É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos…
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo…
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto – em mim – a presença misteriosa da vida…
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato…
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.
O maior roubo de arte da história – Cinco curiosidades
A maioria das galerias e museus são conhecidos pela arte que lá têm. A National Gallery, em Londres, tem os “Girassóis” de Van Gogh. Já o quadro “A Noite Estrelada”, do mesmo artista, está no Museum of Modern Art em Nova Iorque, bem-acompanhado pelos relógios que derretem de Salvador Dali, das latas de sopa de Andy Warhol e do autorretrato de Frida Kahlo.
Já o Isabella Stewart Gardner Museum em Boston, contudo, é mais conhecido agora pelas obras de arte que não tem. Ou que, pelo menos, já não estão lá.
A 18 de março de 1990, o museu foi alvo do maior roubo de arte da história. Treze obras de arte, avaliadas em mais de 500 milhões de dólares (qualquer coisa como 466 milhões de euros) – incluindo três quadros de Rembrandt e outro de Vermeer – foram roubadas a meio da noite. Os dois seguranças ficaram no porão, amarrados com fita-cola. Um desses homens é Rick Abath, que deu apenas uma entrevista televisiva à CNN, em 2013. Faleceu em fevereiro passado, com 57 anos.
Este roubo está repleto de factos surpreendentes, bem como de reviravoltas inesperadas. Vamos então ver cinco coisas que tornam o Isabella Stewart Gardner Museum – e o seu famoso saque – tão interessante.
A mulher por detrás do edifício
Isabella Stewart Gardner, fundadora do museu a que dá nome, é uma personagem fascinante. Filha de um empresário de sucesso, e viúva de outros dois, Gardner foi uma filantropa e colecionadora de arte que construiu o museu para proteger a sua coleção.

“Quando abriu o museu em 1903, indicou que deveria ser gratuito, para ser apreciado e frequentado por todas as pessoas em Boston”, explica à CNN Stephan Kurkjian, autor de “Master Thieves: The Boston Gangsters Who Pulled Off the World’s Great Art Heist” [“Mestres do Roubo: Os gangsters de Boston que fizeram o maior roubo de arte do mundo”, em tradução livre]. “O museu dela era, naquele tempo, a maior coleção de arte detida a nível individual na América”.
Gardner também tinha ligações às campanhas pelos direitos políticos das mulheres, nos primórdios desta luta. O museu mostra fotografias e cartas da amiga Julia Ward Howe, organizadora de duas sociedades sufragistas, bem como uma gravura de Ethel Smyth, compositora e amiga próxima da sufragista inglesa Emmeline Pankhurst.
Gardner conheceu Smyth através de um amigo comum, o pintor John Singer Sargent, que fez um retrato de Gardner gerador de muito burburinho, devido ao grande decote.
Gardner parecia gostar de estar envolvida em escândalos e mexericos: uma vez chegou a um espetáculo da Orquestra Sinfónica de Boston com um chapéu que tinha uma faixa onde estava estampado o nome da sua equipa favorita de basebol, os Red Sox. Já uma ilustração de janeiro de 1987 no Boston Globa mostrou-a, aparentemente, a passear leões do zoológico de Boston.
Ironicamente, quando a Mona Lisa foi roubada em 1911, Gardner disse aos guardas do seu museu que, se alguém tentasse roubá-los, deviam atirar a matar.
A arte que não foi levada
Estima-se que o saque tenha custado mais de 500 milhões de dólares. Contudo, os ladrões deixaram para trás o artefacto mais valioso: “A Violação da Europa”, de Titian, que Gardner trouxe de uma galeria de arte em Londres em 1986. Na altura, atingiu um valor recorde para uma pintura de um velho mestre.

Estará a perguntar-se: para quê cometer o maior roubo de arte do mundo sem levar a obra mais valiosa no museu? Bem, o tamanho pode ter tido um papel importante. A maior obra de arte levada foi “Cristo na Tempestade no Mar da Galileia”, de Rembrandt, conhecida por ser a única paisagem marítima do artista, que mede cerca de 1,5 x 1,2 metros. “A Violação da Europa” é maior, com cerca de 1,8 x 2,1 metros.
O factor Napoleão
Em 2005, a investigação sobre as obras de arte roubadas apontou para a Córsega, ilha que pertence a França, no Mar Mediterrâneo. Dois franceses com alegadas ligações à máfia da Córsega, estavam a tentar vender dois quadros: um de Rembrandt, outro de Vermeer. O antigo agente especial do FBI Bob Wittman esteve envolvido numa armadilha montada pelas autoridades, tentando comprá-los. Contudo, a operação acabou por fracassar quando os homens foram detidos por venderem arte levada de um museu de arte moderna e contemporânea de Nice.

Porque estariam os mafiosos da Córsega interessados em roubar um museu de Boston? A resposta pode estar numa águia de bronze, conhecida como Eagle Finial, um ornamento com cerca de 25 centímetros roubado do topo de uma bandeira napoleónica neste saque.
“Foi uma escolha algo estranha para os ladrões”, afirma Kaye. “Mas acontece que a Córsega é a terra natal de Napoleão”. O imperador francês nasceu naquela ilha em 1769. E há agora um museu nacional na antiga casa de família.
“É uma teoria muito convincente”, diz Kelly Horan, editor do Boston Globe, “que um bando de gangsters da Córsega possa ter tentado roubar a sua bandeira e levado tudo o resto no processo”.
Um suspeito cheio de ‘rock and roll’
O dia 18 de março de 1990 não foi a primeira vez que uma obra de Rembrandt foi roubada de um museu de Boston. Em 1975, Myles Connor, um criminoso de profissão, conhecido por roubar arte, entrou no Museum of Fine Arts de Boston e saiu de lá com um quadro de Rembrandt enfiado no bolso do casaco. Foi o primeiro suspeito do FBI no caso de Gardner. Contudo, as paredes da prisão federal, onde foi preso por tráfico de droga, deram-lhe um álibi bastante forte.

Quando não estava a retirar famosas obras de arte dos seus respectivos lugares, Myles Connor era músico. Foi por essa via que conheceu Al Dotoli, que trabalhou com estrelas da música como Frank Sinatra ou Liza Minelli.
Em 1976, Connor foi preso à custa de outro roubo de arte levado a cabo no Maine. Na esperança de usar o seu Rembrandt roubado para conseguir uma sentença mais suave, precisou de recorrer a Dotoli – que estava em digressão com Dionne Warwick – para devolver a pintura às autoridades em seu nome.
Um ladrão invisível?
Uma das obras de arte roubadas, “Chez Tortoni” de Édouard Manet, foi levado da Sala Azul, no primeiro andar do museu. A pintura destaca-se por duas razões. A primeira é a moldura. Os ladrões deixaram quase todas as molduras para trás, chegando mesmo a cortar as pinturas pela parte da frente.
“Ao ponto de deixarem restos das pinturas para trás. Foi algo selvagem”, classifica Kelly Horan. “Para mim, é como cortar a garganta a alguém”.

A moldura da pintura “Chez Tortoni” foi deixada num lugar inesperado: não na sala de onde a pintura foi roubada, mas antes no gabinete da segurança no piso térreo. O que é ainda mais notável é que nenhum detetor de movimento foi acionado na Sala Azul. Uma vez que os ladrões não podiam ser fantasmas, os detetives questionaram-se se tal não indicaria tratar-se de um trabalho de alguém que pertencia ao próprio museu.
“No FBI descobrimos que cerca de 89% dos assaltos em museus institucionais são trabalhos internos”, diz Bob Wittman. “É assim que estas coisas são roubadas”.
* com informações da CNN Portugal
Poesia – Solitude”
Do primeiro passo, lembrei
Na queda que sobreveio, chorei
Pois, depois, aprendi o equilíbrio
Descobri pra quê, o livre arbítrio
Por entre trilhas, chão batido, asfalto
Lapidei meu espírito livre, e alado
Às sombras, nevoeiros, ventanias
Bebi coragem e mordi sabedorias
Não busquei louros, ouros ou tesouro
A simplicidade me fascina, nascedouro
Daquilo que sonhei e senti, biografia
Porque o caminho, amigo, logo estreita
A jornada há de ser sempre bravura
Não existe espaço, tempo, parada
A vida é confusa, matreira, multidão
Onde o que nos faz fortes, é a solidão
* Por SN, Portugal, julho de 2024
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Desvendando o mundo da escrita: Primeiros passos e escolha do gênero literário
Iniciar a jornada da escrita pode parecer desafiador, mas com algumas orientações, você pode transformar suas ideias em palavras de forma fluida e criativa. Aqui estão algumas dicas para começar a escrever e escolher o gênero literário que mais se adequa ao seu estilo e objetivos.
1. Encontre Sua Inspiração
Antes de mais nada, é essencial encontrar o que te inspira. Pode ser uma experiência pessoal, uma notícia, um sonho ou até mesmo uma conversa casual. Mantenha um caderno de anotações ou use um aplicativo no seu celular para registrar essas ideias assim que surgirem.
2. Defina Seu Objetivo
Pergunte a si mesmo: por que você quer escrever? É para expressar sentimentos, contar uma história, informar ou entreter? Definir seu objetivo ajudará a direcionar seu processo criativo e a escolher o gênero literário mais adequado.
3. Escolha o Gênero Literário
Existem diversos gêneros literários, cada um com suas características e públicos específicos. Aqui estão alguns dos mais comuns:
- Romance: Ideal para contar histórias longas e detalhadas, com desenvolvimento profundo de personagens e tramas complexas.
- Conto: Perfeito para narrativas curtas e impactantes, focando em um único evento ou personagem.
- Poesia: Excelente para expressar emoções e pensamentos de forma lírica e condensada.
- Crônica: Ótima para reflexões sobre o cotidiano, geralmente com um toque pessoal e informal.
- Artigo: Indicado para textos informativos e opinativos, com base em fatos e argumentos.
4. Comece Pelo Que Te Atrai
Não se preocupe em começar pelo início. Muitas vezes, é mais fácil escrever a parte da história ou do texto que mais te atrai no momento. Depois, você pode conectar os pontos e estruturar o conteúdo de forma coesa.
5. Crie um Esqueleto
Faça um esboço do seu texto. Liste os principais pontos ou eventos que deseja abordar. Isso ajudará a manter o foco e a organizar suas ideias de maneira lógica.
6. Escreva Sem Medo de Errar
A primeira versão do seu texto não precisa ser perfeita. Escreva livremente, sem se preocupar com a gramática ou a estrutura. O importante é colocar suas ideias no papel. Revisões e edições podem ser feitas posteriormente.
7. Leia e Releia
Após concluir a primeira versão, deixe o texto descansar por um tempo. Depois, leia novamente com um olhar crítico. Faça as correções necessárias e ajuste o que for preciso para melhorar a clareza e o impacto do seu texto.
8. Busque Feedback
Compartilhe seu texto com amigos, familiares ou em grupos de escritores. O feedback externo pode oferecer novas perspectivas e ajudar a identificar pontos que você talvez não tenha percebido.
Conclusão
Escrever é uma arte que requer prática e paciência. Não se desanime com os desafios iniciais. Com dedicação e paixão, você encontrará sua voz e estilo únicos. Lembre-se: cada escritor tem seu próprio ritmo e processo criativo. O importante é começar e continuar escrevendo.
Espero que este texto te ajude a dar os primeiros passos na escrita! Se precisar de mais alguma coisa, estou aqui para ajudar.
* Salvador Neto
Uma poesia de Clarice…
A literatura de cordel a renascer em Portugal
Chegados a Portugal, há cinco anos, os Depois das Cinco perceberam que a tradição da literatura de cordel se tinha perdido com o tempo e acharam que era de lembrar que, em 1500 e nos anos que se seguiram, “nem tudo só foi guerra e destruição”, também houve poesia.
“A literatura de cordel chegou ao Brasil com a colonização”, recorda, em entrevista à Lusa, Ana França (Aricleta do Céu no grupo), confessando-se espantada com os “pouquíssimos” portugueses que sabem o que é este género literário popular.
O que é, afinal, a literatura de cordel?
“São livretos, tipologicamente mais baratos, mais em conta, com folhas de menos qualidade, e aí escreviam os poetas antigos, os que não sabiam ler, os cegos que não sabiam ler, mas que cantavam, cantavam, decoravam os versos, cantavam e outro ia lá e escrevia e vendia nas feiras, vendia nos comércios e isso foi crescendo, crescendo”, conta.
O grupo quer chamar a atenção para os versos, os autores, os xilogravuristas, os cordelistas, muitos dos quais “aprenderam a ler com as histórias que ouviam, contavam as seus filhos, contavam aos seus netos”.
No Brasil, a literatura de cordel “já é um património imaterial” e há até uma “academia de literatura de cordel”, destaca. “Hoje é uma produção muito grande, são muitos poetas que vivem no Brasil e que vivem disso”, estima Ana França.
Agora, o grupo – que já havia animado as ruas de Sines, na anterior edição do Festival Músicas do Mundo (FMM) – recorre à literatura de cordel para contar uma história um pouco diferente da oficialista, porque essa “já foi”.
Numa mistura entre música e declamação, ao som dos ritmos tradicionais nordestinos do Brasil, coube a esta família (pai, mãe e filhos) fazer o aquecimento antes do arranque dos concertos do FMM deste ano.
Começaram logo no Largo Marquês de Pombal, contando a história de 1500, o ano em que Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil. Navegando pelas palavras, descem as ruas, rimando e cantando e contando histórias de pessoas, nomeadamente de algumas que foram conhecendo no Alentejo, onde vivem.
“Era como se fosse um jornaleco da época”
“A gente já tem burilado muitas aldeias, principalmente no Alentejo, que é onde a gente está e percebe-se que muitos desses poetas (…) já morreram ou (…) estão ali, na sua própria aldeia, e só a aldeia conhece e eles fazem versos, em décimas, em sextilha, em quadra e tudo isso é oriundo do cordel, da literatura de cordel do século XII, por exemplo”, destaca Ana França.
“Era como se fosse um jornaleco da época, que vinha da França, que vinha da Espanha, que chegava tanto para o povo como para a burguesia. Então, o cordel era totalmente democrático nesse momento”, assinala.
O ideal – apela – é que os portugueses “gostem disso, voltem com isso, porque a literatura de cordel é importante e é importante também para a história”, apela, lembrando que a tradição oral “vem do povo” e, por isso, tem “um poder maior”.
* Com informações do Sapo24H
10 filmes clássicos sobre o Dia D que deves assistir
A invasão aliada da Normandia em 6 de junho de 1944, conhecida como Dia D, foi um momento extremamente significativo na história da Segunda Guerra Mundial e o Cinema presta-lhe a sua homenagem.
O Dia D chamou a atenção de vários cineastas ao longo dos anos. Eis dez dos melhores filmes sobre o desembarque na Normandia, cada um sugerindo o lugar de destaque da invasão na memória internacional.
1. The True Glory (1945)
Todas as nações envolvidas na Segunda Guerra Mundial produziram propaganda. True Glory é um exemplo notável da abordagem adotada pelos aliados ocidentais.
Um empreendimento anglo-americano combinado (muito parecido com o próprio Dia D), o filme – que foi lançado logo após o fim da guerra – é apresentado pelo General Eisenhower e foi o vencedor do Óscar de melhor documentário em 1945. Começa com os desembarques do Dia D na Normandia e segue depois a marcha do exército aliado pela Europa.
2. Breakthrough (1950)
O filme de guerra emergiu como um género popular na Hollywood do pós-guerra, com vários filmes notáveis produzidos no final dos anos 1940 e início dos anos 1950. The True Glory é um exemplo. Segue um oficial de infantaria recém-formado, o tenente Joe Mallory (interpretado por John Agar), enquanto lidera um pelotão experiente da 1ª Divisão de Infantaria, unidade americana que desempenhou um papel central nos desembarques do Dia D na Praia de Omaha.
3. D-Day: The Sixth of June (1956)
Este filme colocou o Dia D no seu próprio título. Baseado num livro do escritor canadiano Lionel Shapiro, no centro está um triângulo amoroso a envolver um oficial britânico (o tenente-coronel Wynter, interpretado por Richard Todd), um oficial norte-americano (capitão Brad Parker, interpretado por Robert Taylor) e um membro do Serviço Territorial Auxiliar (Valerie Russell, interpretada por Dana Wynter).
O norte-americano e o britânico são membros da Força Especial Seis, unidade fictícia anglo-americana com um papel fundamental nos desembarques na Normandia. Mas competem igualmente pelo coração de Russell. O sucesso do Dia D estará comprometido pelo ciúme ou pela desconfiança?
4. The Longest Day (1962)
Até ao lançamento em 1998 de O Resgate do Soldado Ryan, O Dia Mais Longo foi por muitos anos o filme do Dia D. Baseado num livro de Cornelius Ryan e apresentando quem é quem das celebridades do cinema contemporâneo (incluindo Richard Burton, Robert Mitchum, Sean Connery e John Wayne), o enredo do filme – que se concentra especificamente no próprio 6 de junho – é quase tão vasto quanto a operação original do dia D.
Observe-se particularmente Richard Todd, aqui no seu segundo filme sobre o Dia D. Todd era um veterano do Dia D da vida real, que saltou de paraquedas na Normandia em 6 de junho. Interpreta o Major John Howard, que liderou o famoso ataque de planadores britânicos às pontes sobre o Canal de Caen e o Rio Orne.
5. Overlord (1975)
Tomando o nome da designação militar oficial para a Batalha da Normandia, Operação Overlord, este é um filme bastante incomum e enigmático. Dirigido por Stuart Cooper, segue o jovem Tom (Brian Stirner) desde a vida civil até ao Dia D. Não se trata, porém, de uma celebração de heroísmo marcial; é, antes, uma história triste e sombria que persiste na perda.
6. Big Red One (1980)
Baseando-se nas experiências reais de guerra do seu realizador, Samuel Fuller, o filme centra-se na mesma formação de Breakthrough – a 1ª Divisão de Infantaria (cuja insígnia é “grande e vermelha”).
Segue-se um veterano grisalho interpretado por Lee Marvin enquanto lidera o seu esquadrão de soldados do Norte da África, à Sicília, à Normandia e à Alemanha. Entre eles está um jovem soldado interpretado por Mark Hamill, então no auge de sua fama em Star Wars.
7. Saving Private Ryan (1998)
Talvez o filme do Dia D mais conhecido da era moderna, esta produção de Stephen Spielberg é protagonizado por Tom Hanks como um Ranger do Exército dos EUA numa missão especial. Deve resgatar um paraquedista, o soldado Ryan (Matt Damon), que recebeu uma guia de regresso a casa do alto escalão do exército após a morte em combate dos seus três irmãos.
Comemorado no seu lançamento pela violência visceral das suas cenas de abertura, o filme venceu o Óscar de melhor realizador para Spielberg.
8. Ike: Countdown to D-Day (2004)
A figura do General Eisenhower apareceu em vários filmes do Dia D. Como comandante-geral da operação, era Eisenhower – ou Ike, como era conhecido – quem tinha a responsabilidade final de decidir quando começaria o ataque à Normandia.
As discussões que rodearam esta decisão aparecem com destaque em The Longest Day, mas este filme norte-americano feito para televisão coloca o fardo de Ike no seu centro.
9. Les Femmes De L’Ombre
Os filmes do Dia D tendem a ser centrados nos homens, dando relativamente pouco espaço às contribuições feitas para o sucesso dos desembarques das mulheres.
Este filme francês inverte esta situação e centra-se no papel inestimável desempenhado no esforço de guerra aliado pelas mulheres que serviram no Executivo de Operações Especiais, unidade secreta de espionagem e sabotagem. Segue cinco agentes femininas enquanto ajudam a preparar o terreno na Normandia para o Dia D.
10. The Great Escaper (2023)
Protagonizado Michael Caine no seu último papel no cinema, esta produção é baseada na história real do veterano da Marinha Real Bernard Jordan, que saiu da sua casa de repouso em junho de 2014 para participar das comemorações do 70.º aniversário do Dia D na Normandia.
Curiosamente, outro filme lançado no mesmo ano e interpretado por Pierce Brosnan, The Last Rifleman, também foi inspirado na grande fuga de ‘Bernie’.
Fonte: Impala
A carta de Kafka
A missiva do escritor Franz Kafka, escrita em 1920, está dirigida a um amigo que lhe pediu para que este contribuísse para a sua revista. Na altura, Kafka encontrava-se a ser submetido aos tratamentos de tuberculose.
Uma carta escrita por Franz Kafka vai ser leiloada pela Sotheby’s e é esperado que seja pago um valor entre os 81 mil dólares e os 115 mil dólares (entre 82 mil euros e 106 mil euros). O leilão vai decorrer de 26 de junho a 10 de julho
A correspondência data de 1920, quando o escritor estava a receber tratamentos para a tuberculose, doença diagnosticada três anos antes.
“Não escrevo nada há três anos, e o que está publicado são coisas antigas. Não tenho mais trabalhos, nem mesmo começados”, lamentou o escritor numa carta dirigida a Albert Ehrenstein, poeta austríaco e amigo de Kafka.
Segundo um comunicado publicado pela leiloeira na segunda-feira, a carta em questão foi em resposta ao amigo, que o questionou sobre se ele queria contribuir para a sua revista.
Explicando que estava a passar por um bloqueio, Kafka escreveu: “Quando as preocupações penetram numa certa camada da existência interior, é óbvio que a escrita e as queixas cessam, de facto a minha resistência não era muito forte”.
O convite do amigo para publicar na sua revista foi feito depois de Ehrenstein ver um trabalho publicado de Kafka, provavelmente, segundo a nota, um conto que tinha sido escrito antes
“A vida e trabalho de Franz Kafka dão, desde há muito, uma fonte de fascínio por todo o mundo”, explicou um dos especialistas da leiloeira, Gabriel Heaton.
Heaton deu ainda conta de que a carta em questão mostrava a “exigência que a escrita tinha sobre ele” e quanta força interior era necessária por parte do escritor, face às suas inseguranças. “Podemos estar gratos por Kafka continuar a pegar na caneta apesar do seu bloqueio”.
Na altura em que foi escrita, Kafka também tinha começado uma relação com a escritora Milena Jesenská, que o apoiou e fez com que este começasse a escrever ‘O Artista da Fome’ e ‘ O Castelo’, obras publicadas já depois da morte de Kafka – apesar do seu pedido para que nada fosse publicado depois de morrer
Aldeias de Angola: A longa caminhada da aprendizagem
Doroteia e Isabel seguem lado a lado pela estrada poeirenta e esburacada. Vão demorar mais de duas horas para chegar até à escola mais próxima da sua aldeia, Kawewe, no Bié, no coração de Angola.
Como elas, milhares de alunos angolanos de zonas rurais andam dezenas de quilómetros para ter acesso ao ensino devido à falta de transportes.Muitos cedem ao cansaço e à dureza das caminhadas e abandonam a escola logo nos primeiros anos. Outros prosseguem, mas com baixos níveis de aprendizagem e aproveitamento.
“O setor da educação aqui tem desafios significativos”, desabafa José Edgar, administrador comunal da Chicala, uma das comunas desta província angolana que ocupa uma área equivalente a 80% da superfície de Portugal Continental.
Estamos a 52 quilómetros do Cuíto, capital do Bié, uma vasta extensão de planalto onde a população se dedica sobretudo à agricultura familiar e onde o mau estado da estrada implica perder quase duas horas de carro para chegar.
Nesta comuna, os 18 mil habitantes estão distribuídos por 57 aldeias, todas distantes entre si, sem transportes públicos, sem água, sem eletricidade, sem rede de telemóvel nem Internet, e com um número elevado de jovens em idade escolar.
Com o processo de aglutinação das escolas, por falta de salas de aula, e insuficiência de professores, muitas crianças das aldeias circundantes passaram a ter de se deslocar à Chicala para ir às aulas, para descontentamento dos pais, que, muitas vezes, acabam por preferir manter os filhos consigo nas lavras.
“Os pais veem os filhos a sacrificarem-se, têm baixo aproveitamento, apresentaram-nos essa preocupação”, diz o responsável da comuna que conta com dois centros escolares — um secundário e um primário — para atender uma população estudantil de 350 alunos.
Os quatro professores chegam a ter 80 alunos por turma no início do ano letivo, mas muitos vão ficando pelo caminho. Dos mais de 1.800 alunos matriculados no ano letivo de 2023/2024, cerca de 30% deixaram de ir às aulas. É meio da manhã e ouve-se a partir da janela a toada infantil do bê-a-bá recitado pelos alunos da 2.ª classe.
Os materiais pedagógicos são escassos ou inexistentes e os estudantes, mal alimentados, revelam pouca capacidade de concentração. Quem está a dar a aula de português é Frederico Chipessola, que, pacientemente, vai ensinado o alfabeto.
Pede a uma das crianças para ir fazer a leitura no quadro, mas o rapazinho recusa. “Tenho fome”, justifica, tristonho. As crianças acordam cedo e muitos fazem a longa caminhada de barriga vazia.
Um sacrifício que se estende também aos professores, como Alberto Tiago, de 30 anos, que leciona a 3.ª classe e vai e vem de mota, diariamente, do Cuíto para dar aulas na Chicala.
“Saio às 04:30”, diz, acrescentando que por vezes pernoita na casa dos professores disponível na comuna. O seu aluno Manuel Gueve, de 12 anos, acorda quase à mesma hora para chegar à escola, a pé, a partir da aldeia de Candondo.
Os pais e os irmãos trabalham na lavra e, apesar dos cerca de 20 quilómetros que percorre, Manuel diz que quer continuar a vir às aulas “para aprender”, apesar do cansaço.
Prosseguimos pela tormentosa estrada cavada de sulcos abertos pelas chuvas, cruzando-nos com alguns — poucos — “kaleluias”, as motas de três rodas que servem como principal meio de transportes desta população rural e pobre.
Por aqui anda-se sobretudo a pé, homens, crianças e mulheres que carregam os filhos nas costas e as bacias à cabeça, postais africanos onde as privações se escondem atrás de sorrisos.
A paisagem, ora descampada, ora povoada por pequenos núcleos de casas de adobe com telhados de colmo ou de chapa presa com pedras, sucede-se por mais uma hora.
Fizemos cerca de 15 quilómetros para chegar à escola n.º 122 de Chilema, que serve sete aldeias, a mais longínqua das quais — Dumba Kalunjololo – a 26 quilómetros.
Dos 68 alunos da Dumba inscritos inicialmente, restam 18, diz Leonardo Chicomo, o diretor desta escola, que gasta também seis horas por dia no percurso escola-casa, no Cuíto, na sua motorizada.
A sala de aulas está instalada num barracão e transforma-se em local de culto aos domingos. Uma solução que as autoridades locais encontraram para colmatar a insuficiência de salas de aula.
Pouco mais de uma dezena de meninos e meninas aconchegam-se em banquinhos nesta igreja que faz de escola, ouvindo distraídos a aula de matemática dada por Miguel da Costa, 26 anos.
Chegou à aldeia há menos de um ano, depois de quatro anos passados na Chicala e ganha cerca de 150 mil kwanzas mensais (162 euros). “O maior problema é a locomoção”, o que o leva a ficar durante a semana na aldeia onde os professores podem pernoitar, lamenta.
Com uma pontinha de orgulho, diz que foi aprendendo a lidar com as outras dificuldades, o isolamento, a vida sem Internet e sem telemóvel: “eu sou escuteiro, a gente acostuma-se”.
Avançamos para a aldeia de Kawewe, onde muitos dos jovens deixaram de ir à escola. Jacinto Bunga, por exemplo. Tem 16 anos e parou na 5.ª classe. Porquê? “As condições”, responde.
Demorava três horas para ir à escola e mais três para voltar e acabou por se dedicar “ao cultivo”, juntando-se à família. Em época de chuvas, a estrada transforma-se num lamaçal e torna-se intransitável, levando ao abandono escolar.
Ernesto Jamba tem dez filhos e diz que os mais novos não têm como ir até à escola. “É uma hora de marcha”, diz. Verónica Capolo tem nove filhos e também ela critica as distâncias que tornam ainda mais difícil a vida destes estudantes.
“Se fosse mais próximo podiam estudar de manhã e de tarde ir à lavra”, ajudar a mãe no cultivo do milho e feijão que servem de sustento à família. Verónica fala e, aos poucos, crianças e adultos vão vencendo a timidez e começam a apontar a lista de necessidades. “Queremos escola, queremos rede, queremos manivela (água), queremos luz, queremos saúde”, pedem.
Voltamos a encontrar Doroteia e Isabel, já de tarde, na escola da Chicala. As duas jovens de Cawewe têm 16 anos e frequentam a 6.ª e a 7.ª classe. Saíram de casa por volta das 10:00 e vão regressar de noite.
No dia seguinte, tudo se repete, serão mais 50 quilómetros para ter acesso à educação, um direito que é garantido, mas que nem todos conseguem exercer quando têm de escolher entre comer ou aprender.
O cenário poderá mudar em breve com a implementação de um projeto-piloto no âmbito da iniciativa “Unidos pela Educação” – que integra o Centro Ufolo, a Fundação Ulwazi e o Ministério da Educação – para formar professores ambulantes e levar uma “escola móvel” até às aldeias.
O projeto está a ser gizado com as autoridades locais e pretende encontrar soluções logísticas para transportar os professores, estabelecendo parcerias com os mototaxistas locais, e garantir kits pedagóicos e meios audiovisuais, através, por exemplo, de painéis solares portáteis, explica Rafael Marques, do Centro Ufolo.
“A educação tem de ir ao encontro dos alunos”, diz o ativista e jornalista, diretor do site Maka Angola, que espera ter o projeto no terreno já no início do próximo ano letivo.
Fonte: História de Lusa
Uma Poesia – “Horror sem fim?”
Poesia – “Horror sem fim?”
Em terras tão antigas e sagradas,
O sangue dos inocentes é derramado.
A guerra entre irmãos não cessa,
E a desumanidade é o legado.
Hamas e Israel se enfrentam,
Num ciclo de dor e destruição.
Os palestinos sofrem, clamam,
Enquanto o mundo assiste, em inação.
Crianças sem destino, sem lar,
Vidas ceifadas pela crueldade.
Onde está a justiça, onde está a paz?
Neste teatro de brutalidade.
Quebram-se laços, destroem-se esperanças,
Enquanto o ódio cega mentes.
Que se erga a voz dos que se calam,
Para deter esses horrores latentes.
Que a humanidade desperte,
E se una em clamor pela paz.
Que a guerra seja apenas uma lembrança,
E que o amor seja a única pauta capaz.
* por Salvador Neto, Portugal, 13 de maio de 2024
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