Opinião – Porque a educação deve estar no centro do debate eleitoral

O mestre em Geografia e Doutorando em Planejamento e Integração Econômica e Territorial, professor Alexandre Santos, ex-diretor do INEP em Brasília (DF) e profundo conhecedor da educação no Brasil aponta o que realmente interessa aos brasileiros, a educação, em artigo publicado em seu blog sobre gestão e política públicas sociais (aqui). Para o servidor público federal que já comandou o ENEM, as próximas eleições devem ter o tema em primeiro lugar nos debates. Com a autorização dele, publico aqui uma opinião importante para quem deseja gerir o país. Confira:

“A educação básica do mundo está em crise. Mesmo antes da pandemia de coronavírus, em muitas partes do mundo o direito à educação não é garantido, seja porque crianças que deveriam estar na escola não estão; seja porque a  escola não vem ofertando educação de qualidade para que essa geração possa enfrentar os desafios do futuro.

Historicamente, a educação foi a ponte mais curta para diminuir a desigualdade, trazendo progresso e prosperidade a indivíduos e países. Pensada em um momento em que as indústrias precisavam de trabalhadores com um conjunto relativamente fixo de habilidades e conhecimentos, é preciso repensar a escola, reinventá-la, para que ela não perca relevância em uma era de inovação, volatilidade e mudança constante, onde a adaptabilidade e a agilidade na aprendizagem são essenciais.  

Em paralelo, observa-se o avanço da tecnologia promovendo ampla e profunda transformação no espaço cívico e no mundo do trabalho, e um aprofundamento da desconexão entre os sistemas educacionais e as realidades das economias e sociedades globais. A Pandemia do Novo Coronavirus somente amplificou a demanda pela necessidade de conectar nossas escolas ao futuro. Os sistemas educacionais precisam aprender com a experiência da pandemia para qualificar sua capacidade de entender os melhores caminhos para adaptar e equipar as crianças com as habilidades necessárias para criar um mundo mais inclusivo, coeso e produtivo. 

Trata-se de transformação que exige mudanças no conteúdo e na forma de aprendizagem, em busca da inclusão de habilidades técnicas e emocionais, centradas no ser humano e numa nova visão do mundo, mais justo e solidário, com economias crescentes e inclusivas, em ambientes de aprendizagem que ajudem a moldar esse novo mundo. 

Promover mudanças nesse nível exigirá grande esforço, com a ação coordenada e colaborativa de governos, educadores e líderes do setor privado. Exigirá ainda amplo sentido de propósito e alinhamento entre os atores na viabilização de projeto que concretize o desenvolvimento das habilidades do futuro, preparando a nova geração de cidadãos, bem como a equipe docente para liderar essa transição e aprimorar a conectividade entre escolas, famílias e sistemas escolares. 

Haveria dezenas de números, pesquisas e indicadores que poderiam ilustrar esse cenário, mas vou focar em apenas dois, que ilustram o tamanho do desafio e a relevância da mudança:

  • 34% dos estudantes acreditam que suas escolas não os estão preparando para o sucesso no mercado de trabalho . Precisamos consertar a ponte da educação para a empregabilidade (Fonte: Relatório de Futuros Empregos do WEF).  
  • 60% dos futuros empregos ainda não foram desenvolvidos e 40% das crianças em idade de creche (educadoras de infância) nas escolas de hoje precisam ser autônomos para ter alguma forma de renda (Fonte: Relatório de Futuros Empregos do WEF). 

Precisamos preparar nossas crianças e jovens para empregos que ainda não foram criados e empreender sua própria jornada formativa. Qualificar o espaço social para que seja mais permeável ao aprendizado contínuo, multiplicando os espaços de aprendizagem e  redefinindo o papel do professor nesse cenário. 

Num País como o Brasil, essas transformações se materializam no espaço  concreto dos seus mais de 5.500  municípios.O complexo arranjo federativo brasileiro dá protagonismo ao município, e é no município que a educação básica se concretiza. Acreditamos que será essencial investir em iniciativas e políticas inovadoras para garantir o direito à educação de maneira mais equânime, bem como diminuir as disparidades e as desigualdades no acesso a uma educação, que garantia uma  sociedade mais livre, justa, solidária e produtiva. 

Por isso afirmamos: a próxima eleição municipal será determinante para o futuro do Brasil.

Não podemos perder mais quatro anos sem ter claro como a educação pode garantir o futuro de nossas crianças e jovens. 

Fruto dessa percepção, sistematizei alguns poucos tópicos, que de maneira alguma cobrem toda a pauta educacional, mas que iluminam alguns pontos que normalmente ficam de fora do debate, para qualificar as propostas que podem ser debatidas no processo eleitoral municipal de 2022. 

São muitos os desafios, e acredito que as proposições abaixo podem qualificar o debate político sobre a agenda educacional dos nossos municípios. São tópicos que não esgotam o assunto, mas indicam alguns caminhos, baseados em pesquisas e evidências dos grandes centros de pesquisa nacional e internacional sobre o assunto.  Todos estão referenciados em  evidência em pesquisas e dados, e em minha experiência na gestão educacional, pois acredito muito na importância da decisão baseada em evidências, e que só ganharão legitimidade para aplicação na medida em que forem validados por meio do debate  eleitoral”.

Nossa educação vai para onde após a pandemia?

No início desta semana promovi uma “live”, sim até este editor aderiu para também oferecer algum conteúdo – útil, diga-se de passagem – para as pessoas que navegam ainda mais agora em suas redes sociais. Já havia feito duas anteriores sobre jornalismo – “Jornalismo em Tempos de Pandemias” – em duas redes, Instagram e Facebook. Nesta última consegui um tempo com o doutorando Alexandre Santos, ex-diretor do INEP, catarinense de coração, que já conduziu a área que comanda o ENEM. O tema, Educação Pós-Pandemia.

Alexandre Santos é um daqueles pensadores, filósofos, que formulam saídas maravilhosas para as nossas deficiências na educação e gestão pública no país. E vai além. Ele geriu pastas e temas altamente complexos, repito, foi gestor, colocou as mãos na massa da gestão pública. Além do INEP, foi secretário de educacão em Bombinhas (SC), diretor de tecnologia na Secretaria de Educação de SC. Em nosso bate-papo, ele trouxe dados interessantes.

Segundo ele, um problema sério é o custo do fechamento das escolas pelo COVID-19. Nesse modelo, o custo para os Estados Unidos por exemplo, em ganhos futuros de quatro meses de educação perdida é de US $ 2,5 trilhões – 12,7% do PIB anual. Extrapolando para o nível global, com base no fato de a economia dos EUA representar cerca de um quarto da produção global, esses dados sugerem que o mundo poderia perder até US $ 10 trilhões na próxima geração como resultado do fechamento de escolas hoje. Veja mais aqui neste link.

Hoje o mundo tem 1.215.881.292 alunos afetados, 69,4% do total de alunos matriculados em 162 países. É isso mesmo, mais de 1 bilhão e duzentos mil estudantes estão sem aulas presenciais, quase 70% dos futuros gestores e cuidadores do planeta. Alexandre Santos alerta: “Quando as crianças perdem a educação, perdem oportunidades futuras, incluindo benefícios econômicos, como ganhos adicionais, com consequências de longo alcance. Alguns modelos sugerem que a perda de aprendizado durante a extraordinária crise sistêmica da Segunda Guerra Mundial ainda teve impacto negativo na vida de ex-alunos cerca de 40 anos depois . E o impacto do aprendizado perdido também não se limita ao nível individual: para sociedades inteiras que encerram a educação hoje, provavelmente haverá consequências significativas amanhã”, explicou.

E aqui no Brasil, o que estamos fazendo? Em Santa Catarina, quais as atividades atuais, e principalmente, quais as futuras diante do impacto da pandemia do Covid-19 não somente agora na questão de saúde, mas nos formatos e organização para o retorno das aulas? Como ficarão as salas, diante do que já sabemos que há que se ter distanciamento entre alunos, higiene total em todos os ambientes, desde a entrada da escola, merenda, banheiros, salas, etc.? Hoje temos salas de aulas com 40 alunos, quantos poderão estar, e de que forma, nas mesmas salas? Como acolheremos todos no retorno sem que nenhum fique de fora? O que está sendo planejado?

A live, conversa, entrevista, bate-papo com o doutor Alexandre Santos foi marcada também por perguntas sobre pedagogia inovadora, pedagogia para o ensino via EAD, as inúmeras possibilidades que existem de atuação conjunta entre a área da saúde e da educação de forma sinérgica, prevenindo doenças, informando e criando uma rede de conhecimento das famílias para futuros problemas parecidos com o Covid-19 já que as escolas conhecem de perto as famílias que estão com seus filhos diariamente em suas salas e corredores.

Enfim, foi ótima. E ficaram questões que precisamos pensar como cidadãos: como teremos uma educação pós-pandemia? O que devemos fazer para além do que já deveríamos ter feito para melhorar a educação no Brasil? Teremos que mudar e atualizar a nossa legislação? Vamos investir rapidamente em treinamento e capacitação via internet para todos os professores brasileiros? São tantas oportunidades, mas é preciso gestores com capacidade inovadora e vontade, começando pelos eleitos. Os eleitores também precisam modernizar sua forma de eleger seus representantes. Só mudaremos se mudarmos juntos.

Como gostei de voltar ao vídeo e entrevistas para o público, vou buscar trazer ainda mais clareza neste e outros temas. Creio que os leitores vão gostar também.

INEP, órgão responsável pelo ENEM, pode ter um catarinense na Presidência

Chico Soares deixou o INEP alegando problemas pessoais
Chico Soares deixou o INEP alegando problemas pessoais

O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), José Francisco Soares, pediu demissão do cargo.

O professor entregou o pedido de demissão ontem (29) ao ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Por meio de nota, o Inep informou que o nome do substituto de Soares só será definido nos próximos dias.

No documento entregue ao ministro, Soares justifica o pedido por “motivos pessoais”. O Inep é responsável pela organização e aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Além de definir e propor parâmetros, critérios e mecanismos para a realização de exames de acesso ao ensino superior, o órgão tem, também entre suas atribuições, a de coordenar o processo de avaliação dos cursos de graduação.

Com sólida formação acadêmica e experiência no tema da avaliação educacional, Chico Soares, como era conhecido, fez esforços para que os dados (resultados das provas) fossem contextualizados de acordo com a renda e as condições sociais dos alunos.

Trouxe informações sobre NSE (Nível Sócioeconômico) e implantou um indicador para minimizar a maquiagem das notas no Enem por Escola, muito utilizado por instituições privadas para publicidade.

Soares possui pós-doutorado em Educação pela University of Michigan Ann Arbor (2002), é mestre em estatística pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (1977) e doutor em Estatística pela University of Wisconsin – Madison (1981). Ele também é professor titular aposentado da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

Desgaste
Desde o fim de 2015, Soares enfrenta desgaste com os servidores do Inep, após ter apresentado uma proposta de reestruturação do órgão.

Para a Associação dos Servidores do Inep (Assinep), a mudança “desestruturava e comprometia” as finalidades do instituto. O Inep afirmou que a reforma preservava todas as suas atribuições institucionais.

“O Inep precisa é de mais investimento, mais cargos de gestão para dar conta das atribuições crescentes, funcionamento do Conselho Consultivo com a participação dos servidores, planejamento estratégico, questões até agora sem resposta”, disse a direção do Assinep, que também cobrou mais diálogo do próximo presidente.

Catarinense Alexandre Santos é cotado para assumir o cargo

Catarinense de Joinville (SC), Alexandre Santos pode emplacar presidência do INEP em Brasília
Catarinense de Joinville (SC), Alexandre Santos pode emplacar presidência do INEP em Brasília

O Palavra Livre apurou que entre os nomes cotados para assumir a presidência do instituto estão Alexandre André dos Santos, diretor de Avaliação da Educação Básica, do Inep – que tem o apoio dos servidores – e Reynaldo Fernandes, ex-presidente do órgão. Mercadante disse, em nota, que o nome para substituir o ex-presidente será anunciado nos próximos dias.

Alexandre André dos Santos é atualmente diretor de Avaliação da Educação Básica (DAEB) do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP).

O catarinense Alexandre é um jovem de 40 anos, casado e pai de três filhos, nasceu em Joinville e é servidor público federal concursado no INEP em Brasília.

Em seu currículo acumula a responsabilidade da implementação e coordenação do Exame Nacional do Ensino Médio – Enem, prova e provinha Brasil, avaliação de alfabetização e coordenador do Programa Internacional de Avaliação de Alunos – Pisa.

Além disso, ele tem a experiência em gestão pública que acumula no Ministério desde o ano de 2004. Estudioso, é graduado e mestre em geografia e doutorando em Planejamento e Integração Econômica e Territorial pela Universidade de Leon na Espanha.

Entre 2014 e 2015 deixou o INEP para ser o secretário de Educação do município de Bombinhas (SC), a convite de sua amiga e atual prefeita, Ana Paula, conhecida como Paulinha. O Palavra Livre noticiou à época, leia clicando aqui.

Da redação do Palavra Livre com informações de Agências.

Opinião – Impressões de Brasília 2

Educação de Bombinhas (SC) com novidades: Alexandre Santos, do INEP, assume secretaria da Educação dia 6 de março
Educação de Bombinhas (SC) com novidades: Alexandre Santos, do INEP, (camisa azul ao centro) assume secretaria da Educação

Minhas impressões políticas da viagem que fiz à Brasília continuam aqui, agora com novidades na área da educação catarinense. Confiram:

Venderam mas não conseguem entregar
As articulações brasilianas são tantas que dariam um livro a cada mês. No caso de Santa Catarina, onde a alas do PMDB disputam projetos distintos, uma pela candidatura própria, outra por continuar com Raimundo Colombo (PSD), a agitação é grande. De um lado, contam aliados de Mauro Mariani que lidera corrente pela candidatura própria, LHS e Ideli Salvatti, senador e ministra petista, venderam à Dilma que estava tudo certo para um frentão imbatível: PSD na cabeça de chapa, PMDB de vice, PT ao senado, e tudo certo. Mas não conseguiram entregar a encomenda à Presidenta.

Sem entrega do pedido
Acontece que Ideli perdeu o comando do partido em SC para seu desafeto político, o ex-deputado Claudio Vignatti, e LHS não conseguiu segurar o PMDB de Mariani, que fortaleceu e muito a tese de reconquista do governo em chapa peemedebista. E para piorar, a tese de uma chapa entre Mariani e Vignatti ganha corpo e seria uma montanha no sapato de Colombo (PSD), que teria o PSDB, PP e PSB para tentar renovar o seu mandato. Até março quanto o PMDB deverá realizar prévias ou uma pré-convenção, os nervos estarão à flor da pele em Brasília e Florianópolis.

Muda – muda
Nas movimentações feitas pela presidenta Dilma visando às eleições, muita gente já colocou as barbas de molho. Mais que uma mudança pontual de troca do titular pelo segundo nome na hierarquia, já se vê no horizonte que muita coisa vai mudar em eventual novo governo Dilma. É voz corrente que o ministério Dilma é infinitamente inferior em qualidade técnica e força política do que o time do seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. Os atrasos em obras do PAC, a falta de uma boa relação politica com o Congresso e partidos políticos tem irritado demasiadamente a comandante do Planalto. E quem paga a conta são os que tentam falar com miss Dilma. Dureza.

Catarinense deixa o INEP e assume a Educação em Bombinhas
Um catarinense que conquistou Brasília unicamente por seus méritos como pesquisador e intelectual, e que há quase três anos comandava a avaliação da educação básica do Brasil no INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, o joinvilense Alexandre André dos Santos, está com mala e cuia prontas para retornar a Santa Catarina, e não é para férias não. Ele foi convidado, aceitou e assume no próximo dia 6 de março a Secretaria da Educação de Bombinhas, município do litoral comandado pela prefeita Ana Paula da Silva.

Currículo invejável
Alexandre é um jovem de 39 anos, servidor público federal concursado no INEP em Brasília. Em seu currículo acumula a responsabilidade da implementação e coordenação do Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM, Prova e Provinha Brasil, avaliação de alfabetização e coordenador do Programa Internacional de Avaliação de Alunos – Pisa, isso sem contar, a experiência em gestão pública que acumula no Ministério desde o ano de 2004. É graduado e mestre em geografia e doutorando em Planejamento e Integração Econômica e Territorial pela Universidade de Leon na Espanha. Sob sua coordenação, o ENEM sofreu muito menos criticas. Dilma perde um grande quadro, Santa Catarina ganha muito.

Santos quer pólo de inovação na educação
Entusiasta da educação, e ainda mais apaixonado pelo tema no trabalho que fez durante todos esse tempo país afora, conhecendo índices, gestões, e com ligações fortes com organismos de apoio à educação, Alexandre Santos diz o que pretende fazer em Bombinhas. “Meu objetivo é construir uma proposta participativa educacional que possibilite referencial nacional e inovador”, destaca o futuro secretário. Também explicou que os problemas estão nos municípios e são resolvíveis na base, salientou que construir esse projeto do Brasil inovador passa por cada servidor da educação. “Nós queremos garantir o direito da educação de qualidade para todos os estudantes do ensino municipal”, finalizou ele ao portal da Prefeitura de Bombinhas. Boa sorte a ele.

Por Salvador Neto