Encarceramento juvenil foi pauta de debates em seminário realizado em Chapecó (SC)

A Juventude Encarcerada pautou o Seminário Estadual do ICJ (Instituto Catarinense de Juventude), que ocorreu neste sábado (22/10), em Chapecó.

palavralivre-juventude-encarcerada“Quem sabe se, discutindo o cárcere, se perceba que a redução da maioridade penal não é a solução”, destacou o presidente do ICJ, Juliano Carrer. A abertura contou com uma apresentação cultural do Movimento Hip-Hop Combativo de Chapecó MH2C.

Atualmente o Brasil conta com mais de 600 mil pessoas presas, número que deve estar subestimado – deve chegar a 1 milhão. E menos de 400 mil vagas. Em 1990 havia 60 mil presos.

O Seminário Estadual Juventude Encarcerada em Santa Catarina teve como objetivo aprofundar a reflexão sobre a violência juvenil em Santa Catarina e, para isso, trouxe diferentes especialistas da área para participar de mesas-redondas.

O evento tem realização do ICJ, com apoio do “Fundo Diocesano de Solidariedade da Diocese de Chapecó”, Centro de Referência em Direitos Humanos e parcerias locais.

O Brasil é o país da impunidade?
“O Brasil é o país da impunidade? Não. A punição existe, mas para certa parcela da população. O Brasil encarcera e encarcera de mais, mas tem um alvo”.

A afirmação é de Marcelo Naves, vice-coordenador da Pastoral Carcerária na Arquidiocese de São Paulo. Ele participou da mesa diálogo “Realidade da juventude encarcerada no Brasil e em Santa Catarina”.

Naves lembra que a grande maioria da massa carcerária é jovem. “O sistema carcerário é uma politica pública para a juventude. Se existe uma política pública no Brasil que funcione é prender jovem”, comenta.

“O sistema carcerário é um sistema falido? Não. Ele funciona de maneira extremamente eficiente. Ele funciona como administração e gestão da pobreza. A sociedade neoliberal funciona com a segregação de vidas matáveis. O sistema produz sobra e não tem como absorver todo mundo. O que você faz com sobras? Arranja um depósito para colocar? E quando extrapola a capacidade do depósito você elimina…”, explicou Marcelo Naves.

A educação é a solução?
“A educação é a solução para a diminuição do encarceramento. Se eu tenho conhecimento do que eu tenho direito, eu vou brigar por ele. Hoje, via de regra, o encarcerado não tem conhecimento sobre os seus direitos dentro da prisão”.

A reflexão é de Gustavo Emelau Marchiori, juiz da 3ª Vara Criminal de Chapecó/SC. Ele também participou da primeira mesa diálogo.

Violência gera violência, sim!
“Se eu quero modificar uma pessoa, eu não posso agir com ela do jeito que ela foi tratada a vida toda. Se ela sofria violências, a violência não vai modificar ela e apresentar que existem outras maneiras. A premissa de que violência gera violência está cada vez mais comprovada pela Psicologia”.

A afirmação é de Fabio Augusto Lise, psicólogo, coordenador do curso de Psicologia da UNOESC – Campus Xanxerê, tendo atuado na Penitenciária de Chapecó por 8 anos.

Ele foi debatedor da mesa diálogo “Como o encarceramento interfere na formação das identidades dos jovens encarcerados?”, junto com Gabriela Rabello, psicóloga na Pastoral Carcerária e integrante da Comissão de Direitos Humanos Conselho Regional de Psicologia de Santa Catarina, atendendo uma das galerias do presídio masculino de Florianópolis.

Questões do mundo feminino não são atendidas
“As penitenciárias e os presídios femininos são sempre as sobras. O que não serve para os homens é cedido às mulheres. Como é o vaso sanitário? É um buraco no chão na maioria das vezes. Essas questões do mundo feminino não são atendidas no cárcere!”, ressaltou Gabriela.

Se o encarceramento aumentou, o de mulheres aumentou muito mais. Foi um aumento de 567% de 2000 a 2014.

Partilha de experiências no Seminário Estadual
A última mesa de diálogo do Seminário Estadual Juventude Encarcerada em Santa Catarina foi uma “Partilha de experiências desenvolvidas com a juventude encarcerada”. Confira:

– Alisson Cozzer: Oficinas Psicossociais na Penitencária Agrícola de Chapecó (SC) e Instituição Penitenciária de Maputo – Moçambique (África)

– Newton Almeida: Projeto Estampa Livre, desenvolvido no Complexo Penitenciário de Florianópolis (SC)

– Rossaly Beatriz Chioquetta Lorenset, Drayton Gaboardi, Eduarda Servellin, Ralf dos Santos Rocha: projeto de extensão “Projeto Direito Cárcere – remição pela leitura”, da Unoesc – campus Xanxerê (SC)

– Tiago Arcego da Silva (ICJ): Rodas de Conversa com adolescentes do CASE – Centro de Atendimento Socioeducativo – Chapecó (SC)

– Vera Lipka e padre Idlauson Pitt : Atuação da Pastoral do Menor no Casep e Casa de Semi-liberdade em Caçador (SC).

Com informações do ICJ

Instituto lança livro sobre a juventude catarinense

Livros ICJO ICJ (Instituto Catarinense de Juventude) fará o lançamento de um documento inédito em Santa Catarina neste sábado (30/5).

O livro “Vozes da juventude catarinense: rodas de conversa” traz relatos, vozes e gritos da juventude catarinense. O lançamento ocorre durante o Seminário Estadual “Violência contra a juventude em Santa Catarina”, que ocorre em São José, das 9h30 às 18h30.

Ao longo de 2014, colaboradores do Instituto realizaram 45 rodas de conversa em 15 cidades, com um único objetivo: escutar os jovens e conhecer a realidade da juventude.

“Poucas oportunidades são ofertadas de escuta dos jovens. Instituições e organizações desenvolvem trabalhos e ações para os jovens e não com os jovens. Constroem-se conceitos de juventude e de sua realidade esquecendo-se de escutar o que os jovens pensam sobre si mesmos, sua realidade, seus sonhos e projetos”, destaca uma das organizadoras da obra, Fernanda Cristina Segalin.

E esta construção em rodas de conversas foi encantadora, segundo outra organizadora do livro, Ana Karla Alves. “Foi encantador e desafiador a cada roda, os rostos jovens, a acolhida, as palavras ditas e os silêncios, tudo isso inquietou as equipes de facilitadores. Ouvir as alegrias, medos, tristezas e sonhos da vida da juventude compromete ainda mais com a luta que é diária e que por vezes ouvimos falar, lemos em algum lugar”, lembra Ana.

Seminário Estadual
Em Santa Catarina, a cada ano, mais de mil jovens são mortos por causas violentas, principalmente vítimas de homicídios e acidentes de trânsito. O evento busca refletir causas e apontar alternativas para o enfrentamento da violência. Mais informações pelo e-mail secretaria@icj.org.br.

Temas e ministrantes:

– “Tráfico de Drogas e Violência”; com padre Vilson Groh e delegado de Polícia Civil Rodrigo Bueno Gusso

– “Segurança Pública e Redução da Maioridade Penal”; com juiz corregedor do TJSC Alexandre Karazawa Takaschima e professora doutora Andréa Márcia Santiago Lohmeyer Fuchs

– “Causas estruturais da violência”; com economista Ivo Marcos Theis

Conheça o ICJ
O ICJ é uma organização nascida para ser serviço à juventude catarinense. Ele foi criado em 2012, a partir de uma articulação de militantes de assessores de organizações juvenis. O Instituto tem como prioridade o trabalho com Políticas Públicas de Juventudes, com ênfase em Formação, Assessoria e Pesquisa.

Apoio
O Livro e o Seminário tem o apoio do MZF (Missionszentrale der Franziskaner) e Fundo Nacional de Solidariedade/CNBB/Cáritas.

Últimas vagas para o Seminário Estadual sobre Violência contra a Juventude em SC

Últimas vagas para Seminário Estadual sobre violência contra a juventude em SC, Instituto Catarinense de Juventude promove evento gratuito.

“Tráfico de Drogas e Violência”; “Segurança Pública e Redução da Maioridade Penal”; “Causas estruturais da violência”. Estes serão os principais pontos a serem debatidos durante o Seminário Estadual “Violência contra a juventude em Santa Catarina”, que ocorre no dia 30 de maio, em São José, das 9h30 às 18h30. O evento, que é gratuito, está com as últimas vagas abertas aos interessados. As inscrições ocorrem pelo site www.icj.org.br/seminario.

“Em Santa Catarina, a cada ano, mais de mil jovens são mortos por causas violentas, principalmente vítimas de homicídios e acidentes de trânsito. Este evento busca refletir causas e apontar alternativas para o enfrentamento da violência”, destaca Juliano Carrer, presidente do ICJ (Instituto Catarinense de Juventude), entidade que promove o evento. Mais informações pelo e-mail secretaria@icj.org.br.

Lançamento livro
Durante o Seminário, o ICJ fará o lançamento de um documento inédito em Santa Catarina, o livro “Vozes da juventude catarinense: rodas de conversa”.

A obra traz relatos, vozes e gritos da juventude catarinense. Ao longo de 2014, colaboradores do Instituto realizaram 45 rodas de conversa em 15 cidades, com um único objetivo: escutar os jovens e conhecer a realidade da juventude.

Temas e ministrantes

– “Tráfico de Drogas e Violência”; com padre Vilson Groh e delegado de Polícia Civil Rodrigo Bueno Gusso

– “Segurança Pública e Redução da Maioridade Penal”; com juiz corregedor do TJSC Alexandre Karazawa Takaschima e professora doutora Andréa Márcia Santiago Lohmeyer Fuchs

– “Causas estruturais da violência”; com economista Ivo Marcos Theis

Conheça o ICJ
O ICJ é uma organização nascida para ser serviço à juventude catarinense. Ele foi criado em 2012, a partir de uma articulação de militantes de assessores de organizações juvenis. O Instituto tem como prioridade a promoção de Políticas Públicas de Juventudes, paralela aos eixos Formação, Assessoria e Pesquisa.

Instituto elenca 18 motivos para ser contra à redução da maioridade penal

Esta semana, o Instituto Tolerância, voltado à promoção de debate crítico, promoveu em Porto Alegre, uma aula pública sobre a redução da maioridade penal, polêmica que tem tomado o debate nos últimos dias, após a aprovação da PEC pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados.

Como resultado da aula pública, o Instituto divulgou 18 motivos para ser contra à redução da maioridade penal.

  1. No Brasil, os jovens, desde os 12 anos, podem ser responsabilizados por infrações à lei. Todos os crimes e contravenções penais cometidos por esses jovens são chamados de “atos infracionais”.
  2. Esses jovens respondem processos e, se condenados, recebem punições, chamadas de “medidas socioeducativas”. Atualmente o Brasil tem cerca de 110 mil adolescentes cumprindo medidas socioeducativas.
  3. A diferença básica entre as sanções de jovens e adultos é que na dos jovens ainda se procura manter a finalidade de reinserção social e educação, motivo pelo qual é importante mantê-las separadas.
  4. Por suas características, as sanções aplicadas aos jovens resultam num baixo índice de reincidência quando comparadas às penas aplicadas aos adultos.
  5. A internação é uma medida socioeducativa que priva o jovem da liberdade. As casas de detenção dos jovens se assemelham a prisões e a taxa média de ocupação das instituições para jovens é de 102%.
  6. Tal como ocorre nos processos penais de adultos, os jovens também estão sujeitos a internações provisórias. Ou seja, não existe o “não dá nada”.
  7. Diversas ciências, entidades profissionais, além de organismos e pactos internacionais, indicam que os adolescentes até os 18 anos são sujeitos em desenvolvimento e por isso recomendam a existência de um sistema de justiça especializado para julgar, processar e responsabilizar autores de delitos abaixo dos 18 anos, o qual deve ser elaborado a partir de uma perspectiva educadora, tanto do ponto de vista emocional como social.
  8. Os 18 anos são critérios de desenvolvimento pleno em muitos outros contextos da vida social. Somente com 18 anos, um jovem pode se alistar no exército; pode trabalhar em condições perigosas e insalubres; pode comprar bebidas e cigarros; pode ter habilitação para dirigir; pode ser jurado. E, apesar de ter a faculdade de votar, o jovem de 16 anos não pode ser votado.
  9. No que importa ao fenômeno criminal, os jovens com idade entre 16 e 18 anos são responsáveis por menos de 1% do total de crimes cometidos no Brasil. Daqui já se torna óbvio que a exceção não pode pautar a definição da política criminal do país.
  10. Os crimes mais cometidos por jovens são crimes contra o patrimônio, seguidos pelo crime de tráfico de drogas. Isso representa mais de 70% dos crimes cometidos por eles.
  11. As pesquisas realizadas tanto por órgãos do governo quanto por organismos independentes revelam que, na última década, tanto os crimes patrimoniais quanto os crimes de homicídio estão diminuindo. O crime que mais cresce entre a população jovem é o tráfico de drogas.
  12. Crimes contra a pessoa cometidos por jovens, em geral, decorrem de guerra do tráfico de drogas. Há uma coincidência do grupo que comete o crime e o grupo que é vitimizado. Quase 20 mil jovens são assassinados todo ano no Brasil. Ou seja, eles são 10 vezes mais vítimas do que homicidas.
  13. Anualmente, a polícia brasileira mata mais do que jovens de 16 a 18 anos. Todo ano, o trânsito brasileiro mata 24 vezes mais do que jovens de 16 a 18 anos.
  14. Quando se compara o Brasil com outros países, é necessário ter a cautela ao pensar que todo sistema jurídico estrangeiro é modelo de excelência e que será perfeitamente aplicável aqui. Cada país possui características sociais e culturais próprias e isso impede qualquer comparação simplificadora.
  15. Além disso, há um comum equívoco nas listas dos critérios etários de responsabilização criminal: a nossa responsabilização começa aos 12 anos de idade com as medidas socioeducativas; aos 18 anos, vira pena.
  16. Portanto, existe legislação suficiente aplicável aos jovens que cometem crimes. Há instituições que, apesar de suas precariedades, obtêm razoável sucesso na reconstrução desses jovens para a vida adulta e responsável. Então, a solução não está no sistema penal. Políticas públicas de educação, assistência e trabalho ainda são os recursos mais eficientes.
  17. O Brasil tem a terceira maior população carcerária do mundo e é notória a falência dessa política no combate à criminalidade. A redução da maioridade levará os jovens mais cedo para um sistema prisional podre e superlotado (com atual déficit de 210 mil vagas), decretando o fracasso de nossa sociedade em prover oportunidades de vida digna para nossa juventude.
  18. Desistir dos jovens é negligenciar o presente. Desistir dos jovens é desistir do futuro.

Pesquisa e redação original: Jader Marques, Leandro Ayres França e Clara Moura Masiero.


[1] Algumas pessoas que apoiaram e participaram da aula aberta: Adão Clóvis Martins dos Santos, Adão Villaverde, Adilson, Adriana Paz, Alberto Koopittke, Alessandra Quimes Cruz, Ana Cifali, Ana Elisa Borges, Ana Luíza Teixeira Nazário, Ana Paula Motta Costa, André Machado, Andrea Beheregaray, Anilto G10, Antônio Cesar Peres, Antônio Miller Madeira, Augusto Jobim, Bruna De Llano, Bruna Guimarães Casagrande, Bruna Lima, Bruno Silveira Rigon, Carolina Viola, Cecilia – Coletivo FILA/PIPA, Caroline Brogni, Christiane Russomano Freire, Dora Dias, Daiana Casagrande, Daiane Vidor, Duda Irion, Felipe Immich, Felipe Lazzari da Silveira, Filipe Caetano, Fernanda Bestetti, Fernanda Darmin, Fernanda Melchionna, Fernando Genro, Gabriel Divan, Gilberto Schäfer, Gustavo Coelho, Gustavo Pereira, Ingrid Schneider, João Batista Costa Saraiva, Janaina Haselein, João Fonseca, Joelma Borges, Katia Farias, Laura Hipólito, Leandro Baptista Maciel, Leonardo Santiago, Lisiane Zanette Alves, Louise Acioly, Luciana Genro, Luis Fernando, Maira Marques, Marcelli Cipriani, Maria da Graça Gubert, Mateus Marques, Marta Beatriz Tedesco Zanchi, Mateus Marques, Matheus Ayres Torres, Paulo Irion, Paulo Rogério dos Santos, Rafael Braude Canterji, Roberta Silveira, Rochelle Leonardo, Rodrigo Ghiringhelli, Rafael Pinheiro Machado, Rita Barchet, Rosa Maria Zaia Borges, Salah H. Khaled Jr., Solon Viola, Tamires de Oliveira Garcia, Thais A. Machado, Theo, Tiago Castilhos, Tiago Luciano Amaral de Souza.

Estatuto da Juventude passa a vigorar no país

O Estatuto faz com que os direitos já previstos em lei, como educação, trabalho, saúde e cultura, sejam aprofundados para atender às necessidades específicas dos jovens, respeitando as suas trajetórias e diversidade.

Foi sancionado, nesta segunda-feira (5), o Estatuto da Juventude, aprovado em julho pelo Congresso Nacional. O estatuto trata dos direitos da população jovem entre 15 a 29 anos, além de definir os princípios e diretrizes para o fortalecimento e a organização das políticas de juventude, em âmbito federal, estadual e municipal. Atualmente, existem cerca de 51 milhões de brasileiros e brasileiras considerados jovens, maior número já registrado no País.

A cerimônia contou com a presença da Presidenta da República, Dilma Roussef, do ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geralda Presidência da República, da secretária nacional de Juventude, Severine Macedo, entre outras autoridades do governo federal, parlamentares e movimentos juvenis.

“Hoje demos mais um passo para, de fato, construir uma história da juventude brasileira baseada em direitos”, disse Dilma durante a cerimônia. “Com base na carta de direitos, sabemos que esse Estatuto Da Juventude é só um começo. A partir de agora temos de aprofundá-los”, explicou a Presidenta.

O Estatuto faz com que os direitos já previstos em lei, como educação, trabalho, saúde e cultura, sejam aprofundados para atender às necessidades específicas dos jovens, respeitando as suas trajetórias e diversidade. Por outro lado, faz com que novos direitos como os direitos à participação social, ao território, à livre orientação sexual e à sustentabilidade sejam assegurados pela legislação.

Além de fortalecer as políticas para juventude, o Estatuto também garante a criação de espaços para ouvir a juventude, estimulando sua participação nos processos decisórios, para isto será obrigatória a criação dos Conselhos Estaduais e Municipais de Juventude.

Estatuto
Depois de quase dez anos, no dia 9 de julho deste ano foi aprovado no Congresso Nacional o Estatuto da Juventude. A lei estabelece direitos e políticas públicas voltadas à população entre 15 e 29 anos.

As principais novidades do Estatuto são o direito de estudantes a pagar meia passagem nos ônibus interestaduais e direito a meia entrada em atividades culturais para jovens de baixa renda (com renda familiar de até 2 salários mínimos). Em cada evento, os produtores poderão limitar em 40% o percentual de ingressos vendidos com desconto, para ambos os públicos. Os jovens de baixa renda e estudantes que estiverem além deste percentual não terão o direito.

A lei também estabelece, de forma mais genérica, acesso a direitos básicos, como justiça, educação, saúde, lazer, transporte público, esporte, liberdade de expressão e trabalho. Institui o Sistema Nacional de Juventude (Sinajuve), cujas competências serão definidas posteriormente.

Alguns dos princípios do estatuto são os de promoção da sua autonomia, valorização da participação social e política, promoção da criatividade, do bem-estar e do desenvolvimento, respeito à identidade e diversidade e promoção de uma vidasegura e sem discriminação.

Outros projetos para a juventude
Durante o evento de sanção do Estatuto também foi assinado o decreto de criação do Comitê Interministerial da Política de Juventude e lançado o primeiro edital do Programa Estação Juventude.

O edital tem o objetivo de promover a inclusão e emancipação dos jovens, ampliando seu acesso às políticas governamentais (federais, estaduais e municipais), por meio de equipamentos públicos. Com valor de R$ 20 milhões o edital é direcionado aos estados e municípios que desejam aderir à iniciativa.

As Estações da Juventude vão oferecer informações sobre programas e ações para os jovens, além de orientação, encaminhamento e apoio para que tenham condições de construir suas trajetórias e buscar as melhores opções para sua formação.

O programa será implementado em dois formatos: as Estações complementares, instaladas em equipamentos públicos municipais já existentes, que irão viabilizar o atendimento qualificado para os jovens; e as unidades itinerantes, instaladas em ônibus que irão percorrer localidades diferentes para ampliar, territorialmente, o acesso às informações.
Do Portal Brasil

Estatuto da Juventude irá tramitar em regime de urgência

estatuto-da-juventudeO Estatuto da Juventude vai tramitar em regime de urgência no Senado Federal. Aprovada em regime de urgência na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), a matéria vai direto ao plenário e, se aprovada, segue para a Câmara, uma vez que foram feitas várias alterações no texto original.

Sobre os descontos em ingressos para estudantes, o substitutivo do relator Paulo Paim (PT-RS) garante meia entrada aos estudantes para todos os eventos culturais e esportivos que tenham financiamento de recursos públicos, exceto a Copa do Mundo de 2014 e a Copa das Confederações que acontecerá neste ano. Nos dois casos, o desconto aos estudantes será de 40% do valor do ingresso. Em eventos patrocinados exclusivamente por dinheiro privado, o desconto estudantil também será de 40%.

Para combater eventuais fraudes na emissão das carteiras de estudante, o projeto do Estatuto daJuventude estabelece que o documento deve ser emitido preferencialmente por entidades reconhecidas e para alunos efetivamente matriculados nos níveis de ensino previstos na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).

O projeto define como jovens carentes, aqueles oriundos de famílias beneficiárias do programa Bolsa Família e assegura a eles benefícios específicos como em viagens interestaduais. A proposta garante duas vagas gratuitas e duas com desconto de 50% do valor do bilhete, em transportes entre estados.

O estatuto também garante que o ensino fundamental para jovens índios e povos de comunidades tradicionais será ministrado em língua portuguesa, e nos idiomas tradicionais de cada etnia ou comunidade.

Está previsto, ainda, que caberá ao poder público promover programas educativos e culturais voltados para as questões da juventude em emissoras de rádio e televisão e demais meios de comunicação de massa.

Com Ag. Brasil e Correio do Brasil

Um milhão e meio de brasileiros consomem maconha diariamente

Os brasileiros, entre adultos e adolescentes, que consomem maconha diariamente somam 1,5 milhão, aponta estudo divulgado hoje (1º) pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O 2º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad) revela ainda que 7% da população adulta já experimentaram a droga em alguma fase da vida, o que equivale a 8 milhões de pessoas. Entre adolescentes, 600 mil tiveram contato com a maconha.

Dos 3,4 milhões de pessoas que usaram maconha no último ano, mais de um terço (37%) é dependente, o que representa 1,3 milhão. Entre os adolescentes, os índices de dependência alcançam 10% dos entrevistados.

De acordo com a pesquisa, o Brasil não está entre os países com os maiores índices de consumo da droga. Enquanto, a média brasileira é 3%, o índice chega a 5% na Europa e 10% nos Estados Unidos. No entanto, ainda conforme a pesquisa, as Nações Unidas acreditam que os dados oficiais na América Latina possam ser subestimados, “uma vez que o volume de maconha apreendido no Brasil está entre os maiores do mundo e o país não é um grande fornecedor de nenhuma região.”

Foram entrevistadas 4.607 pessoas em 149 municípios, com idade a partir de 14 anos. A amostragem, de acordo com os coordenadores do estudo, é representativa. Diferente da primeira pesquisa, feita em 2006, os entrevistados no atual levantamento responderam a um questionário sigiloso sobre consumo de drogas.

Para o coordenador da pesquisa, o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, um dado preocupante é a proporção entre usuários adultos e adolescentes. Em 2006, existia um adolescente para cada adulto que usa maconha. Em 2012, a proporção aumentou para 1,4 adolescente por adulto. Em 62% dos casos, os usuários experimentaram a droga pela primeira vez antes dos 18 anos.

“Se as leis ficarem mais frouxas em relação ao uso da maconha, o maior prejudicado vai ser o adolescente. Qual vai ser o impacto em relação à saúde mental desses adolescentes? É isso que os dados nos alertam. A pessoa que já é usuária não vai mudar o padrão de consumo. Quem pode mudar o padrão de consumo, de acordo com a nossa atitude legislativa, é o adolescente”, avalia.

Os entrevistados também foram questionados sobre a legalização da maconha no país. A maioria (75%) é contrária, ante 11% favoráveis. Os dados reunidos no Lenad irão possibilitar, posteriormente, a avaliação do consumo de outras drogas, como o crack.

Europa tem o maior desemprego em 25 anos

A zona do euro registrou taxa de desemprego recorde no último mês de fevereiro, com 10,8% de desempregados, 0,1 ponto porcentual a mais do que no mês de janeiro, segundo dados do Escritório Estatístico das Comunidades Europeias (Eurostat). Em fevereiro de 2011, o índice era de 9,5% – o que mostra o impacto da crise das dívidas soberanas e dos planos de rigor adotados pelos governos da Europa.

Só nos países que adotam a moeda única, 17,1 milhões estão sem emprego, um total que sobe para 24,5 milhões de homens e mulheres em idade ativa sem trabalho se considerados os 27 países da União Europeia. As cifras são recordes em 25 anos.

O anúncio foi feito ontem, em Bruxelas, e revela o impacto social da crise, que desde 2008 flagela o mercado de trabalho da Europa. No intervalo de um ano, entre os meses de fevereiro de 2011 e de 2012, 1,8 milhão de pessoas- equivalente a toda a população de Paris – foi demitida na União Europeia, onde o porcentual de desocupados é um pouco mais baixo, 10,2%, ante 9,5% um ano antes.

Outra conclusão relevante do estudo é a concentração das novas demissões na chamada zona do euro, formada por 17 países que adotam a moeda única, onde 1,4 milhão perderam suas vagas.

Os casos mais graves de crise de emprego acontecem na Espanha e na Grécia, dois dos países mais atingidos pelas crises do sistema financeiro, de 2008, e das dívidas, de 2009. Quase um em cada quatro espanhol em idade ativa não tem trabalho, ou 23,6%. Entre jovens com menos de 25 anos, 50,5% não têm trabalho, índice que voltou a crescer, se comparado a dezembro de 2011, 50,4% (Leia texto ao lado. A situação de calamidade é semelhante na Grécia, onde 21% dos trabalhadores estão sem trabalho – frente a pouco mais de 5% em 2008. Também entre os jovens gregos a situação é dramática, com um em cada dois sem atividade laboral. No conjunto da União Europeia, esse porcentual é de 22,4%.

Pleno emprego
Por outro lado, países como Áustria, com 4,2% de trabalhadores sem vaga, e Holanda, com 4,9%, vivem o pleno emprego. Situação semelhante é verificada em Luxemburgo, com 5,2% de desempregados, e na Alemanha, maior potência econômica do bloco, com 5,7%. Em oito países as cifras de desemprego melhoraram nos últimos 12 meses;em18, entretanto, pioraram. Para especialistas em mercado de trabalho, essa é a prova que a União Europeia cresce em duas velocidades distintas: ao norte, onde o desempenho é positivo, apesar dos efeitos da crise, e ao sul, onde a recessão ou a depressão econômica são a regra.

Na França, onde o desemprego fica na média europeia, a situação também é crítica para quem buscas e reinserir no mercado. O Estado esteve ontem em uma agência governamental para recolocação profissional, a Polo de Empregos situada no 15º distrito de Paris, e ouviu depoimentos de pessoas há mais de dois anos sem uma proposta de trabalho.

Jovens
Como em todo o continente, a situação é mais grave entre jovens franceses, dentre os quais 21,7% não encontra trabalho.” O pior é a falta de perspectiva.

Como tempo, até o Polo Emprego vai abandonando seu caso”, afirmou o contador Alain C., de 24 anos, há 17 meses à procura de um posto. “A gente se sente só”, afirmou.

Do Estadão e Sindicato do ABC