Artigo: Assessores e assessorados

Relacionamento franco é a chave para bons resultados em comunicação

Jorge (nome fictício) dirige uma grande empresa que cresce em seu mercado. Profundo conhecedor do seu ramo de negócios, ele decide contratar uma assessoria de comunicação para cuidar da imagem de seus negócios e a sua própria. Determinado, faz consultas a amigos e pesquisa o mercado. Após alguns contatos, apresentações e propostas, ele contrata um dos melhores, o Zeca, especialista em marketing, jornalista e muitos outros agregados após seu nome. Conhecimento não lhe falta. Ao Jorge também não. Começa a parceria, mas meses depois Jorge encerra o contrato. Alegação? Os resultados não foram os esperados.

Aos amigos da área, o dispensado Zeca conta seu calvário. Desde o início, Jorge conversou com ele pouquíssimas vezes sobre as estratégias da empresa. Nas reuniões de diretoria, vez ou outra foi convidado, e aí, não sabia do que se pensava para o futuro, tampouco do presente real em andamento. Quando via, opiniões de Jorge já estavam em colunas econômicas, por vezes, causando problemas ao empreendimento tanto interna quanto externamente. E Jorge? Bom, empresário bem sucedido, entendedor do seu negócio, entendeu que o investimento em um profissional não valia à pena. Afinal, ele é que tinha de pensar e realizar tudo!

Essa pequeníssima estória acontece muitas e muitas vezes na relação entre assessores e assessorados, e em vários ramos de negócios, e também de assessorias e consultorias. E sabem por quê? Porque quem contrata precisa ter como decisão fiel, verdadeira e sincera de investir em comunicação, na transparência do relacionamento não só com a sociedade e os mercados, mas também com fornecedores, trabalhadores, consumidores. É preciso valorizar a comunicação como bem prioritário na organização. E não medir o profissional contratado apenas pelo que o assessorado entende empiricamente como sendo comunicação.

Nada é mais importante em uma empresa, entidade social, órgãos públicos, governos em geral, ou mesmo para personalidades políticas, empresariais, eclesiásticas, esportivas e tantos outros do que a informação. Sem a informação obtida e disponibilizada de forma ética e planejada, as crises acontecem com uma freqüência preocupante. Por vezes, tais crises podem até mesmo fazer desmoronar impérios fortíssimos, ou imagens escrupulosamente limpas. Exemplos estão aos montes espalhados por aí em livros, reportagens e relatos de assessores e assessorados. Não há profissional de comunicação que resolva o problema se falta vontade verdadeira por parte do contratante, ou seja, o assessorado.

Como Jorge pode querer um resultado primoroso de Zeca se sequer conversa com ele rotineiramente, não deseja abrir suas estratégias e discuti-las em conjunto, ou mesmo aceitar um planejamento de comunicação adequado ao seu momento, e às suas aspirações? Em pleno século 21 as relações entre assessores e assessorados precisa avançar muito de ambas as partes, mas muito mais de quem contrata o Zeca, não é Jorge?

Aliás, recentemente a empresa dele passou por uma crise sem precedentes por conta de problemas ambientais que caíram como uma bomba na imprensa e por conseqüência, nos mercados. Suas ações despencaram e quase foi à falência. As suas informações confundiram a opinião pública, e a emenda saiu pior que o soneto. Comunicação é coisa séria e deve ser administrada por profissionais preparados, qualificados. E o contratante não deve titubear, deve estar decidido a priorizar a área. Não basta parecer, é preciso ser, e mais: esta regra é válida para assessores e assessorados. O mercado não perdoa amadores.

* produção deste jornalista/blogueiro, já enviada a alguns jornais locais, mas infelizmente ainda não publicada, e por isso compartilhada aqui com meus quase três mil leitores.