“Aclamado” por uma gigantesca vaia, o governador Carlos Moisés (PSL) sentiu ontem (4/2) na Assembleia Legislativa de SC que a lua de mel com o poder e seus apoiadores eleitorais acabou. Servidores da segurança pública, do Judiciário e do Executivo lotaram as dependências da Alesc para dar o tom que o Governo de Moisés terá diante dos projetos que deseja aprovar, como a Previdência do Estado.
Faixas, cartazes, gritos de golpista, traidor, chegaram a paralisar a fala do presidente da Assembleia, o veterano e experiente Julio Garcia (PSD), que deixou seu recado: aqui é o lugar de debate, e o parlamente fez sua parte diante do pedido de emergência da votação pedido pelo governador, deixou para discussão para este ano. Direto não?
O fato é que Carlos Moisés vai se dando conta de que governar não é atirar confetes sobre si mesmo e seu governo. É mais do que isso, é dialogar, negociar, ouvir, principalmente com os deputados estaduais. O pedido de impeachment não deve prosperar, mas deve ser o antídoto que os parlamentares terão diante da arrogância do governador. Julio Garcia tem o poder ainda maior agora. Se quiser, aceita o pedido de impeachment, que começaria a tramitar na Assembleia. E isso seria fatal para as pretensões do Governador em ano eleitoral.
Podem pensar, não, o pedido não tem embasamento, etc. Mas em política, o que vale é a vontade, e os entendimentos da lei mudam de acordo com a vontade e dos momentos políticos… Dilma Rousseff que o diga! A classe que apoiou e votou no 17 sem olhar, estava lá nas galerias e saguão da Assembleia a gritar contra o que tem vivido no governo do coronel bombeiro aposentado aos 48 anos.
Acabou a lua de mel. Tempestades à vista. O governador Carlos Moisés saiu do parlamento ontem visivelmente incomodado com as vaias, a pressão e a certeza de que vai precisar apagar muitos incêndios para continuar a governar.