Bancos na América Latina tem captação recorde

Os bancos latino-americanos acompanhados pela Moody”s captaram o volume recorde de US$ 27,7 bilhões com emissões de dívida de longo prazo sem garantia no ano passado, contrariando a tendência global de queda nessas operações, destaca a agência de classificação de risco em relatório. O montante representa crescimento de 13,6% em relação ao ano anterior.

Os bancos brasileiros lideraram o volume de operações na região, sendo responsáveis por dois terços do total emitido em 2012 (mais de US$ 16 bilhões). Segundo a Moody”s, houve queda no número de emissores brasileiros em 2012, mas ela foi compensada por operações com tíquete maior, dos maiores bancos da região, como Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander.

No ranking dos dois últimos anos (2011 e 2012), em que os bancos da região emitiram um total de US$ 52,1 bilhões, as quatro primeiras posições foram ocupadas pelos brasileiros BB, Itaú Santander e Bradesco, com emissões que somaram US$ 18,5 bilhões.

De acordo com Jeanne Del Casino, vice-presidente de crédito da Moody”s e uma das autoras do relatório, o aumento das emissões foi puxado pelo forte crescimento do crédito, das atividades de fusão e aquisição e pela demanda crescente do investidor. Cenário favorecido pelos juros em níveis historicamente baixos e alta liquidez global.

A Moody”s ressalta, contudo, que o crescimento das emissões de dívidas por parte dos bancos tem um saldo negativo do ponto de vista do crédito, uma vez que eleva a dependência em relação aos investidores institucionais e, com isso, o risco de refinanciamento no caso de um aumento da aversão ao risco, com impacto sobre os papéis de mercados emergentes.

Mas, pondera a agência, os riscos de refinanciamento são parcialmente mitigados pela capacidade dos bancos de tomar recursos por prazos mais longos. Em 2012, por exemplo, o prazo médio dos títulos de dívida sem garantia dos bancos na região era de oito anos. Apesar de a grande maioria das operações ter prazo final a partir de 2018, cerca de US$ 25 bilhões vencem nos próximos três anos.

Já as emissões de dívida global caíram 6%, segundo a Moody”s, diante de uma onda de reestruturações bancárias e desalavancagem provocada pela crise de 2008, principalmente na zona do euro.

Do Valor Econômico

Itaú lucra R$ 10,1 bi até setembro, e demite 13,5 mil em ano e meio

O Itaú anunciou nesta terça-feira (23) um lucro líquido de R$ 10,102 bilhões nos nove primeiros meses deste ano, alcançando o segundo maior lucro acumulado de janeiro a setembro entre os bancos de capital aberto brasileiro, segundo levantamento da consultoria Economatica.

Apesar desse resultado bilionário, o banco cortou 7.831 postos de trabalho até setembro. No trimestre, o número de trabalhadores recuou de 92.517 para 90.427, uma redução de 2.090 em três meses. Desta forma, o banco aprofundou ainda mais o processo de fechamento de empregos iniciado em abril do ano passado, totalizando a extinção de 13.595 vagas, conforme análise feita pelo Dieese.

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“É um absurdo que o Itaú com todo esse lucro estrondoso elimine quase 14 mil de postos de trabalho em apenas um ano e meio, ao invés de contratar funcionários para acabar com a enorme sobrecarga de serviços e melhorar o atendimentos aos clientes e à população”, protesta Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.

“O Itaú gasta milhões e milhões de reais com propaganda, mas o balanço revela que o banco não tem compromisso com o Brasil que cresce e se consolida no mundo. Além disso, a instituição mostra que não possui compromisso com os trabalhadores que produzem esse lucro gigantesco. O banco tem que sair da contramão e andar no rumo do desenvolvimento econômico e social com geração de empregos e distribuição de renda”, aponta o dirigente sindical.

“Com esses números, vamos intensificar a mobilização e retomar as negociações permanentes com o Itaú no próximo dia 6 de novembro, priorizando a defesa do emprego, o fim da rotatividade, novas contratações e a melhoria das condições de trabalho”, destaca. “Também vamos organizar um novo encontro nacional de dirigentes sindicais do Itaú para aumentar a pressão sobre o banco, pois a mobilização é a única linguagem que o banco entende”, enfatiza Cordeiro.

Truque da PDD

Embora o lucro líquido até setembro tenha sido 7,6% menor que o apurado no mesmo período do ano passado, ele teria sido muito maior se o banco não usasse outra vez a manobra contábil de superdimensionar as provisões para devedores duvidosos, que passaram de R$ 14.458.717 nos primeiros nove meses em 2011 para R$ 17.959.140 no mesmo período de 2012, um crescimento de 24,21%.

“Essa maquiagem é um velho truque dos bancos para diminuir os lucros. As instituições financeiras perseguem vários objetivos com essa mágica, como a redução da PLR dos bancários, a tentativa de justificar a contenção da oferta de crédito e a manutenção das altas taxas de juros, spreads e tarifas bancárias”, critica o presidente da Contraf-CUT.

A taxa de inadimplência real cresceu apenas 0,4 ponto percentual em relação a setembro de 2011 e caiu 0,1 ponto percentual em comparação a junho de 2012, o que demonstra estabilidade no período. “Nem a desculpa da inadimplência pode ser usada para justificar esse altíssimo provisionamento”, observa Cordeiro.

No terceiro trimestre, o Itaú apresentou lucro líquido de R$ 3,372 bilhões, uma queda de 11,4% ante igual período do ano passado. Os ativos totais alcançaram R$ 960,2 bilhões, quase na casa de R$ 1 trilhão, apresentando aumento de 8% em relação ao final do trimestre anterior e evolução de 14,7% sobre o mesmo período de 2011.

O patrimônio líquido cresceu 4,4% no terceiro trimestre e atingiu R$ 78,979 bilhões. Na comparação com setembro de 2011, a alta foi de 15,8%.

Receitas de tarifas crescem

O truque de que os bancos subiram as tarifas para compensar a redução cosmética das taxas de juros de algumas linhas de crédito também ficou comprovado no balanço do Itaú.

Houve aumento de aproximadamente 16% nas receitas de tarifas bancárias, passando de R$ 3,75 bilhões para R$ 4,35 bilhões, em comparação ao terceiro trimestre de 2011 e tiveram crescimento de 0,58% no trimestre. As demais receitas de prestação de serviços subiram 5,46%, chegando a R$ 10,77 bilhões em setembro.

Com isso, o excedente da cobertura das despesas de pessoal pelas receitas de prestação de serviços mais renda das tarifas bancárias cresceu 8,1 pontos percentuais, passando de 138,93% para 146,94%, comparativamente entre os nove primeiros nove meses de 2011 e 2012.

“Isso significa dizer que o banco paga os seus funcionários com essas receitas e ainda tem uma sobra equivalente a 46,94%”, explica Cordeiro.

Outros bancos
Mais três bancos se preparam para divulgar os seus balanços do terceiro trimestre. O Santander anuncia os resultados nesta quinta-feira (25); o Banco do Brasil, no dia 31; e o Banrisul, no dia 12 de novembro. O Bradesco apurou lucro de R$ 8,6 bilhões até setembro, conforme números divulgados na segunda-feira (22).

Petrobras avança na lista de marcas mais valiosas do mundo

A Petrobras e os bancos Itaú e Bradesco representaram o Brasil no ranking mundial das 100 marcas mais valiosas, divulgado nesta segunda-feira pela agência de pesquisa de marketing Millward Brown.

Com um valor de marca estimado em US$ 9,6 bilhões, o Itaú, na 90º posição, apareceu pela primeira vez na lista. O Bradesco teve uma valorização de 15% em sua marca — para US$ 8,6 bilhões — e manteve a colocação do ranking anterior, na 98º posição.

A Petrobras teve uma das maiores altas de todo o ranking. Com o crescimento de 39% no valor de sua marca, a empresa chegou ao posto de número 61 na lista, a melhor colocação brasileira. No ranking anterior, a Petrobras havia ficado em 73º.

Para compor o ranking das marcas, a agência cruza dados financeiros das empresas com avaliações de consumidores e analistas do setor, além de estimar um potencial de crescimento para a companhia no futuro.

De 2009 para 2010, o valor das 100 marcas mais valiosas do mundo cresceu 17%. A soma dos valores individuais chegou a US$ 2,4 trilhões. A agência compara o alta nos valores com um crescimento médio de 13% em mercados de capitais no mundo.

Entre as cinco marcas mais valiosas na lista de 2010, quatro são de tecnologia (Apple, Google, Microsoft e IBM). A exceção é a rede de alimentação McDonald’s, na quarta posição e cujo valor da marca é estimado em US$ 81,016 bilhões.

Da Folha