STF derruba MP que restringia a Lei de Acesso a Informação

Mais uma derrota que o STF impõe ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido-RJ). O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) referendou, na sessão desta quinta-feira (30), a decisão liminar em que o ministro Alexandre de Moraes suspendeu a eficácia da alteração introduzida na Lei de Acesso à Informação (LAI) pela Medida Provisória 928/2020 para limitar o acesso às informações prestadas por órgãos públicos durante a emergência de saúde pública decretada em razão da pandemia do novo coronavírus.

A liminar foi concedida na Ação Direta de Inconst​itucionalidade (ADI) 6351, ajuizada pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), à qual foram apensadas outras duas ações sobre a mesma matéria (ADIs 6347 e 6353). Para o relator, a MP instituiu restrições genéricas e abusivas, sem qualquer razoabilidade, em ofensa a princípios constitucionais que consagram a publicidade e a transparência nos órgãos públicos.

Alterações

O artigo 6º-B da Lei 13.979/2020 previa a suspensão dos prazos de resposta a pedidos de acesso à informação nos órgãos cujos servidores estejam em regime de quarentena ou teletrabalho e que dependam de acesso presencial dos encarregados da resposta ou do agente público ou setor prioritariamente envolvido com as medidas de enfrentamento da pandemia. Também determinava a reiteração dos pedidos pendentes de resposta após o encerramento do estado de calamidade pública e afastava a aceitação de recursos contra negativas de resposta.

Medidas abusivas

Ao reiterar o entendimento expresso na concessão da liminar, o ministro Alexandre de Moraes ressaltou que a maior prova de que as modificações sugeridas pela medida provisória eram abusivas é o fato de que, desde que a pandemia foi declarada, não houve qualquer problema de acesso à informação, pois quase 100% das informações requeridas são prestadas a distância, por meio eletrônico. Segundo o ministro, a administração pública encontrou meios de manter a prestação de serviços com total transparência. Como exemplo, citou as sessões das Turmas do STF, que passaram a ser realizadas por videoconferência e transmitidas pela TV Justiça, pela Rádio Justiça e pelo YouTube.

Publicidade e transparência

O relator ressaltou que a publicidade e a transparência ganham ainda mais relevância no momento atual, quando gestores públicos estão autorizados a dispensar licitações para aquisição de insumos e serviços para fazer frente à pandemia. Ele asseverou que a Constituição Federal consagrou expressamente o princípio da publicidade como um dos vetores imprescindíveis à administração pública, conferindo-lhe absoluta prioridade na gestão administrativa e garantindo pleno acesso às informações a toda a sociedade. Para o ministro Alexandre, a MP pretendeu transformar a exceção, que é o sigilo de informações, em regra, afastando a plena incidência dos princípios da publicidade e da transparência.

A liminar foi referendada por todos os ministros presentes à sessão, que ressaltaram a necessidade de garantir ao cidadão o pleno acesso às informações solicitadas, sob pena de responsabilização política, civil e criminal, salvo nas hipóteses constitucionais de sigilo.

Senador Amin sobre a saída de Moro: “Um desastre!”

Em meio a mais uma grande crise do governo Bolsonaro com a saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça na manhã desta sexta-feira, que caiu atirando contra o Presidente da República ao apontar inúmeros possíveis crimes de Jair Bolsonaro, o senador catarinense Esperidião Amin (PP) classificou com um “desastre” a demissão do ex-juiz e agora ex-Ministro.

“Eu considero um desastre a saída do ex-juiz Sergio Moro do comando do Ministério da Justiça e Segurança. É um desastre para o país, pela envergadura moral e respeitabilidade que Sergio Moro tem” – destacou Amin. Lideranças do meio empresarial, jurídico e político criticaram a saída de Moro, inclusive empresários que construíram o apoio à candidatura de Bolsonaro em 2017-2018, e após já durante o seu Governo, se é que dá para se chamar de Governo está bagunça que vemos.

Esperidião Amin espera a manifestação do Presidente sobre o caso, anunciada para às 17 horas de hoje. “Espero que esclareça o seu respeito à Constituição e a investigação que estão em cursos. Contra amigos e não amigos. Considero fundamental que ele esclareça essa tentativa de ingerência em investigações da Polícia Federal”, destacou o senador. Vivemos uma crise pandêmica que mata entre 300 a 400 pessoas diariamente no Brasil, e Bolsonaro brincando de governar. Não dá mais para aguentar esse estado de coisas.

Moro cai, Bolsonaro se blinda

O ministro Sergio Moro, da Justiça, acaba de cair. Após a exoneração do diretor geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, na manhã desta sexta-feira pelo presidente Jair Bolsonaro, Moro não tinha mais como se manter no cargo. Desprestigiado mês após mês pelo Presidente, o ex-juiz tinha engolido inúmeros sapos e encarado total falta de respaldo de Bolsonaro em inúmeras ações. Na verdade, o Brasil é governado por ele e seus filhos mimados. Ou seja, desgovernado.

Com a saída de Moro, Bolsonaro avança mais um peão no sentido de se blindar contra as inúmeras investigações em curso, seja na Polícia Federal, no STF, Justiça Federal, todas que estão muito próximas do Presidente e seus filhos. No Congresso Nacional já chegam a quase 20 pedidos de impeachment contra Bolsonaro devido às suas atitudes inconsequentes de instigar a população a circular livremente em meio a pandemia do Coronavírus.

Bolsonaro age contra a democracia, não gosta de gente que brilhe mais que ele – apesar disso não ser difícil, até simples demais – e não está nem aí para a saúde, emprego ou vida dos brasileiros. Ele deseja mais que nunca ter o poder total e absoluto, sem os três poderes, mas apenas o dele, o rei nú. Moro agora se soma a outros que foram usados e deixados pelo caminho como Mandetta, e o Guedes da economia, o próximo a ser executado pelo esquema presidencial de expurgo de quem ousa contrariar o reizinho.

Nunca é demais relembrar que Bolsonaro só chegou a Presidência graças a atuação parcial e decisiva de Moro na perseguição política ao ex-presidente Lula. As famosas e competentes reportagens do site The Intercept Brasil com Gleen Greenwald à frente, mostrou as conversas e ações nada republicanas dos procuradores da Operação Lava Jato, com participação de Moro, nos acordos ilegais com os EUA. A escuta e divulgação – grampos – não autorizada de advogados, etc. Este racha entre o grupo que chegou ao poder vai dar o que falar daqui para a frente.

A partir de agora Sergio Moro começa a trilhar um rumo político para 2022, assim como já faz Mandetta, Dória, Witzel, todos de perfil direitista e conservador. Bolsonaro sabe disso, sente a água chegar ao seu nariz, e tenta se agarrar nas bóias que tem para a sobrevivência política. Enquanto isso os brasileiros comuns tentam sobreviver a um desgoverno em meio a maior crise de saúde pública mundial em 100 anos. Segurem-se e orem, o avião Brasil está desgovernado e sem pilotos.

Bolsonaro ataca governador Carlos Moisés

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) parece viver em outro mundo que não o Brasil acometido, ainda em primeira fase, pela Covid-19 – Coronavírus. Faz pronunciamentos à nação acompanhado de panelaços da população que está isolada para escapar da morte, incita as pessoas a irem contra as determinações do seu próprio ministro da Saúde e orientações da OMS, depois desdiz o que disse, e para piorar, criar crises intermináveis com os Governadores que estão segurando o touro à unha em seus Estados.

Não cabe aqui retomar todas as idas e vindas de Bolsonaro. Ele mente de forma contumaz, e dissemina fake-news aos borbotões, além de apontar o dedo para a imprensa e jornalistas por mostrarem as suas contradições. Ele claramente está perdendo as rédeas e popularidade, trocando os pés pelas mãos ao escolher o inimigo errado. Nosso inimigo agora é o Coronavírus. Nossa gente precisa ser bem orientada e cuidada. O Presidente não faz nada disso.

Hoje Bolsonaro apontou novamente os governadores como causadores de desemprego e histeria, e citou o governador catarinense Carlos Moisés (PSL) como um dos que erram e disse que ele só é governador por conta dele, Bolsonaro. A verdade é que Bolsonaro foi eleito em uma campanha marcada fortemente por uma massiva campanha anti-PT por parte da grande mídia e principalmente por meio de disseminação de mentiras por redes sociais. E Carlos Moisés foi eleito nesta esteira sem ter tido esse apoio todo do Presidente, que na verdade, gostaria mais que Gelson Merísio fosse eleito.

Moisés já respondeu: estou preocupado em salvar vidas. Não é hora de confronto. Parabéns Governador, palavras de um estadista que poucos esperavam existir no comandante aposentado dos Bombeiros Militares de SC, hoje Governador. Neste embate, 10 a zero para o Governador de SC. Um busca administrar, o outro brigar.

Enfim os líderes apareceram

Preciso dar a Moisés o que é de Moisés. Na coluna Palavra Livre que escrevo para o jornal Folha Metropolitana, afirmei que o governador Carlos Moisés (PSL) havia demorado para liderar os catarinenses diante da gravíssima pandemia do Coronavírus, o Covid-19. Como a coluna é mensal, escrevi antes que ele afinal assumisse o papel que lhe é exigido como mandatário primeiro de SC. E ao assumir, ele não negou suas origens do Corpo de Bombeiros Militar de SC, e o fez com grande efetividade. Parabéns Governador, assumiu as rédeas e deu um norte para quem está com medo e à espera de ações que os protejam.

Também o prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro (DEM), merece elogios por sua ação firme e objetiva diante do Covid-19. Não titubeou. Assumiu as rédeas, decidiu medidas duras e antipopulares, e se comunicou muito bem via redes sociais e mídias tradicionais. É isso que todos esperamos, líderes que assumam suas funções diante de calamidades como esta a qual estamos passando. Em nível nacional, bem, aí é uma tragédia atrás da outra. Jair Bolsonaro (sem partido) se mostra despreparado (já era, dirão alguns), irresponsável e inconsequente com suas ações e atitudes. Não está a altura do cargo de Presidente da República.

Foto: NSC

Comissão da Verdade: deputados querem julgar Bolsonaro por falta de decoro

Deputados da Comissão de Direitos Humanos e da Subcomissão da Verdade protocolaram hoje (4) na presidência da Câmara representação contra o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) por quebra de decoro parlamentar. Os deputados alegam que Bolsonaro tentou impediu a realização da primeira sessão da subcomissão e ofendeu um servidor da Casa. Procurado pela Agência Brasil, Bolsonaro, que é oficial da reserva do Exército, se defendeu dizendo que foi ofendido pelo funcionário.

De acordo com o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Domingos Dutra (PT-MA), que também é membro da subcomissão, Bolsonaro quebrou o decoro parlamentar ao impedir a realização da reunião. A audiência, fechada à imprensa, estava marcada para ouvir os depoimentos de dois camponeses e dois militares que tiveram participação na Guerrilha do Araguaia. Bolsonaro, segundo Dutra, também tirou foto dos depoentes para tentar constrangê-los.

“O deputado Jair Bolsonaro, que está acostumado a agredir as pessoas e tentar obstruir os trabalhos do Legislativo e, apesar de não fazer parte da subcomissão, tentou obstruir os trabalhos. Ele agrediu um servidor da comissão, o secretário Marcio Araujo, ameaçou os depoentes, tentou paralisar as atividades da comissão. Como ele não conseguiu, ficou no corredor aos berros ameaçando todo mundo”, contou Dutra.

Para Chico Alencar (PSOL-RJ), Bolsonaro atingiu não só o trabalho da subcomissão, mas também o Código de Ética que diz ser grave falha ao decoro interromper uma sessão “da forma como ele fez”. “Ele também ofendeu um servidor. Isso não pode ficar apenas no folclore do Bolsonaro para satisfazer o nicho fascista dele”, acrescentou o líder da legenda.

Por outro lado, Bolsonaro disse que a confusão começou quando o servidor o impediu de ter acesso à lista com o nome das pessoas que estavam depondo. Segundo ele, uma secretária iria lhe passar o documento e o servidor Marcio Araujo “tomou o papel” da mão dela.

“Estava ouvindo o depoimento e fui pegar a relação dos nomes dos depoentes. Mas um assessor não me deixou ter acesso ao papel. Tomou o papel e correu para um canto. Peguei minha máquina fotográfica e tirei uma foto dele e ele veio atrás de mim para tirar satisfação”, contou Bolsonaro à Agência Brasil.

“Todo os deputados tomaram as dores do servidor e houve bate-boca lá dentro. Não houve xingamento, mas uma discussão pesada. Falei lá dentro que o depoimento teria que ser aberto [à imprensa]”, acrescentou Bolsonaro.

Para o parlamentar, que defende os temas de interesse dos militares no Congresso, a representação é uma forma de tentar impedi-lo de participar das reuniões da subcomissão. “Essa é uma comissão da mentira. Eles estão revoltados porque eu falei que vou participar de toda e qualquer sessão da comissão que for dentro da Câmara. Eles querem que eu não adentre a subcomissão, mas se essa for a intenção deles, vão dar com os burros n’água”, provocou Bolsonaro.

A representação foi entregue ao presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), que irá encaminhar o documento à Corregedoria da Casa. Lá, o corregedor, deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), terá prazo de 45 dias para apresentar parecer sobre o caso. Caso considere que houve quebra de decoro, enviará o documento à Comissão de Ética para abertura de processo, que pode resultar na cassação de Bolsonaro.

Da Agência Brasil