Aqui em Brasília os fatos se sucedem aos borbotões, afinal é o centro do poder nacional. Ou há notícias da Câmara dos Deputados, ou do Senado Federal, ministérios, autarquias, STF, STJ, Polícia Federal. Mas hoje decidi investir o tempo em ouvir grandes cabeças pensantes do país em um seminário intitulado “Dialogar para Liderar”, realizado pelo Correio Braziliense e Aberje, com apoio da ESPM e Aba e patrocínio da Petrobras.
Em meus textos anteriores, seja aqui no Palavra Livre, ou no Chuva Ácida, já abordei o tema da falta de líderes capazes de fazer a sociedade sonhar e acreditar que há possibilidades de avanços do Brasil. Já disse também que a falta de diálogo entre oposição e governo, e até da sociedade que se vê envolta em uma bagunça opinativa e informativa (?) disparada por ambos os lados.
Por tudo isso, resolvi ouvir esses seres pensantes sobre um tema que é urgente ao país: a falta do diálogo, de líderes, e o que isso representa para todos nós.
Durante a manhã ouvi atentamente a fala do ministro da Comunicação Social do Governo Federal, Edinho Silva, que abriu o evento, e o filósofo Adriano Machado Ribeiro, que debateu o tema Dialogar para Liderar com Eugenio Bucci (USP), Daniel Mangabeira (Uber), Virgina Galvez (Senado), com mediação de Caio Túlio Costa, que aliás mediou todas as mesas de debates.
Na parte da tarde, com o tema Comunicação e os desafios do presente, falaram Paulo Marinho do Itaú, tendo como debatedores Rubens Naves, advogado, e Marcelo D’Angelo da Camargo Correa. E fechando muito bem, o tema Brasil e Democracia – Novos paradigmas para o diálogo e liderança, comandado por nada mais nada menos que Renato Janine Ribeiro, ex-ministro da Educação, filósofo, com currículo invejável.
Em resumo, o que vi e ouvi foi que:
– passamos pelo pior momento de intolerância que o país já viu, na política, no tema racial, religioso, o que é grave
– que a solução da crise econômica passa pela política, sem o que não superaremos os conflitos, e o autoritarismo…
– há um abismo entre o que pensam e fazem os representantes (políticos, governantes) e os representados, fato
– só o diálogo resolverá esta crise, mas um diálogo entre instituições, o coletivo, e não individual
– que não há diálogo possível quando não há respeito entre as partes – há que se reconhecer o outro, senão…
– Dilma diz ser aberta ao diálogo, mas desde a vitória não cita e não dialoga, portanto, com Aécio, o derrotado
– que em um diálogo, para dar certo, é preciso “incorporar” o que pensa o outro, e sair diferente do que entrou
– temos de aprender a viver nesta democracia, com estes momentos de dor, e superar para crescer
– é o fim da terceirização da culpa
– é a era da economia da reputação, construída por uma comunicação atenta à sociedade
– que é possível resolver conflitos (falta de creches, ex) com diálogo, união entre entidades e cobrança a governantes
– é melhor dialogar, construir com método a saída possível, do que ganhar judicialmente e não levar
– que só tivemos quatro grandes líderes de fato: Getúlio Vargas, JK, FHC e Lula. Serra, Aécio, Dilma são “gerentes”
– é preciso ter líderes que convençam e empolguem a população para o que vem por aí, e ao que não se pode fazer
– o capitalismo e tão totalitário quanto os regimes comunistas e fechados. Impõem modelo único
– que a sociedade evoluiu com o aumento de pessoas na classe média, que exige continuar a evoluir
– a população quer mais transparência, atitude, proximidade
– que o enfrentamento e tentativa de destruição do outro é um perigo para a democracia
– não basta ter o poder político ou econômico para ser um líder. Liderança não se ganha assim
– precisamos manter e acentuar a inclusão social, retomar o desenvolvimento econômico e geração de emprego e renda
Ou seja amigos e amigas do Palavra Livre, precisamos evoluir enquanto sociedade, percebendo o outro, dialogando em busca de saídas, das resoluções dos problemas.
Vivemos hoje uma guerra política pelo poder, onde governo, oposição, partidos aliados, opositores, e líderes (?) de todos não enxergam o que a sociedade deseja, e tentam destruir o outro, as ideias, os projetos, as pessoas.
E o que o povo quer? Quer a paz, a volta da atividade econômica, quer a classe política, e também a empresarial, mais perto dele! Quer viver em uma sociedade próspera, e não em tempos medievais, como vivemos hoje.
Espero que tenham gostado da matéria desta quarta-feira, direto de Brasília especialmente para vocês que nos prestigiam sempre! Amanhã tem mais!
Por Salvador Neto, editor do Palavra Livre, direto de Brasília.