Obras infindáveis do Rio Mathias mobilizam manifestação em Joinville (SC) nesta terça-feira (7)

O prefeito Udo Döhler está finalizando o seu mandato este ano após oito anos, e vai enfrentar talvez a manifestação mais dura e incisiva contra uma ação do seu Governo que deixou o centro de Joinville (SC) minado de buracos de uma obra que nunca acaba, a do rio Mathias. Pior que não acabar é o que ela tem gerado, fechamento de comércios, restaurantes, demissões de trabalhadores, e uma destruição total de uma rua que já foi um marco turístico e gastronômico da maior cidade catarinense, a rua Visconde de Taunay.

Descontentamento a olhos visto na antes festiva avenida gastronômica em Joinville (SC)

Por isso tudo e mais um pouco, empresários e trabalhadores cujas empresas foram severamente afetadas pelas obras do rio Mathias no centro da cidade farão uma manifestação nesta terça-feira (6/7). A imagem de abertura da matéria é do movimento dos empresários e mostra a tensão instalada. A passeata sai da rua Visconde de Taunay às 12h e segue em direção ao centro, passando pela Rua Engenheiro Niemeyer, Av.JK, Praça Nereu Ramos, Rua do Príncipe e terminando na Jerônimo Coelho, uma das mais afetadas. Este é o trecho onde dezenas de lojas e restaurantes faliram em decorrência das obras.

A ação deve chamar a atenção do Ministério Público, do Tribunal de Contas do Estado, que já receberam denúncias formais, e da população para os resultados desastrosos e gravíssimos provocados pelas obras de Macrodrenagem do Rio Mathias. O objetivo principal da manifestação é exigir do Prefeito de Joinville um posicionamento mais efetivo sobre a solução do problema. Os empresários querem que Udo Dohler resolva o problema antes de deixar o governo da cidade.

Obra mal planejada, parada há anos e sem previsão de retorno ou cancelamento
As obras de macrodrenagem do rio Mathias estão paradas há meses, muito antes da pandemia. O Consórcio formado pelas empresas Motta Júnior e Ramos está em guerra com a Prefeitura de Joinville, que sinalizou a intenção de rescindir o contrato com a empreiteira responsável pelas obras. A Motta Júnior e Ramos recolocaram as máquinas nas ruas, porém, não retomaram os trabalhos. A Prefeitura não teria comparecido à reunião com os responsáveis pelo Consórcio naquela ocasião.

Desde então, as obras estão paradas e não existe uma decisão à respeito. O projeto prevê a construção de uma galeria de 2,5 km por debaixo das ruas na área central da cidade, além de um sistema de contenção e escoamento do Rio Mathias, a fim de diminuir as cheias causadas pela alta de maré no Rio Cachoeira.

As obras começaram em 2014, com previsão de término em dois anos. O atraso já supera seis anos e incontáveis prejuízos para o comércio local. Segundo dados da Prefeitura, o valor do investimento previsto na licitação foi de R$ 45.872.405,22, mas devido aos aditivos, os gastos ultrapassam os R$ 53 milhões.

Perigo a vista com tubulações da fiação elétrica que era subterrânea

Segundo denúncia apresentada ao Ministério Público, a obra tem graves problemas desde o início. O projeto executivo apresenta quase 70 falhas pontuais o que geraram diversos aditivos de contrato. Peças fora das especificações técnicas foram adquiridas. Algumas, inclusive, teriam sido instaladas em parte de Jerônimo Coelho, e que não teriam sido aprovadas no teste pressão e que não suportariam o peso do trânsito de veículos. Obras paradas, buracos abertos, máquinas na pista, tapumes espalhados na cidade.

Luto no comércio da Jerônimo Coelho e Via Gastronômica destruída
A Jerônimo Coelho abrange um ponto onde o comércio de rua era efervescente até o início das obras. Uma referência em Joinville. Depois de seguidas falhas na operação das obras, quase todas as lojas da região faliram, deixando centenas de desempregados. Isso provocou um colapso na economia de toda a cidade. O mesmo aconteceu na Visconde de Taunay, conhecida como Via Gastronômica. Dos sete restaurantes do trecho entre o Hotel Tannenhoff e a R. Jacob Eisenhut, apenas um continua com as portas abertas, amargando 70% a menos de faturamento e 80% dos funcionários demitidos.

Imagem da rua Jerônimo Coelho, que nos bastidores dizem que não pode mais receber peso diante da má qualidade das galerias

Serviço:

O quê: Manifestação Obras do Rio Mathias.
Quando: 6 de julho (terça-feira)
Hora: 12h.
Como: Saída Rua Visconde de Taunay (Slice Pizza), rua Engenheiro Niemeyer, Avenida JK, Praça Nereu Ramos, Rua do Príncipe, Rua Jerônimo Coelho.

Autor: Salvador Neto

Jornalista e escritor. Criador e Editor do Palavra Livre, co-fundador da Associação das Letras com sede no Brasil na cidade de Joinville (SC). Foi criador e apresentador de programas de TV e Rádio como Xeque Mate, Hora do Trabalhador entre outros trabalhos na área. Tem mais de 30 anos de experiência nas áreas de jornalismo, comunicação, marketing e planejamento. É autor dos livros Na Teia da Mídia (2011) e Gente Nossa (2014). Tem vários textos publicados em antologias da Associação Confraria das Letras, onde foi diretor de comunicação.

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