Livro infantil da Epagri é um dos finalistas de prêmio internacional

A obra “O Solo está Vivo”, de autoria de sete técnicos da Epagri, ficou em 7º lugar no concurso de livros científicos infantis sobre a biodiversidade do solo, promovido pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), União Internacional de Ciência do Solo (IUSS) e Aliança Global pelos Solos (GSP). Para o concurso foi encaminhada a versão em inglês “The Soil is Alive”, que faz parte de um projeto do grupo Solo e Água da Empresa. A divulgação do resultado aconteceu em 5 de dezembro, Dia Mundial do Solo.

Os autores são os pesquisadores Argeu Vanz, Elisângela Benedet da Silva e Leandro do Prado Wildner, e os extensionistas Josiane de Souza Passos, Leonir Claudino Lanznaster, Liagreice Pereira de Medeiros Cardoso e Célio Haverroth. Esse grupo está elaborando uma proposta de trabalho em educação ambiental com as escolas, tendo como tema gerador o solo e a água. Dentro dessa iniciativa está o uso do livro para ser trabalhado como projeto piloto em algumas escolas da rede de ensino fundamental de Santa Catarina em 2021 pela extensão rural da Epagri.

Segundo Elisângela, a obra fala de forma lúdica sobre fatos científicos de um conjunto de elementos (animais, vegetais e minerais) que interagem e contribuem para a formação e manutenção da biodiversidade presente no solo e o importante papel das funções do solo para a existência da vida no planeta.

A produção do livro envolveu outros técnicos da Epagri: Kátia Marly Zimath de Mello e Ilaini Marli Maihack Brassiani participaram com desenho e pinturas;  Lucia Morais Kinceler e Marcia Janice Freitas da Cunha Varaschin fizeram a revisão do texto em inglês e Laertes Rebelo revisou a versão em português. O livro será lançado pela Epagri nas versões inglês e português, em data ainda a ser confirmada, e estará disponível aos interessados também no formato digital. A versão em inglês poder ser acessada no portal da FAO.

O Concurso

O concurso de livros científicos para crianças sobre biodiversidade do solo foi lançado pela FAO, IUSS e  GSP como parte das comemorações do Dia Mundial do Solo. Com o tema “Mantenha o solo vivo, proteja a biodiversidade do solo”, a premiação teve como objetivo mostrar a importância da biodiversidade do solo e aumentar a conscientização sobre a urgência de proteger esse recurso natural para a manutenção da vida no planeta.

Os livros, destinados a crianças entre 6 a 11 anos, deveriam mostrar o papel vital que a terra e a biodiversidade exercem para garantir o bem-estar humano, assegurando a produção agrícola futura e a sustentabilidade do meio ambiente. Além do grupo da Epagri, mais duas equipes de brasileiros ficaram entre os dez finalistas. O Brasil registrou 12 inscrições e ocupou o 3º, 7º e 9º lugares e ainda registrou cinco menções honrosas. Participaram do concurso mais de 100 livros de 60 países.  Os 10 primeiros colocados farão parte de um livro publicado pela FAO/IUSS/GSP.

Confira aqui entrevista com os autores da obra no programa de rádio Panorama Agrícola. Faça o download dos livros que ficaram entre os 10 primeiros lugares no concurso no site da FAO.

SC tem boas expectativas para a safra de inverno

Apesar da estiagem e da erosão do solo, a safra de verão 2019/20 em Santa Catarina teve um desempenho considerado satisfatório, puxado pelos bons preços, altas produtividades em algumas culturas e regiões específicas e qualidade adequada de grãos colhidos. A previsão para a safra de inverno 2020/21 é positiva, caso as condições climáticas previstas se confirmem. Os números foram apresentados pelos técnicos do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri (Epagri/Cepa) em evento virtual na tarde da quinta-feira, 9, que marcou o encerramento da safra de verão e a abertura da safra de inverno.

Alho deve ter aumento de 11,69% na produção na safra 2020/21

Gláucia de Almeida Padrão, analista da Epagri/Cepa, aponta que a estiagem, que atingiu principalmente o Meio-oeste catarinense no final de 2019 e início de 2020, atrasou o plantio e trouxe queda de produtividade, principalmente para as lavouras de milho, soja e feijão. A erosão de áreas cultiváveis foi outro problema que atingiu pontualmente a safra de verão. A degradação do solo acontece em cultivos que não primam pela cobertura de solo e rotação de culturas, contrariando recomendações da Epagri.

Aspectos positivos também foram apontados na safra de verão durante o evento on-line. O arroz teve uma produtividade elevadíssima, principalmente no Sul do Estado. Soja e milho também apresentaram produtividades acima do ciclo agrícola anterior nas regiões Oeste e Meio-oeste. A qualidade dos grãos colhidos foi impulsionada justamente pela pouca chuva no período adequado. Essa condição reduz também o custo de secagem para a indústria. O alto valor do dólar ajudou a elevar os preços, principalmente dos commodities. “Tivemos perdas nas safras de verão, mas quem colheu teve qualidade e bons preços”, resume Glaucia.

Verão

arroz foi um dos destaques da safra de verão. A produtividade de 8.391kg/ha ficou acima da média dos anos anteriores. No ciclo 2019/20 foram colhidas uma média de 168 sacas de arroz por hectare, contra uma média de 160 na safra passada. O Sul do Estado contribuiu fortemente para a boa colheita. Apesar da alta oferta do produto no mercado, os preços se mantiveram em patamares elevados, graças à expectativa inicial de uma safra abaixo da média provocada pela estiagem no Sul do Brasil e à corrida aos mercados no início da pandemia, o que aumentou a demanda pelo alimento.

milho total em Santa Catarina teve uma redução de 3,48% na área plantada, queda de 10,78% no total produzido e enfrentou uma produtividade 7,57% menor, sempre em comparação com a safra 2018/19. A estiagem, que se agravou desde janeiro, foi um dos motivos da queda, mas é importante ressaltar que a área plantada com milho no Estado catarinense vem caindo a cada ciclo agrícola. O cereal tem nos bons preços um alento, que compensaram para os agricultores a redução de produtividade. Na região que se espalha a partir de Joaçaba para o Oeste do Estado, o milho grão total alcançou uma boa produtividade, graças principalmente o período em que é plantado, que fez com que as lavouras se livrassem dos piores momentos da estiagem. O estado continua dependendo da importação de milho de outras regiões e países para suprimento das agroindústrias. O cereal participa com cerca de 70% da composição das rações e é fundamental para a cadeia produtiva da proteína animal.

soja vem aumentando continuamente sua área plantada no Estado, avançando por espaços que antes eram ocupados principalmente por plantios de milho e pastagens. Entre as safras 2018/19 e 2019/20 a área plantada com o grão em Santa Catarina aumentou 2,35%, enquanto que a produtividade reduziu em 4,76%, resultando numa produção total 2,52% menor do que no ciclo anterior. Mais uma vez a estiagem e a erosão em algumas regiões de cultivo foram os vilões, mas, assim como no milho, os preços foram compensatórios, impulsionados pela alta do dólar e pelo volume da importação chinesa. O estado exportou 1,4 milhão de toneladas de soja entre janeiro e junho, volume recorde.

feijão foi outro cultivo de verão que sofreu com a estiagem. Em relação à safra passada, houve uma queda na produção de 9,11%, resultado de uma redução de 6,18% na produtividade e de 3,12% na área plantada. A primeira safra de feijão, que responde por 66% da produção estadual, obteve um produto de boa qualidade, que alcançou preços excelentes. A segunda safra, que responde por 34% do total de feijão produzido no Estado, foi a que mais sentiu os reflexos da falta de chuvas, resultando numa queda de 23% na produção e menor qualidade dos grãos. Na média das duas safras, os preços pagos ao produtor foram considerados muito bons.

Inverno

As culturas agrícolas de inverno são aquelas plantadas a partir de maio. A cebola é uma das mais importantes delas em Santa Catarina, visto que o Estado é responsável por 30% da produção nacional. O transplante das mudas e também o semeio direto, que se dão entre junho e agosto, apontam para uma área plantada 7,4% menor na safra 2020/21 quando comparada com o ciclo passado. Assim, também cai a expectativa de total produzido, que deve ser 8,71% mais baixo que na safra 2019/20. A possível redução na produtividade se deve ao resultado excepcional da safra 2019/20, que ficou acima das médias dos últimos anos no Estado. Contudo, graças à alta tecnologia que deverá ser aplicada pelos produtores, espera-se que a produtividade enfrente uma queda menos acentuada, de 1,42%. A concretização deste cenário depende das condições climáticas para os próximos meses, principalmente nos períodos críticos de desenvolvimento da cultura.

alho encerrou a safra 2019/20 com bons resultados em termos de produtividade, produção e qualidade comercial, bem como de preços pagos ao produtor. A condição representa uma virada na cultura, que vinha sofrendo nos últimos anos com produções e preços muito ruins, devido sobretudo à estiagens, doenças e importações. Diante dos bons resultados alcançados, a safra 2020/21 deve ter a área de cultivo aumentada em 8,85%. O reflexo esperado é um aumento de 11,69% no total produzido, com produtividade 2,61% maior. Se tudo se confirmar, Santa Catarina deve colher 21.100t de alho em 2020/21, contra 18.892t no ciclo agrícola anterior.

Cerca de 48% da área destinada ao plantio de trigo no Estado para a safra 2020/21 já foi cultivada. A área plantada nesta safra deverá aumentar 7,82% em relação ao ano anterior, com um crescimento na produtividade média de aproximadamente 9%. Assim, o total produzido deve ser de cerca de 182 milt, representando um incremento de 17,52% na produção. À campo, as lavouras estão com bom desenvolvimento agronômico, o que leva a crer que a boa perspectiva se confirmará. Os preços favoráveis, que vêm sendo praticados desde o ano passado, impulsionados pelo alta do dólar, estão entre os fatores para o aumento da área da cultura no Estado. As restrições para importação do grão da Argentina, impostas pela pandemia, também colaboram para a elevação dos valores pagos ao produtor. O aumento em Santa Catarina acompanha o cenário nacional de crescimento da área plantada.

A cevada terá redução significativa de 66,3% na área plantada, reflexo da má safra verificada no ciclo 2019/20. A quantidade produzida na safra 2020/21 deve ser 47,57% menor que o ciclo anterior. Em relação à produtividade é esperado um crescimento de 55,54%, chegando a 4.100 quilos por hectare.

Em relação à cultura da aveia grão, a Epagri/Cepa estima um pequeno aumento de 1,29% na área plantada. Esse dado, aliado ao crescimento de 22,9% na produtividade, resultará num crescimento de 24,48% na produção total.

Epagri promove curso para empreendedorismo agrícola

Jovens entre 18 e 29 anos terão a oportunidade de fazer gratuitamente aulas de empreendedorismo agrícola e ainda obter recursos para financiar o negócio na área rural.

A Gerência Regional da Empresa de Pesquisa Agrícola e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) de Joinville promove a partir de terça (24/2) um treinamento para 32 jovens.

As aulas são voltadas as oportunidades de empreendedorismo em agroindústria, grãos, piscicultura, fruticultura, palmáceas, hortaliças, cooperativismo, turismo rural e administração. Os alunos também terão a oportunidade de aprender a desenvolver um plano de negócios.

A capacitação ocorrerá no Centro de Treinamento da Epagri (Cetreville), em Pirabeiraba, distrito de Joinville (SC). Serão aliadas teoria e prática. Durante três dias eles terão embasamento no Cetreville depois passam duas semanas em suas propriedades desenvolvendo o que aprenderam.

A metodologia segue até o mês de novembro. “Nossa intenção é fazer com que voltem para suas casas e apliquem o que aprenderam”, explica Ana Lúcia Ribeiro, coordenadora do Cetreville.

O Governo do Estado vai investir R$ 10 mil reais para os dez melhores projetos individuais serem financiados. Os melhores planos em grupo receberão R$ 45 mil. Esta quantia é do programa SC Rural e será oferecida para desenvolver o plano e torná-lo rentável. Ao todo, cinco mil jovens do Estado terão a oportunidade de financiar seus negócios por meio do programa.

Segundo Onévio Zabot, gerente regional da Epagri, muitos jovens deixam a vida na área rural, mas retornam para se tornarem empreendedores da área agrícola. Isto ocorre devido à qualidade de vida ou pela oportunidade em abrir um negócio no campo. “Ou o jovem se qualifica e retorna para o campo como um empreendedor, ou não poderá competir”, conclui Zabot.

*Agenda

O quê: Curso de empreendedorismo agrícola
Quando: a partir de terça (24/02)
Onde:  Cetreville – Rodovia SC 301, km 0 – Pirabeiraba
Horário: 8h30

Mundo precisa de agricultura inteligente para conseguir alimentar a população, alerta estudo

Um relatório divulgado nesta quarta-feira pela Comissão de Agricultura Sustentável e Mudança Climática, formada por cientistas de diferentes países, afirma que são necessárias grandes mudanças na agricultura e no consumo de alimentos no mundo todo para que gerações futuras consigam se alimentar.

A Comissão de Agricultura Sustentável e Mudança Climática passou mais de um ano avaliando dados enviados por cientistas e responsáveis pela elaboração de políticas alimentares. De acordo com o documento publicado pela comissão, o setor agrícola precisa intensificar a sustentabilidade, diminuir o desperdício e reduzir as emissões de gases de efeito estufa das fazendas.

A comissão foi presidida pelo professor John Beddington, o conselheiro científico mais importante do governo da Grã-Bretanha. “Se você vai gerar alimentos o bastante para enfrentar a pobreza de 1 bilhão de pessoas que não conseguem o alimento necessário, imagine com outro bilhão (de aumento na população global) dentro de 13 anos. Você vai precisar aumentar muito a produção agrícola”, disse Beddington à BBC.

“Você não pode fazer isto usando as mesmas técnicas agrícolas que usamos antes, pois isto iria aumentar muito as emissões de gases de efeito estufa no mundo todo”, acrescentou. A atividade agrícola é considerada como provavelmente responsável por cerca de um terço das emissões globais de gases de efeito estufa, apesar de os números ainda serem indefinidos, pois uma grande proporção destes números é relativa à desmatamento com a limpeza de florestas para a criação de áreas cultiváveis e é muito difícil medir as emissões nestes casos.

E, apesar de haver variações regionais, as previsões são de que a mudança climática reduza a produção agrícola. No caso do sul da Ásia, esta redução será dramática. Estudos sugerem que a produção de trigo pode cair pela metade em 50 anos. “Precisamos desenvolver uma agricultura que seja inteligente em relação ao clima – gerando mais produção sem as emissões de gases de efeito estufa”, afirmou Beddington.

Técnicas variáveis
A comissão foi estabelecida pelo Grupo Internacional de Consulta em Pesquisa Agrícola (CGIAR, na sigla em inglês), a rede global de instituições que trabalham com questões alimentares e de pobreza. O relatório final da comissão foi divulgado na conferência Planet Under Pressure (Planeta Sob Pressão, em tradução livre), que ocorre em Londres.

A conferência de quatro dias promove o encontro de acadêmicos, ativistas e empresários para divulgar informações sobre políticas ambientais antes da conferência Rio+20, que ocorre em junho. Segundo Christine Negra, coordenadora do trabalho da comissão, as técnicas para renovação da atividade agrícola variam de acordo com as regiões. “Em lugares onde o uso de métodos orgânicos, por exemplo, é apropriado ou economicamente vantajoso e produz bons resultados sócio-econômicos e ecológicos, esta será uma ótima abordagem”, disse.

“Em lugares onde, com o uso de organismos geneticamente modificados você possa enfrentar os desafios da segurança alimentar e questões sócio-econômicas, então estas serão as abordagens corretas, uma vez que seja provado que são seguras.” A comissão também recomenda mudanças no sistema político e econômico em torno da produção e consumo de alimentos para encorajar a sustentabilidade, aumentar a produção e diminuir os impactos ambientais. Agricultores precisam de mais investimentos e informações, e governos precisam colocar a agricultura sustentável no centro das políticas nacionais, segundo o relatório.

Modelos existentes
Segundo o professor Tekalign Mamo, consultor do Ministério da Agricultura na Etiópia, os modelos para muitas das transformações necessárias já existem. Um destes modelos, destacados no relatório, é o Programa de Segurança Produtiva da Etiópia, que começou em 2003 com a participação do governo e parceiros internacionais.

Mamo afirma que um dos aspectos destes modelos é que “é preciso conseguir bens domésticos, para que as pessoas não gastem todos os recursos em tempos de escassez crônica de alimentos”. “Outro é trabalhar em bens da comunidade, como construção de (dispositivos) de irrigação de pequena escala (…); as comunidades são donas destas atividades e também designam o trabalho livre, e o governo fornece incentivos como alimentos ou dinheiro para os que participam”, afirmou.

O professor afirma que este modelo já tirou “1,3 milhão da população da pobreza e (levou para a situação de) segurança alimentar. E, ao mesmo tempo, também conservou e recuperou o meio ambiente”. O relatório também destacou outros projetos como a garantia na Índia de emprego nas áreas rurais ou as medidas para garantir a propriedade da terra para mulheres em países africanos.

Mas, o documento também recomenda mudanças na política agrícola de países desenvolvidos e cita como exemplo a questão do desperdício de alimentos. “Se desperdiçarmos menos alimentos, teremos que produzir menos e menos gases de efeito estufa serão emitidos”, disse Christine Negra.

Da BBC News