O governo perdeu a capacidade de mobilização social e de articulação no Congresso, jogando o país na pior crise política desde o governo Collor.
O alerta é do cientista político Aldo Fornazieri, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp). “Os ministros que não são do PT defendem mais o governo que os ministros do PT”, pontua, acrescentando que Lula tem razão quando fala que seu partido atingiu o volume morto:
“O PT não tem mais legitimidade e força no Congresso Nacional”. Fornazieri diz que há uma “falência do ministério Dilma” e que o risco de um eventual impeachment é real. “A esquerda não tem forças para resistir a essa investida e o fiel da balança é o PMDB. Se Michel Temer não tiver força para segurar Eduardo Cunha e Renan Calheiros, acho que o impeachment virá com certeza”.
Para o cientista político, a proposta de Eduardo Cunha, de volta ao parlamentarismo, é perigosa: “O crime organizado poderá se apossar de um governo parlamentarista. As estruturas de corrupção, criminalidade e conservadorismo se juntariam para fazer um primeiro-ministro”.
Essa é a maior crise política desde o impeachment de Fernando Collor?
Com certeza. Em nenhum momento, depois de Collor, se verificou uma crise com tal gravidade. A questão do impeachment está posta novamente, há uma movimentação de forças políticas e econômicas que querem fazer essa proposta. Essa crise se agrava porque se combina a dois outros movimentos: a crise econômica, com o aumento do desemprego, da inflação e o baixo crescimento; e a crise moral, relacionada às denúncias de corrupção, ao descrédito e à deslegitimação das instituições políticas, que vem desde 2013, quando ocorreram as manifestações.
Como relegitimar as instituições?
Através de um intenso processo de luta política e social, que ainda está em curso, ou pelo mecanismo da eleição. A eleição de 2014 não foi capaz disso, porque os atores que a disputaram não conseguiram apontar saídas e uma nova estratégia para o país. A campanha de xingamentos desmoralizou tanto quem venceu, quanto quem foi derrotado. Pesquisas recentes mostram que os partidos políticos tem 5% de credibilidade, até o Judiciário está em queda de popularidade. Em contraponto, as igrejas, sobretudo a católica (o que é um fundamento moral), e as Forças Armadas (o que é de certo modo a segurança) tiveram aumento de legitimidade. Apelou-se para a fé e a força.
Mas nos Estados Unidos e outros países a política também está em descrédito, com o contraponto da ascensão da Igreja e das Forças Armadas.
Podemos dizer que está instalada uma crise na democracia do mundo ocidental. Temos uma crise na Europa, o problema da Grécia e a incapacidade da democracia europeia em lidar com suas instituições. Há problemas de ordem moral: como é que se sacrifica um povo, como está sendo sacrificado o povo grego? Um levantamento mostra que 80% dos recursos drenados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pela União Europeia para a Grécia nos últimos cinco anos voltaram para as mãos dos bancos. Isso afeta a credibilidade da democracia em sua eficácia e também como ordem moral, ao impor um sacrifício inaceitável a um povo inteiro, a democracia passa a ser alvo de uma condenação moral.
E aqui, na América Latina?
Nós tivemos na América Latina 10, 12 anos de crescimento econômico e, de certa forma, de inclusão social, pela via da melhoria salarial e da inclusão no trabalho formal. Mas, a partir de 2008, quando emergiu a crise financeira global, começamos também a ser afetados, porque nesses 12 anos os governos não souberam aproveitar o momento para dar um salto rumo a outro modelo. Ficaram satisfeitos e assentados no modelo de exportação das commodities.
Mas o que aconteceu com a esquerda latinoamericana?
Teve um momento de bonança, quando havia um incremento significativo do comércio mundial, mas não redirecionou sua estratégia de crescimento, orientada, por exemplo, para um processo de industrialização. Não foi só um problema do PT, foi também do governo do Fernando Henrique. Temos 30 anos de desindustrialização. Nem o PT, nem o PSDB, tiveram visão estratégica para o país.
Faltou projeto?
Falta visão. A esquerda se recusa a ver a realidade da globalização. Nenhum país se desenvolve se não tem uma estratégia de inserção global. O Lula ainda foi mais pró-ativo, mas nem o Fernando Henrique tinha uma estratégia global, e a Dilma abandonou isso completamente. Bloquearam o desenvolvimento das relações com os EUA, o Mercosul está paralisado, a diplomacia ficou recuada. Agora, Dilma está tentando correr atrás do prejuízo. Outro elemento caro e parcialmente equivocado foi apostar no incremento do consumo interno. Se tivesse combinado isso com uma estratégia orientada para as exportações, o cenário seria outro.
A esquerda falhou na estratégia.
Não apenas. A esquerda se corrompeu. Faltou uma ideologia republicana da coisa pública, da virtude, da frugalidade, que se expressou unicamente pelo Pepe Mujica, no Uruguai. O resto teve a ideologia do novo rico. O PT teve uma gravidade muito acentuada nesse sentido, com a ideologia dos gabinetes que o próprio Lula assumiu. Quando o PT chegou ao poder, criou-se uma intensa neblina entre os palácios e as praças, onde está o povo. Já em 2003, os dirigentes do PT começaram a ostentar arrogância, a andar com ternos muito sofisticados em carros blindados, tomar vinhos caros, a usar correntinhas de ouro. Quase apanhei quando disse, em palestra para o Sindicato dos Petroleiros, que o pessoal do PT parecia gente da máfia russa…
E os setores do PT que não concordam com isso
Essa postura foi afastando o militante, que passou a ter uma série de bloqueios no seu acesso aos dirigentes. Passou a haver guardas e seguranças nos eventos e nos gabinetes. São elementos simbólicos que denotam uma separação real entre a direção e o povo. Outro fenômeno que precisa ser levado em conta diz respeito ao que chamei de autarquização e estatização dos partidos, que dependem cada vez menos da militância e dos movimentos sociais. O financiamento deles depende das empresas (e aí tem toda uma corrente da corrupção) e do Estado, pelo programa gratuito de rádio e televisão e pelo Fundo Partidário, que saiu de cerca de R$ 300 milhões para R$ 900 milhões. Os partidos estão com uma relação vertical com a sociedade, via televisão, sem militância.
O Lula fez críticas nesse sentido. Foi uma autocrítica?
Ele já vinha colocando elementos de crítica ao PT na campanha eleitoral. Muita gente acha que esse é um movimento para se distanciar da Dilma, mas eu não acredito nisso. Ele percebeu que o PT se tornou uma máquina e um partido igual aos outros. O Lula tem razão quando diz que o PT está abaixo do volume morto. O PT não tem mais legitimidade e força no Congresso Nacional, não tem força para segurar um impeachment. O PT, por ele mesmo, não articula mais nada, não tem mais pensamento estratégico.
Como governar assim?
Fica difícil… porque o PT perdeu a capacidade de reação social. Os dirigentes hoje são vaiados em restaurantes. O Lula teria coragem de andar num avião de carreira ou caminhar num shopping? Acho que o maior líder do PT, que saiu da Presidência com 80% de aprovação, seria hostilizado. Quem são, hoje, os dirigentes — tirando Rui Falcão, que é uma figura mais expressiva? Ninguém sabe quem são, de onde vieram, são pessoas que não vieram dos movimentos sociais; estão lá à caça de empregos.
O partido se burocratizou de tal forma que esse oficialato de média patente tomou conta dele. Esse congresso que o partido fez recentemente foi a expressão da falência intelectual do PT. O partido, enquanto tal, quebrou todas as pontes com a sociedade e com setores intelectuais, que se sentem traídos por terem apoiado Dilma no segundo turno eleitoral. Hoje, o PT é um partido isolado. As massas não querem mais saber do PT, que tinha 29% de preferência do eleitorado e hoje está com apenas 11%.
E a presidenta Dilma?
Ela, a rigor, nunca foi do PT. E nunca teve liderança política. Acho que foi um erro do Lula tê-la escolhido como candidata e ter imposto ela ao PT. Ela nunca tinha sido candidata a nada. Naquele momento, o Lula de fato elegia um poste, mas ele elegeu um “poste-poste”. Podia ter escolhido alguém que tivesse um traquejo político. Tarso Genro, por exemplo, tinha sido prefeito, governador, deputado constituinte. Se o Lula elegeu a Dilma, por que não elegeria o Tarso?
Agora, em 2015, Dilma tinha outro caminho senão apelar para a ortodoxia?
Essa ortodoxia é consequência do primeiro mandato dela. Esses dias, conversando com economistas ligados ao PT, eles diziam que tem que tirar o Joaquim Levy (ministro da Fazenda). Eu acho uma tremenda bobagem focar o problema no Levy. Ele está apenas consertando os tremendos erros que foram cometidos no primeiro mandato.
Dilma fez desoneração fiscal dando dinheiro para empresários privilegiados, amigos do governo, e há fortes indícios de que esses empresários aplicaram o dinheiro emprestado pelo BNDES no mercado financeiro, ao invés de investir e criar novos empregos. Em vários aspectos, o Levy está à esquerda do PT. Quando ele corta essa mamata dos juros subsidiados do BNDES e da desoneração aos empresários amigos do poder, ele está mais à esquerda do que o PT. Porque o PT em momento nenhum criticou as desonerações. Para usar um conceito que o PT gosta muito de usar, o partido deu dinheiro para a burguesia. Em que o Levy é o culpado por tentar consertar esses erros?
O ajuste fiscal se justifica?
O ajuste fiscal é necessário, não tem como, é uma imposição da necessidade de consertar os erros do primeiro mandato. O que se pode discutir é quem deveria pagar a conta desse ajuste. E nisso o PT ficou recuado, não sabe se apoia, ou não apoia o ajuste. Ao invés de ficar criticando Levy, o PT tinha que ter tido uma plataforma, um conjunto de propostas, no sentido de jogar o peso maior do ajuste fiscal em quem tem mais.
Que propostas o PT poderia apresentar ao ajuste de Levy?
A questão da reforma tributária, por exemplo. Os governos petistas, e o PT enquanto partido, nunca deram ênfase à reforma tributária. Que escândalo é maior do que o nosso sistema tributário, que tira de quem tem menos, para dar a quem tem mais? É uma política de financiamento da elite econômica.
O Bolsa Família, para falar numa linguagem popular, é um “troco de pinga”, um dinheiro pequeno se comparado com o volume de dinheiro das desonerações, ou o que o BNDES empresta ao capital a juro subsidiado. O PT se acovardou na questão da reforma tributária. Qualquer estudo superficial mostra que a população mais pobre paga mais imposto que os ricos. Criticar o Levy agora é atirar no alvo errado.
E a oposição?
Eduardo Cunha cresce no vazio dos partidos. Veja o que está acontecendo com o PSDB: o partido foi tomado pela bancada da Bala, da Bíblia e do Boi, com uma guinada à direita. E abandonou os pressupostos de uma boa política desenvolvidos quando Fernando Henrique era presidente, como o pressuposto da responsabilidade fiscal. Virou o partido da irresponsabilidade fiscal, quando vota, como na semana passada, a questão do Fator Previdenciário.
Além disso, abandonou teses progressistas da social-democracia, como na redução da maioridade penal. O PSDB, tradicionalmente, é contra, e construiu junto com o PT elementos progressistas que foram incorporados à legislação e à Constituição. O PSDB largou tudo isso para seguir a liderança de Eduardo Cunha. Aécio Neves é um grande mal para o PSDB, porque levou o partido para a direita. Quando o governador Geraldo Alckmin é a ala à esquerda do PSDB, é porque a situação do partido está muito grave…
E o PMDB?
O PMDB é o que sempre foi. Tem vários segmentos, é um partido federalizado, regionalizado, com algumas pessoas sensatas, como o próprio vice-presidente da República, Michel Temer, mas é um partido dominado hoje por duas pessoas que têm que responder à Justiça: Eduardo Cunha e Renan Calheiros.
Aliás, temos uma “troika” do golpe do impeachment, com Aécio Neves, Cunha e Renan: quem está articulando o impeachment são essas três figuras. Aécio não se conforma com a derrota, quer ter uma nova eleição agora, porque não é segura a candidatura dele em 2018. A preferência do Aécio é ou que a chapa inteira seja cassada, ou que Dilma seja cassada e Temer assuma o compromisso de convocar uma eleição. Já Renan e Cunha desejam o impeachment porque querem um governo que pare as investigações. Renan se tornou réu em um processo na semana passada, mas ainda tem a Lava Jato pela frente. Cunha também terá que enfrentar a Lava Jato.
Eles temem perder o mandato e querem um impeachment para se salvar dos crimes que cometeram. Esse trio maléfico pode se tornar o centro do poder com o impeachment, e vai impor um recuo à Polícia Federal, ao Judiciário, e vão bloquear a recondução de Rodrigo Janot à Procuradoria-Geral da República. Esse é o movimento golpista que está se articulando. Não que Dilma não tenha que responder no tribunal, mas que há um movimento golpista, isso há.
Como o sr. vê o papel do vice Michel Temer?
Hoje, ele é a garantia de uma certa normalidade. Muita gente se pergunta até onde o Temer é capaz de resistir às investidas desse trio. Mas certamente ele tem um compromisso com o governo. De uma forma ou de outra, na medida que o governo e o PT não têm mais capacidade de se garantirem por eles mesmos, Michel Temer tornou-se uma figura fiadora da permanência do governo. Ele resistirá até o fim? Ninguém sabe, mas ele cumpre esse papel neste momento.
O restante da esquerda está muito fraco, não?
Muito. A esquerda não tem forças para resistir a essa investida e o fiel da balança é o PMDB. Se o Temer não tiver força para segurar Cunha e Renan, o impeachment virá com certeza.
O sr. acha que o governo deve mantê-lo como articulador?
Sem dúvida nenhuma! Ele é o que dá o mínimo de estabilidade a esse governo. Quem do PT tem condições de ser um fiel da balança, um fiador do governo? Ninguém!
Marina Silva, neste cenário…
Sumiu, evaporou… Ela perdeu muito capital político por uma sucessão de erros que cometeu. O primeiro foi quando saiu do PV e não apostou na construção da Rede naquele momento, e aí, quando chegou 2014, estava com as mãos abanando, teve que se pendurar no PSB e no Eduardo Campos. Ela perdeu autonomia.
E o que é um líder? Um líder é aquele que tem autonomia para decidir. Quando não se tem autonomia, como é o caso da Dilma agora, e da Marina em 2014, se perde a condição de liderança. Se você não tem essa autonomia para decidir e ocupar um espaço próprio, depende de outros. E quando você depende de outros, é liderado, não lidera.
O impeachment é então efetivamente um risco?
É um risco. Se o Tribunal de Contas da União (TCU) não aprovar as contas da Dilma, e essa questão ficar para ser decidida na Câmara, o risco é muito grande. Porque ali vai ter uma ação muito forte dessa “troika” do impeachment (Aécio, Cunha e Renan). Tem o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mas ali é mais fácil, são as contas da campanha. O perigo maior para o governo é o TCU não aprovar e essa questão ser decidida na Câmara, que pode recusar as contas e aí se abre um processo por crime de responsabilidade.
Mas, salvando-se Dilma do impeachment e conseguindo terminar seu mandato, qual o cenário para 2018?
É um cenário muito favorável à oposição. Acho que Dilma ficaria “sangrando” em 2015 e 2016, aparentemente em 2017 poderia ter um início de um processo de recuperação econômica, mas seria um governo de baixo crescimento. E o PT teria um enorme passivo eleitoral, pois haverá eleições municipais em 2016 e a tendência é que o PT seja bastante destroçado nesse pleito.
O PMDB fala em lançar candidato próprio em 2018…
O PMDB vai lançar um candidato próprio. Dentro do PSDB temos uma enorme briga com três pretendentes, porque o Serra parece que recolocou sua pretensão, e há até boatos de que ele poderia ir para o PMDB para ser candidato lá. Outro boato que circula é o de que, como aparentemente o Aécio dominou a máquina do PSDB, o próprio Alckmin poderia ir para o PSB e ser o candidato dos socialistas. Mas, por enquanto, são especulações, boatos. Acho que a gente ainda está muito longe, esse processo ainda vai se decantar, e tem todo esse imbróglio de um possível impeachment, a própria eleição municipal, ainda há várias etapas até 2018.
Poderemos esperar alguma mudança em 2018?
Acho que a alternativa mais provável do eleitor vai ser um “vamos deixar como está, para ver como é que fica”. E aí, ganhe quem ganhar, não vai mudar substantivamente a situação política. Ganhe Alckmin, Eduardo Paes, Serra ou Lula, a impressão é de que as diferenças não serão tão agudas. O que poderia dar certa mudança de qualidade seria a constituição e a vitória de uma candidatura conservadora, ou o advento do parlamentarismo.
Mas eu acho que o parlamentarismo é muito perigoso, porque o crime organizado poderia se apossar de um governo parlamentarista, na medida em que os setores que fomentam o parlamentarismo têm vários elos com o crime organizado. As estruturas de corrupção, de criminalidade e de conservadorismo se juntariam para fazer um primeiro-ministro. O que falta agora é um estadista que levante algumas bandeiras, como a defesa do presidencialismo, de um Estado laico, a defesa da maioridade penal aos 18 anos. Falta um estadista que levante questões que são estratégicas do ponto de vista da organização do Estado brasileiro.
E o sr. vê algum candidato a ser esse estadista no momento?
Não vejo. Nem o Lula, que talvez fosse um líder que pudesse levantar essas questões, está conseguindo. Por isso, vejo o quadro político brasileiro com ceticismo, nessa ideia de que estamos num beco histórico sem saída.
O conservadorismo tende a crescer?
Sim. Temos que levar em conta que a crise política e moral brasileira é uma crise da centro-esquerda, do PT. Nosso cenário é distinto do cenário europeu, onde a esperança surgiu pela esquerda, porque a crise foi da centro-direita. Aqui, e em outros países da América Latina, a crise é da centro-esquerda.
E o contraponto disso é o surgimento dessa nova direita, que em parte tem uma expressão parlamentar, e em parte tem uma expressão política fora dos partidos — como esses movimentos Vem pra Rua e Revoltados Online. Qual o problema dessa direita extraparlamentar e extrapartidária? O mesmo que ocorreu com o Movimento Passe Livre (MPL), que é o autonomismo, o espontaneísmo. Se ela não partir para uma organização, vai se esvair. O autonomismo e o espontaneismo não são uma saída política.
Mas você vê que essa nova direita tem uma expressão forte, uma parcela significativa da juventude foi tomada por uma ideologia conservadora. Esse conservadorismo vai dar um salto de qualidade se essa juventude se organizar numa expressão partidária e de direita, que até agora não se vislumbra.
Golpe militar: corremos risco?
Não vejo espaço para qualquer aventura militar. Se essas novas forças de direita tiverem capacidade de se organizar política e partidariamente, o que até agora não têm demonstrado, aí Bolsonaro e outros militares podem se aliar, mas como coadjuvante, como liderado político.
Que acha dos Guerreiros do Altar, que seriam uma paramilícia evangélica?
Acho que determinadas movimentações dessas igrejas neopentecostais são preocupantes. Quando constituem uma bancada evangélica e essa bancada aparelha a Câmara dos Deputados, sob os auspícios do presidente da Casa, para fazer cultos evangélicos e manifestações anti-LGBT e contra direitos de minorias, acho que isso é um sintoma bastante preocupante, que deve ser combatido. É preciso defender com ênfase o Estado laico, porque somente ele pode garantir a liberdade religiosa.
Se o sr. fosse convidado ao Palácio do Planalto, que conselhos daria a Dilma?
(risos) Antes de mais nada, eu não iria. O que nós temos de dizer, tem que ser dito publicamente, e não nos palácios, porque lá já tem conselheiro demais, que é pago pelo dinheiro público. Temos uma falência do ministério Dilma. Esse pessoal do PT que está lá, não se sabe para que está lá. O que eles comandam? Que estratégia de gestão de políticas têm? Qual é a plataforma de governo? Ninguém sabe! Hoje você vê os ministros que não são do PT defendendo mais o governo do que os ministros do PT. Conselheiros, Dilma tem demais, e não funcionam, e não sei também se a Dilma ouve, tenho minhas dúvidas…
Com informações do Brasil Econômico