Presidente João Bruggmann encerra mandato: “Saio da presidência, mas continuo na luta”

“Quero deixar registrado o meu agradecimento especial a todos os funcionários, prestadores de serviços, colegas de direção, pelo carinho e a atenção que sempre me dispensaram. Não tenho reclamações, não tenho nada que reparar, apenas agradecer de coração todo o apoio e dedicação. Por isso o Sindicato está sempre forte, atendendo a todos e todas com cordialidade, sem distinção, sempre com bons serviços. Agradeço também a toda a categoria mecânica que participou comigo e a direção de tantas lutas, tantas batalhas, de tantas vitórias e derrotas, mas sempre pelo bem de todos os trabalhadores, sempre lutando por seus direitos. Obrigado por acreditar e me conceder, por três vezes seguidas, a honra de ser seu Presidente. Tudo isso ficará marcado em minha memória para sempre. Entrei com toda humildade do mundo, aprendi muito, e saio com a mesma humildade, de cabeça erguida com o dever cumprido. Obrigado gente”.

Essa é a mensagem que o presidente João Bruggmann, que deixa o cargo nesta terça-feira (6/3/2012), oferece aos inúmeros amigos, admiradores, funcionários, prestadores de serviços, fornecedores, dirigentes sindicais, e toda a categoria mecânica após 13 anos de dedicação integral à luta pelos direitos dos trabalhadores, na manutenção do seu patrimônio em bom estado, com avanços invejáveis e intocáveis que a história já registrou. Enfrentou todas as campanhas salariais de forma firme, direta e dura, e em todas conquistou ganhos reais que valem muito em tempos de inflação baixa. “Fico feliz em ter contribuído com alguma coisa para a construção e fortalecimento do nosso Sindicato”, revela Bruggmann.

Nascido na localidade de Vidal Ramos, hoje município, que à época fazia parte do município de Brusque (SC), há 57 anos, Bruggmann tem orgulho de suas raízes. Filho de pais analfabetos, “mas trabalhadores e honestos, que nos ensinaram a ser gente de bem”, João veio para Joinville em 18 de novembro de 1968 quando tinha 13 anos. “Para viver, manter a família grande da gente, trabalhei de tudo: carpinei quintais, vendi laranjas em frente as empresas, enfim, buscávamos um jeito de ganhar a vida”, conta ele. Seu primeiro emprego com carteira assinada foi na Indústrias Colin em 1970. “Ainda era ali onde hoje é a avenida JK. Meu salário inicial foi de R$ 0,36 a hora. Fiquei cinco anos lá”, registra.

Teve de servir o Exército em 1973, “ano em que mudou o nome de Batalhão de Caçadores para 62 BI” – anota o líder sindical. Com o pouco que ganhava conseguiu pagar terreno no Bom Retiro, na rua Piratuba. Trabalhou ainda na Tupy por cinco anos, Carrocerias Nielson (atual Busscar) por seis anos, pequenas passagens pela Suin Industria Agrícola, Consul e Ciser. Mais dois anos na Kawo, e depois a Cid Produtos Metalúrgicos, onde já está há 18 anos. “Fui muito perseguido por discordar do tratamento dos patrões com a gente. Acho que aí viram que tinha um ladinho para o movimento sindical e me convidaram”, confessa Bruggmann.

Conquistou a presidência do Sindicato em 1999, enfrentando uma chapa de oposição, sem ter experiência em comandar uma entidade tão representativa quanto a dos mecânicos. Eu era diretor suplente, atuava no chão de fábrica, na verdade era o último suplente da nossa diretoria. Saí do torno direto para comandar o Sindicato. Foi duro, mas valeu a pena”, destaca o líder sindical reconhecido por suas lutas, as mais recentes diante das crises da Busscar (2003/2004 e 2008 até agora). Agora que deixa a presidência para assumir a diretoria financeira da entidade – “não vou sair do movimento sindical, continuo na luta” – João Bruggmann revela que vai continuar apoiando forte o novo presidente, Evangelista dos Santos.

“Acredito que ele vai fazer um bom mandato, vai cuidar com carinho da situação atual dos trabalhadores da Busscar, sem deixar que toda a categoria fique desprotegida. Companheiro na secretaria geral desde 2000, Evangelista tem raízes fortes no chão de fábrica, vem de uma das maiores empresas da categoria, a Duque, e saberá conduzir nosso Sindicato”, afirma Bruggmann. Sem pompa, sem solenidades, o líder sindical finaliza hoje o seu mandato, e deixa um recado aos que pensam que vai ficar parado e sumido. “Saio feliz com os resultados que conseguimos, mas já aviso: continuo presente, atuando em favor da nossa categoria mecânica”, finaliza.

Do Sindicato dos Mecânicos de Joinville e Região

Caso Busscar: Sindicato fará reuniões preparatórias com trabalhadores

A partir de março o Sindicato dos Mecânicos convoca reuniões preparatórias para informar, esclarecer e debater propostas com os trabalhadores da Busscar envolvidos nesse processo doloroso e injusto causado pela empresa, que já vai para 22 meses sem pagar salários, usando todos os artifícios possíveis para adiar o pagamento de suas dívidas, e insistindo com um plano de recuperação judicial que não tem nenhuma viabilidade e já foi denunciado pelo Sindicato.

Segundo o presidente João Bruggmann, o Sindicato já pediu a impugnação do plano apresentado pela Busscar, mostrando todos os furos e falhas no que se chama de uma bela obra literária, mas fraquíssima em termos financeiros, econômicos e de mercado. “Nós estamos defendendo de todas as formas os direitos dos trabalhadores desde o início dessa crise. Agora após a impugnação, esperamos que eles modifiquem tudo, já apontamos todos os erros e saídas, caso contrário o final será mesmo a desaprovação do plano que eles criaram sem qualquer base real. Enquanto isso vamos orientar a todos os trabalhadores que tem algo no processo da Busscar, informando o passo a passo, e ao mesmo tempo, debatendo as novas medidas que tomaremos até a assembleia de credores em abril”, explica Bruggmann.

Todas essas reuniões estão sendo preparadas pelo departamento jurídico do Sindicato, e serão realizadas antes da Assembleia Geral dos Credores que vai decidir o futuro da empresa, e dos seus salários. Já há datas definidas para essas reuniões que acontecerão na sede central do Sindicato, localizada na rua Luiz Niemeyer, 184 – centro de Joinville (SC). Anotem as datas e participem ativamente: dia 5 de março (segunda-feira) às 9 horas; dia 7 de março (quarta-feira) às 15 horas e dia 17 de março (sábado) às 9 horas.

Do Sindicato dos Mecânicos