Opinião: Massacre em Gaza e o falso jornalismo

O que acontece em Gaza é um massacre, uma limpeza étnica.
O que acontece em Gaza é um massacre, uma limpeza étnica.

Desde o reinício da desigual luta entre palestinos e israelenses, de acordo com fontes locais, morreram pelo menos 1.822 palestinos desde o início do conflito em 8 de julho, enquanto do lado israelense morreram 64 soldados e três civis. Só estes números demonstram cabalmente o que acontece na Faixa de Gaza: um massacre, uma verdadeira limpeza étnica. Não há o que dizer ao contrário diante do que se vê pelos jornais, impressos ou televisivos, e hoje na melhor das mídias, a internet.

O que causa náuseas e envergonha a humanidade é ver as lideranças mundiais “lamentarem” as mortes de crianças em bombardeios à escolas, hospitais, sem qualquer tomada de atitude imediata contra Israel. Um povo que passou por uma campanha de extermínio nas mãos de Hitler jamais deveria praticar tais atrocidades contra civis, inocentes, e mais, em uma região de onde o povo palestino não tem como fugir!

Causa espanto a quem estudou o jornalismo e suas práticas éticas ver matérias como a que vi sobre os túneis em Gaza, exibida pela Globo ontem. matéria de Rodrigo Alvarez. Ele encontrou uma fonte israelense que sai com ele pela área em conflito, e o coloca nos túneis construídos, segundo o jornalista, pelo Hamas para trazer armas para a Faixa de Gaza. O jornalista diz que é por ali que o grupo palestino trafica armas, e que essas passagens estão sendo descobertas e destruídas…

Incrível como é difícil fazer um jornalismo sério, isento, com um pouco mais de equilíbrio. Ora, se um povo está preso em seu território – vejam, acuados sempre pelo cerco israelense – sem acesso a comida, medicamentos, água, e muito mais, o que mais faria para se manter vivo? Um povo, o palestino, refém em sua própria terra ter de andar por baixo da terra, aliás, construir passagens como tatús, para obter o básico da sobrevivência, o que faria?

Não vejo os grandes grupos de mídia entrarem na área de guerra e expor o ponto de vista dos palestinos que não tem sequer para onde ir para fugir de bombardeios covardes, que mancham com sangue a história da humanidade. Será que Israel aprendeu com a opressão dos guetos em que seu povo viveu na Segunda Guerra Mundial para hoje usar as mesmas técnicas na Palestina, em Gaza?

E o jornalismo dos grandes grupos de mídia, até quando seguirão induzindo a opinião pública sobre temas tão importantes quanto este, em que morrem 2 mil para 70? É por essas e outras que as redes sociais, os Blogs, sites independentes e outros crescem e mostram que há sim vida inteligente na comunicação dos fatos. Há sim formas de evitar os bloqueios editoriais, as edições que manipulam os fatos!

Que cesse o massacre, e que Israel e suas lideranças sofram sanções com crimes de guerra, que é isso que vemos hoje em pleno século 21!

Por Salvador Neto, jornalista

Começa em SP o julgamento dos acusados pelo massacre do Carandiru

carandComeça hoje (8) o julgamento dos acusados pela morte de 111 detentos na Casa de Detenção do Carandiru. O júri popular está marcado para as 9h, no Fórum da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo. O juiz designado para o caso é José Augusto Nardy Marzagão, da Vara do Júri de Santana.

Devido ao grande número de réus envolvidos, o julgamento será feito em etapas. A previsão é que a primeira dure entre uma e duas semanas. Na primeira fase, 26 réus serão julgados (seriam 28 policiais, mas dois deles já morreram), aos quais são imputadas 15 acusações de homicídio qualificado. Serão julgados, no total, 79 policiais militares.

O maior massacre do sistema penitenciário brasileiro ocorreu no dia 2 de outubro de 1992, quando 111 detentos foram mortos e 87 ficaram feridos durante a invasão policial para reprimir uma rebelião no Pavilhão 9 do Presídio do Carandiru (como ficou conhecida a Casa de Detenção), na capital paulista, já desativado. Três prédios do complexo foram demolidos para construção de um parque. Os outros vão abrigar centros educacionais.

Os réus que estarão sendo julgados são os policiais militares que entraram no segundo pavimento do presídio, onde foram mortos 15 detentos. O julgamento dos demais réus ainda não foi marcado, mas prevê-se que ainda haverá mais cinco ou seis blocos de julgamento. A expectativa é que novos julgamentos sejam marcados a cada três meses.

O processo é um dos maiores da Justiça de São Paulo, com 57 volumes de autos principais e mais de 90 apensos, além dos documentos de autos desmembrados, perfazendo um total de mais de 50 mil páginas.

Da EBC

Síria: cresce pressão internacional após novo massacre

Os relatos de um novo massacre na Síria, desta vez no vilarejo de Qubair, na província de Hama, onde pelo menos 78 pessoas, entre elas mulheres e crianças, foram mortas na última quarta-feira (6), aumentou a pressão internacional sobre o governo do presidente Bashar Al Assad.

Após reunião ontem (7) do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) para discutir a crise na Síria, o secretário-geral da instituição, Ban Ki-moon, disse que a contínua violência no país mostra que há uma ameaça real e iminente de guerra civil. Segundo ele, há poucas evidências de que o governo sírio esteja cumprindo o plano internacional de paz negociado pela ONU com o país.

Horas antes, em discurso na Assembleia Geral, Ban já havia condenado o “assassinato de inocentes”, que descreveu como chocante e revoltante. “Qualquer regime ou líder que tolere assassinato de inocentes perdeu sua humanidade”, acrescentou.

O enviado especial da ONU à Síria, Kofi Annan, disse que é o momento de ameaçar Assad com fortes consequências, caso seu governo não interrompa a violência contra civis. Ele destacou ao Conselho de Segurança que a crise na Síria pode se transformar em uma espiral fora de controle, caso a comunidade internacional não aumente a pressão sobre o governo Assad.

Segundo Annan, a comunidade internacional já se uniu em busca de uma solução para o conflito, mas deve agora levar essa união a um novo patamar. “Ações individuais ou intervenções não vão solucionar a crise”. O enviado da ONU disse ainda que esse novo episódio de violência demonstra que seu plano de paz para a Síria não foi implementado, apesar de ter sido aceito pelo governo.

Síria: perigo de guerra civil aumenta após massacre de Houla

O correspondente da BBC Paul Wood, que passou as últimas três semanas na Síria, sem se identificar como repórter, diz que a ameaça de guerra civil está aumentando no país. “Deus irá se vingar por nós” é uma declaração ouvida com frequência em vilarejos sunitas nos arredores de Homs, entre pessoas que se sentem enfraquecidas, desesperadas e amargas. A situação ainda não se tornou uma guerra entre vizinhos e vilarejos ou da maioria sunita contra a minoria governante alauíta e seus aliados xiitas e cristãos, mas as perdas em diversas comunidades podem fazer com que isso aconteça.

O massacre de Houla foi diferente em escala – mas não em natureza – do que tem acontecido nesta região da Síria durante todo o ano. O padrão: o exército bombardeia uma área controlada pelos rebeldes e, em seguida, o grupo paramilitar alauíta “shabiha” chega ao local, cortando gargantas.

Quando começamos a ouvir histórias de pessoas sendo “abatidas como ovelhas” – há muitos meses – elas pareciam fruto de histeria e depois seriam consideradas como propaganda da oposição. Mas há muitos corpos com essas marcas e muitas testemunhas oculares desses crimes.

No último mês de março, eu falei com um homem que descreveu o momento em que se escondeu em um campo e assistiu membros de sua família serem mortos. Os soldados e a shabiha os prenderem no chão, com botas em suas costas e facas em suas gargantas. Houla foi terrível, mas não foi a única.

Linhas de batalha
Frequentemente, quando uma área sunita é atacada, os shabiha vêm dos vilarejos xiitas e alauítas. Ativistas pró-democracia acusam o regime de recrutar esquadões de morte como esse para alimentar o ódio sectário. Dessa maneira, dizem, as minorias que agora apoiam o presidente Bashar Al-Assad irão temer que o mesmo aconteça com eles caso o abandonem. Mas também há vingança dos sunitas. Membros das shabiha capturados são executados pelos insurgentes armados do Exército Livre Sírio. Eu fui informado disso diversas vezes por combatentes rebeldes.

Mas ainda não é o caso de vilarejos inteiros sendo massacrados simplesmente porque pertencem a um grupo. E as linhas de batalha ainda não são puramente sectárias. Do lado do governo ainda há muitos membros sunitas do Exército, a maioria. Na shabiha também há sunitas. Do lado rebelde também há alguns cristãos e alauítas. O risco de eventos como o que aconteceu em Houla farão com que as pessoas se retraiam ainda mais em suas próprias comunidades. O regime já retrata o levante popular como a voz de uma classe baixa sunita.

Reclamações

Paul Wood na Síria em fevereiro. | Foto: BBC

Om Omer, uma refugiada e mãe de seis filhos, falou para mim sobre as queixas sunitas quando a encontrei deixando Homs. Ela se perguntava o que havia acontecido com seu marido, mas assumiu que ele foi morto pela shabiha. Ela contou também como era sua vida antes do levante.

“Meu marido é um trabalhador. Se ele trabalhava, nós comíamos. Se ele não trabalhava, passávamos fome. Já lutávamos uma guerra com a vida, antes da guerra com Bashar Al-Assad. O grupo deles (os alauítas) está satisfeito. O nosso (os sunitas) está faminto.”

É este sentimento – tanto quanto ideais sobre a democracia – que sustenta o apoio ao Exército Livre Sírio. Em todos os lugares onde fui, na última viagem à Síria, ouvi reclamações contra a minoria alauíta. O risco é que toda a comunidade alauíta seja punida pelos pecados do regime.

Diversos voluntários do exército rebelde me disseram que estão lutando por uma democracia secular e aberta. Mas outros disseram que querem matar alauítas e xiitas. “Só aqueles que têm sangue nas mãos”, dizem outros.

o grupo está se mantendo por pouco, sob a enorme pressão das forças do governo. Combatentes estão vendendo sua mobília para comprar balas. Mas os sunitas são a imensa maioria na Síria. Se o conflito se tornar simplesmente sectário, a vantagem em números estaria com os rebeldes.

Ainda não estamos nesse ponto, mas a atmosfera é mais ameaçadora do que jamais foi. Em minhas muitas visitas à Síria e à região de Homs nos últimos oito meses, os sunitas que participam do levante popular negavam que um banho de sangue sectário algum dia aconteceria na Síria. “Isto é o Iraque, não nós”, as pessoas me diziam. “Não há tradição disso aqui.” Mas na última viagem eu conheci um ativista que também dizia isso, mas não diz mais. “A guerra civil começou. No futuro, olharemos para o momento de hoje e diremos que foi aqui que começou.”

Da BBC Brasil

Eldorado do Carajás: Justiça manda prender responsáveis pelo massacre

O Tribunal de Justiça do Pará (TJPA) expediu hoje (7) mandados de prisão contra o coronel Mario Colares Pantoja e o major José Maria Pereira de Oliveira. Os dois foram responsabilizados na Justiça por comandarem a ação da Polícia Militar que causou a morte de 21 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), no episódio conhecido como Massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará, em 1996.

Dezenove sem-terra morreram no local e dois, a caminho do hospital. As mortes ocorreram durante o confronto com a polícia no km 96 da Rodovia PA-150, na chamada Curva do S.

A ação contou com a participação de mais de 150 policiais militares. Desde o massacre, o coronel e o major respondiam pelo processo em liberdade devido aos vários recursos apresentados por seus advogados contestando a sentença que os condenou. Na decisão, Pantoja foi condenado a 228 anos de prisão e o major Oliveira a 158 anos e quatro meses em regime fechado.

O massacre motivou a criação da Jornada Nacional da Luta por Reforma Agrária, uma mobilização que ocorre todos os anos no mês de abril, também conhecida como Abril Vermelho.

Da Ag. Brasil

O choro do Brasil no enterro das vítimas do massacre no Rio

Comoção e dor marcaram o enterro de vítimas da tragédia na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro. No Cemitério do Murundu, em Padre Miguel, também na zona oeste, centenas de pessoas chegaram cedo para acompanhar o velório e enterro de Larissa Silva Martins, de 13 anos; Mariana Rocha de Souza, de 12 anos; e de Géssica Guedes Pereira. O corpo desta última foi enterrado no Cemitério de Ricardo de Albuquerque.

Os corpos de Bianca Rocha Tavares, de 13 anos; e de Milena dos Santos Nascimento, de 14 anos, foram liberados do Instituto Médico Legal no final da manhã, e também foram levados para o velório e enterro no Cemitério do Murundu.

Em meio ao choro e desmaios de parentes, um helicóptero da Polícia Civil jogou pétalas de rosa no momento dos enterros, que foram acompanhados também pelo secretário de Segurança Pública do estado, José Mariano Beltrame, e pela chefe da Polícia Civil, delegada Martha Rocha.

Beltrame lamentou a morte das crianças, mas afirmou que essas questões de segurança nas escolas são pequenas diante da monstruosidade do episódio. “Mesmo com a segurança interna, dificilmente iria se prevenir isso. A gente sabe que foi um ato insano de uma pessoa totalmente fora de suas faculdades mentais pra cometer uma barbaridade dessa natureza”, lamentou.

O secretário defendeu as campanhas de desarmamento que tenham o objetivo de instruir as pessoas a respeito do uso de armas letais, mas admitiu que “é leviano afirmar que atos como este não vão mais acontecer”.

Chorando muito, a estudante Isabela da Silva Cavalheiro, relatou o episódio que testemunhou e disse que nunca mais volta para escola Tasso da Silveira. “Quero voltar a estudar sim, quero ser aeromoça, mas para essa escola não volto nunca mais.”

Lucas Matheus de Carvalho, de 13 anos, também estava na sala no momento em que o atirador entrou. Ele disse que o homem só mataria meninas e que pouparia os rapazes. “Senti a dor do pai e de uma mãe, que levam os filhos para a escola felizes e duas horas depois descobrem que não têm mais seus filhos.”

Uma equipe de assistentes sociais da prefeitura do Rio acompanhou os enterros e na tenda montada no cemitério do Murundu prestaram atendimento a pelo menos 60 pessoas que tiveram crise nervosa. Oito delas precisaram ser removidas para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Padre Miguel.

No Cemitério Jardim da Saudade, na Sulacap, também na zona oeste, o clima de comoção era o mesmo no velório e enterro de Rafael Pereira da Silva, de 14 anos; Karine Lorraine Chagas de Oliveira, de 14 anos; Larissa dos Santos Atanázio, de 13 anos; e Luiza Paula da Silveira Machado, de 14 anos. Os corpos de mais três vítimas da tragédia aguardam liberação do Instituto Médico Legal.

Da Ag. Brasil