MP/SC diz que esquema envolvia chantagem na Sema envolvendo agentes públicos

Vereador João Carlos Gonçalves foi presidente da Câmara, aliado de Udo Döhler (PMDB) na eleição, mas não se reelegeu
Vereador João Carlos Gonçalves foi presidente da Câmara, aliado de Udo Döhler (PMDB) na eleição, mas não se reelegeu

O esquema investigado na operação em que pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) nesta terça-feira (8) em Joinville (SC) envolvia chantagem, informou o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). Por essa razão, a operação foi chamada de “Blackmail”, que significa chantagem em inglês.

Dos sete mandados de prisão, seis foram cumpridos em , no Norte de Santa Catarina, e um em São Paulo. A operação foi deflagrada na Secretaria do Meio Ambiente (Sema) da cidade catarinense. Entre os presos estão um fiscal da Sema e um vereador. As demais pessoas detidas não têm relação com a prefeitura, segundo o Gaeco.

Esquema
No esquema, o fiscal da Sema identificava um problema, ou afirmava que havia um, e cobrava um valor de comerciantes para liberar o caso e não aplicar multa, conforme o Gaeco.

Ele também indicava pessoas para resolver o problema, que são os outros quatro que foram presos em Joinville, fora o vereador, de acordo com a investigação “Entre algumas situações que se pode constatar e ainda estamos verificando, pode ser que haja vista grossa, que tenha algumas ameaças de notificação para estabelecimentos que possam até não estar errados, isso ainda está em fase de averiguação”, explicou o promotor de Justiça Marcelo Mengarda.

O Gaeco não informou valores de quanto de suborno era cobrado ou quanto os empresários precisavam pagar pelo serviço dos outros quatro que foram presos. As investigações começaram após o MPSC receber denúncias de comerciantes da cidade.

A Prefeitura de Joinville afirmou na tarde desta terça que vai abrir um processo administrativo interno contra o fiscal que foi preso para poder avaliar a conduta dele. Depois, uma comissão será formada para decidir se ele deve ser afastado durante a investigação criminal do Gaeco. O servidor também poderá ser exonerado.

“Agora vem a coleta de provas. Vamos ouvir investigados, supostas vítimas, testemunhas. Existem algumas perícias ainda a serem feitas porque, com expedição de mandados de busca e apreensão, precisamos avaliar documentos e se há efetiva ligação desses documentos envolvendo corrupção de agentes públicos”, continuou o promotor.

Vereador
O vereador preso, João Carlos Gonçalves (PMDB), é suspeito de cometer os crimes de tráfico de influência e lavagem de dinheiro. A investigação apura a denúncia de que ele alegava que tinha influência sobre servidores públicos e que cobrava para usar desse suposto poder.

De acordo com a apuração, os valores que ele recebia de empresários iria para uma pessoa em São Paulo, um laranja, que lavava o dinheiro. O parlamentar tem prisão especial, por isso deve ficar detido no Batalhão da Polícia Militar.

Gaeco deflagra operação na Secretaria do Meio Ambiente em Joinville (SC) com prisões, busca e apreensão

palavralivre-prisao-gaeco-joinville-sema-prefeitura-pmdbO Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) cumpre nesta terça-feira (8) 14 mandados de busca e apreensão e sete mandados de prisão preventiva em Joinville, no Norte de Santa Catarina, e em São Paulo. A operação foi deflagrada na Secretaria do Meio Ambiente (Sema) da cidade catarinense.

Em nota, a prefeitura de Joinville informou que um fiscal do órgão, suspeito de práticas ilícitas, já foi preso. Segundo o Ministério Público, um mandado de prisão também foi cumprido em São Paulo. Informações da Câmara de Vereadores, onde o Gaeco também está agindo, dizem que o ex-presidente da Casa, vereador João Carlos Gonçalves (PMDB) foi preso e presta depoimento.

À tarde, o Gaeco às 15 horas, e a Prefeitura de Joinville às 16:30 horas vão dar entrevista coletiva sobre o caso.

Com informações do G1 e Redação Palavra Livre. Fotos G1 e A Notícia

Vereadores se omitem e não abrem CPI para investigar o ex-presidente João Carlos Gonçalves

A Câmara de Vereadores de Joinville arquivou pedido de abertura de Comissão Processante para investigar o vereador João Carlos Gonçalves (PMDB) por suposta improbidade administrativa e ofensa ao decoro parlamentar.

A maioria dos vereadores presentes (14) votou contra a abertura. O pedido de investigação foi feito por um cidadão. Ele acusou o parlamentar de cobrar “caixinha” de seus assessores parlamentares no valor de 10% dos vencimentos. O pedido partiu do joinvilense Ronaldo Oliveira Bello.

Foram 14 votos contrários à abertura e dois favoráveis, dos vereadores Adilson Mariano (sem partido) e Maycon Cesar (PPS). Três vereadores não estavam na sessão.

João Carlos afirmou que foi ao Ministério Público (MP) voluntariamente: “Eu disse ao promotor que estou à disposição para esclarecimentos e entreguei uma lista de todos os assessores que trabalharam em meu gabinete para que eles possam prestar esclarecimentos também. Quero deixar claro que não existe processo no MP, e sim uma ação civil pública”.

O vereador afirmou que a acusação é uma “perseguição política”. O presidente Rodrigo Fachini (PMDB) disse, ao votar, acreditar que a “Casa tomará providências cabíveis após decisão do Ministério Público”.

Entenda o caso
Em agosto passado, o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) abriu inquérito para investigar uma denúncia de enriquecimento ilícito envolvendo o vereador e ex-presidente da Câmara de Joinville, no Norte de Santa Catarina, João Carlos Gonçalves (PMDB).

A investigação apura se o parlamentar cobrava 10% dos salários dos assessores. O polítco nega as acusações. O inquérito foi aberto pela 13ª Promotoria de Justiça de Joinville. A denúncia partiu de um ex-assessor do vereador.

Segundo ele, o ex-presidente da Câmara exigia 10% do salário dos assessores. Até esta quinta, duas pessoas haviam sido ouvidas.

O promotor responsável pelo caso informou que ainda não vai se manifestar sobre o teor da investigação. Segundo o MPSC, uma gravação de áudio em que o vereador confirmaria a existência da cobrança foi anexada ao inquérito. A Promotoria informou que a autenticidade dela ainda precisa ser confirmada.

Em nota à época, o advogado do vereador, André Luiz Geronutti, afirmou que as alegações do denunciante são “infundadas”.

Ele confirmou que a voz que aparece na gravação é mesma de João Carlos Gonçalves, mas que o trecho da conversa, gravada por um amigo do ex-assessor que fez a denúncia, está sendo usado fora de contexto.

De acordo com a defesa, a denúncia tem cunho pessoal e político, já que o denunciante teria interesse em se lançar como candidato nas próximas eleições. A defesa informou que o vereador vai colaborar com a elucidação dos fatos.

Com informações da Ascom/CVJ, G1 e outros sites de notícias