Não tem Black blocks, não tem manifestantes, não tem facções a, b ou c. O que tem, de verdade, são os marcados para liderar. São humanos despertados e convocados pelas circunstâncias evidentes no ambiente, no seu entorno, que passam a agir amalgamando os primeiros 20% que definem todos os demais 80%. São quatro líderes, quatro seres humanos que, em média, mandam, lideram, alteram, influenciam e transformam 4%. Nas extraordinárias experiências jesuíticas nas missões gaúchas, em Santo Angelo, São Luiz Gonzaga e região, não mais do que meia dúzia de jesuítas comandavam as “reduções” com cerca de seis mil índios. E veja a qualidade das obras que realizaram lá.
Então, se você fosse o secretário de Segurança, o ministro da Justiça, o comando das polícias, o que precisaria ser feito para botar ordem na zona manifestatória, onde, se polícia vai tem vandalismo, se polícia não vai e assiste, também tem porrada pra todo lado. E, não tem jeito, o novo padrão democrático votativo, eleitoreiro, mediático e net interativo, será daqui pra mais: uma agenda diária e de hora em hora para manifestações, num planeta comandado pelos desejos, e pela volúpia do agora eu quero, agora eu posso, agora eu pego, e se “o Abreu não pagar, muito menos eu”. Então, o que fazer?
Só tem um jeito na vida de liderar: são os enfrentamentos e embates eternos do mal, traduzido como entropia sistêmica e caótica. Ordem natural do próprio universo versus o bem, converta como força criadora também inexorável dos movimentos naturais da existência. E isso me obriga como líder, primeiro a decidir. Entropia x criação. E a partir disso descobrir quem são os 4% de cada lado.
Não existem facções, blacks, ou whites, entidades ou associações disto ou daquilo, o que existem são os seus líderes. E, nessa luta, a legítima luta fica entre os 4% de um lado x os 4% do outro lado. Vence aquele que de fato for representado pelos legítimos 4%. Porém, a longo prazo, mesmo o fraquejar dos equívocos ou dos falsos líderes do poder criador do bem, sairão vencedores. O mal se extingue dentro de si próprio. Questão de tempo. Mas, enquanto o mal dura, o sofrimento recrudesce e perdura, e sua longevidade só fica possível perante a passividade das forças criadoras, íntegras e evolutivas. Não rotulem, nem ampliem o empowerment dos 96% de qualquer organização maléfica. Simplesmente identifiquem, localizem, prendam, julguem e apresentem ao povo, os rostos e as malevolências, por vezes adocicadas, de seus líderes cancerígenos.
Agora, mais mal e muito mais mal faz aquele que existe para representar a lei, a justiça, a honestidade, e usa desse poder para ser o pior de todos os criminosos. Ou seja, muito pior do que o líder entrópico declarado e exposto é o líder das esperanças criadoras, oculto pelo manto da legalidade, transformado em ladrão, corrupto ou incompetente para a função. Aí esta o inimigo número 1 do progresso civilizatório. O preço da ética significa uma eterna vigilância.
Fonte: Exame Brasil