Livro resgata a história dos 50 anos da Udesc Joinville

palavralivre-livro-udesc-joinvilleNa Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) em Joinville se formaram mais de cinco mil engenheiros. Quando surgiu, na década de 60, com o nome de Faculdade de Engenharia de Joinville (FEJ), era distante o planejamento se de tornar o maior centro de ensino superior estadual.

A história da implantação da faculdade e a consolidação como centro universitário é contada no livro “Udesc Joinville 50 anos: uma trajetória de sucesso no ensino público superior de Santa Catarina”. A obra com 286 páginas e arquivo de imagens foi lançada na última terça-feira, 8.

A secretária executiva da Agência de Desenvolvimento Regional (ADR) de Joinville, Simone Schramm, participou da solenidade na sede da Associação dos Municípios do Nordeste de Santa Catarina (Amunesc), juntamente com o reitor em exercício, Leandro Zvirtes, e diretor do campus Joinville, José Fernando Fragalli.

“A Udesc é motivo de orgulho para a nossa cidade porque contribuiu para o desenvolvimento de toda Santa Catarina e, principalmente, porque transformou a vida das pessoas”, disse Simone.

Na publicação, organizada pela professora Jurema Iara Reis Belli e pelos técnicos Marilena Manske e Sergio Sestrem, há registros dos bastidores da criação da universidade.

“Em 1956, a cidade se destacava como principal pólo industrial e no mesmo ano uma comissão era criada para tratar da instalação da faculdade de engenharia no Município, junto ao governo estadual”. Mas efetivação só teve êxito anos mais tarde quando um grupo liderado pelo dom Gregório Warmeling teve êxito nas negociações com o governador Celso Ramos.

Nascida para contribuir com a formação de engenheiros, atualmente oferece gratuitamente nove cursos de graduação, dez mestrados, dois doutorados e 11 de pós-graduação.

A Udesc é a primeira universidade pública a expandir pelo interior e é considerada a sétima melhor no Brasil. Localizada em uma área de 67 mil metros quadrados, está sendo expandida com a construção de mais um bloco.

O novo prédio de seis andares e 7,5 mil metros quadrados, denominado de bloco I tem investimento de R$ 12.333.056,60 milhões. A estrutura vai agregar ensino, pesquisa e área de vivência. Um andar será dedicado à biblioteca juntamente com um mezanino. Um pavimento será destinado ao auditório para 200 pessoas. Nos outros quatro andares, haverá laboratórios, salas de aula e pesquisa.

Joinville implanta Sistema Municipal de Museus

O Sistema Municipal de Museus de Joinville (SMM-Jlle), sistema setorial vinculado ao Sistema Municipal de Cultural, foi instituído na última quinta-feira (22/11), pelo Decreto nº19.798 assinado pelo Prefeito Carlito Merss. Este Sistema tem por objetivo promover a interação entre os museus, instituições e profissionais ligados ao setor de museus, garantir a gestão integrada e o desenvolvimento das instituições, formular uma Política Municipal de Museus, implementar o Cadastro Municipal de Museus, dentre outras atribuições. A aprovação do Sistema chega no mesmo momento da entrega de duas obras importantes para o patrimônio cultural da cidade, a Casa Enxaimel do Museu Nacional de Imigração e Colonização e a Reserva Técnica do Museu de Arte de Joinville.

Antes da aprovação, a minuta do Decreto que regulamenta o Sistema, foi apresentado aos técnicos dos museus e espaços de memória da Fundação Cultural de Joinville (FCJ) e profissionais de outras instituições museológicas durante o Fórum Setorial de Museus e Espaços de Memória, realizado no dia 15 de outubro. Nesta reunião pública, o documento teve algumas alterações conforme as prioridades do setor e atribuições das instituições privadas e públicas da cidade.

O sistema que está sendo implementado em Joinville é o quarto Sistema Municipal de Museus oficialmente criado no país. Os municípios que já possuem o Sistema de Museus são Ouro Preto, Pelotas e Santa Maria. A criação do Sistema contou com o apoio dos representantes do Sistema Estadual de Museus de Santa Catarina (SEM-SC). Para o gerente de Patrimônio Cultural, da Fundação Cultural de Joinville, Diego Finder Machado, o SMM será importante para estimular a cooperação entre as instituições públicas e privadas, contribuindo para a troca de experiências e a implantação de políticas de preservação. “A princípio, o Conselho Gestor do Sistema terá duas tarefas importantes para os museus e espaços de memória de Joinville: a construção de um planejamento para a área museológica da cidade e o Cadastro Municipal de Museus, que vai auxiliar na construção de um diagnóstico sobre as instituições do município”, conclui o gerente Diego Machado.

O Sistema Municipal de Museus é uma rede organizada de instituições museológicas, baseada na adesão voluntária, que visa à coordenação, articulação, mediação, qualificação e cooperação entre os museus. Este Sistema possui vínculo com o Sistema Municipal de Cultura (SMC-Jlle), nos termos do artigo 9º da Lei Municipal nº 6.705, de 11 de junho de 2010, e em conformidade com a Lei Federal nº 11.904, de 14 de janeiro de 2009, que instituiu o Estatuto de Museus. As instâncias do Sistema são o Fórum Setorial de Museus e Espaços de Memória, o Conselho Gestor e a Coordenação.

O Conselho Gestor do SMM será instância permanente de caráter normativo, consultivo, deliberativo e fiscalizador; sendo formado por representantes da sociedade civil e do poder público municipal, ao total 14 (quatorze) membros. A composição terá a participação de 04 (quatro) representantes dos quadros de carreira de instituições museológicas públicas de Joinville; 04 membros dos quadros das instituições privadas ou mistas que atuam no setor; 01 (um) representante da sociedade civil do Conselho Municipal de Política Cultural (CMPC-Jlle); 01 (um) representante da sociedade civil da Comissão do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Natural do Município de Joinville (COMPHAAN); 01 (um) representante da sociedade civil do Conselho da Cidade; 01 (um) membro da Fundação Cultural de Joinville, 01 (um) membro da Secretaria  de Educação, e 01( um) membro da Fundação Turística de Joinville.

Poderão se candidatar ao Conselho Gestor representantes de instituições que formalizarem adesão ao Sistema Municipal de Museus e que tenham no mínimo dois anos de atuação comprovada. A eleição do Conselho deverá ser realizada no próximo Fórum Setorial de Museus e Espaços de Memória, no ano de 2013. Após a composição do Conselho Gestor, serão eleitos entre os representantes, os membros que formarão a Coordenação do SMM, sendo um representantes de instituição pública, instituição privada ou mista, e representante da Fundação Cultura de Joinville.

Entrega das obras nos Museu Nacional e Museu de Arte

Ao comemorar seus 50 anos de atividades, o Museu Nacional de Imigração e Colonização (MNIC) recebe a conclusão da obra de restauro da cobertura da Casa Enxaimel. Localizada nos fundos do Museu, o espaço recria a tradicional casa e os costumes dos imigrantes. A entrega da casa será realizada nesta sexta-feira (30/11), às 18 horas, após a apresentação do projeto “Acústico no Museu – saraus brasileiros”, na sala de piano do Museu. O valor do restauro foi de cerca de R$ 33 mil com recursos do Fundo Municipal de Incentivo à Cultura, do Sistema Municipal de Dsenvolvimento pela Cultural (Simdec).

O acervo das obras do Museu de Arte de Joinville (MAJ) serão acondicionadas em um novo espaço qualificado. O Anexo 2, da Cidadela Cultural, passou por uma reforma para a instalação da Reserva Técnica do Museu. Além das obras estruturais, o local recebeu novo mobiliário para o acondicionamento dos acervos do Museu de Arte e da Galeria Municipal de Arte Victor Kursancew (GMAVK), que comportam cerca de 1.170 obras.

No Anexo 2 foram feitas a reforma da cobertura (parte do telhado, calhas, drenagem pluvial, forro e esquadrias) e o sistema elétrico. O projeto de reforma foi contemplado pelo Fundo Municipal de Incentivo à Cultura, no valor de R$ 97.660,70.  O sistema de acondicionamento também recebeu os recursos do Fundo Municipal 2011, do Simdec, no valor de R$ 32.215,20.

A Reserva Técnica do MAJ será entregue no domingo (02/12), às 13 horas, no Anexo 2 da Cidadela Cultural. O espaço estará aberto para que os visitantes possam conhecer a estrutura e o sistema de acondicionamento das obras na reserva técnica. As visitas guiadas ocorrem somente no domingo, das 13h às 18 horas.

Jogo incentiva aprendizado de história

Wellington Rutes, Éwerton Cercal e Matheus Ramos da Silva - Foto de Carlos Marciano

O ano é 1986, o solo é seco, os aliados de Euclides da Cunha foram derrotados e o protagonista é um historiador do futuro. Um personagem fora dos livros didáticos da  História do Brasil, mas fundamental no jogo que está em desenvolvimento pelo Núcleo de Aplicações Visuais (Navi) da Udesc Joinville. O projeto será apresentado nesta terça-feira, 27, no I Simpósio de Pesquisa em Games da UFSC, em Florianópolis.

Como o próprio nome diz, “Historiador do futuro: missão Canudos”, irá retratar o conflito (1896 a 1897) entre o Exército Brasileiro e os integrantes de um movimento popular de fundo sócio-religioso liderado por Antônio Conselheiro. Porém, o protagonista não é um combatente, mas sim um pesquisador vindo do futuro, que se vê dentro do campo de batalha a fim de registrar o acontecimento. Curioso e sem compromisso com nenhum dos lados, ele resgatará aspectos tanto do lado militar quanto dos opositores, reescrevendo a história.

Embasado pelo conceito dos Jogos Sérios (formatos que trazem à tona assuntos de interesse amplo, podendo até ser de cunho social), a proposta do grupo é fazer um jogo que ensine de forma lúdica o fato histórico. “O nosso diferencial será permitir a interatividade e imersão. No comando do Historiador, o aluno irá coletar informações, escutar conversas, interagir com objetos, enfim, vivenciar o conflito”, ressaltou Éwerton Cercal, estudante de Ciência da Computação, que faz parte do grupo de desenvolvedores.

A base histórica que permeará o roteiro do jogo virá do livro “Os Sertões”, do jornalista Euclides da Cunha, além de seus escritos divulgados no jornal O Estado de São Paulo, quando na época o escritor presenciou parte desta guerra como correspondente do veículo. Neste sentido o projeto desenvolvido pelo Navi também trata-se de um Newsgame, ou seja, jogo que retrata acontecimentos, atuais ou não, difundidos na mídia jornalística.

Embora migre para o cenário e interaja com o ambiente, o personagem principal é um pesquisador que volta no tempo com a tarefa de compreender a história humana, porém sem alterar os acontecimentos propostos em “Os Sertões”. No entanto, o jogador poderá tirar suas próprias conclusões sobre o conflito, por conhecer os dois lados combatentes.

Para progredir no jogo o usuário terá que coletar informações dos exércitos, preencher formulários com os achados além de receber recompensas por tarefas bem sucedidas. “Isto fará com que o aluno assimile o conteúdo ali retratado, e somente passará de fase e receberá recompensas se responder corretamente aos questionamentos”, destacou Éwerton.

Programadores, game designers, modeladores e roteirista integram a equipe, formada por estudantes de três instituições e apoiada também por profissionais de outras áreas como professores de história que auxiliam para que o desenvolvimento do enredo esteja de acordo com os registros históricos do conflito. Ao todo, 12 pessoas trabalham diretamente com o projeto.

Por ser um projeto extracurricular o jogo ainda está em início de desenvolvimento, porém já tem a parte conceitual estruturada além dos avanços no roteiro, modelagens e personagens. A mecânica e ferramentas técnicas também estão definidas: a modelagem, texturização e animação 3D será feita na plataforma Blender. Já o motor que rodará o jogo nos computadores será desenvolvido no Unreal Development Kit (UDK).

“A princípio queríamos fazer um jogo on-line, com acesso pelo navegador. Mas devido a questões de segurança e outros problemas que poderiam surgir optamos por criar o jogo nessa plataforma e instalá-lo posteriormente nos computadores”, explicou Éwerton.
Ele destacou que a meta é finalizar o tutorial do jogo até a segunda quinzena de dezembro e desta forma testar as configurações de movimento e mecânica. Feito isso e já com a programação traçada, o próximo passo será criar a versão beta com a primeira fase do jogo. Esta deverá ficar pronta no início de 2013 e será testada com as turmas do ensino fundamental da Escola Celso Ramos.

“O início é a parte mais complicada, após os primeiros testes práticos na escola teremos um feedback do projeto e saberemos onde aprimorar. Com a parte técnica estruturada o trabalho tende a ficar mais rápido”, espera Éwerton  ressaltando que a partir de então o foco será na construção do enredo das próximas fases, até o conflito ser totalmente retratado no jogo.

Memória: Conrado de Mira, o organizador do sindicalismo joinvilense

Esta é mais uma matéria, reportagem especial que fiz para o jornal Notícias do Dia para a seção Memória, publicada na edição de final de semana – 17 e 18 de dezembro de 2011 – que retira do baú a história do sindicalismo joinvilense com um pouco da vida do senhor Conrado de Mira, já falecido. Baseei essa reportagem em entrevista com sua viúva, dona Irany Caldas de Mira, e pesquisa em arquivos históricos e documentos familiares. Mais uma contribuição para o resgate de nossa história, falando dos trabalhadores que muitas vezes são “invisíveis” aos olhos das pessoas por falta de abordagem da mídia em geral. Compartilho com os leitores do Blog em homenagem a esses dias em que o livro está em alta com nossa Feira do Livro, confiram abaixo:

” Se hoje os trabalhadores brasileiros têm direito às férias, jornada de trabalho definida, décimo-terceiro, aposentadorias, pensões, entre outros direitos, tudo se deve a muitos líderes operários que enfrentaram a dura disputa contra o capital no início do século 20. Entre eles um marceneiro, Conrado de Mira, que entre 1929 e 1930 abraçou a causa de Getúlio Vargas com a famosa Revolução de 1930, que derrubou o governo de Washington Luís, e ampliou os direitos trabalhistas. Mira foi um dos fundadores do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil em 1931, e logo virou seu presidente. Em seguida os trabalhadores foram se organizando nos sindicatos dos trabalhadores em olarias, dos metalúrgicos, dos gráficos, dos moinhos, das oficinas mecânicas, dos estivadores, dos têxteis e também dos trabalhadores em massas alimentícias.

Graças ao seu preparo intelectual, Conrado de Mira foi aos poucos sendo funcionário de todos os sindicatos. Ele dirigia e administrava toda a burocracia sindical, e inclusive fazia as defesas trabalhistas. Tudo isso está registrado na enorme documentação que está depositada no Arquivo Histórico de Joinville, fruto de doação da família. Mas também está em parte anotado na memória de sua viúva, Irany Caldas de Mira, que aos 72 anos mantém uma saúde em dia, viaja e passeia bastante com as amigas, e mantém tudo arrumadinho na casa em que viveu com seu marido por 25 anos, no centro da maior cidade catarinense. “Ele era viúvo, e eu trabalhava como secretária no Sindicato. Acabamos casando quando eu tinha 18 anos, e ele uns 55 acho”, explica.

Ela vive com a filha Fárida na casa quase centenária. O outro filho, Farley, mora em Foz do Iguaçu. Eles lhes deram três netos. Conrado teve ainda dois filhos do primeiro casamento, Fausto que mora em Florianópolis, e Flavio que já faleceu. Dona Irany relata que ele era muito animado, festeiro, e muito alvoroçado. “Ele não parava nunca! Trabalhava direto, no sindicato, e trazia trabalho prá casa. Não tinha ano novo, nada. Só descansou quando morreu mesmo”, confirma a senhora franzina que superou momentos difíceis ao lado do marido sindicalista. A devoção pelo trabalhismo de Vargas o levou também a política partidária. Conrado de Mira foi candidato a prefeito por duas vezes (1947 e 1955), a deputado estadual pelo menos outras duas, e foi eleito vereador.

A farta documentação meticulosamente datilografada, organizada, anotada e arquivada mostra que sua intelectualidade era acima da média. De milhares de documentos, dona Irany guarda poucas coisas, mas nesses papéis se vêem manifestos aos trabalhadores, boletins informativos periódicos, vários com o título “Deixa o trabalhador passar”, e muito material político promocional. Segundo Irany, Conrado era muito articulado. “Ele se dava bem com todos, com o Jota Gonçalves, apoiou o João Colin, mas brigavam também. Depois, voltava tudo ao normal”, conta abrindo o sorriso tímido. O sindicalista foi do PTB, PSB e também do PSP de Adhemar de Barros, até chegar o golpe militar de 1964.

Dona Irany conta, aflita com as lembranças, quando Conrado foi preso pelos militares. “Ele estava com o filho no Sindicato. Os soldados os levaram todos presos! Depois dois soldados vieram até em casa e pediram para ir buscar o Farley (filho), que ele não podia ficar lá. Foi tão ruim que nem gosto de lembrar”, assinala. A filha Fárida completa. “A mãe nem viu o pai. Deixaram ela em uma sala, e foi difícil trazer meu irmão, que chorava e dizia que estavam batendo no pai”, recorda. A família demorou meses para rever Conrado, que foi enviado para Florianópolis, depois Rio de Janeiro, até ser liberado. A acusação era de associação ao comunismo, coisa comum naqueles anos de chumbo. “A vida ficou muito difícil prá gente. Vendemos coisas para manter a casa”, revela Irany.

O medo foi companhia freqüente. A polícia invadiu a casa sem mandado, reviraram móveis, roupas íntimas, tudo que viam conta ela. “Procuravam não sei o que. Não diziam nada! E eu não sabia de nada disso, de comunismo, política. Isso não me interessava”, relembra dona Irany. A partir dessa época, diz ela, amigos e vizinhos abandonaram os Mira. “Ninguém queria falar comigo. Diziam que eu era comunista, pode? Nem brincar com meus filhos os outros pais deixavam. Temiam ser presos porque eu era vigiada”, fala emocionada. Até Conrado de Mira ser libertado, viveram também de compras em mercados que vendiam fiado.

Em meio aos móveis antigos, fotos da família e do casamento, Irany destaca o trabalho e a dedicação que o líder sindical à causa dos trabalhadores. “Ele trabalhava nessa mesa (indica sentada), dia e noite. Depois da sua prisão, ficou sem nada, sem emprego, sem vínculos com sindicatos, nada. Trabalhou como autônomo para manter a família, inclusive com o atual senador Luiz Henrique em seu escritório, até morrer”, enfatiza. A filha Fárida comenta que seu pai foi amado e odiado. “Uns diziam que era pelego, que defendia os patrões. Outros que era governista. Mas o fato é que ele defendia as suas convicções, no caso do trabalhismo de Getúlio. E foi muito, muito injustiçado”, defende. De um lado, empresas e empresários não gostavam por sua ativa defesa dos trabalhadores. De outro, os trabalhadores que achavam que seus direitos não eram defendidos. Não era possível agradar a todos.

“Olha, o que eu via era que muitas pessoas vinham trazer galinha, pato, aipim, cará, tudo já limpo em agradecimento pela vitória com o trabalho de Conrado. Eu nunca entendi porque um homem que fez tanto por tanta gente foi tao atacado. Até quando a filha nasceu ele estava fora, no Rio de Janeiro”, explica dona Irany. Conrado de Mira foi o grande articulador do movimento sindical joinvilense durante quase 40 anos. Aos poucos os sindicatos foram se desmembrando e seus dirigentes passaram a administrar suas estruturas próprias, oferecendo gradativamente assistência aos sócios e trabalhadores.

Morto aos 77 anos de infarto fulminante em 1981 – “dormiu e não acordou, relata a viúva Irany” -, seu corpo descansa no cemitério municipal próximo da escadaria que leva ao alto da cruz. Como única homenagem, seu nome está em uma rua no bairro Costa e Silva, por onde passam diariamente milhares de trabalhadores que desconhecem quem é o personagem com o nome dependurado em um poste. Ignoram a história do desbravador do movimento sindical que ajudou a consolidar os direitos básicos dos trabalhadores. Nos arquivos depositados no Arquivo Histórico com milhares de documentos e boletins informativos dos tempos em que sequer se imaginava o aparato tecnológico dos dias atuais com internet, jornais on-line, e estruturas de comunicação e de apoio aos trabalhadores, estão muitas lições aos atuais e futuros líderes sindicais. Um legado de respeito e indispensável para entender o mundo do trabalho”.

Arquivo Histórico de Joinville completa 40 anos nesta terça-feira (20/3)

Nesta terça-feira (20/03) o Arquivo Histórico de Joinville completa 40 anos de fundação. Esta unidade da Fundação Cultural de Joinville (FCJ), que visa a preservação, conservação e restauro de documentos privados e de interesse público, foi criada pela da Lei Municipal nº 1.182, de 20 de março  de 1972.

Para comemorar a data, a instituição apresenta a palestra “Arquivos e usos contemporâneos do passado: da história à administração pública”, ministrada pelo Diretor Geral do Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro, professor doutor Paulo Kanuss Mendonça. A palestra será realizada nesta terça-feira (20) na Câmara de Vereadores de Joinville, às 19 horas. A entrada é aberta à comunidade.

O diretor geral do Arquivo do Rio de Janeiro, Paulo Knauss Mendonça desenvolve pesquisas na área de História sobre as relações entre Memória e Patrimônio Cultural, nos campos da história da arte, da cartografia, história oral, urbana e historiografia. A fala do professor doutor vai ser focada nos usos contemporâneos dos arquivos documentais para as práticas de pesquisa e ensino. Além disso, o palestrante fala sobre a problematização dos processos administrativos da gestão de documentos.

Mendonça possui pós-doutorado pela Universidade de Estrasburgo, na França (2006) e doutorado em História pela Universidade Federal Fluminense, no Rio de Janeiro (1998). Atua como professor do departamento de História e do Laboratório de História Oral e Imagem da Unversidade Federal Fluminense. É autor de vários trabalhos, incluindo o livro de co-autoria “Brasil: uma cartografia”, de 2010.

A fala da palestra é dirigida a acadêmicos de cursos de graduação e de mestrado em História, Patrimônio Cultural e áreas afins, professores, pesquisadores, gestores e demais interessados.

Atividades comemorativas a data
Ao longo do ano, o Arquivo Histórico irá realizar atividades em comemoração aos 40 anos de fundação da unidade. Entre uma destas atividades, destaca-se a publicação da terceira edição da Revista do Arquivo Histórico de Joinville. Os interessados em participar da revista, podem enviar seus trabalhos até o dia 30 de abril. O lançamento da revista esta marcada para o mês de novembro de 2012.

Os trabalhos serão divididos em três categorias: Artigos, Documentações e Resenhas, sendo encaminhados ao conselho consultivo para parecer. Os artigos devem conter entre 15 a 20 páginas (incluindo citações, referências, imagens e tabelas), e um breve resumo de até dez linhas em português e inglês, além de três palavras chaves nos dois idiomas. Os textos da seção de documentação a exigência é de no máximo 10 páginas (incluindo citações, referências, imagens e tabelas). As resenhas devem ter entre 5 a 7 páginas.

Os materiais devem ser inéditos e estar acompanhados de carta de autorização para publicação. Mais informações pelo email ah@joinvillecultural.sc.gov.br ou pelo telefone (47) 3422.2454 no AH. O edital da chamada dos trabalhos esta disponível no site www.joinvillecultural.sc.gov.br.

No mês de setembro, o Arquivo Histórico vai apresentar uma exposição com documentos que se destacam pela importância e raridade, materiais recolhidos e conservados ao longo dos 40 anos da instituição. A mostra visa a interatividade da comunidade com o Arquivo Histórico, mostrando a diversidade e riqueza de acervo.

Da Ass. Imprensa FCJ

Perfis: Heitor Júnior mantém viva a memória do pai na Ratinho Sports

Esse é um dos perfis que mais me emocionou, não só porque a história é comovente, mas pela amizade que uniu a este jornalista e Heitor em nossa juventude. Rever o amigo, recuperado da tragédia, e poder contar seu renascimento muito me orgulhou. Abraço amigo Heitor, siga em frente sempre com alegria, você merece! E aos leitores, boa leitura e comentários!

“Ele não foi craque como Pelé, Garrincha, Cruyff, Maradona, Ronaldo, mas driblou como ninguém o pior marcador dos campos da vida: a tragédia da perda. É certo que não foi fácil, não é fácil porque esse jogador é persistente, duro e teima em não desgarrar do jogador que, mesmo perseguido, correu para vencer mais uma batalha e continuar no jogo da vida. Esse é Heitor Martinho de Souza Júnior, o Ratinho, ou somente Heitor, Dego para os íntimos, 42 anos, filho do craque Heitor Martinho de Souza, o Ratinho, grande jogador nascido no Itaum e formado no celeiro de craques do Fluminense, clube emblemático do bairro da zona sul de Joinville.

Heitor é comerciante de material esportivo e mantém viva a memória do pai mantendo a tradicional loja Ratinho Sports, onde gerações já compraram chuteiras, camisas de clubes, troféus, medalhas, meiões para seus craques, ou mesmo para bater bola pelos campos e quadras. Há 35 anos o pai Ratinho, quando veio encerrar a brilhante carreira de jogador de futebol como campeão pelo Joinville Esporte Clube, abriu a loja na rua do Príncipe em frente à Caixa Econômica Federal. Heitor já acompanhava o pai. “Fui o mascote do Jec na final, e vi meu pai chorar muito com a vitória”, lembra com os olhos marejados de lágrimas.

O sentimento é justificado. Há dez anos Ratinho pai, a esposa Emídia, a mulher Maria e suas três filhas foram sacados do time por obra de um Gol irregular, e só Heitor ficou jogando por aqui. Obra do destino? Um acidente na estrada que leva à Barra do Sul ceifou a vida de tudo que ele mais amava em um instante. Só ele sobreviveu. “Perdi tudo que tinha, que mais amava. Eles morreram e eu fiquei vivo, mas morto”, revela com amargura. A cidade ficou comovida. Heitor só saiu do hospital após dois meses, sem saber que todos tinham falecido. A loja ficou esse tempo todo fechada. Contas e mais contas vencidas, e mais ninguém para chorar junto ou buscar saídas.

Mesmo triste, Heitor encarou o retorno aos gramados da Ratinho Sports. Passou por um problema, dois tres, varios. A clientela torcia e comparecia. Matando no peito e colcoando a bola no chao, ele venceu e agora está firme jogando na rua Max Colin, 150 sempre com clientes entrando e saindo da loja, ou ligando para o fone que também nao é mudado há 35 anos. Como o pai que jogou no Fluminense do Itaum, Marcílio Dias, Portuguesa de Desportos (SP), São Paulo, Seleção Paulista – esteve também entre os 40 que poderiam ir à Copa de 1970 – e Jec, Heitor também jogou no Joinville, Atlético Mineiro, Ponte Preta, mas deixou o futebol para casar e trabalhar com o pai. Só jogou no futebol amador joinvilense no Caxias, América, 25 de Agosto, Fluminense e Krona, onde parou em 2006.

Entre a atençao a um e outro cliente que chega na loja, Heitor fala sobre o novo momento após o longo filme de terror, que chega a um final feliz. “Estou em uma fase nova, boa. Encontrei uma nova companheira, a Lara, casamos há dois anos, e ela está grávida de tres meses. É uma ressureição”, conta sorridente. Lara é prima do ex-jogador Toto, e trabalha em Jaraguá do Sul. Heitor cuida da sua estamparia e da loja com carinho. “É o nome do meu pai, tenho muito orgulho de ser filho dele, uma pessoa que todo mundo gostava. Aprendi com o que passei que temos de deixar em vida é o caráter, a bondade, simpatia. Nenhum bem material é maior que isso”, destaca. Mais um cliente entra, e lá vai ele, pronto para o jogo. Toca a bola e segue em frente na vida Heitor, a torcida quer mais um golaço!”

* Publicado na seção Perfil do Jornal Notícias do Dia de Joinville (SC) em junho de 2011.

 

Nasci em Porto Seguro meu nome é Brasil

Praia de Coroa Vermelha
Praia de Coroa Vermelha
    História de Porto Seguro A Historia do Brasil tem início em Porto Seguro. Em 22 de Abril de 1.500 a esquadra
    de Pedro Álvares Cabral desembarcou pela primeira vez em terras até então desconhecidas, dando inicio á
    formação deste maravilhoso país.
    A Costa do Descobrimento é um conjunto de lugares únicos onde o visitante pode escolher as mais diversas
    opções que vão do turismo ecológico, nos refúgios mais paradisíacos, até a badalação da noite muito
    animada. A terra do descobrimento continua sendo descoberta a cada visita. Um dos destinos mais
    procurados do País encarta os seus visitantes com a sua infra-estrutura, com a quantidade de opções de
    lazer que oferece e com a exuberância natural, uma região considerada Patrimônio Mundial Natural pela UNESCO.

    A cidade de Porto Seguro tem suas atividades econômicas baseadas no turismo, extração vegetal,
    agricultura, pecuária e pesca. São 90 km de praias formadas por recifes de corais, enseadas, rios, riachos,
    coqueirais e uma exuberante Mata Atlântica. Um verdadeiro paraíso ecológico, que oferece uma mistura de
    história, cultura, arte e belezas naturais. Diversidade é uma palavra presente no turismo em Porto Seguro.
    Ecologia, diversão, negócios, história e cultura são algumas das opções que a cidade oferece. Tudo somado
    ao encanto e simpatia natural de nossa gente. Aproveitar Porto Seguro é encontrar o equilíbrio perfeito
    entre a natureza, o homem e sua história.

    Porto Seguro possui alguns dos mais antigos monumentos históricos do País, além de paisagens naturais de
    rara beleza ao longo de sua costa. Visitar o sítio histórico da Cidade Alta é quase uma obrigação para os milhares de turistas que chegam a Porto Seguro. Cidade Monumento Nacional instituída por decreto presidencial desde 1973. Primeiro núcleo habitacional do Brasil, Porto Seguro, além de representar o próprio marco do descobrimento, desempenhou papel importante nos primeiros anos da colonização. São desta época os prédios históricos que podem ser visitados durante o dia ou apreciados à noite, quando estão sob efeito de iluminação especial.

    O Marco veio de Portugal entre 1503 e 1526, e simboliza o poder da Coroa Portuguesa, utilizado para demarcar suas terras. Todo em mármore de cantaria, de um lado está esculpida a Cruz de Avis e do outro, as Armas de Portugal. Nesta mesma área está a Igreja de N. Sra. Da Pena , construída em 1535 pelo donatário da capitania, Pero de Campos Tourinho. Ai estão guardadas imagens sacras dos séculos 16 e 17, entre elas a de São Francisco de Assis primeira imagem sacra trazida para o Brasil e a de Nossa Senhora da Pena , padroeira da cidade, que tem seus festejos no dia 8 de setembro.

    Há 500 anos, quando aqui desembarcou, Cabral já sabia que Porto Seguro era um grande achado. De lá para cá não só os portugueses, mas holandeses, espanhóis, italianos, franceses, israelenses, brasileiros, gente dos quatro cantos do mundo já descobriu que, 500 anos depois, Porto Seguro ficou muito melhor. “ Nasci em Porto Seguro, meu nome é Brasil… Um grande destino desde 1500!”


Porto Seguro – BA