Fumaça Tóxica em São Francisco do Sul – Após sete anos, sai decisão judicial sobre indenizações

A 2ª Vara Cível da comarca de São Francisco do Sul, sob a responsabilidade do juiz Tiago Fachin, julgou procedente, em parte, processo que apurou as responsabilidades de empresas de logística/transporte e de comércio exterior quanto à origem da fumaça tóxica registrada naquele município em 2013.

Elas foram condenadas a promover a recuperação integral da área degradada, de forma a restituir a situação ambiental anterior, assim como terão de indenizar 16 mil famílias de moradores atingidos pelo desastre ecológico no período compreendido entre 2013 e 2020.

O episódio aconteceu na noite do dia 24 de setembro de 2013, no município de São Francisco do Sul, quando expressiva quantidade de fertilizante estocado em armazéns da região entrou em combustão advinda de uma reação química. O acidente causou a formação de extensa e espessa cortina de fumaça, que imediatamente atingiu diversos bairros da cidade.

Os autos relatam que a fumaça perdurou por três dias, quando foi controlada a queima do material tóxico com a cessão da emissão da fumaça, o que possibilitou o retorno dos moradores à cidade, aos seus bairros e às suas residências.

Na época, o Município decretou situação de emergência. Cerca de 105 pessoas foram atendidas no hospital de São Francisco do Sul com sintomas de intoxicação. Em sua decisão, o magistrado cita a Teoria do Risco Integral e as mais de 16 mil ações individuais propostas pelos moradores residentes pela fatídica explosão química. Grande parte dessas ações já foi paga pelas empresas nos últimos seis anos – restam menos de 10% do total.

Defesas
Em suas defesas, as empresas argumentaram que o armazenamento dos fertilizantes estava dentro dos padrões e também impugnaram o conteúdo do laudo pericial elaborado pelo Instituto Geral de Perícias (IGP), ao sustentar a não configuração da responsabilidade civil por dano ambiental. Na época, análises constataram uma alta concentração de íons de nitrato e amônio, bem como elevada salinidade na atmosfera local.

Ainda no processo, o juiz Tiago Fachin menciona os artigos 4º e 14º da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que trata da Política Nacional do Meio Ambiente, assentando alguns conceitos básicos quando se refere à violação ao ambiente. Nesta mesma direção, o magistrado expõe o artigo 225 da Constituição Federal de 1988: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”

O processo indenizatório, uniformizado pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina e debatido no Grupo de Câmaras de Direito Civil desta Corte nos autos n. 0600252-4.2014.8.24.0061, destaca o importe de R$ 1.500 por pessoa lesada.

“Trata-se de fato notório, amplamente veiculado à época de sua ocorrência pela imprensa local, regional, nacional e internacional, e que até os dias atuais ainda causa repercussão, tamanha a proporção do histórico incidente que se sucedeu na austera São Francisco do Sul. Comprovou-se, por meio dos inúmeros documentos, sem sombra de dúvidas, a ocorrência de danos ao meio ambiente. A condenação à indenização é sustentada, ainda, pelo caráter pedagógico da sanção (punitive damages), como meio de inibir a prática de novos atos similares”, conclui o juiz Tiago Fachin. Da decisão cabe recurso ao Tribunal de Justiça (Autos n. 0900042-07.2014.8.24.0061).

Acidente Ambiental em São Francisco (3): Reflexões, perguntas, sugestões, sair da inércia é urgente

O grave incidente em São Francisco do Sul (SC) com essa queima de produtos tóxicos vai gerar muitas controvérsias. Mas deve também gerar ações dos governos locais, estadual e federal. Hora de sair da inércia. Diminuir o IBCH – Índice Bunda Cadeira Hora, e aumentar o conhecimento efetivo e métodos de gestão.

Qual a situação exata legal da empresa?
Quem liberou as licenças ambientais, de funcionamento, registros nos órgãos competentes como CREA?
Qual a forma de armazenamento destes produtos?
Quem vai pagar pelos prejuízos materiais e físicos, já que a cidade parou, o porto parou, empresas pararam, e pessoas foram atingidas?
E quem vai recuperar os danos ambientais?

E será preciso repensar:

Como são liberadas os licenciamentos ambientais, de funcionamento, etc. Está na hora de órgãos independentes dos Executivos realizarem tais procedimentos.

Qual o preparo da defesa civil, integração e aparelhamento para casos desta natureza, de alto grau de intoxicação.

Quando efetivamente os líderes e Prefeitos vão efetivamente implantar concretamente as ações compartilhadas metropolitanas? Lixo, saneamento, água, transporte coletivo, etc, etc. Vamos esperar o caos para pensar e agir?

E os amigos podem contribuir com mais e mais coisas a pensar, e dos prejuízos gerais…

Acidente ambiental em São Francisco do Sul (1): Falta de ações compartilhadas, metropolitanas

Este incidente em São Francisco do Sul (SC) só mostra o quanto precisamos de políticas públicas preventivas regionalizadas. Ninguém, nenhuma região está livre de ser atingida por casos como esse, de graves proporções tóxicas para as pessoas e o meio ambiente.Há mais de dez anos discutíamos isso na Prefeitura de Joinville – SC quando participei da gestão na Secretaria do Desenvolvimento e Integração Regional, à época.

De lá para cá, pouca coisa andou. É preciso retomar o pensamento e ações regionais, metropolitanas. É mais coerente, barato e efetivo. Que tudo seja resolvido e minimizada o mais rapidamente na nossa Babitonga. A foto é do AN on line.

Incêndio em São Francisco do Sul: Saúde orienta moradores sobre como se proteger

O Centro de Informações Toxicológicas (CIT) da Secretaria de Estado da Saúde dá orientações gerais sobre a fumaça que permanece em São Francisco do Sul, na região próxima ao porto, em função do incêndio do contêiner contendo nitrato de amônia, diafosfato de amônia e cloreto de potássio, ocorrido na noite de terça-feira, 24.

A supervisora do CIT, Marlene Zannin, explica que a população deve permanecer calma e atenta aos sintomas. Segundo ela, a dispersão dessas substâncias (nitrato de amônia, diafosfato de amônia e cloreto de potássio) provoca alguns efeitos agudos, como tosse, pele avermelhada, olhos lacrimejantes e doloridos, além de congestionamento das vias orais.

A orientação é sair da exposição à fumaça, ir para local arejado e tomar banho com água e sabão, lavando todo o corpo, inclusive o couro cabeludo e as mucosas nasais, para eliminar resíduos das substâncias. Se os sintomas persistirem ou se agravarem, a pessoa deve então procurar atendimento médico.

Das cerca de 70 pessoas atendidas na rede de saúde de São Francisco do Sul, nenhuma foi configurada como caso grave, afirma Marlene. A CIT está acompanhando os fatos desde a madrugada desta quarta-feira.

Curiosos não devem se aproximar
O alerta vai para a população que se aproxima do local para ver a situação do incêndio. A supervisora do CIT explica que não adianta usar máscara de pano, pois esse material não protege contra a inalação de substâncias tóxicas. “Só máscara própria para pó e o uso de óculos de acrílico com proteção lateral ajudam”, explica a profissional.

Incêndio em São Francisco do Sul: famílias deixam cidade fugindo da fumaça tóxica

fumaça proveniente do incêndio que tomou um armazém de fertilizantes próximo a BR-280, em São Francisco do Sul, na região Norte de Santa Catarina, está deixando a população apreensiva. Segundo a Polícia Militar, alguns moradores estão deixando o município. “As pessoas estão saindo da cidade”, contou o morador Paulo Roberto Alves, de 49 anos, aoG1.

Durante a manhã desta quarta-feira, os bombeiros informaram que a fumaça do incêndio era tóxica, porém o governo de Santa Catarina emitiu uma nota informando que a carga de fertilizante à base de Nitrato de Amônio, na região do Porto de São Francisco do Sul, no Litoral Norte, não é tóxica.

Equipes do Corpo de Bombeiros Militares da região (São Francisco do Sul, Araquari, Barra do Sul, Barra Velha e Joinville, além do Comando Geral de Florianópolis e do helicóptero da PM Arcanjo) foram chamadas para auxiliar no combate ao incêndio, que começou por volta das 23h de terça-feira (24).

Até as 11h desta quarta (25), as equipes trabalhavam no controle das chamas. O armazém fica dentro de um terminal de cargas no Bairro Paulas. O local e bairros circunvizinhos (Iperoba, Reta, Rocio Pequeno e Sandra Regina) precisaram ser evacuados por causa da fumaça tóxica. No local, havia cerca de 10 mil toneladas de fertilizantes.

Paulo Roberto é um dos mais de 42 mil habitantes que teve a rotina afetada pelo incidente. Sua casa fica cerca de 2 km do armazém. O morador e sua família foram no início da manhã desta quarta (25) para Joinville, a 22 km de distância, onde vai ficar na casa de parentes até que “as chamas sejam controladas”. Já o morador David Feliciano da Silva, de 21 anos, foi para Araquari, a 16 km de São Francisco do Sul.

As famílias das localidades atingidas pela fumaça foram levadas para dois abrigos: no Colégio Estadual Santa Catarina e na sede do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS). Pessoas intoxicadas foram encaminhadas para hospitais de São Francisco do Sul e Joinville. Conforme os Bombeiros Voluntários, a fumaça estava passando baixa sobre as casas.

De acordo com o coordenador regional da Defesa Civil de Santa Catarina, Antônio Edival Pereira, a orientação é que as pessoas procurem um local arejado, já que o produto contém substâncias tóxicas, como nitrato de amônia e cloreto de potássio. “Estamos trabalhando para amenizar a situação”, declarou.

Bloqueio em rodovia
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) montou uma barreira no trevo de Balneário Barra do Sul, em direção a São Francisco do Sul, para orientar as pessoas a não seguirem em direção ao município por volta das 8h. A polícia informou que o tráfego está bastante intenso no sentido São Francisco do Sul-Joinville porque alguns moradores estão deixando a cidade. Até as 11h, havia formação de fila de aproximadamente 4 km.

Ventos
Segundo o meteorologista Leandro Puchalski, pela localização do fogo, a fumaça deve ir no sentido do mar e acabará passando pelas praias da cidade. O vento na região de São Francisco do Sul é na direção Oeste/Sudeste.

Do G1