário da Câmara. Ele acredita que terão mais peso na próxima legislatura temas como a redução da maioridade penal e o “desmonte” do Estatuto do Desarmamento, “rearmando a população”.

    “O pessoal LGBT, por exemplo, terá muita dificuldade para fazer a sua pauta andar. Mesmo tendo o Jean Wyllys reeleito com uma votação muito significativa, o número de adversários que vêm é proporcionalmente muito superior”, disse Queiroz.

    Poder das bancadas
    No entanto, outro cientista político, Marco Aurélio Nogueira, acredita que a manutenção de PT, PMDB e PSDB como maiores partidos da Câmara pode não alterar o atual jogo político.

    “Também é preciso ver qual vai ser o real poder de fogo dessas bancadas específicas e mais conservadoras. Até o fim do atual governo, muitas dessas bancadas conservadoras estiveram na base parlamentar do governo, que é um governo progressista. Então, pode ser que essas bancadas flutuem um pouco em função da agenda que o Congresso terá de examinar”, afirmou Nogueira.

    Outro aspecto que deve influenciar a pauta de votação da Câmara é o aumento da fragmentação dos deputados, que, a partir da próxima legislatura, estarão distribuídos em 28 partidos, quatro a mais do que hoje. Em razão disso, Antônio Queiroz, do Diap, prevê dificuldades para o futuro governo em torno da reforma política.

    “Se o sujeito consegue se eleger pelo sistema atual, dificilmente vai concordar em alterar a regra, já que o sentimento é de que [a alteração] pode dificultar a sua vida no futuro”, disse Queiroz.

    Já Rafael Favetti acredita que eventuais mudanças no sistema político-eleitoral, a partir de 2015, só devem vir mesmo por meio de interferência do Judiciário. “Toda legislatura vem com promessas de mudanças nas eleições. E toda legislatura fracassa. Vendo o mapa do atual Congresso eleito, acreditamos que não há força e motivação suficiente para modificar o atual sistema. Essa força virá de fora, principalmente do Supremo Tribunal Federal”, declarou.

    Como exemplo de influência do Supremo, Favetti citou a possível proibição de financiamento de campanhas eleitorais por parte de empresas, que está em análise no STF (ADI 4.650).

    Bancada feminina
    Com 51 deputadas eleitas, a bancada feminina da Câmara dos Deputados pouco cresceu em relação às eleições de 2010, quando 45 mulheres foram escolhidas nas urnas. Se, no início da atual legislatura, elas representavam 8,77% dos 513 deputados, em 2015 serão 9,94%.

    O aumento não animou a coordenadora da bancada feminina na Câmara, deputada Jô Moraes (PCdoB-MG). “É um resultado decepcionante. Ele mostra que a política de inclusão das mulheres nas instâncias de poder está fadada ao fracasso, está falida”, avaliou a parlamentar, que foi reeleita.

    Apesar da cota prevista em lei (12.034/2009) de 30% de candidaturas femininas nas eleições para deputados e vereadores, Jô Moraes acredita que é preciso uma reforma política que democratize a presença da mulher no Parlamento. As cotas, segundo ela, não geram o resultado desejado porque não são preenchidas com antecedência. “Elas são feitas de última hora, para os partidos políticos apenas cumprirem a exigência legal”, criticou.

    O cientista político Antônio Queiroz, do Diap, afirma que as cotas só terão validade efetiva quando as eleições ocorrerem com base em um sistema de listas fechadas e de alternância de gêneros. “Essas mulheres foram eleitas por mérito próprio, já que os partidos não lhe deram o devido espaço.”

    Queiroz acredita, no entanto, que a próxima legislatura será o despertar da participação feminina nas seguintes. Jô Moraes adiantou que a bancada estuda outras formas de inserção, como garantir a presença de mulheres nas instâncias superiores dos partidos políticos e até lançar candidaturas avulsas para os cargos da mesa diretora.

    Na Câmara, tramita proposta de emenda à Constituição (PEC 590/06), da deputada Luiza Erundina (PSB-SP), que assegura no mínimo uma vaga para mulheres nas mesas diretoras e nas comissões da Câmara e do Senado. Com informações da Agência Câmara.

    Perfil dos eleitos

    • Cerca de 80% (411 candidatos) dos eleitos neste domingo (5/10) para deputado federal têm nível superior;
    • Dos 513 deputados eleitos, apenas 5 (1%) sequer terminaram o ensino fundamental;
    • Dos eleitos, somente 23 candidatos (4,5%) são considerados jovens, com idade até 29 anos;
    • No grupo com idade entre 30 e 59 anos, o número sobe para 278 representantes eleitos, correspondendo a 73,5%, o maior índice das faixas etárias;
    • Acima dos 60 anos, a Câmara receberá 112 parlamentares, correspondendo a 22%;
    • Nascido em 1930, o deputado mais idoso eleito é Bonifácio de Andrada (PSDB-MG). Aos 84 anos, ele vai cumprir o seu nono mandato consecutivo na Câmara. Já o deputado mais jovem será Uldurico Junior (PTC-BA), de 22 anos. Agricultor, ele foi o parlamentar eleito com menos votos na Bahia;
    • De acordo com o registro de ocupações do TSE, 44 candidatos são advogados; 42 empresários; e 29 médicos;
    • Dos eleitos, 198 assumirão pela primeira vez o cargo de deputado. Outros 25, que não participaram da legislatura atual, mas já tiveram mandato em algum momento, retornarão à casa;
    • Esses 223 deputados correspondem a uma renovação de 43,5%;
    • Com a reeleição, o deputado Miro Teixeira (Pros-RJ) se tornará, na próxima legislatura (2015-2019), o parlamentar com maior número de mandatos na Câmara, 11 ao total. O parlamentar começou a carreira como deputado federal em 1971. Desde então, só deixou de estar no legislativo federal de 1983 a 1987.

    Do Conjur

  • Perfil: Ralf Milbradt foi secretário geral da extinta UDN, braço direito de Nilson Bender e ex-vereador

    Perfil: Ralf Milbradt foi secretário geral da extinta UDN, braço direito de Nilson Bender e ex-vereador

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    Ralf Milbradt em família, ao centro, foto de seu Facebook…

    Como estou a poucos dias de lançar meu segundo livro – o primeiro foi “Na Teia da Mídia” em 2011 – decidi publicar aqui um dos perfis que escrevi sobre os personagens que vão povoar o livro “Gente Nossa – Histórias de quem fez e faz a cidade”. A personalidade da vez é Ralf Milbradt, homem da política dos velhos tempos, viu passar uma parte importante da vida da cidade… dê uma conferida, é um aperitivo do que vem por aí em breve…

    “Fiel e afetivo a ponto de chorar pela morte da gata siamesa Yasmin, companheira da família há 15 anos e que bem no dia da entrevista resolveu dar seu último suspiro. Esse é Ralf Milbradt, 70 anos, hoje representante comercial de máquinas pesadas para a indústria metalmecânica, mas que décadas atrás militou na política partidária chegando a ser vereador sem remuneração entre 1970/1973. “Fui um dos dois secretários gerais que a UDN teve. Alfeu Lins foi o primeiro, eu o segundo, que encerrei o livro ata em 1965 por força da ditadura”, conta o descendente de alemães nascido em Joinville.

    Milbradt cresceu sem a presença do pai, que separou de sua mãe antes de ele vir ao mundo. Logo aos 15 anos já conquistava seu primeiro emprego na fábrica de biscoitos Rainha que ficava na rua Jaraguá. “Foi o emprego que pedi prá Deus. Consegui sozinho, batendo de porta em porta. Fui chefe da expedição, montava todos os pedidos”, relata. Essa postura impetuosa o levou a entrar na atividade pública em 1957 na União Joinvilense de Estudantes Secundaristas (Ujes) como secretário geral, e no ano seguinte eleito Presidente pelo voto direto. Nessa época conheceu Nilson Bender, que seria seu mestre na carreira e na política.

    “Conheci o Bender um dia. No outro já estava trabalhando na Tupy no departamento de pessoal. Passei a ajudar ele também na UDN, da qual era presidente”, recorda Ralf. Aí já enfrentou a primeira eleição à Prefeitura entre Paulo Bornhausen e Helmut Fallgatter em que foram derrotados. Dieter Schmidt, comandante da Tupy foi sua mão amiga. “Ele saía pela fábrica com a mão em meus ombros, imagine a inveja que sofri”, ressalta sorrindo. Querendo estudar, foi para São Paulo onde era tesoureiro do grupo apoiando as unidades de Recife, Belo Horizonte, Rio e Joinville. “Na época os descontos altos só aconteciam nos grandes centros como São Paulo”, explica.

    A política o trouxe de volta quatro anos depois. “Bender podia ser candidato a governador. Deu coceira, voltei. Os Bornhausen deram o golpe nele, mas aí fiquei, mas só dedicado à política”, fala Ralf. Bender se elege logo depois para Prefeito (1966-1970), e o seu fiel escudeiro assume a chefia de gabinete, coração da administração. “Não houve até hoje uma administração tao inovadora quanto à dele. Hospital São José, Rodoviária, Cesita, Centro XV, Fundação 25 de Julho, Fundaje que hoje é a Univille, 180 km de rede de água, uma enormidade de ações para a época”, destaca. Com esse trabalho todo, se eleger vereador foi conseqüência em 1969. Fez 1576 votos, o quarto mais votado.

    Essa foi sua primeira e última eleição. Passou a empreender. Foi fundador do embriao do que é hoje o Hotel Tannennhof; instalou o Ceag em Joinville, hoje Sebrae, onde foi também diretor geral no estado; Atuou no governo Luiz Gomes como secretário de Finanças; trabalhou com leiloes 14 anos e depois até hoje vendendo máquinas pesadas, via site na internet. Com as mudanças de UDN, ficou na Arena, depois PDS, PPB e até PP atual, mas está afastado de tudo. Casado há 40 anos com Ana Maria Gomes de Oliveira, completados dia 18 de setembro, tem um filho e uma filha. Ainda quer escrever a história da UDN entre 1946 a 1965, e luta para recuperar dados que perdeu da memória de seu computador.

    Olhando para o passado, seu Ralf Milbradt acredita que nao valeu a pena ter deixado a carreira na Tupy para enveredar na política. “Muitos altos e baixos, incertezas, falsidades”, destaca. Aficionado da história e realizaçoes do ex-prefeito Joao Colin,que ele acredita ter sido o maior líder político da história de Joinville. Rodeado por livros em sua sala de trabalho, o ex-vereador é também um genealogista reconhecido. Seu trabalho leva a 13 geraçoes da família Milbradt, iniciando em 1660. “Deve ser dali que vem a veia política. Desde o primeiro, que foi intendente, passando pelos seus filhos que também foram, até hoje que descobri recentemente. Meu primo foi governador da Saxonia, Alemanha até poucos anos”.

    * este perfil foi publicado em 2011 no jornal Notícias do Dia de Joinville (SC).

  • Perfil: Maria Conceição Honorato de Carvalho – “Movida pela fé ela superou doenças e continua a sua obra”

    Há 27 anos ela entrou em uma mesa de cirurgia sem saber ao certo se dali sairia. Em poucos dias já estava de volta à sua família. Em 2001 ela repentinamente perdeu todos os movimentos corpo por conta de uma doença chamada mielite. Passou dois anos recostada em uma poltrona azul até recuperar a saúde, e para não perder a missa aos domingos, um sofá também azul era colocado na igreja para que ela pudesse participar.

    Hoje, sentada na mesma poltrona azul que agora faz parte do mobiliário da Igreja Nossa Senhora Auxiliadora do bairro Costa e Silva, Maria Conceição Honorato, 54 anos, contou sua história de superação, fé e muita ação comunitária com a paz estampada em seu rosto.

    Conceição, como é conhecida em toda a região, nasceu na localidade interiorana de Indaial, na cidade de Laguna. “Lá aprendi a rezar o terço com meu pai. Era um momento sagrado, no mesmo horário todos os dias. É minha prática até hoje”, conta. Com 21 anos veio para Joinville já casada com Lúcio de Carvalho. Aí veio o problema no coração.

    “Descobri só na terceira gravidez, da minha filha, que tinha sopro cardíaco. O médico disse que minhas chances eram de dez por cento apenas e eu não podia ter minha filha senão eu morreria. Não aceitei o diagnóstico, rezei muito, tive a aparição de uma pessoa que disse para eu não ir ao médico antes de cinco meses.Foi o que fiz. Ele relutou muito mas aceitou me atender. Ela nasceu em uma cesárea de emergência. Mas depois eu fiquei bem fraca”, relata como se vivesse novamente aquele momento.

    Para se salvar, ela decidiu ir a São Paulo para fazer a cirurgia com o famoso doutor Zerbini (1912-1993), que fez o primeiro transplante de coração da América Latina. “Esperei três meses lá até ele voltar da França, onde foi fazer especialização. Quando voltou me atendeu, fez exames e disse o mesmo. Que era difícil, mas eu tinha de arrumar doadores. Consegui vinte doadores em 24 horas graças a meu irmão e fiz a cirurgia. Voltei a Joinville oito dias depois, contra todos os prognósticos dele”, afirma sorrindo. A outra doença que Conceição superou a deixou paralisada, e somente com a audição funcionando. Ela somente voltou a dirigir em 2005, quando ficou totalmente recuperada.

    “Sei que a comunidade orou muito por mim, o padre Lino, todos. Lembro que tive a experiência de sair de meu corpo. Me vi deitada e as pessoas em volta. Recebi cinco vezes a unção dos enfermos. Aí um dia o padre me deu a hóstia. Lembro que consegui engolir, e aos poucos senti meu corpo de volta, e na mesma noite abri os olhos. É coisa de Deus”, destaca Conceição.

    Toda essa fé e perseverança se transformaram também em obra na comunidade do Costa e Silva. Ela foi catequista e passou por todas as áreas da comunidade. Todo o início da comunidade Nossa Senhora Auxiliadora, passando pela construção da Igreja como está hoje, teve a liderança de Conceição com o apoio da comunidade que já vai para 27 anos de atividades.

    “Fizemos muitos bingos, muita rifa, recebemos doações de tudo, e com mutirão que envolveu tanta gente, conseguimos ter hoje a nossa Igreja, atendendo a todos”, avalia a líder comunitária. A amiga Neves Pires Claudino e o atual coordenador da comunidade, José Carlos Ravadelli, dedicam a ela uma grande distinção. “Se a comunidade existe hoje é graças a ela, que foi uma lutadora, uma guerreira”, dizem os amigos e também líderes da comunidade religiosa.

    Da famosa poltrona azul que a acolheu por dois anos, Conceição diz onde vai aplicar essa força e fé daqui por diante: “Nosso sonho é fechar esse rio que divide o terreno aqui, construir um centro de catequese, ampliar o salão para uso dos idosos, clubes de mães, etc”, finaliza. Qual sua maior qualidade? “Confiar em Deus. Não desistir nunca, acreditar sempre”, finaliza.”

    * Perfil publicado no jornal Notícias do Dia de Joinville (SC) no início de 2012, com foto de Fabrízio Motta.

  • Perfil: Raulino Rosskamp – “Do seu aperto de mão, ninguém esquece”

    Raulino Rosskamp se notabilizou pelo aperto de mão – Foto de Rogério da Silva/ND

    Ele não nega um aperto de mão a qualquer pessoa que cruze o seu caminho, e isso desde que se conhece por gente. Bisneto de imigrantes alemães, Raulino Rosskamp, 72 anos, tem como lema que “cumprimento não se nega a ninguém. E o aperto de mão passa energia, principalmente olhando no olho da pessoa”, afirma ele. O hábito o fez ser conhecido também pelo apelido de “mãozinha”, principalmente por sua atividade na política. Raulino foi vereador por quatro mandatos (1962/1969/1976/1982), e deputado estadual (1986). Incansável, trabalhou também no Banco do Brasil onde se aposentou, e foi professor de faculdades e de cursinhos preparatórios para concursos.

    Até completar 25 anos Raulino já era funcionário concursado do Banco do Brasil, tinha sido eleito vereador pela primeira vez, se formado em economia e já lecionava. Depois ainda buscou a formação em direito. “Era solteiro, e enquanto os outros só trabalhavam em um lugar, ou faziam outras atividades, eu estudava e buscava fazer mais”, explica. A política já vinha do pai, que era do PRP – Partido de Representação Popular – e ele acabou gostando e participando do meio. “Filiei-me em 1958. Naquele tempo fazer partido era diferente. Tínhamos debates, saíamos em mutirões para limpar ruas, ajudar na comunidade nas horas de folga, sábados e domingos. Hoje é muito diferente”, diz com ar crítico o veterano da política.

    Junto da política, Raulino Rosskamp já fazia nome como professor de cursinhos para concursos, e também para o antigo segundo grau. Começou a preparar as pessoas nas casas, depois alugavam salas. Assim o “professor Raulino” estima ter lecionado para pelo menos 50 mil pessoas entre 1959 e 2000, quando encerrou atividades. “Tive 72 professores, e devemos ter aprovado mais ou menos três mil candidatos”, fala com orgulho. Seu lema no cursinho era “nunca aluno fica sem aula, e nunca aula começa atrasada”. Isso talvez explique a longevidade dos cursos preparatórios de Rosskamp. Muito organizado, ele mantém tudo anotado, preserva fotos, documentos, carteiras de trabalho, entre outras raridades da sua trajetória.

    Essa determinação e força de vontade ele credita ao espírito dos imigrantes. “Sou descendente deles, e eles sofreram muito aqui, com doenças, dificuldades. Depois a gente foi proibido de falar alemão, enfim, eu pensei: tenho de fazer valer isso, fazer mais”, conta. Na política levou o mesmo estilo organizado e dedicado. Mantinha tudo anotado e acompanhado em fichas, visitava comunidades. Eleito deputado estadual em 1986 pelo PMDB com quase 29 mil votos, perdeu a próxima eleição e não conseguiu mais novos mandatos. “Faltou assessoria de imprensa, foi meu erro. Trabalhei muito e não divulguei adequadamente”, ensina. Além do PRP, Rosskamp também foi filiado à ARENA e ao PDT.

    Da sua atividade na Assembleia Legislativa, o homem da mãozinha lembra de ter aprovado o fundo para a manutençao da Acafe, os trabalhos como deputado constituinte, e o apoio a cerca de tres mil famílias que precisavam regularizar seus lotes que estavam em terras de marinha. “Chegaram até a me acusar de incentivador de ocupaçao de mangues, o que logicamente nao era verdade. O fato era ajudar quem lá estava, e precisava de energia, água, etc.”, recorda Raulino. Com tantas atividades, a família sofreu bastante com seu distanciamento por conta da vida pública. Ele rende homenagens à esposa Carmen, com quem é casado há 46 anos, e aos filhos Maurício, Sandra e Ana Carolina. “A Carmen foi muito importante, ajudou muito”, destaca.

    Hoje Raulino dedica seu tempo a familia e Sociedade Cultural Alemã, com atividades diversas. Tem agenda com compromissos já para 2012, tudo anotadinho. Como ex-dirigente do Caxias e fundador do Jec, torce pelo sucesso do clube. Continua fã da escola integral implantada pelo líder do PDT, Leonel Brizola, que espera seja implantada de uma vez por todas. Da política atual, diz que a corrupção está muito fácil, profissionalizada com escritórios de consultorias até. Sem filiação partidária, vai continuar militando na politica como cidadão livre. E continua suas caminhadas cumprimentando a todos que encontra nas ruas. “Agora não tem mais voto nos dedos”, brinca.

    * Perfil publicado há um ano, aproximadamente, no jornal Notícias do Dia de Joinville (SC).

  • Perfil: Aron Slutzky, ele é uma enciclopédia

    Seu Aron já completou 84 anos, continua firme e forte, lendo, escrevendo e fiscalizando a obra do rio Morro Alto, que passa ao lado de sua casa. Foto: Salvador Neto

    “Os pais fugiram da União Soviética, hoje Rússia, escapando dos terríveis Pogroms – atos em massa de violência, espontânea ou premeditada, contra judeus, protestantes, eslavos e outras minorias étnicas da Europa – vindo parar na Argentina no final do século 19. Aron Slutzky escapou de um sério acidente ao cair de um cavalo quando bebê, o que afetou o centro neuromotor do cérebro, o deixando com seqüelas de movimentos. A superação o levou a um conhecimento da humanidade como poucos. Como os pais, que fizeram a vida no Brasil, Argentina e Uruguai, deixando o horror para trás, Aron venceu obstáculos e fez carreira vitoriosa no comércio exterior.

    Aos 83 anos e quatro meses, como gosta de confirmar com exatidão, Aron mora ao lado do rio Morro Alto no bairro América, onde vive entre quase dois mil livros entre enciclopédias, biografias, literatura, poesia, e um sem número de discos de vinil. Sabe onde está cada livro, e explica conteúdos de cada um deles com uma naturalidade incomum. Tem domínio do inglês, francês, espanhol, esperanto, latim, grego, italiano e até guarani. “Aprendi por ser curioso. Desde criança adorava livros, lia direto enquanto cuidava das casas de vizinhos durante as férias, em São Borja”, cidade gaúcha onde nasceu o poliglota especialista em comércio exterior.

    O tino comercial veio do pai, comerciante de mão cheia. Aos 18 anos o jovem Aron já vendia e comprava esquadrias em São Borja. Numa de suas viagens, passou por Joinville para comprar máquinas na extinta fábrica de máquinas Raimann. Aí conheceu Carmen Romanus, com quem foi casado por quase 50 anos até ela falecer em acidente de transito anos atrás. Moraram em Porto Alegre, e depois em São Borja, enquanto o astuto Aron trabalhava como jornalista na Tribuna. Em 1959 voltaram para Joinville onde ele foi trabalhar no Laboratório Catarinense.

    Depois teve carreira longa na Lumiere, que chegou a ser a segunda maior indústria brasileira do vestuário. “Trabalhei lá até 1974. Era procurador para assuntos internacionais. Quando entrei tinha uma carteira de exportação de 86 dólares. Quando saí estava em 1,5 milhão de dólares”, conta orgulhoso. Aron ainda emprestou seu talento comercial na Duque, Nylonsul, Colin, “em São Bento em empresa que não lembro”, diz. Montou uma associação de empresas exportadoras onde foi secretário executivo, formada pela Lumiere, Artex, Cônsul, Meister e outras empresas até 2009. Também atuou na Colley, Syntex e nos principais portos do país. Conheceu Argentina, Uruguai e Paraguai.

    Morando com os tres filhos na casa antiga e simples do bairro América, Aron Slutzky nao pára. Fez a genealogia da família Gottfried, do lado materno. Fala sobre línguas, política, mundo, economia, cultura. Da pequena mesa da biblioteca ela ainda organiza o encontro da “família Lumiere”, que aconteceu em 17 de setembro. “É bom rever aqueles amigos”, destaca. Sério, fala sobre sindicalismo e política, criticando a postura atual. Fala com autoridade de quem ajudou o Partido Comunista, no debate em meio a ditadura militar. “Ajudava a pensar. A gente se reunia lá no final da rua Anita Garibaldi, era um mato só, ninguém aparecia”, frisa o velho líder.

    Amante da música, tem cadernos com letras de música escritas na década de 1940, ouvindo cada disco, e livros, muitos livros sobre música. “Quem não gosta de samba, bom sujeito nao é”, canta. Agora com um notebook, Aron ainda edita textos de amigos, escreve poesias, e sabe de tudo que se passa no país. Com boa saúde, “bebo, como de tudo e durmo bem”, o sábio diz que vai continuar na “luta incessante pelo direito de viver, a condiçao de exercer esse direito”. Está pesquisando a origem economica de Joinville. Pensa que é só isso? Nada, o sábio Slutzky busca mais um pouco de conhecimento. Ele está lendo A História do Mundo de 1000 a 1500. Vai encarar?”

    * Perfil publicado no jornal Notícias do Dia de Joinville (SC) em 2011. Foto atual feita ontem na casa de Aron, e no lugar onde ele mais gosta de estar: sua biblioteca.

  • Pessoas sem Facebook são alvo de suspeitas de RH e psicólogos

    Ter um perfil no Facebook se tornou algo tão comum que se você não for um dos 955 milhões de usuários da maior rede social do mundo, pode ser considerado “suspeito” por empregadores, psicólogos e, claro, aqueles amigos que não se conformam com sua exclusão digital. Para a nova geração, parece que estar no Facebook – e em tantas outras redes sociais – se tornou normal, enquanto optar por não participar é esquisito.

    Os motivos para esse estranhamento são variados. Para os responsáveis por contratar novos funcionários em uma empresa, a ausência de perfil em algum site de relacionamento pode indicar que o candidato teve sua conta deletada por desrespeitar as regras internas, ou que a pessoa tem informações relevantes a esconder, informa uma reportagem do Daily Mail.

    Esse é um fato levado em consideração por equipes de Recursos Humanos, que investigam a presença online dos candidatos e podem até rejeitá-los – dependendo do conteúdo encontrado em sites como o Facebook, aponta uma pesquisa da empresa de monitoramento Reppler. É também possível que a pessoa ganhe pontos para uma eventual contratação – através do feedback positivo de amigos e antigos chefes, por exemplo, revela a Forbes.

    De uma maneira parecida, psicólogos veem a existência de perfis na web como indicativo de uma vida social ativa e saudável. Por outro lado, interações predominantemente virtuais podem reforçar sentimentos de ansiedade no mundo real, offline. Essa exclusão digital, para alguns especialistas, poderia também significar a falta de amigos no mundo real, de acordo com o Mashable.

    A revista alemã Der Taggspiegel chegou ao extremo de fazer analogia ao fato de que dois autores de massacres recentes – Anders Behring Breivik, responsável pelas mortes de 77 pessoas ano passado na Noruega, e James Holmes, que matou 12 pessoas em um cinema nos Estados Unidos – tinham este aspecto em comum: a ausência de participação em redes sociais. Eles mantinham perfis em sites obscuros, porém nenhuma página levava seu nome nas maiores redes sociais.

    Tantas alegações deixam ao menos uma pergunta: a suspeita que recai sobre “fantasmas virtuais” é suficiente para negar uma vaga de emprego, ou acreditar que esse é um passo para a formação de um psicopata? Dificilmente. Porém, conforme as redes sociais se tornam mais difundidas – e se mostram duradouras, em vez de passageiras – é inevitável que alguém sem perfil no Facebook, por exemplo, tenha de arcar, frequentemente, com a pergunta, de empregadores, psicólogos, amigos: “por quê?”.

    Terra

     

  • A quem possa interessar: Tenho luz própria e não tenho padrinhos

    Nasci pelas mãos de uma parteira na rua João Pinheiro, bairro Floresta, no tempo em que nem rua era, apenas uma “picada” no meio de uma região ainda tomada por muita vegetação. Me criei por entre ruas de chão batido, saltando valas à céu aberto, jogando bola em campinhos com grandes amigos. Não éramos pobres, mas também não tínhamos posses. A primeira casa, de madeira, deu lugar a outra de alvenaria construída a duras penas por meu pai, Zeny Pereira da Costa, um homem lutador, trabalhador, que saiu do mato da rua Santa Catarina para ganhar o mundo em Joinville (SC), no “centro”, como diziam os mais velhos.

    Estudou até a terceira série, mas sabia fazer mais contas que qualquer um hoje com calculadoras. De tão honesto, chegou a ser chefe de custos da antiga Cipla, nos tempos do senhor João Hansen Júnior. Respeitado, se aposentou por estresse, chegou a ter um bar onde o ajudei por seis anos, até que nos deixasse por conta de um câncer há 23 anos. Meu pai morreu cedo, mas deixou o maior legado para mim e meu irmão: honestidade. A ele devo parte da minha personalidade forte, que não aceita injustiças, nem acusações infundadas. Devo-lhe meu eterno respeito e gratidão!

    Minha mãe, dona Isolde da Costa, me trouxe ao mundo e graças a Deus ainda vive entre nós, dando aulas como quando exerceu o ofício ao lecionar no Colégio Estadual João Colin no velho Itaum, berço de tantas histórias da velha Manchester Catarinense. Nascida em Ilhota, veio para Joinville ainda pequena. Ajudava minha vó, Mercedes e meu avô, Helmuth, a manter a casa. Estudou na escola São Vicente de Paula, hoje Santos Anjos, mas nos tempos de internato, com as freiras de chapelão branco. Formou-se professora e ensinou milhares de joinvilenses até se casar com meu pai no final dos anos 1960. Cuidou de quatro filhos do primeiro casamento de meu pai, deste que vos escreve e meu irmão Zeny Júnior, este com deficiência intelectual. Dela aprendi a ser bom, a ser solidário, a estudar sempre. Devo a ela a paciência que tive, e tenho até hoje com os percalços da vida.

    Os leitores podem estar perguntando: afinal, do que o blogueiro quer falar? Já lhes digo. Brinquei muito, quis ser jogador de futebol – e era bom jogador! – mas não cheguei lá. Estudei no Colégio Cenecista José Elias Moreira, hoje Colégio Elias Moreira moderníssimo e para quem pode pagar caro. Naqueles tempos de Gonçalo Nascimento, Lauro Lorenzi, dona Elza, dona Tania e tantos ótimos professores, recebi muitos “honra ao mérito”, espécie de diploma para quem tirava notas acima de nove. Cheguei firme ao segundo grau, hoje ensino médio. Mas aí o começo da vida profissional trabalhando inicialmente no bar do Zeny fez as notas caírem um pouco, e a vontade de jogar e vencer jogos escolares (ganhei vários) fizeram as notas caírem um pouco, nada que impedisse minha formatura lá por 1985.

    No bar de meu pai fiz minha primeira faculdade. Sim, porque o que se aprende atendendo várias pessoas de diversas idades, problemas, histórias, é fantástico! Trabalhei muito e muitos dias até domingos. Fiz sorvete e picolé, limpei muita calçada e balcão, abasteci muitos freezers. Vendi muito bolachão de mel, balas, bolinhos de carne, ovos na conserva, pastéis, refrigerantes. Depois fui aprender contabilidade ao ser auxiliar de escritório do senhor Norberto Rudnick, que tinha um escritório na rua Santa Catarina, também no bairro Floresta, zona sul da cidade. Ali fiz escrita fiscal, faturamento, datilografei – isso mesmo, não tinha computador não! – atendimento aos clientes, e saí para uma nova oportunidade na então Elmo Contabilidade do senhor Carlos Viertel. Ficava na esquina das ruas Princesa Isabel com dona Francisca, no centro.

    Lá me descobri líder de equipes, cuidando do atendimento ao cliente e abrindo empresas junto à Junta Comercial do Estado. Revolucionei o setor que supervisionava, com salto de qualidade imenso. Era jovem e queria mais. Já tinha entrado em duas faculdades e terminado nenhuma. Pesado demais para pagar. Em companhia de mais três amigos, incentivado por um dos sócios da Elmo, abrimos então a Meta Organização Contábil. Comigo ficou a parte de marketing, relações pública, atendimento. Até que pela primeira vez abertamente senti o que é ser traído, o famoso puxão de tapete. Saí da sociedade buscando meus direitos na Justiça com o grande doutor Adauto Virmond Vieira, hoje aposentado.

    Enquanto isso, enveredei por multinacionais Coca Cola, Pepsi Cola, Belco, onde conheci mais vezes os fantasmas dos traidores, do ciúme por não terem a mesma capacidade, ou o mesmo vigor que eu tinha para empreender novidades, ações. De todas eu superei e recomecei. Jamais desisti do que meu pai me dizia: seja honesto. Nessa época acabei entrando de vez na assessoria política pelas mãos do amigo Ademir Machado, então vereador pelo PMDB. Já havia apoiado o amigo na primeira eleição dele em 1992, depois em 1996, 1998. A partir daí meus contatos e trabalho com a comunicação, imprensa e marketing foram o carro chefe da minha carreira. Continuei a ser surpreendido com sacanagens de toda ordem. Mas passei por todas elas em passagens por Câmara de Vereadores (três passagens se não me engano), Conurb, Secretaria de Desenvolvimento da Prefeitura de Joinville, Câmara dos Deputados, Secretaria de Infraestrutura do Estado de Santa Catarina, e hoje dono do meu nariz como consultor e assessor independente.

    Escrevo todas essas passagens para mostrar que tenho luz própria, que lutei, e luto por minha vida. Conquistei meu lugar no mercado de trabalho e na sociedade trabalhando duro, superando reveses, adversidades, separação conjugal, calotes financeiros, traições de companheiros, estudando muito, mostrando competência em todos os lugares por onde passei, em serviços que prestei para personalidades, empresas, governo, legislativo, executivo, entidades sindicais como o Sindicato dos Mecânicos de Joinville e Região. Jamais tive heranças de meus pais para que pudesse sobreviver vendendo os bens, vivendo de aluguel ou o que quer que seja. Jamais me vendi ao dinheiro, nunca tive padrinhos que me colocassem em cargos públicos permanentes, para que depois me aposentasse com gordos salários pagos pelo contribuinte. Jamais desisti. Não tenho bens materiais, trabalho duro desde os 15 anos e me orgulho de ser uma pessoa que tem como bens a honra, honestidade, competência, caráter, solidariedade, sensibilidade, amigos, muitos amigos, milhares deles. E poucos, muito poucos inimigos, e alguns adversários. Paguei o preço, alto preço, mas tenho minha liberdade e minha paz.

    Além de nunca ter ganho um cargo público vitalício, e dele me utilizar para galgar posições e conquistar muito dinheiro exatamente por ser honesto e muito trabalhador, jamais pude viajar de férias todos os anos, quem dirá até quatro vezes ao ano como muitos, e até para o exterior na mesma proporção. Mas viajei sim, por esse Brasil afora com trabalhadores nas lutas por seus direitos em Brasília, Florianópolis, em ônibus por mais de 24 horas na ida e mais 25 horas na volta. Caminhei quilômetros ao lado de pessoas paupérrimas que lutam por um pedaço de terra para plantar, viver da terra. Comi quentinhas sentado com metalúrgicos, comerciários, operários da construção civil, mecânicos, de todos os setores. Mas também já estive com prefeitos, governadores, senadores, deputados estaduais, federais, empresários, sentando à mesa para negociar, almoçar, tratar de leis, da vida de milhares de pessoas com aqueles atos que se votam por ai afora. Muito me honra compreender todos esses momentos, saber conviver em todos os lugares, e com todas as pessoas. Ninguém é melhor que ninguém, somos todos seres humanos em busca da felicidade.

    A quem possa interessar, repito: tenho luz própria, jamais tentei apagar a luz de outras pessoas para que a minha reinasse absoluta. Fiz exatamente ao contrário, e ainda faço e farei com que minha luz de trabalho, honra, capacidade, solidariedade, amizade e honestidade possa iluminar os caminhos de pessoas que precisam. De jovens que queiram entrar na carreira, no trabalho do jornalismo em todos os seus meandros e setores. Esse é o meu caminho. É minha decisão. Jamais tive padrinhos para me darem uma cadeira, um espaço em rádio, ou na tv. Não quis, nem precisei, porque conquistei meu  espaço com talento, competência e trabalho, muito trabalho! Faço minha vida  com alegria, fazendo milhares de amigos, e alguns poucos desafetos que não conseguem conviver com o sucesso dos outros. Sigo minha vida ao lado dos bons, porque só assim o mundo deixará de ser um lugar de brigas, violência, ódio, para ser um espaço de fraternidade, solidariedade, inclusão, amor, companheirismo.

    E como já disse nas redes sociais, azar de quem fica à beira do caminho atirando pedras e vociferando porque enquanto os cães ladram, a caravana passa, e passará para um tempo melhor em que as pessoas aprendam de uma vez por todas que há espaço para todos. E que a cidade não é feudo de poucos, mas o lugar de viver para milhares, talvez milhões. Obrigado a todos e todas, esse é apenas um desabafo, porque a alegria de fazer o bem, e de fazer bem feito para o maior número de pessoas, é minha profissão de fé. Em memória do seu Zeny, da velha dona Isolde, e do meu amor por meus filhos Gabriel, Lucas, João Pedro, minha filhota Rayssa, e minha amada, minha luz, Gi Rabello. Que Deus nos ilumine hoje e sempre!

  • Morre Maria Laura Eleotério – Homenagem do Blog com o seu perfil, sua história

    Maria Laura marcou época por suas posições fortes na educação, política e no movimento afrodescente

    Acabei de receber a notícia da morte da sempre professora e diretora da Escola Básica João Colin, no bairro Itaum em Joinville (SC), Maria Laura Cardoso Eleotério, que também se notabilizou por ações junto ao movimento afro, no sesquicentenário da cidade, deixando marcas importantes para a sociedade. Tive o prazer de conviver com ela na política – quando assessor – e vivenciei a sua luta pelas mulheres, pelo movimento afro, sempre batendo de porta em porta, buscando apoios, recursos, e fazendo acontecer.

    Escrevi seu perfil, um pouquinho da sua grande história, para o jornal Notícias do Dia. A matéria foi publicada no final de 2011. Nossa conversa foi longa, fui recebido com café, bolo, refrigerante, e muito carinho. Ela tinha muito orgulho dos seus feitos, e sempre estava maquiada, arrumada e perfumada. Para tirar a sua foto, a editora Loreni Franck teve de batalhar muito! Mas, ao final, conseguimos fazer e marcar a trajetória dela na educaçao e na vida comunitária. Com certeza ao lado do Criador, ela vai continuar a contribuir com boas energias para um mundo mais justo, solidário e humano. Aos seus familiares, os meus sinceros sentimentos. E para os leitores do Blog, segue o texto original que foi para o Notícias do Dia. Confiram, pois essa é a homenagem que o Blog presta a Maria Laura:

    “Uma negra de fibra, baluarte da educação e do movimento afro”

    Ela foi aluna dedicada, e depois professora exigente, diretora competente e fazia até o papel de polícia quando preciso para defender seus alunos da Escola Básica João Colin, onde trabalhou entre 1958 e 1987 e na qual foi diretora por 25 anos. Atuante nos bastidores da política, chegou a ser candidata ao senado como suplente em 2006. Não bastasse isso, fundou o Instituto Afro Brasileiro de Joinville para resgatar e manter viva a cultura dos afro descendentes do município que já teve a grande maioria da sua gente da raça alemã, suíça, norueguesa quando da imigração que formou a cidade. Essa é Maria Laura Cardoso Eleotério, 72 anos de vida de luta desde o Bucarein, onde nasceu.

    Um pouco abatida pelo diabetes e um AVC, Maria Laura concedeu a entrevista na mesma casa em que nasceu, e mora até hoje. Mais magra, e com voz mais baixa, ela mantém a elegância que sempre a marcou, e se orgulha dos feitos como professora, diretora e fundadora do Instituto que ainda é presidente, mas que está passando o bastão para a filha e também professora Mariane Acácia Eleotério. O filho Edmilson é eletricista e funcionário público, e a filha mais nova, Biana, logo se forma em direito. “Eu nasci aqui, mas vivi muito junto da minha mãe lá no Palácio – onde hoje é o Museu da Imigração na rua Rio Branco -, já que ela era cozinheira da casa”, observa ela.

    O pai morreu quando ela tinha apenas três anos. Logo cedo a menina Maria Laura foi estudar no colégio Rui Barbosa, onde as lendárias professoras Erondina Vieira e Maria Amin Ghanem marcaram época. Começou a trabalhar aos 14 anos, na biblioteca e já lecionando, substituindo uma professora. “Eu queria trabalhar, ter meu dinheiro. E queria comprar três coisas com meu salário: um batom, um sapato de salto alto e um óculos”, conta a ainda vaidosa senhora. Dava aula para turma de repetentes e outra turma melhor, diz. “Sou grata a essas professoras, pois na época só podiam dar aulas as concursadas, e elas ficaram firmes e me mantiveram”, destaca.

    O Colégio João Colin entrou na vida de Maria Laura em 1958, quando segundo ela, a professora Lacy Cruz Flores veio para o Rui Barbosa e ocupou a vaga. “Devo também a dona Erondina a vaga no João Colin. Em 1962 assumi a direção e só parei em 1987. Fui eleita três vezes pela comunidade, votada”, comenta a educadora. Ela lembra das várias conquistas da sua gestão, como segundo grau, a quadra de esportes e outros. “O João Colin foi considerado o melhor colégio, tinha os melhores professores, muitos profissionais e lideres foram forjados lá”, diz orgulhosa Maria Laura. Nem as dificuldades com drogas e marginalidade que rondavam a escola nem o incêndio que a atingiu reduziram a vontade da diretora. “Sempre combati, e quem fez já pagou pelo que fez”, afirma.

    Depois de aposentada, passou um tempo na praia em Ubatuba, e quando voltou criou o Instituto Afro Brasileiro de Joinville no sesquicentenário da cidade. A igualdade e oportunidade para os afros passaram a ser mais ainda a sua bandeira. Até hoje há atividades, e dona Maria Laura não descuida de nada. “Fizemos grande trabalho, são 45 mil negros na cidade, fizemos intercâmbios sociais, criamos o Museu da Mulher, enfim, muita coisa. Agora minha filha vai assumir e continuar a luta”, explica Maria Laura. Ela guarda fotos, placas, documentos e vídeos desse trabalho, lembra de cada um dos momentos. Jandira Reschiliani, 65 anos, é ex-aluna e exalta a mestra: “Ela ajudou muita gente, de forma desprendida, e até minha filha foi aluna nos tempos dela”, confirma. Agora chegou a hora de Maria Laura Cardoso Eleotério descansar, e receber as homenagens merecidas. Quem se habilita?”

  • Presidente João Bruggmann encerra mandato: “Saio da presidência, mas continuo na luta”

    “Quero deixar registrado o meu agradecimento especial a todos os funcionários, prestadores de serviços, colegas de direção, pelo carinho e a atenção que sempre me dispensaram. Não tenho reclamações, não tenho nada que reparar, apenas agradecer de coração todo o apoio e dedicação. Por isso o Sindicato está sempre forte, atendendo a todos e todas com cordialidade, sem distinção, sempre com bons serviços. Agradeço também a toda a categoria mecânica que participou comigo e a direção de tantas lutas, tantas batalhas, de tantas vitórias e derrotas, mas sempre pelo bem de todos os trabalhadores, sempre lutando por seus direitos. Obrigado por acreditar e me conceder, por três vezes seguidas, a honra de ser seu Presidente. Tudo isso ficará marcado em minha memória para sempre. Entrei com toda humildade do mundo, aprendi muito, e saio com a mesma humildade, de cabeça erguida com o dever cumprido. Obrigado gente”.

    Essa é a mensagem que o presidente João Bruggmann, que deixa o cargo nesta terça-feira (6/3/2012), oferece aos inúmeros amigos, admiradores, funcionários, prestadores de serviços, fornecedores, dirigentes sindicais, e toda a categoria mecânica após 13 anos de dedicação integral à luta pelos direitos dos trabalhadores, na manutenção do seu patrimônio em bom estado, com avanços invejáveis e intocáveis que a história já registrou. Enfrentou todas as campanhas salariais de forma firme, direta e dura, e em todas conquistou ganhos reais que valem muito em tempos de inflação baixa. “Fico feliz em ter contribuído com alguma coisa para a construção e fortalecimento do nosso Sindicato”, revela Bruggmann.

    Nascido na localidade de Vidal Ramos, hoje município, que à época fazia parte do município de Brusque (SC), há 57 anos, Bruggmann tem orgulho de suas raízes. Filho de pais analfabetos, “mas trabalhadores e honestos, que nos ensinaram a ser gente de bem”, João veio para Joinville em 18 de novembro de 1968 quando tinha 13 anos. “Para viver, manter a família grande da gente, trabalhei de tudo: carpinei quintais, vendi laranjas em frente as empresas, enfim, buscávamos um jeito de ganhar a vida”, conta ele. Seu primeiro emprego com carteira assinada foi na Indústrias Colin em 1970. “Ainda era ali onde hoje é a avenida JK. Meu salário inicial foi de R$ 0,36 a hora. Fiquei cinco anos lá”, registra.

    Teve de servir o Exército em 1973, “ano em que mudou o nome de Batalhão de Caçadores para 62 BI” – anota o líder sindical. Com o pouco que ganhava conseguiu pagar terreno no Bom Retiro, na rua Piratuba. Trabalhou ainda na Tupy por cinco anos, Carrocerias Nielson (atual Busscar) por seis anos, pequenas passagens pela Suin Industria Agrícola, Consul e Ciser. Mais dois anos na Kawo, e depois a Cid Produtos Metalúrgicos, onde já está há 18 anos. “Fui muito perseguido por discordar do tratamento dos patrões com a gente. Acho que aí viram que tinha um ladinho para o movimento sindical e me convidaram”, confessa Bruggmann.

    Conquistou a presidência do Sindicato em 1999, enfrentando uma chapa de oposição, sem ter experiência em comandar uma entidade tão representativa quanto a dos mecânicos. Eu era diretor suplente, atuava no chão de fábrica, na verdade era o último suplente da nossa diretoria. Saí do torno direto para comandar o Sindicato. Foi duro, mas valeu a pena”, destaca o líder sindical reconhecido por suas lutas, as mais recentes diante das crises da Busscar (2003/2004 e 2008 até agora). Agora que deixa a presidência para assumir a diretoria financeira da entidade – “não vou sair do movimento sindical, continuo na luta” – João Bruggmann revela que vai continuar apoiando forte o novo presidente, Evangelista dos Santos.

    “Acredito que ele vai fazer um bom mandato, vai cuidar com carinho da situação atual dos trabalhadores da Busscar, sem deixar que toda a categoria fique desprotegida. Companheiro na secretaria geral desde 2000, Evangelista tem raízes fortes no chão de fábrica, vem de uma das maiores empresas da categoria, a Duque, e saberá conduzir nosso Sindicato”, afirma Bruggmann. Sem pompa, sem solenidades, o líder sindical finaliza hoje o seu mandato, e deixa um recado aos que pensam que vai ficar parado e sumido. “Saio feliz com os resultados que conseguimos, mas já aviso: continuo presente, atuando em favor da nossa categoria mecânica”, finaliza.

    Do Sindicato dos Mecânicos de Joinville e Região

  • Perfis: Clube 13 de Maio – 40 anos de amor ao futebol amador

    Eles são do tempo em que Joinville tinha campinhos de futebol por toda a cidade, onde a meninada se divertia a valer jogando bola. Bola de meia, de plástico e pés descalços não eram impedimentos para gastar energia suando e fazendo gols. Hoje, já cinqüentões, Adelar Bittelbrunn, Izael Macelay (Iza) e Edmilson Correa (Preta) lutam para manter em atividade um dos clubes mais antigos em atividade no futebol amador joinvilense, o 13 de Maio do bairro Fátima, zona sul da cidade. Amador mesmo, tanto que eles não têm campo próprio ou sede própria, mantendo um local de reuniões no bar de um deles, o Preta, localizado na rua Fátima, 1926.

    Tudo começou no final da década de 1960 e inicio de 1970, quando o primeiro clube do Fátima, o Vila Palmira, encerrou atividades. “Meu pai amava e ama futebol, e decidiu continuar com apoio da minha mãe, que lavava as roupas do time”, conta Edmilson, o popular Preta, filho do fundador do clube, Vicente Antonio Correa. O trio dirigente conta que o nome saiu de uma reunião na casa do amigo João – não lembra o sobrenome – onde a maioria era da raça negra. “O João propôs que o nome fosse 13 de maio, porque também estavam no mês de maio, e aí ficou”, contam com base na história de seu Vicente.

    Izael, o Iza, entrou para o time logo nos primeiros anos e lamenta o fim dos campinhos. “Tinha o campo do Internacional no Boehmerwaldt, do Guarani, Benfica e tantos outros. A gente ia antes do time principal, correndo, a pé, de bicicleta, para arrumar o campinho e jogar com a turma de lá. Hoje sumiram os campinhos”, relembra saudoso. Adelar destaca a força e união do grupo para manter o time. “O pessoal era e é tao unido que em mutirão chegou a fazer o campo da associação de moradores do bairro, na rua Guanabara”, explica. Mas nunca conseguiram apoio da Prefeitura para erguer sua sede própria, apesar de várias tentativas.

    “Desde os tempos do Freitag tentamos terreno”, critica Adelar. Iza e Preta lembram do projeto que o Prefeito apresentou à diretoria do clube. “Eles tinham o projeto pronto, bonito. Mostraram para nós, e mandaram aterrar lá onde chamam de areão do Fátima. Tava tudo bonito, mas voce acredita que em um dia terminaram o aterro, e no outro tava cheio de barracos?”, contam ainda incrédulos com o que aconteceu. Indignados, foram ao Prefeito que disse: “Se vocês conseguirem tirar eles de lá, é de vocês”, conta Preta, sorrindo. Mesmo sem campo, os amigos não pararam nem um instante, e mantém a integraçao familiar.

    Além de continuar a disputar o Copão Kurt Meinert, torneio que participam desde a primeira ediçao e que venceram em 1991 e 2007, o 13 de Maio mantém o time de veteranos que tem jogos marcados até 2012, todos os sábados por várias cidades da regiao e em Joinville. Todos os eventos sao realizados para angariar fundos e manter o time em atividade. No mês de maio passado o Clube 13 de Maio completou 40 anos de fundaçao com um grande baile no clube Dallas, também do Fátima. “Os recursos deste baile, que é anual, é a principal renda para manter os uniformes, taxas, e outras despesas”, contam orgulhosos.

    Os veteranos atletas sonham ainda com uma sede própria para manter o clube ativo e forte para as futuras geraçoes do bairro, tirando crianças das ruas com o futebol amador. O Clube reúne em torno de 200 pessoas com suas atividades esportivas e sociais.“É difícil porque em tudo querem dinheiro para jogar hoje, estao acabando com o amador. Mas nós vamos manter a nossa história, e o lazer que o 13 nos proporciona com amizade e integraçao entre as famílias”, finaliza o trio de jogadores veteranos, parte da história do futebol amador joinvilense.

    * publicado na seção perfil do Jornal Notícias do Dia de Joinville (SC) em 2011.