Artigo: Meio ambiente: o que falta é atitude

Compartilho com os leitores do Blog o artigo de minha autoria que foi publicado dia 23 de abril passado no Jornal Notícias do Dia, sob o título “Meio ambiente: o que falta é atitude”, leiam e critiquem:

“Há tempos tinha decidido escrever algo sobre o que vejo em nossas ruas, em nossas cidades. O estopim para isso foi uma notícia publicada na revista Vida Simples, edição 104 de abril deste ano na página 11 sob o título “Entulho para as ruas”. Em resumo, a revista mostra a atitude da Prefeitura e moradores de Guarulhos (SP) para reduzir o acúmulo de entulhos na beira de córregos, rios, áreas de preservação ambiental da cidade. Em 2010, mais de 30 mil toneladas (isso mesmo!) de resíduos da construção civil, móveis, pneus e outros deixaram de ser jogados em terrenos baldios e foram entregues em postos de entrega voluntária.

Parte desse material, tijolos, ferro e argamassa são processados em uma usina de reciclagem e viram pó de brita para pavimentação de ruas, ou blocos de concreto para calçamento. Ou seja, menos lixo nas ruas, rios e córregos, mais serviços à população com custo baixo, e meio ambiente preservado. A união entre o poder público e a população resultou em um projeto viável, simples e com grande alcance social, se a observação se fizer pela ótica social e não pecuniária. Outras cidades utilizam ideias parecidas para deixar suas comunidades mais bonitas, limpas e sustentáveis. Mas para que isso aconteça, é realmente preciso ter muita atitude. E atitude positiva.

A origem da palavra já diz tudo. Atitude, do latim aptitudinem, através do italiano attitudine, significa uma maneira organizada e coerente de pensar, sentir e reagir em relação a grupos, questões, outros seres humanos, ou, mais especificamente, a acontecimentos ocorridos em nosso meio. É um dos conceitos fundamentais da psicologia social. Faz junção entre a opinião (comportamento mental e verbal) e a conduta (comportamento ativo) e indica o que interiormente estamos dispostos a fazer. Pode-se dizer também que é a predisposição a reagir a um estímulo de maneira positiva ou negativa. Ou seja, para que realizemos algo, não basta pensar, é preciso agir.

As enchentes que assistimos, e alguns a sentiram diretamente com casas atingidas, são reflexos das nossas atitudes em vários casos. Erguemos casas e prédios ao lado, quando não sobre, rios e córregos. Ou então nos alojamos em áreas historicamente alagadiças. E talvez as piores atitudes: jogamos nossos sofás, camas, tijolos, lixo, latinhas de bebidas, garrafas, geladeiras, um sem numero de objetos, nas ruas, no terreno do lado, no rio. Isso em pleno século 21, onde o conhecimento sobre quase tudo está ao nosso alcance, nas escolas, nos programas de televisão, na internet. E vejo isso diariamente diante da minha casa. Não faltam latas e garrafas pet na rua.

Por parte dos órgãos públicos também não vemos criatividade, ou mesmo campanhas educativas permanentes. O exemplo de Guarulhos é um dos tantos que podemos copiar, sem medo ou culpa. Imaginem se a cidade tivesse vários pontos de coleta dos entulhos de casas, lixeiros estilizados nas ruas, partindo dos bairros para o centro? Junto a essa atitude da Prefeitura, escolas, associações, igrejas, entidades e por que não, empresas, unidas em campanha permanente de educação ambiental. E nós, que erramos todos os dias, faríamos nossa parte, não jogando garrafas de vidro, latas, papéis de bala e bombons e outros lixos no meio das ruas. O que nos falta realmente é atitude de querer, de fazer, de mudar”.