Perfil: Ralf Milbradt foi secretário geral da extinta UDN, braço direito de Nilson Bender e ex-vereador

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Ralf Milbradt em família, ao centro, foto de seu Facebook…

Como estou a poucos dias de lançar meu segundo livro – o primeiro foi “Na Teia da Mídia” em 2011 – decidi publicar aqui um dos perfis que escrevi sobre os personagens que vão povoar o livro “Gente Nossa – Histórias de quem fez e faz a cidade”. A personalidade da vez é Ralf Milbradt, homem da política dos velhos tempos, viu passar uma parte importante da vida da cidade… dê uma conferida, é um aperitivo do que vem por aí em breve…

“Fiel e afetivo a ponto de chorar pela morte da gata siamesa Yasmin, companheira da família há 15 anos e que bem no dia da entrevista resolveu dar seu último suspiro. Esse é Ralf Milbradt, 70 anos, hoje representante comercial de máquinas pesadas para a indústria metalmecânica, mas que décadas atrás militou na política partidária chegando a ser vereador sem remuneração entre 1970/1973. “Fui um dos dois secretários gerais que a UDN teve. Alfeu Lins foi o primeiro, eu o segundo, que encerrei o livro ata em 1965 por força da ditadura”, conta o descendente de alemães nascido em Joinville.

Milbradt cresceu sem a presença do pai, que separou de sua mãe antes de ele vir ao mundo. Logo aos 15 anos já conquistava seu primeiro emprego na fábrica de biscoitos Rainha que ficava na rua Jaraguá. “Foi o emprego que pedi prá Deus. Consegui sozinho, batendo de porta em porta. Fui chefe da expedição, montava todos os pedidos”, relata. Essa postura impetuosa o levou a entrar na atividade pública em 1957 na União Joinvilense de Estudantes Secundaristas (Ujes) como secretário geral, e no ano seguinte eleito Presidente pelo voto direto. Nessa época conheceu Nilson Bender, que seria seu mestre na carreira e na política.

“Conheci o Bender um dia. No outro já estava trabalhando na Tupy no departamento de pessoal. Passei a ajudar ele também na UDN, da qual era presidente”, recorda Ralf. Aí já enfrentou a primeira eleição à Prefeitura entre Paulo Bornhausen e Helmut Fallgatter em que foram derrotados. Dieter Schmidt, comandante da Tupy foi sua mão amiga. “Ele saía pela fábrica com a mão em meus ombros, imagine a inveja que sofri”, ressalta sorrindo. Querendo estudar, foi para São Paulo onde era tesoureiro do grupo apoiando as unidades de Recife, Belo Horizonte, Rio e Joinville. “Na época os descontos altos só aconteciam nos grandes centros como São Paulo”, explica.

A política o trouxe de volta quatro anos depois. “Bender podia ser candidato a governador. Deu coceira, voltei. Os Bornhausen deram o golpe nele, mas aí fiquei, mas só dedicado à política”, fala Ralf. Bender se elege logo depois para Prefeito (1966-1970), e o seu fiel escudeiro assume a chefia de gabinete, coração da administração. “Não houve até hoje uma administração tao inovadora quanto à dele. Hospital São José, Rodoviária, Cesita, Centro XV, Fundação 25 de Julho, Fundaje que hoje é a Univille, 180 km de rede de água, uma enormidade de ações para a época”, destaca. Com esse trabalho todo, se eleger vereador foi conseqüência em 1969. Fez 1576 votos, o quarto mais votado.

Essa foi sua primeira e última eleição. Passou a empreender. Foi fundador do embriao do que é hoje o Hotel Tannennhof; instalou o Ceag em Joinville, hoje Sebrae, onde foi também diretor geral no estado; Atuou no governo Luiz Gomes como secretário de Finanças; trabalhou com leiloes 14 anos e depois até hoje vendendo máquinas pesadas, via site na internet. Com as mudanças de UDN, ficou na Arena, depois PDS, PPB e até PP atual, mas está afastado de tudo. Casado há 40 anos com Ana Maria Gomes de Oliveira, completados dia 18 de setembro, tem um filho e uma filha. Ainda quer escrever a história da UDN entre 1946 a 1965, e luta para recuperar dados que perdeu da memória de seu computador.

Olhando para o passado, seu Ralf Milbradt acredita que nao valeu a pena ter deixado a carreira na Tupy para enveredar na política. “Muitos altos e baixos, incertezas, falsidades”, destaca. Aficionado da história e realizaçoes do ex-prefeito Joao Colin,que ele acredita ter sido o maior líder político da história de Joinville. Rodeado por livros em sua sala de trabalho, o ex-vereador é também um genealogista reconhecido. Seu trabalho leva a 13 geraçoes da família Milbradt, iniciando em 1660. “Deve ser dali que vem a veia política. Desde o primeiro, que foi intendente, passando pelos seus filhos que também foram, até hoje que descobri recentemente. Meu primo foi governador da Saxonia, Alemanha até poucos anos”.

* este perfil foi publicado em 2011 no jornal Notícias do Dia de Joinville (SC).