Bancos: regulação do setor financeiro em debate no mundo

Os banqueiros e o fato de gozarem de impunidade absoluta nesses tempos de crise internacional estão na mira de alguns governos, que já estudam ou propõem reformas bancárias e medidas mais severas de punição. É o caso da Alemanha e da Inglaterra. No Brasil, começa a ser esboçado um amplo debate sobre o Sistema Financeiro Nacional (SFN).

Um projeto de lei na Alemanha prevê a detenção por até cinco anos de executivos de bancos e seguradoras que atuem de forma imprudente em investimentos de risco. Além disso, o texto estabelece limite desse tipo de negócio por bancos de varejo.

Apesar da proposta já ter o aval da chanceler Angela Merkel, ainda é preciso a aprovação do Parlamento alemão. De acordo com o projeto, os bancos de varejo serão obrigados a limitar em até 20% o seu balanço – ou 100 bilhões de euros – com ativos de risco. Quem ultrapassar será obrigados a repassar os investimentos excedentes a outra instituição.

A intenção do projeto é impedir que o dinheiro do contribuinte, administrado pelos bancos de varejo seja utilizado em negociações arriscadas que possam levar a uma nova crise financeira, como a de 2008. De lá pra cá, casos de irresponsabilidade e fraudes por parte de administrações de instituições financeiras contribuíram para intensificar a atual crise internacional.

Inglaterra – Durante esse período, o desemprego atingiu milhões de pessoas no mundo, milhares de empresas quebraram e outras milhares de famílias sofrem diante do colapso social que ronda diversos países.

Dentro desse contexto, o governo britânico também começou a tomar providências a respeito do sistema financeiro. Foi enviado ao Parlamento proposta de reforma bancária que tornam mais rigorosas as normas para o setor.

O projeto inicial previa dividir em 2019 as atividades dos bancos comerciais e de investimentos, com diretores próprios e gestão de riscos separada, mas pertencendo à mesma entidade. Entretanto, a comissão parlamentar pediu ao governo para ir além, incluindo na lei a possibilidade de separar as atividades se a divisão for insuficiente.

“Basta de recompensas para as quebras. Basta de ‘grande demais para quebrar’. Chega de contribuintes pagando os erros alheios”, enfatizou o ministro das Finanças, George Osborne (foto), ao apresentar o projeto.  “Minha mensagem aos bancos é clara: se um banco descumprir as regras, o regulador – Banco da Inglaterra – e o Tesouro poderão realizar uma separação total das atividades comerciais e de investimento”, declarou o ministro, com a expectativa de que a lei seja votada até o início de 2014.

Brasil – Não é de hoje que os bancários alertam para a necessidade de debater o sistema financeiro no país e criar uma regulação para o setor para que cumpra seu papel de financiar o desenvolvimento do Brasil.

Um novo passo foi dado nesse sentido, durante reunião da CUT com a presidenta da República, Dilma Rousseff, na terça-feira 5. De acordo com o presidente da CUT, Vagner Freitas, Dilma concordou com a proposta sugerida pelos bancários de realizar uma conferência nacional para debater o setor. “Ela não só concordou como sugeriu que seja ampliada para discutir também os direitos dos consumidores. É o juro alto do cartão de crédito, as tarifas exorbitantes, o atendimento que o banco oferece aos clientes.”

Segundo Vagner, a presidenta determinou que o seminário já começasse a ser construído. “Perguntamos quem do governo acompanharia o processo, o que muito provavelmente será feito pela Secretaria-Geral da Presidência, com o ministro Gilberto Carvalho, a quem vamos procurar para começar a construir esse grande seminário.”

Da CUT Nacional

CUT e CNM acenam com proposta de proteção aos empregos

Dirigentes sindicais apresentam proposta ao governo e empresários

O presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), Paulo Cayres, o Paulão, e o secretário geral da CUT Nacional, Sérgio Nobre, propuseram ao governo e aos empresários, nesta quarta-feira (12), a criação de um sistema de proteção ao emprego em períodos de crise econômica. A proposta foi feita durante a continuação do workshop sobre Mercado de Trabalho promovido pela Coordenação Sistêmica de Condições e Relações de Trabalho do Plano Brasil Maior. Paulão é um dos representantes da CUT nesta Coordenação.

De acordo com Sérgio Nobre, a proposta que a CUT está levando é a de que o Brasil adote um modelo de proteção ao emprego semelhante ao existente na Alemanha. “Em períodos de crise, os trabalhadores alemães têm assegurado o seu trabalho, às vezes com redução de jornada, e os salários são subsidiados pelo governo por um período de até 48 meses”, explicou o secretário geral da CUT, dizendo que as crises econômicas são cíclicas no mundo e duram no máximo dois anos. E, quando elas acontecem, o trabalhador acaba sendo o maior prejudicado, com o desemprego.

Ele avalia que a criação de um sistema no Brasil interessa também aos empresários e ao governo. No primeiro caso, porque, em momentos de crise, as empresas optam por conceder férias coletivas, licença remunerada e utilização do banco de horas para os seus fiuncionários. “Mas, depois disso, se a crise persistir, a demissão sempre acaba acontecendo”, prosseguiu Nobre, lembrando que a dispensa significa custos para as empresas, com as verbas indenizatórias.

Ainda segundo ele, para o governo as demissões também custam, com o pagamento do FGTS e do seguro desemprego e com os reflexos na economia, porque o consumo diminui e a crise pode se aprofundar. “Demissão não é bom para ninguém. Para as empresas, além dos custos ao demitir, elas também terão custos ao contratar novamente, porque terão de investir na qualificação dos trabalhadores.  Para elas, é interessante segurar a mão de obra qualificada. Já para o governo, desemprego gera pessimismo na economia e tem um custo político alto, porque a popularidade dos governos caem”, destacou o dirigente da CUT.

O presidente da CNM/CUT disse que esta proposta será detalhada a partir de conversas com as duas outras centrais sindicais presentes no workshop, a NCST (Nova Central Sindical dos Trabalhadores) e a CTB (Central dos Trabalhadores do Brasil). “Entendemos que há maturidade suficiente nas relações entre trabalhadores, governo e empresários para viabilizar este sistema de proteção. E ele não será impostivo ao trabalhador ou ao seu sindicato representativo. O sistema poderá ser aceito ou não por eles nos períodos de crise”, afirmou Paulo Cayres.

O trabalho na Coordenação Sistêmica
A primeira etapa do workshop aconteceu no dia 21 de novembro e três temas estão sendo debatidos nesse processo: geração de empregos, formalização e rotatividade. Em cada um dos temas, são avaliadas polícas e programas do governo, estudos de organismos como o Dieese e propostas das bancadas dos trabalhadores e dos empresários. “A intenção é a de se criar consensos sobre os temas para que eles sejam incorporados no Plano Brasil Maior”, explicou Paulão.

A Coordenação Sistêmica de Condições e Relações de Trabalho é a única tripartite no âmbito do Plano Brasil Maior. Além dela, há mais oito coordenações sistêmicas, todas com representação governamental e de instituições estatais, como o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

O que é o Plano
O Plano Brasil Maior é a política industrial, tecnológica e de comércio exterior do governo Dilma Rousseff. Ele foi lançado em agosto de 2011 num momento conturbado da economia mundial, com o objetivo de sustentar o crescimento econômico inclusivo num contexto econômico adverso e sair da crise internacional em melhor posição do que entrou. O principal foco é buscar a inovação e o adensamento produtivo do parque industrial brasileiro, objetivando ganhos sustentados da produtividade do trabalho.

“A estabilidade monetária, a retomada do investimento e crescimento, a recuperação do emprego, os ganhos reais dos salários e a drástica redução da pobreza criaram condições favoráveis para o país dar passos mais ousados em sua trajetória rumo a um estágio superior de desenvolvimento”, avalia o documento de criação do Plano.

Desde o seu anúncio, o Plano tem adotado medidas de desoneração dos investimentos e das exportações para iniciar o enfrentamento da apreciação cambial, de avanço do crédito e aperfeiçoamento do marco regulatório da inovação, de fortalecimento da defesa comercial e ampliação de incentivos fiscais e facilitação de financiamentos para agregação de valor nacional e competitividade das cadeias produtivas.

A princípio, o Plano foi criado para durar três anos. Mas, para a Confederação, o país já está preparado para traçar políticas duradouras. “Se conseguirmos estruturar o Plano e construirmos denominadores comuns, é possível transformá-lo numa política de Estado e não apenas de governo, que acabe ao fim de cada mandato”, destacou Paulo Cayres.

Fonte: Solange do Espírito Santo – CNM/CUT

 

Crise econômica: Esquerda européia prepara greve geral

Os partidos de esquerda da Alemanha, Grécia, França e Espanha apelaram no dia 9 à forte mobilização para greve geral europeia para dia 14, em protesto contra as políticas de austeridade.

Gabriele Zimmer, dirigente do partido alemão Die Linke e presidente do GUE/NGL, no Parlamento Europeu, Alexis Tsipras, líder da coligação de esquerda grega Syriza, Jean-Luc Mélenchon, dirigente da Frente de Esquerda em França, e Cayo Lara, coordenador da Esquerda Unida espanhola, fizeram-se ouvir  em Lisboa, presencialmente ou não, apelando à mobilização geral dos cidadãos, em comício internacional organizado pelo Bloco de Esquerda.

“No 14 de novembro [quarta-feira], as pessoas em Portugal, na Grécia, na Espanha e na Itália vão expressar de forma clara o que pensam de uma política que viola diariamente a sua dignidade e que coloca uma trava, em especial  ao futuro dos jovens”, afirmou a alemã Gabriele Zimmer.

Alexis Tsipras, que não esteve presente no comício devido ao debate parlamentar do Orçamento da Grécia para 2013, deixou uma mensagem através de um vídeo, em que afirma que, na quarta-feira, “a Europa da resistência e da Democracia, a Europa da alternativa vai encher as ruas por ocasião da primeira greve geral europeia”.

“A voz de Atenas vai juntar-se às vozes de Lisboa, de Madrid, de Roma, de Paris, de Londres e de Berlim. Vamos fazer desta voz a mais poderosa”, prometeu o líder do Syriza.

Já Jean-Luc Mélenchon, que não esteve no encontro por motivo de doença, mas deixou um discurso que foi lido por uma responsável do partido francês Frente de Esquerda, disse que no dia da greve geral europeia, na quarta-feira, “cada país vai sair às ruas”, respondendo aos apelos dos sindicatos, para mostrar que “a Europa dos trabalhadores e dos povos não foi vencida pela Europa dos bancos e dos seus governos”.

Da EBC

G20 quer fortalecer euro e economia mundial após alívio na Grécia

Dilma chegou ao México no domingo para participar da reunião de cúpula do G20

Com a pressão ligeiramente aliviada pelos resultados iniciais das eleições na Grécia, o G20, grupo das principais economias emergentes e avançadas do mundo, se reúne em Los Cabos, no México, para discutir o fortalecimento da economia global. O pleito grego do final de semana foi vencido pelos conservadores do partido Nova Democracia, que defendem a permanência do país na zona do euro e acatam as medidas de austeridade defendidas pela União Europeia.

As atenções devem estar quase totalmente voltadas para o debate sobre como salvaguardar o euro e evitar que a crise grega se espalhe para outros países europeus, como Espanha e Itália, ainda que a agenda oficial seja mais ambiciosa no sentido de discutir como gerar ”crescimento vigoroso” no mundo.

Espera-se que o G20 expresse na sua declaração final um apoio firme em favor do euro. E os mercados já especulam que pode ser anunciada na reunião uma ação conjunta de Bancos Centrais para injetar liquidez no sistema financeiro.

Entretanto, o Brasil, que avalia como positiva a sinalização de que a Grécia permaneça na zona do euro, vai enfatizar que a solução para o problema grego – e europeu em geral – não é apenas financeira, mas passa por estimular os mercados dos países em crise, gerando dinamismo econômico.

A presidente Dilma Rousseff, que está em Los Cabos acompanhada do ministro da Fazenda, Guido Mantega, vai reforçar o coro dos que defendem uma pitada de estímulos econômicos no coquetel de medidas de austeridade adotado nos países avançados.

Além disso, o país vai barganhar ao lado de outros emergentes reunidos nos Brics – grupo que inclui também Rússia, China, Índia e África do Sul – mais poder no Fundo Monetário Internacional (FMI) em troca de aportes para reforçar o caixa da instituição contra a crise.

Socorro à Grécia
Às vésperas do encontro, quando as delegações dos países ainda estavam a caminho do balneário de Los Cabos, na costa mexicana do Pacífico, sede da cúpula, o tema que mais preocupou as delegações foram as eleições gregas – vistas como um referendo sobre a permanência ou não do país na zona do euro. Mas logo após os resultados iniciais do pleito, que favoreceu o partido mais inclinado a manter a Grécia na zona do euro e honrar os compromissos do país com seus credores, o tom foi de menor tensão.

Os Estados Unidos, que consideram que sua economia está sendo arrastada pela crise na zona do euro e que por isso têm gerado empregos aquém do necessário, expressaram o desejo de que a eleição grega ”leve à formação de um novo governo que possa alcançar progresso rápido nos desafios econômicos que o povo grego enfrenta”.

”Acreditamos que é no interesse de todos que a Grécia permaneça na zona do euro, enquanto respeitando seus compromissos com reformas”, disse a Casa Branca em comunicado.

Já o ministro do Exterior da Alemanha, Guido Westerwelle, amaciou o tom ao falar do cenário político grego e indicou que os credores do país poderiam concordar com um relaxamento das condições impostas para emprestar recursos ao governo de Atenas.

“Não deve haver mudança substancial nos compromissos”, disse o ministro, ”mas posso imaginar, sem problemas, uma negociação sobre novos prazos”.

Até agora, a Alemanha vinha se mantendo inflexível na negociação dos recursos emprestados à Grécia. Mas Westerwelle disse que o país viveu “uma paralisia política nas últimas semanas devido às eleições” e que ”os cidadãos comuns não podem ser punidos, especialmente porque já suportaram cortes drásticos”.

Crescimento solidário
O tom ”solidário” com a Grécia – para usar um termo aplicado pelo próprio ministro alemão – coincide com a avaliação brasileira de que para salvar a economia grega não basta oferecer empréstimos e exigir condições: é preciso que as autoridades europeias trabalhem junto com o governo de Atenas para fortalecer a economia do país.

Em Los Cabos, onde todos concordam que é preciso fazer os ajustes fiscais estipulados em reuniões anteriores do G20, alguns países até então alinhados com as ideias de austeridade, como o Canadá e a Grã-Bretanha, já sinalizaram uma mudança de posição tendendo mais à segunda opção, a do estímulo crescimento.

O premiê britânico, David Cameron, cujo país voltou a entrar em recessão neste ano, deve defender uma ”ação decisiva” para fortalecer a demanda no continente europeu, a fim de evitar o fim da moeda comum e o consequente contágio que os analistas consideram inevitável se persistir a crise grega.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, é um dos que já urgiram os países com superávits orçamentários, em especial a Alemanha, a adotar programas de estímulo que evitariam as distorções cambiais e agiriam contra a estagnação econômica.

Prevenindo crises
Além desses temas, estão sendo discutidas maneiras de evitar futuras crises. Tem-se especulado sobre a adoção de medidas conjuntas por parte dos Bancos Centrais para injetar liquidez no sistema financeiro, como foi feito após a reunião do G20 em Londres em 2009.

Naquela ocasião, o grupo mobilizou de maneira coordenada US$ 5 bilhões (cerca de R$ 10,2 bilhões) em estímulos fiscais para conter a freada da economia global, reforçou o caixa do FMI e do Banco Mundial em US$ 1,1 bilhão e criou mecanismos para monitorar o nível de risco nos mercados financeiros.

O anfitrião, o presidente mexicano, Felipe Calderón, também lembrou que pretende finalizar as discussões para o aumento de capital do FMI, no valor de US$ 430 bilhões (cerca de R$ 878,5 bilhões) – praticamente o dobro do poder de fogo do órgão contra a crise.

Os países do bloco Brics já indicaram em abril que devem contribuir com o aporte, mas decidiram não falar publicamente em números até esta reunião de Los Cabos. O grupo se reúne na segunda-feira de manhã para tratar do assunto, com a presença da presidente Dilma Rousseff e do ministro Guido Mantega.

Da BBC Brasil

CUT: desenvolvimento não será sustentável com cartilha do FMI e do Banco Central Europeu

Enquanto para os chefes de Estado a Rio+20 só começa no próximo dia 13, para o movimento sindical os debates já iniciaram. Na tarde desta segunda-feira (11), mais de 500 representantes de trabalhadores de 50 países abriram na cidade do Rio do Janeiro a Assembleia Sindical que discutirá até quarta (13) a relação entre trabalho e meio ambiente.

Na cerimônia de abertura, o presidente da CUT, Artur Henrique, passou a limpo a pauta que a Central defenderá tanto na Cúpula dos Povos quanto na conferência oficial: não há desenvolvimento sustentável e transição justa para uma nova economia sem proteção social e trabalho decente.

Para o dirigente, nada mudará se os países repetirem as mesmas fórmulas de sistemas falidos. “Não vamos criar um modelo de desenvolvimento sustentável se continuarmos seguindo as orientações do FMI, do Banco Mundial e dos neoliberais, que um dia também governaram o Brasil com o senhor Fernando Henrique Cardoso, e que pregavam o lema da restrição e do arrocho, afetando os trabalhadores e aqueles que mais precisam de proteção social.”

Ele ressaltou ainda que a chamada transição justa, de uma economia poluente para uma preocupada com a preservação dos recursos naturais, deve levar em conta a qualidade de vida e a voz do trabalhador.

“Temos que fortalecer a negociação coletiva e a liberdade e autonomia sindical ao redor do mundo e não podemos aceitar o assassinato de sindicalistas como na Colômbia e Guatemala. Assim como não podemos aceitar que governos e líderes empresariais pressionem os trabalhadores para que não se filiem aos sindicatos ou permitir que esses mesmo patrões criem instituições de fachada apenas para negociar mais facilmente”, alertou.

E o financiamento, voltou a comentar, deve ser oriundo da taxação sobre transações financeiras, uma maneira de tirar recursos da especulação para um modelo de produção e consumo mais justo e responsável.

Da mesma forma que em outras ocasiões, o dirigente voltou a defender a criação de metas para o desenvolvimento sustentável, desde que atreladas a punições para quem não cumpri-las. O momento, acredita, é sim de discutir mudanças de valores. “Não temos de dizer que um outro mundo é possível, mas sim necessário”.

Sistema e emprego decentes

Secretário Geral da Confederação Sindical das Américas (CSA), Victor Baez,  apontou a necessidade de a Rio+20 dar início a um debate internacional que inclua a questão dos empregos e a proteção aos recursos naturais. “Os neoliberais jamais vão reconhecer os direitos humanos e os direitos dos trabalhadores”, pontuou.

Para Baez, o momento exige exatamente o contrário: fortalecer o papel do Estado, expandir o emprego formal, a contratação coletiva e o emprego verde. “O emprego verde está diretamente relacionado ao trabalho decente. Não existe emprego verde sem trabalho decente.”

Sobre as políticas do movimento sindical para a juventude, tema muito questionado, ele comentou que a CSA irá colocar em prática um projeto que  fixará dois países a cada três anos para organizar os jovens trabalhadores. E as Américas, principalmente, a do Sul, serve como exemplo. “O movimento sindical das Américas segue a direção da década de 1990, de atuar social e politicamente, além das fábricas e escritórios. Esse é o século das Américas, podemos mudar a história.”

Desenvolvimento sustentável no DNA

Secretária Geral da Confederação Europeia de Sindicatos, Bernadette Segol, também lembrou que as medidas restritivas, na velha linha neoliberal, aprofundaram ainda mais a crise. “As reformas afetaram a proteção social, o serviço público e jogaram o salário para baixo, visando também diminuir a capacidade de diálogo, já que a maior parte foi imposta e não negociada. Disseram que essa seria a saída para a crise, mas os planos fracassaram econômica e socialmente, elevando o desemprego e a pobreza”, comentou.

A função do movimento sindical diante do atual cenário, diz, é cobrar mais responsabilidade dos chefes de Estado. “Os líderes políticos devem ter mais ambição e não ficar apenas na reformulação dos acordos já vigentes. Os trabalhadores exigem mais clareza.”

Já a secretária de Políticas de Saúde do Trabalhador e Meio Ambiente da CSI, Anabella Rosemberg. ressaltou que os dirigentes sindicais têm propostas e respostas para a sociedade, mas a construção de um modelo de desenvolvimento menos poluente para um modelo sustentável, com justiça social e ambiental, requer muita pressão sobre os governos.

“O desenvolvimento sustentável está no DNA do sistema sindical, temos de organizar nossas ações para garantir uma transição justa”, afirmou.

Por: CUT

 

Hollande toma posse na França e promete conter crise

Apenas 11 dias depois de eleito, o novo presidente da França, François Hollande, de 57 anos, tomou posse na manhã de hoje (15). Seguindo seu estilo sóbrio, a cerimônia foi simples e sem pompas, apesar dos 400 convidados. Em seu primeiro discurso no cargo, ele defendeu a busca pela redução da crise econômica internacional por meio do estímulo da economia e da geração de emprego. Disse que promoverá um governo justo, impedindo a discriminação aos imigrantes.

Hollande foi recebido na porta do Palácio do Eliseu (cujo nome em francês é Champs-Élysée) pelo antecessor Nicolas Sarkozy. Ambos se cumprimentaram com apertos de mão e sorrisos e se reuniram por cerca de 30 minutos no escritório presidencial, antes da solenidade de posse.

Uma multidão aguardava os dois na porta do palácio. Nos arredores do prédio, foram expostos cartazes e faixas com apelos a Hollande. Nos apelos, as pessoas pedem providências para controlar a crise e promover um governo igualitário. Também há elogios e desejos de sorte no cargo.

A expectativa é que Hollande anuncie o nome do seu primeiro-ministro antes de viajar para Berlim, onde se reúne com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel. O nome apontado como o mais provável para o cargo é o do deputado socialista Jean-Marc Ayrault. O presidente da Autoridade dos Mercados Financeiros (AMF), Jean-Pierre Jouyet, amigo do presidente eleito, confirmou Ayrault.

O restante da equipe de Hollande deve ser conhecido no dia 16, depois de ele concluir parte da agenda internacional. As especulações em torno dos escolhidos vão desde ambientalistas até colaboradores de campanha.

Em meio às escolhas dos ministérios, Hollande organizou uma intensa agenda internacional. Ele pretende viajar ainda hoje para Berlim, para uma reunião com a chanceler Angela Merkel, com quem deve conversar sobre as propostas para conter os efeitos da cris econômica internacional. Depois, no dia 17, vai para os Estados Unidos.

Nos Estados Unidos, Hollande participa das cúpulas do G8 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Canadá e Rússia), prevista para os dias 18 e 19, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) – sobre a retirada das tropas do Afeganistão até o fim de 2014.

Eleito no dia 6 de maio com 51,6% dos votos, Hollande tornou-se o sétimo presidente e permanecerá cinco anos no cargo, podendo concorrer à reeleição. Ele é o primeiro socialista a chegar à Presidência, depois de 17 anos da direita no poder.

*Com informações da Rádio França Internacional (RFI)

Europa tem o maior desemprego em 25 anos

A zona do euro registrou taxa de desemprego recorde no último mês de fevereiro, com 10,8% de desempregados, 0,1 ponto porcentual a mais do que no mês de janeiro, segundo dados do Escritório Estatístico das Comunidades Europeias (Eurostat). Em fevereiro de 2011, o índice era de 9,5% – o que mostra o impacto da crise das dívidas soberanas e dos planos de rigor adotados pelos governos da Europa.

Só nos países que adotam a moeda única, 17,1 milhões estão sem emprego, um total que sobe para 24,5 milhões de homens e mulheres em idade ativa sem trabalho se considerados os 27 países da União Europeia. As cifras são recordes em 25 anos.

O anúncio foi feito ontem, em Bruxelas, e revela o impacto social da crise, que desde 2008 flagela o mercado de trabalho da Europa. No intervalo de um ano, entre os meses de fevereiro de 2011 e de 2012, 1,8 milhão de pessoas- equivalente a toda a população de Paris – foi demitida na União Europeia, onde o porcentual de desocupados é um pouco mais baixo, 10,2%, ante 9,5% um ano antes.

Outra conclusão relevante do estudo é a concentração das novas demissões na chamada zona do euro, formada por 17 países que adotam a moeda única, onde 1,4 milhão perderam suas vagas.

Os casos mais graves de crise de emprego acontecem na Espanha e na Grécia, dois dos países mais atingidos pelas crises do sistema financeiro, de 2008, e das dívidas, de 2009. Quase um em cada quatro espanhol em idade ativa não tem trabalho, ou 23,6%. Entre jovens com menos de 25 anos, 50,5% não têm trabalho, índice que voltou a crescer, se comparado a dezembro de 2011, 50,4% (Leia texto ao lado. A situação de calamidade é semelhante na Grécia, onde 21% dos trabalhadores estão sem trabalho – frente a pouco mais de 5% em 2008. Também entre os jovens gregos a situação é dramática, com um em cada dois sem atividade laboral. No conjunto da União Europeia, esse porcentual é de 22,4%.

Pleno emprego
Por outro lado, países como Áustria, com 4,2% de trabalhadores sem vaga, e Holanda, com 4,9%, vivem o pleno emprego. Situação semelhante é verificada em Luxemburgo, com 5,2% de desempregados, e na Alemanha, maior potência econômica do bloco, com 5,7%. Em oito países as cifras de desemprego melhoraram nos últimos 12 meses;em18, entretanto, pioraram. Para especialistas em mercado de trabalho, essa é a prova que a União Europeia cresce em duas velocidades distintas: ao norte, onde o desempenho é positivo, apesar dos efeitos da crise, e ao sul, onde a recessão ou a depressão econômica são a regra.

Na França, onde o desemprego fica na média europeia, a situação também é crítica para quem buscas e reinserir no mercado. O Estado esteve ontem em uma agência governamental para recolocação profissional, a Polo de Empregos situada no 15º distrito de Paris, e ouviu depoimentos de pessoas há mais de dois anos sem uma proposta de trabalho.

Jovens
Como em todo o continente, a situação é mais grave entre jovens franceses, dentre os quais 21,7% não encontra trabalho.” O pior é a falta de perspectiva.

Como tempo, até o Polo Emprego vai abandonando seu caso”, afirmou o contador Alain C., de 24 anos, há 17 meses à procura de um posto. “A gente se sente só”, afirmou.

Do Estadão e Sindicato do ABC

 

Senado dos Estados Unidos vota hoje acordo que evita calote

O Congresso dos Estados Unidos vota hoje (1º) um acordo preliminar entre republicanos e democratas que determina cortes nos gastos governamentais e a elevação do teto da dívida pública americana, atualmente em US$ 14,3 trilhões. O governo está ameaçado de ter dificuldades para honrar parte da dívida.

O acordo, anunciado pelo presidente norte-americano, Barak Obama, ontem (31) à noite, pretende  encerrar meses de disputas entre os dois principais partidos e tirar o país da rota do que poderia ser um calote sem precedentes.

Segundo Obama, o acordo permitirá “evitar o default [suspensão de pagamentos] e encerrar a crise que Washington impôs ao resto dos Estados Unidos”.

O pacote deve passar sem dificuldades pelo Senado, mas deve enfrentar resistências na Câmara de Representantes pois os republicanos, que são oposição, disseram-se insatisfeitos com o que foi negociado ontem.

O acordo preliminar eleva o teto da dívida, atualmente em US$ 14,3 trilhões, em cerca de US$ 2 trilhões, permitindo que o governo tome novos empréstimos e continue financiando sua dívida até, pelo menos, 2013.

Uma das principais exigências dos democratas é que o novo prazo para revisão do teto não caia no ano eleitoral de 2012. A contrapartida exigida pelos republicanos prevê cortes no déficit público que podem chegar a US$ 2,4 trilhões ao longo da próxima década.

Segundo as negociações, esses cortes seriam feitos em duas etapas e poderiam exigir a criação de um comitê no Congresso que seria responsável por propor as áreas de onde sairiam os recursos. Em um primeiro momento, os cortes para os próximos dez anos ficariam em torno de US$ 900 bilhões. O volume adicional de cortes ainda precisa ser determinado.

O acordo afasta o risco de suspensão imediata de pagamentos da dívida, mas não descarta que a avaliação dos títulos da dívida pública americana seja revista para baixo do atual patamar de nota máxima. O mercado aguarda que as três principais agências de risco se pronunciem sobre o conteúdo do que foi negociado.

Agência Brasil