Tag: Dieese

  • Piso Salarial de SC – Negociações para reajuste não avançam

    Piso Salarial de SC – Negociações para reajuste não avançam

    José Álvaro Cardoso considera que os patrões superestimam a crise econômica, para não concederem reajuste digno ao Piso Salarial Estadual
    José Álvaro Cardoso considera que os patrões superestimam a crise econômica, para não concederem reajuste digno ao Piso Salarial Estadual

    Centrais sindicais e Federações das mais diversas categorias de Trabalhadores estiveram representados na terceira rodada de negociação pelo reajuste do Piso Salarial Estadual, realizada  ontem (14) à tarde, na Fiesc, em Florianópolis. Novamente não houve acordo e nem mesmo ficou agendada a data da próxima rodada.

    As federações patronais não querem repassar sequer a variação do INPC/inflação dos últimos 12 meses, que ficou em 11,28%, enquanto a comissão dos trabalhadores reivindica 15% de reajuste, mantendo o firme propósito de negociar a partir dos 11,68% repassados pelo governo federal ao Salário Mínimo Nacional, de modo a assegurar aumento real de salário para as quatro faixas do Piso Estadual.

    “Estamos falando da recomposição de Piso. O trabalhador já perdeu os 11,28% da inflação”, define o diretor sindical do Dieese/SC, Ivo Castanheira. Ele avalia que a negociação precisa avançar até que haja uma proposta que torne o acordo possível.

    “Os patrões estão esperando que a gente aceite um índice igual ou menor do que o INPC e não aceitamos, queremos acima do INPC, esta é a nossa proposta”, reforça Castanheira.

    Presentes à reunião, além do Dieese, representantes das Centrais Sindicais CTB, CUT, Força Sindical, NCST e UGT, das Federações dos Trabalhadores de Alimentação, da Construção e do Mobiliário, dos Metalúrgicos, Têxteis e Vestuário, do Comércio, da Rede de Ensino Privado, Turismo e Hotelaria, e da Fetiesc.

    O supervisor técnico do Dieese, economista José Álvaro Cardoso, reconheceu que a combinação entre “recessão e alta da inflação alimentam a crise econômica vivida pelo país”. Mas argumenta que a crise é “superestimada” pelo patronal, “como se o Brasil fosse uma ilha de crise cercada de prosperidade”.

    José Álvaro destacou que o aquecimento do mercado consumidor interno permitiu que, até agora, o Brasil sofra menos com a crise econômica mundial iniciada em 2008. O economista do Dieese contesta o argumento dos patrões para não concederem ganho real ao Piso Estadual:

    “Estamos tratando de reajustar salários que estão ao nível da sobrevivência, do dinheiro necessário para a base da pirâmide social, e não para o topo. Falar em conservar emprego é demagogia, até porque as empresas já fizeram os ajustes, o nível de emprego já caiu”.

  • Preço da cesta básica diminui em 15 cidades

    Preço da cesta básica diminui em 15 cidades

    O valor do conjunto de bens alimentícios básicos diminuiu em 15 das 18 cidades onde o DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – realiza a Pesquisa da Cesta Básica de Alimentos. Em junho, as maiores retrações foram apuradas em Salvador (-8,05%), Rio de Janeiro (-6,71%) e Fortaleza (-5,49%). As altas foram registradas nas capitais do Norte: Belém (5,11%) e Manaus (2,49%) e ainda, em João Pessoa (1,87%).

    Em junho, o maior custo da cesta foi registrado em São Paulo (R$ 392,77), seguido de Florianópolis (R$ 386,10), Porto Alegre (R$ 384,13) e Rio de Janeiro (R$ 368,71). Os menores valores médios para os produtos básicos foram observados em Aracaju (R$ 275,42), Natal (R$ 302,76) e João Pessoa (R$ 309,48).

    Com base no total apurado para a cesta mais cara, a de São Paulo, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e sua família, com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário.

    Em junho de 2015, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria equivaler a R$ 3.299,66, ou 4,19 vezes mais do que o mínimo de R$ 788,00. Em maio desse ano, o mínimo necessário era maior e correspondeu a R$ 3.377,62, o que equivalia a 4,29 vezes o piso vigente. Em junho de 2014, o valor necessário para atender às despesas de uma família chegava a
    R$ 2.979,25 ou 4,11 vezes o salário mínimo então em vigor (R$ 724,00).


    TABELA 1

    Pesquisa Nacional da Cesta Básica

    Custo e variação da cesta básica em 18 capitais

    Brasil – junho de 2015

    Capital

    Valor da Cesta (R$)

    Variação               Mensal (%)

    Porcentagem do Salário Mínimo Líquido

    Tempo de trabalho

    Variação no ano (%)

    Variação Anual (%)

    São Paulo

    392,77

    -2,31

    54,18

    109h39m

    10,89

    10,75

    Florianópolis

    386,10

    -2,08

    53,26

    107h48m

    9,35

    9,14

    Porto Alegre

    384,13

    -0,11

    52,99

    107h15m

    10,20

    9,33

    Rio de Janeiro

    368,71

    -6,71

    50,86

    102h56m

    9,08

    7,36

    Vitória

    367,94

    -5,15

    50,75

    102h43m

    10,44

    6,35

    Curitiba

    359,69

    -1,40

    49,62

    100h25m

    13,88

    8,24

    Brasília

    359,61

    -2,87

    49,60

    100h24m

    9,09

    10,97

    Belém

    356,24

    5,11

    49,14

    99h27m

    15,80

    11,86

    Manaus

    352,35

    2,49

    48,60

    98h22m

    9,87

    6,08

    Campo Grande

    349,80

    -3,99

    48,25

    97h40m

    13,45

    13,17

    Belo Horizonte

    338,76

    -4,82

    46,73

    94h35m

    7,18

    5,92

    Goiânia

    329,65

    -5,01

    45,47

    92h02m

    9,44

    11,70

    Fortaleza

    325,40

    -5,49

    44,89

    90h51m

    16,05

    9,19

    Salvador

    320,03

    -8,05

    44,14

    89h21m

    19,49

    14,72

    Recife

    318,53

    -3,83

    43,94

    88h56m

    11,22

    3,61

    João Pessoa

    309,48

    1,87

    42,69

    86h24m

    13,77

    9,86

    Natal

    302,76

    -3,09

    41,76

    84h32m

    12,67

    3,51

    Aracaju

    275,42

    -0,63

    37,99

    76h54m

    12,10

    11,22

    Fonte: DIEESE

     

     

    Variações acumuladas

    Em 12 meses, entre julho de 2014 e junho último, as 18 cidades acumularam alta no preço da cesta. Destacam-se as elevações registradas em Salvador (14,72%), Campo Grande (13,17%) e Belém (11,86%). Os menores aumentos aconteceram em Natal (3,51%) e Recife (3,61%).

    Nos seis primeiros meses de 2015, todas as cidades apresentaram variações entre 7,18%, verificada em Belo Horizonte e 19,49%, em Salvador.

     

    Cesta x salário mínimo

    Em junho de 2015, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 96 horas e 07 minutos, cerca de três horas a menos do que o de maio, quando a jornada era de 98 horas e 44 minutos. Em junho de 2014, a jornada exigida era de 96 horas.

    Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em junho deste ano, 47,49% dos vencimentos para adquirir os mesmos produtos que, em maio, demandavam 48,78%. Em junho de 2014, o comprometimento do salário mínimo líquido com a compra da cesta equivalia a 47,43%.

    Comportamento dos preços[1]

    Em junho, os produtos que tiveram predominância de alta nos preços nas cidades acompanhadas foram carne bovina, leite, pão francês, batata e manteiga. Já o valor médio do feijão e o tomate apresentou retração na maioria das capitais.

    A carne bovina apresentou aumento em 16 cidades, em junho, com taxas que oscilaram entre 0,05% em Brasília e 4,69% em Florianópolis. Os recuos foram anotados em Fortaleza
    (-1,00%) e Vitória (-0,67%). Em 12 meses, houve elevação do preço da carne em todas as cidades e as taxas variaram entre 10,55% em Vitória e 24,30% em Campo Grande. Apesar da pressão dos frigoríficos para diminuir o preço, a oferta de carne continua restrita, pelo aumento da exportação e pelos altos custos de reposição de bezerros, o que mantém os altos patamares de preço.

    O preço do leite segue em alta pelo quarto mês consecutivo, devido ao período de entressafra. Em junho, quinze cidades tiveram aumento, com destaque para Florianópolis (4,99%), Goiânia (3,43%) e Belo Horizonte (3,14%). Em Belém e Aracaju, o valor do leite não variou e, no Rio de Janeiro, diminuiu -0,32%. Em 12 meses, o preço do leite acumulou alta em 14 cidades e as variações oscilaram entre 0,34% em João Pessoa e 15,63% em Brasília. As reduções foram anotadas em Salvador (-9,70%), Natal (-6,25%), Manaus (-1,95%) e Belém (-1,92%).

    A manteiga, derivada do leite, também apresentou alta em quatorze cidades. Os aumentos ficaram entre 0,08% em Aracaju e 4,61% em Porto Alegre. As reduções foram anotadas em Curitiba (-2,99%), Campo Grande (-1,75%), Vitória (-1,26%) e São Paulo (-0,71%). Nos últimos 12 meses, também quatorze cidades acumularam taxas positivas, entre 0,43% em Natal e 11,37% em Brasília. Os decréscimos ocorreram em Manaus (-5,64%), Salvador (-4,74%), Campo Grande
    (-1,98%) e Belo Horizonte (-0,93%).

    O pão francês manteve trajetória de aumento no preço. De maio para junho, 14 cidades apresentaram alta no valor do produto, com variações entre 0,35%, em Recife e 5,85%, em Belo Horizonte. Houve diminuição em Florianópolis (-1,82%), Goiânia (-1,25%), Manaus (-0,93%) e Curitiba (-0,12%). Em 12 meses, todas as cidades mostraram elevação e as taxas variaram entre 1,39% em Natal e 36,26% em Aracaju. O trigo, por ser importado, está mais caro, uma vez que o real segue desvalorizado. Além disso, a produção nacional de trigo está menor. Os aumentos das tarifas de água e luz também contribuíram para o aumento do pão francês.

    O preço da batata aumentou em nove das 10 capitais do Centro-Sul. As maiores elevações foram observadas em Belo Horizonte (28,68%) e Porto Alegre (18,25%). Em 12 meses, o valor da batata foi maior em todas as cidades e as variações acumuladas oscilaram entre 5,65% em Vitória e 30,59% em Florianópolis. Apesar da safra das secas ter começado em maio, a baixa produtividade teve impacto na oferta, elevando os preços da batata.

    Em junho, o preço do tomate diminuiu em 15 cidades, com destaque para as quedas em Belo Horizonte (-44,10%), Rio de Janeiro (-41,90%) e Vitória (-35,66%). As altas ocorreram em Belém (14,21%), Manaus (6,92%) e João Pessoa (5,88%). Em 12 meses, seis cidades apresentaram redução e doze, alta nos preços. Como a colheita da safra de inverno começou a abastecer o mercado, houve redução no preço do fruto. Os maiores aumentos foram registrados em Salvador (47,67%) e Belém (37,98%) e as maiores reduções em Aracaju (-17,99%) e Recife
    (-13,80%).

    O valor do feijão diminuiu em todas as cidades, exceto em Manaus (0,56%), onde se pesquisa o tipo carioquinha. Tanto o tipo preto (pesquisado nas cidades do Sul, no Rio de Janeiro, em Vitória e Brasília) quanto o carioquinha (pesquisado no Norte, Nordeste, em Campo Grande, Goiânia, São Paulo e Belo Horizonte) e o rajado, cujo preço é coletado em Belém (-0,92%), mostraram reduções nas outras 17 capitais, que variaram entre -7,64% no Rio de Janeiro e
    -0,26% em Natal. Em 12 meses, o tipo carioquinha aumentou em todas as cidades, exceto Salvador (-6,36%). Os maiores acréscimos ocorreram em Campo Grande (34,12%) e João Pessoa (33,51%). O tipo preto diminuiu em todas as cidades, com percentuais que oscilaram entre
    -15,09% no Rio de Janeiro e -2,76% em Brasília. Em Belém, o feijão rajado acumulou queda de -28,62%.  A alta do feijão carioquinha se deveu à oferta restrita e maior demanda. E no tipo preto, a safra do Sul vem abastecendo o mercado e reduzindo o preço do grão.

    São Paulo

    A cesta básica em São Paulo, que totalizou R$ 392,77, seguiu sendo a mais cara entre as pesquisadas pelo DIEESE nas 18 cidades, mesmo com a redução de -2,31% no custo total do conjunto de gêneros alimentícios, entre maio e junho. Na comparação com junho de 2014, a alta foi de 10,75%, semelhante à variação nos seis primeiros meses de 2015 (10,89%).

    A variação de -19,01% no preço médio do tomate entre maio e junho foi a única inferior à taxa média da cesta (-2,31%). Também foram anotadas reduções nos preços do feijão carioquinha (-1,50%), café em pó (-0,75%), manteiga (-0,71%), banana nanica (-0,54%) e arroz agulhinha (-0,38%). O valor médio do açúcar não se alterou e foram registradas altas no óleo de soja (0,34%), pão francês (0,78%), carne bovina de primeira (1,05%), farinha de trigo (1,54%), leite integral (2,57%) e batata (2,79%).

    Nos últimos 12 meses, 12 produtos apresentaram alta. Carne bovina (18,00%) e feijão carioquinha (16,68%) registraram aumentos superiores à variação média anual da cesta (10,75%).  Os outros itens tiveram elevações inferiores: tomate (10,28%), batata (9,17%), pão francês (7,36%), café em pó (6,84%), banana nanica (6,07%), farinha de trigo (2,90%), arroz agulhinha (2,34%), açúcar refinado (1,64%), leite integral (1,61%) e manteiga (1,58%). A única retração nos preços foi verificada para o óleo de soja (-1,67%).

    O trabalhador paulistano cuja remuneração equivale ao salário mínimo necessitou cumprir, em junho, jornada de 109 horas e 39 minutos, um tempo menor do que as 112 horas e 15 minutos registradas em maio. Em junho de 2014, o tempo de trabalho necessário para a aquisição da cesta foi de 107 horas e 46 minutos.

    Em junho, o custo da cesta em São Paulo comprometeu 54,18% do salário mínimo líquido, isto é, após os descontos previdenciários. Em maio, o percentual exigido era de 55,46%. Em junho de 2014, a parcela necessária para compra dos gêneros alimentícios correspondeu a 53,24%.

     

     

    Tabela 2

    Variação mensal do gasto por produto

    Junho de 2015

    Produtos

    Centro-Oeste

    Sudeste

    Sul

    Norte/Nordeste

    Brasília

    Campo

    Grande

    Goiânia

    Belo

    Horizonte

    Rio de

    Janeiro

    São

    Paulo

    Vitória

    Curitiba

    Floria-

    nópolis

    Porto

    Alegre

    Aracaju

    Belém

    Forta-

    leza

    João

    Pessoa

    Manaus

    Natal

    Recife

    Salvador

    Total da Cesta

    -2,87

    -3,99

    -5,01

    -4,82

    -6,71

    -2,31

    -5,15

    -1,40

    -2,08

    -0,11

    -0,63

    5,11

    -5,49

    1,87

    2,49

    -3,09

    -3,83

    -8,05

    Carne

    0,05

    0,25

    1,50

    1,88

    1,64

    1,05

    -0,67

    2,27

    4,69

    2,95

    1,35

    3,61

    -1,00

    3,39

    0,50

    1,36

    0,05

    0,14

    Leite

    2,36

    1,10

    3,43

    3,14

    -0,32

    2,57

    1,61

    1,92

    4,99

    1,32

    0,00

    0,00

    1,41

    0,68

    1,69

    2,27

    1,58

    1,12

    Feijão

    -2,20

    -4,89

    -6,47

    -3,73

    -7,64

    -1,50

    -3,25

    -4,18

    -5,46

    -4,99

    -0,28

    -0,92

    -0,92

    -2,76

    0,56

    -0,26

    -5,99

    -2,48

    Arroz

    -0,36

    0,44

    0,00

    -2,46

    -0,98

    -0,38

    -0,45

    5,06

    -0,76

    2,16

    2,08

    -1,38

    -1,85

    -1,94

    -0,30

    -0,45

    -0,69

    -3,33

    Farinha

    1,35

    2,46

    -2,80

    -3,63

    -0,22

    1,54

    -2,75

    5,96

    -0,48

    2,87

    0,77

    7,75

    13,06

    3,83

    1,33

    6,35

    -4,98

    -1,04

    Batata

    6,96

    11,11

    -14,41

    28,68

    10,86

    2,79

    6,93

    15,69

    9,54

    18,25

                   
    Tomate

    -19,34

    -24,87

    -26,48

    -44,01

    -41,90

    -19,01

    -35,66

    -23,59

    -27,93

    -18,79

    -13,64

    14,21

    -24,31

    5,88

    6,92

    -10,37

    -16,80

    -26,90

    Pão

    0,44

    1,48

    -1,25

    5,85

    2,11

    0,78

    0,77

    -0,12

    -1,82

    0,51

    2,59

    0,71

    1,70

    1,92

    -0,93

    1,11

    0,35

    0,73

    Café

    -0,34

    -0,84

    0,55

    -2,49

    -0,10

    -0,75

    -0,54

    0,46

    -1,18

    1,35

    2,98

    2,19

    -0,22

    0,68

    0,69

    -2,03

    -1,52

    -0,47

    Banana

    -6,21

    -12,75

    -1,90

    -8,64

    -0,78

    -0,54

    2,23

    8,15

    1,34

    9,52

    0,28

    6,83

    -3,15

    -6,18

    6,22

    -23,66

    -3,60

    -17,38

    Açúcar

    2,80

    0,62

    -0,67

    0,00

    -2,68

    0,00

    -2,56

    3,31

    1,89

    5,00

    -4,37

    -2,95

    2,25

    2,99

    1,09

    2,86

    0,60

    0,00

    Óleo

    2,05

    0,00

    1,52

    -3,19

    -2,27

    0,34

    -6,50

    0,29

    -0,76

    2,05

    -0,65

    1,17

    -2,09

    -0,28

    -2,93

    -0,85

    0,86

    0,34

    Manteiga

    2,11

    -1,75

    1,91

    3,91

    0,80

    -0,71

    -1,26

    -2,99

    1,24

    4,61

    0,08

    2,79

    1,46

    0,20

    0,76

    1,24

    2,81

    1,05

    Fonte: DIEESE. Pesquisa Nacional da Cesta Básica

    Obs.: Podem ocorrer pequenas diferenças nas variações em relação ao texto, pois os dados desta tabela derivam do cálculo resultante do preço dos produtos multiplicado pelas quantidades estabelecidas na cesta.



    [1] Fontes de consulta: Cepea – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – ESALQ/USP, Unifeijão, Conab – Companhia Nacional de Abastecimento, Embrapa, Agrolink, Globo Rural, artigos diversos em jornais e revistas.

    Com informações do Dieese

  • Seguro Desemprego 2: Dieese alerta para prejuízos ao trabalhador com novas regras

    Seguro Desemprego 2: Dieese alerta para prejuízos ao trabalhador com novas regras

    O coordenador de atendimento sindical do Dieese, Airton Santos, afirmou à Rádio Brasil Atual nesta quarta-feira (14) que as mudanças propostas pelo governo federal por meio das Medidas Provisórias 664 e 665, que abarcam uma série de temas relacionados à seguridade social e alteraram regras em relação à pensão por morte, auxílio-doença, aposentadoria por invalidez, abono salarial e seguro-desemprego, entre outras, são preocupantes para os trabalhadores.

    As medidas são justificadas pelo governo para se coibir desvios e fraudes que estariam onerando os cofres da Previdência Social. Em relação ao seguro-desemprego, a regra anterior previa que após seis meses de contribuição ao INSS, o trabalhador demitido sem justa causa teria direito de receber o beneficio. Agora, para ter acesso ao benefício, o trabalhador precisa estar empregado por no mínimo 18 meses.

    O coordenador do Dieese chama a atenção para a alteração no seguro-desemprego em um contexto de alta rotatividade. “Em determinados setores e segmentos econômicos da produção, a rotatividade é de 100% ao ano. Na construção civil, por exemplo, é tremenda. Mesmo na indústria, a rotatividade é de pelo menos 30% ao ano. Nos serviços, é de 70%. Essa é uma característica perversa do mercado de trabalho brasileiro.”

    “Não é vontade do trabalhador ser dispensado antes dos 18 meses, ele é mandado embora”, disse Santos, ressaltando que o jovem é o mais afetado, pois, além da dificuldade em conseguir se inserir no mercado, faz parte do grupo que mais roda.

    “É uma parcela vulnerável nesse sentido. O seguro-desemprego acudia suas necessidades financeiras até conseguir colocação no mercado novamente. Isso não vai acontecer mais”, lamenta, apontando para o risco social em se deixar os jovens sem a assistência.

    “Essa medida vem no sentido de economizar, mas é realizada às custas do sacrifício da pirâmide social. Parece que para o topo da pirâmide não sobrou nada ainda”, alerta Airton.

    Outro ponto destacado pelo coordenador é que as medidas não foram negociadas com os representantes dos trabalhadores. “Foram baixadas as medidas provisórias sem falar com as centrais sindicais, sem nenhum diálogo. Se existem abusos e malversação, que se fiscalize e se coíba de fato.”

    Santos apresenta ainda uma alternativa: “Pode-se eventualmente até aceitar essa medida, desde que o país acate a Convenção 158 da OIT, que versa sobre demissões imotivadas. Não seriam dispensados a torto e a direita, como ocorre”.

    Da CUT Nacional

  • Economia: Crescimento do PIB e perspectivas da economia brasileira, por José Alvaro Cardoso

    Recebo artigo do competente economista e supervisor técnico do Dieese/SC, José Álvaro de Lima Cardoso, ou somente José Álvaro Cardoso, ou ainda o Zé Álvaro do Dieese, grande companheiro e camarada das lutas por um Brasil melhor, mais justo social e economicamente. Zé aborda com clareza e simplicidade os cenários para 2013, aproveite e fique antenado com o que vem por aí em 2013! Obrigado Zé Álvaro, boa leitura a todas e todos!

    “Crescimento do PIB e perspectivas da economia brasileira *

    Os dados referentes à variação do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre do ano revelaram um crescimento de apenas 0,6% em relação ao segundo trimestre, inferior a todas as previsões. Anualizado, o PIB cresceu uns 2,4%. O resultado ficou muito abaixo do que o esperava o BC (expansão de 1,15%), o que derrubou a maioria dos analistas, já que a estimava do Banco passou a ser referência para todo o mercado. A esmagadora maioria dos analistas esperava um crescimento no trimestre, acima de 1%.

    Os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a recuperação está sendo muito mais lenta do que se imaginava e apontam um crescimento para este ano, em torno de 1%. Talvez o mais grave das informações relativas ao PIB tenha sido a queda de 2% nos investimentos, na comparação com o segundo trimestre, a quinta seguida.

    A taxa de investimento da economia brasileira ficou em 18,7% do PIB no terceiro trimestre, abaixo da taxa de 20% do PIB verificada no mesmo período do ano passado. O mais preocupante é que, no terceiro trimestre do ano, a queda dos investimentos decorreu também da menor importação de bens de capital, o que é uma novidade nos dados recentes do PIB.

    Os estímulos ao crescimento dos investimentos, que não foram poucos, não têm animado os empresários a aumentar a taxa de investimentos. Uma das vertentes explicativas para o empresariado não estar investindo, apesar dos esforços governamentais, seria a desconfiança de que o Governo Dilma pretende aumentar cada vez a influência do Estado sobre setores estratégicos da economia. Alguns alegam que o governo, inclusive, teria abandonado o tripé de política econômica, especialmente no que se refere às políticas de superávit primário e câmbio flutuante.

    O certo é que, se o Governo Federal está mais proativo em termos de política econômica, está longe de ser “estatizante” ou contra o “mercado”. Sintomas recentes disso: o governo quebrou o monopólio da Infraero, e desonerou a folha de salários do pagamento da previdência social, para grande parte dos setores empresariais. Além disso, só nos últimos tempos foram dados vários incentivos à produção: queda da taxa de juros real, recuperação da taxa de câmbio, expansão do crédito via BNDES e aumento do mercado consumidor interno via aumento de empregos formais, etc.

    Um aspecto fundamental nessa discussão é a crise mundial, cujo desfecho está longe, que assusta o empresariado. O tripé de política macroeconômica também está no centro deste debate. Houve mudanças importantes no manejo do tripé de política econômica, mas não o seu rompimento. Os superávits primários continuam sendo buscados, assim como as metas de inflação.

    O câmbio deu uma recuperada, mas o real continua sobrevalorizado. A economia brasileira não deslancha porque fica presa a uma armadilha de altas taxa de juros e baixa taxa de câmbio que mantém a taxa de investimentos muito baixa. Em editorial recente a revista inglesa “The Economist”, criticou duramente o governo brasileiro, em relação a algumas medidas como a redução dos juros e aquelas relacionadas com as novas regras do sistema elétrico que, dentre outros objetivos, visa reduzir o custo da energia no Brasil.

    O governo é acusado, entre outras coisas, de intervencionista e a matéria chega a pedir a demissão do ministro Guido Mantega. Dentre outras sugestões o editorial defendeu que o governo redobre seus esforços para, por exemplo, cortar o custo Brasil eliminando direitos trabalhistas. O jornal criticou ainda as medidas protecionistas como o aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros importados e as tentativas do governo de desvalorizar o real.

    O fato é que, se levarmos em conta os números recentes da economia britânica – retração de 0,1% do PIB em 2012 e a estimativa de expansão de apenas 1,2% para 2012 – e a visão extremamente conservadora expressa no referido editorial, em alguns aspectos da política macroeconômica, com certeza o Brasil está acertando.

    O certo é que o crescimento do primeiro biênio do governo Dilma ficará abaixo de 2% anuais, bem inferiores aos 4,5% médios apurados no período 2004/2010. É que nesse período a economia brasileira “nadou de braçada”, favorecida pelos preços das commodities, pela expansão do crédito e crescimento acelerado da oferta de emprego formal. Daqui pra frente a tendência é a conjuntura ficar mais difícil, o que amplia os desafios colocados para o país.

    *Economista e supervisor técnico do DIEESE em Santa Catarina.

  • Piso Salarial de SC: trabalhadores e patrões não entram em consenso

    Não houve consenso na segunda rodada de negociação entre os dirigentes das Centrais Sindicais e Federações de Trabalhadores de Santa Catarina e os representantes da Fiesc, realizada segunda-feira (10) à tarde, na sede da federação patronal, em Florianópolis. O diretor sindical do Dieese/SC (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-econômicos), Ivo Castanheira, considera difícil que o Projeto de Lei sobre o reajuste do Piso Salarial Estadual seja votado antes do recesso de final de ano na Assembleia Legislativa.

    “Estávamos dispostos a fechar a negociação, mas os patamares das propostas apresentadas à comissão de trabalhadores ficaram distantes do reivindicado”, comenta Castanheira. A comissão de trabalhadores quer que os valores do Piso Salarial Estadual de Santa Catarina sejam próximos do Piso Regional do estado do Paraná. A próxima rodada de negociação está agendada para as 10 horas do dia 18 de dezembro, na Fiesc.

  • Desemprego fica relativamente estável pelo 3º mês, diz Dieese

    A taxa de desemprego ficou relativamente estável em junho, pelo terceiro mês consecutivo, nas sete regiões metropolitanas pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socieconômicos (Dieese) e pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). Segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), o total de desempregados passou de 10,6%, em maio deste ano, para 10,7% da população economicamente ativa, no mês passado.

    A PED estima que, atualmente, o número de desocupados esteja em 2,405 milhões de brasileiros. De maio para junho, houve acréscimo de 23 mil pessoas desempregadas.

    Na comparação com junho do ano passado, o número de desocupados teve leve redução de 0,3%, passando de 2,412 milhões para 2,405 milhões.

    A taxa de desemprego total teve redução apenas no Recife (de 11,7%, em maio, para 10,9%, em junho). O índice ficou relativamente estável em Belo Horizonte (de 5% para 4,8%), no Distrito Federal (de 13% para 12,9%), em Fortaleza (de 9,9% para 9,7%) e em Porto Alegre (de 7,3% para 7,2%).

    Salvador (de 17,6% para 17,9%) e São Paulo (de 10,9% para 11,2%), por sua vez, tiveram variação positiva, com leve alta no nível de desemprego.

    Assim como o Dieese e a Fundação Seade, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga levantamento mensal sobre o desemprego no país. No entanto, as taxas apresentadas nas duas pesquisas costumam ser diferentes, devido aos conceitos e metodologia usados.

    Entre as diferenças está o conjunto de regiões pesquisadas. A PED, feita pelo Dieese e pela Fundação Seade, não engloba o levantamento dos desempregados da região metropolitana do Rio de Janeiro. Já na Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE, não estão incluídas duas regiões que fazem parte do conjunto da PED: Fortaleza e o Distrito Federal.

    Correio do Brasil

     

  • Dieese: Salário Mínimo em maio deveria ter sido de R$ 2.383,28

    Pelos cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), para atender às necessidades básicas de uma família, o salário mínimo, em maio, deveria ter sido R$ 2.383,28, o que corresponde a 3,83 vezes o valor em vigor (R$ 622). Em abril, o valor estimado era um pouco menor, R$ 2.329,35, ou seja, 3,74 vezes o mínimo atual. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (4) pelo Dieese.

    Já o valor da cesta básica subiu no mês de maio em 15 das 17 capitais pesquisadas pelo O número de cidades com alta nos preços é igual ao apurado em abril. A exemplo do mês anterior, o óleo de soja e o feijão estão entre os alimentos que mais puxaram o indicador para cima.

    O preço do óleo de soja subiu em 16 das 17 capitais. As maiores altas foram encontradas em Recife (8,19%), Belém (7,93%) e Goiânia (7,43%), enquanto a menor variação ocorreu em Manaus (0,99%). O feijão ficou mais caro em 14 cidades, com altas mais significativas em Aracaju (15,51%), Goiânia (12,84%) e Belo Horizonte (9,85%). A banana, o arroz e o tomate também apresentaram elevações nos preços em 16,15 e 14 capitais, respectivamente.

    As cidades onde a cesta apresentou maior aumento, na média de preços, foram Recife (7,12%), Fortaleza (6,91%), Salvador (4,74%), Goiânia (4,69%) e João Pessoa (4,14%). As localidades onde houve queda são Florianópolis (-1,01%) e Brasília (-0,9%). A cidade de São Paulo continua no topo da lista, com a cesta básica mais cara do país. Para adquirir os 13 produtos básicos que compõem a cesta, os paulistanos gastaram, em média, R$ 283,69, alta de 2,32% ante abril.

    Em segundo lugar, aparece Manaus, localidade em que os gêneros essenciais custaram R$ 272,86. Em seguida, com valores semelhantes, estão as cidades de Porto Alegre, onde o gasto médio ficou em R$ 272,45, e Vitória, com valor de R$ 271,16. Os menores custos foram encontrados em Aracaju (R$ 199,26), João Pessoa (R$ 225,94) e Salvador (R$ 228,25).

    Da CUT Nacional

  • Greves: entre 2009 e 2010 foram realizadas 964 no país, segundo o Dieese

    Nos anos 2009 e 2010 ocorreram 964 greves no país, segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Foram 518 greves em 2009 e 446 em 2010. Os números são os maiores da última década, superando o total de greves ocorrido em 2008 (411 greves). Os dados foram divulgados hoje (16).

    O Dieese utilizou a base de dados do Sistema de Acompanhamento de Greves, desenvolvido e mantido pelo próprio departamento e que reúne informações das greves desde 1978. O sistema é abastecido com notícias sobre greves veiculadas em jornais impressos e eletrônicos e da imprensa sindical.

    Segundo o Dieese, o número de greves de trabalhadores em 2009 foi maior na esfera privada (266) do que na pública (251). Em 2010, o número de greve em empresas privadas (176) foi menor do que no funcionalismo público e nas estatais (269). Houve uma greve que envolveu os dois segmentos em ambos os anos.

    Em 2009, o total de horas paradas chegou a 34.730, a maior parte delas na esfera pública (25.316 horas). Já em 2010, o total de horas paradas alcançou 44.910 horas, dos quais 38.085 horas no setor público. O Dieese disse que essa discrepância entre os setores público e privado se deve à ausência de regulamentação da negociação coletiva de trabalho no setor público e também ao fato de que, na esfera pública, as negociações são geralmente mais complexas, já que envolvem vários órgãos e instâncias de poder.

    Em geral, a motivação para a paralisação foi por melhores salários com 266 greves em 2009 e 214 em 2010, seguida pela reivindicação de plano de cargos e salários e auxílio-alimentação. Para o Dieese, houve queda significativa no número de greves por causa de demissões, que passou de 41 paralisações em 2009 para oito, em 2010.

    Segundo o estudo, o número total de greves ocorrido em 2009 pode estar na crise econômica mundial, que afetou principalmente a indústria. “O ambiente econômico adverso e marcado por grande incerteza ensejou greves de caráter mais defensivo contra demissões em massa e tentativas de flexibilização – ou descumprimento – de direitos e condições de trabalho”, diz o estudo. Em 2010, a recuperação da economia repercutiu na redução do número de greves, principalmente na indústria.

    Da Ag. Brasil

  • As novas medidas do Plano Brasil Maior, por José Álvaro Cardoso*

    Recebi do economista e amigo José Álvaro Cardoso, do Dieese/SC, um artigo que aborda com grande propriedade o alcance e os efeitos do Plano Brasil Maior, lançado pela presidenta Dilma. Zé avalia e dá suas opiniões sempre equilibradas, e faço questão de compartilhar com os leitores do Blog. Segue o artigo abaixo, bom proveito:

    O conjunto de medidas anunciado em 3 de abril pelo governo federal, apesar de muito robusto, não deve alterar significativamente o cenário da indústria para este ano, até porque a sua implementação e, principalmente, os seus efeitos, devem demorar. A indústria já vinha se recuperando, como era previsto, em função de ajustes de estoques e retomada de confiança dos empresários. Após um forte recuo em janeiro (de 1,5%) a produção industrial registrou crescimento em fevereiro, de 1,3% na série livre de influências sazonais.

    Esse é o resultado mais elevado desde os 2,2% registrado em fevereiro de 2011. Mesmo assim, na comparação com fevereiro de 2011, o total da indústria ainda é negativo em 3,9%. Se comparado ao mês de setembro de 2008, mês que antecede o agravamento da crise internacional, a produção industrial de fevereiro deste ano é 3,0% inferior, ou seja, após três anos da crise a indústria brasileira ainda não conseguiu retomar a sua produção em níveis iguais aos de pré-crise. Neste momento em que a indústria anda de lado, portanto, as medidas têm o mérito de estimular a confiança empresarial no futuro do setor, possibilitando maiores investimentos.

    Apesar das medidas anunciadas estarem fortemente calcadas na desoneração de impostos, elas não devem causar grandes impactos nas contas públicas, nem comprometer a meta de superávit primário para 2012, de 3,1% do PIB. Isto porque é grande a margem que o governo dispõe para obter receitas extraordinárias e de deslocar despesas para o ano seguinte (por exemplo, em fevereiro deste ano o governo obteve R$ 5 bilhões de dividendos, garantindo superávit de R$ 5,4 bilhões no mês).

    No ano passado a arrecadação do governo federal com dividendos foi de R$ 20 bilhões e pode chegar a R$ 25,5 bilhões em 2012. De qualquer forma, a política fiscal será expansionista em 2012, pelo crescimento das despesas com a Previdência em função do aumento do mínimo, e pela aceleração do ritmo de investimentos da União.

    Um problema importante: o robusto empréstimo que será feito pelo Tesouro ao BNDES (fundamental para viabilização do pacote anunciado) será operacionalizado através da emissão de títulos públicos, aumentando a dívida bruta, que já não é pequena. Ou seja, em última instância o subsídio à indústria será realizado via dívida pública, que paga os juros mais generosos do mundo. Outro problema diz respeito à desoneração da folha dos 15 setores industriais.

    O governo promete compensar as eventuais perdas do INSS, porém tal compensação deverá ser realizada com base em estimativas, e não com base na perda efetiva de receita, o que pode aumentar o suposto “déficit” da Previdência Social (como se sabe, a Seguridade Social, onde se insere a Previdência Social, é superavitária no Brasil). O Ministério da Fazenda estima que a substituição da contribuição patronal de 20% sobre a folha desses 15 setores por uma nova contribuição sobre a receita bruta implica uma renúncia fiscal de R$ 7,2 bilhões ao ano. Ou seja, a mudança reduzirá a receita da Previdência Social em R$ 7,2 bilhões por ano, que serão cobertos pela União.

    As medidas para proteção da indústria, por sua vez, são importantes, mas não suficientes. Como a atual crise mundial será de longa duração e existe grande oferta industrial excedente, a disputa de mercados será cada vez mais difícil. O Brasil tem que enfrentar o problema da sobrevalorização do real com muita determinação. A questão dos juros permanece no centro do debate do problema industrial, pois o elevado rendimento atrai bilhões de dólares especulativos, valorizando o real.

    Além disso, em algum momento, o governo brasileiro terá que enfrentar o problema de controle de capitais. Se há um tsunami de dólares e de euros no mundo, vazando para os emergentes e valorizando o real, nada mais justo do que controlar estes capitais. Como faz, por exemplo, o Chile, desde 1991, com sucesso.

    *Economista e supervisor técnico do DIEESE em Santa Catarina.

     

  • Curso de Ciências do Trabalho: Dieese organiza e lança a primeira turma

    Começou na quinta-feira (22/03) o processo seletivo para a primeira turma de Ciências do Trabalho organizada pelo Dieese. Será a primeira turma de graduação da Escola Dieese – o instituto recebeu a autorização do Ministério da Educação no final de outubro do ano passado. As aulas serão iniciadas em agosto, para 40 alunos, e o bacharelado terá duração de três anos.

    O coordenador de Educação do Dieese, Nelson Karam, destaca a inovação da entidade. “Hoje, não existe um campo de conhecimento denominado Ciências do Trabalho. Muitas universidades já abordam a questão do trabalho, mas limitado a determinado campo”, diz..O objetivo é reunir diversos assuntos, basicamente da área de humanas, sob a ótica do mundo do trabalho, como Antropologia, Economia, Direito e Sociologia. “Será um olhar sobre o trabalho, que hoje está repartido, reunido em um espaço.”

    Nessa primeira turma, embora o curso seja aberto a todos os interessados, o público preferencial é formado por trabalhadores e dirigentes sindicais. Segundo Karam, o bacharelado terá dois momentos, o primeiro de fundamentos, com uma base teórica. “A ideia é recuperar o entendimento sobre o trabalho e a importância dele para a sociedade”, afirma. A segunda parte reunirá disciplinas aplicadas, com “boa parte da carga horária destinada a um projeto de pesquisa”.

    A seleção inclui uma prova de conhecimento gerais, com questões de múltipla escolha, mais redação, em 3 de junho. A segunda, de 18 a 24 daquele mês, compreende entrevista com base no currículo do candidato. Os resultados deverão ser divulgados em 2 de julho. Mais informações podem ser obtidas no endereço escola.dieese.org.br.

    O coordenador lembra que, nas origens do Dieese, já havia a proposta de um espaço regular destinado à formação. Essa questão foi rediscutida em 2005, durante as comemorações pelos 50 anos do instituto. As aulas da primeira turma, todas no período noturno, serão dadas por técnicos, assessores e professores convidados.

    Para o ano que vem, estuda-se um processo mais amplo de seleção. Da mesma forma, está nos planos estender o curso para outros locais – o curso será dado na sede da entidade, na região central de São Paulo. “A nossa ideia é de que, a partir da experiência de São Paulo, a gente possa ampliar essa oferta a médio prazo para outros estados, mas aí em convênio com universidades públicas.”

    Da CNM/CUT