Banco Central surpreende mercado e diminui taxa básica de juros para 12%

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu, pela primeira vez no ano, a taxa básica de juros (Selic). O índice foi definido ontem em 12% ao ano, abaixo das projeções dos analistas de mercado ouvidos pela pesquisa semanal da instituição financeira.

Todas as sextas-feiras, o BC consulta os analistas para medir as expectativas da iniciativa privada em relação aos principais indicadores da economia. O Copom tomou a decisão de reduzir a Selic por 5 votos a 2, sem viés, ou seja, sem possibilidade de revisão até a próxima reunião, que ocorre em 45 dias.

Em nota, a autoridade monetária disse que “reavaliando o cenário internacional, o Copom considera que houve substancial deterioração consubstanciada em reduções generalizadas e de grande magnitude nas projeções de crescimento para os principais blocos econômicos”.

Essa foi a sexta reunião do Copom no ano. Nas cinco vezes anteriores, houve sempre revisão para cima, no total de 1,75 ponto percentual. Com isso, a Selic passou dos 10,75%, no final de 2010, para os 12,5% que vigoravam até a reunião passada, sob a justificativa da autoridade monetária de que a economia estava aquecida e era necessário conter as pressões inflacionárias.

CNI diz que redução contribui para enfrentar efeitos da crise

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) viu na redução da taxa um importante passo dado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) para enfrentar as dificuldades que a economia brasileira começa a sentir com a nova fase da crise mundial. Segundo a entidade, o Banco Central priorizou a sustentação da atividade econômica num momento de menor ímpeto da inflação.

Na visão da CNI, a redução de 0,50 ponto percentual Indica que o Banco Central iniciou um novo ciclo de flexibilização monetária, cuja magnitude irá depender dos desdobramentos da crise e de suas implicações na economia do país.

Em nota, a entidade assinala “que a mudança na política monetária ocorre simultaneamente à disposição de uso mais intenso da política fiscal. A recente elevação da meta de superávit primário indica, na ótica da CNI, que o excesso temporário de arrecadação sobre o previsto não será aplicado na elevação dos gastos públicos. Considera essa disposição uma mudança importante na política fiscal, que, na eclosão da crise, foi expansionista”.

Ainda de acordo com a CNI, a nova postura no equilíbrio da utilização das políticas monetária e fiscal é uma necessidade, pois torna possíveis reduzir os juros e manter a estabilidade econômica: “esse novo mix de política é absolutamente necessário, mas exige maior esforço no controle dos gastos, alerta a entidade. Enfatiza que como já há aumento de despesas assumidas para 2012, é fundamental conter a expansão dos demais dispêndios, sob pena do aumento dos gastos acima do crescimento do PIB dificultar a redução mais rápida dos juros”.

Monitor Mercantil

Brasil e Argentina vão defender livre mercado de commodities no G20

O Brasil e a Argentina vão defender o livre comércio mundial de commodities na próxima reunião do G20 – grupo das maiores economias do mundo – que acontece na semana que vem, em Paris. A posição comum foi definida hoje (11) em uma reunião entre o ministro da Fazenda brasileiro, Guido Mantega, e o ministro da Fazenda argentino, Amado Boudou, na capital paulista.

Mantega afirmou, em pronunciamento após o encontro, que existem propostas de outras nações de regular o mercado de commodities – matérias-primas cotadas nas bolsas de valores. Essas propostas visam a combater o aumento de preços dos produtos básicos, como minério de ferro e soja e, assim, segurar a inflação.

O ministro brasileiro disse, entretanto, que o Brasil e a Argentina não concordam com a ideia. Segundo Mantega, a melhor forma de segurar a inflação não é controlar os preços das commodities, mas estimular sua produção.

“Somos grandes exportadores de commodities e, portanto, temos uma posição sobre o que não se deve fazer”, afirmou. “Se tem alguma coisa que precisa ser feita é estimular a produção, não inibir”, disse Mantega.

O ministro argentino ratificou a opinião do colega brasileiro. “A discussão não pode passar pela regulação de preços das commodities de maneira nenhuma”, declarou Boudou.

Além da reunião do G20, os ministros também discutiram a situação econômica dos dois países e suas relações comerciais. Eles disseram estar otimistas com o futuro das duas economias e avaliaram: o Brasil e a Argentina continuarão entre os países que mais crescem no mundo nos próximos anos.

Mantega e Boudou enfatizaram que o comércio entre as nações é fator importante que contribuiu para o crescimento, daí a meta de expandir ainda mais as trocas comerciais entre o Brasil e a Argentina. O ministro brasileiro disse que espera aumentar a utilização de moedas locais no comércio Brasil-Argentina. Ele disse que acordos para uso do real e do peso argentino já foram fechados, mas o uso dessa prática pode ser maior. “Gostaríamos de intensificar”, disse.

O comércio entre o Brasil e a Argentina movimentou R$ 32 bilhões no ano passado, segundo Mantega.

Agência Brasil