Você não pode perder esse evento, dia 8 de Maia, às 19:30, na livraria Curitiba do shopping Mueller o escritor David Gonçalves estará te esperando!
O livro fala sobre uma amazônia destruída por conta da ganância humana, em nome do progresso da soja, gado e extração do ouro. É um romance de múltiplos personagens, a obra revela muito do autor, como sua personalidade forte e audaciosa.
David Gonçalves é professor universitário, palestrante e escritor, tendo mais de 29 obras em seu currículo. Confira entrevista prévia com o autor e saiba um pouco mais do que o aguarda:
1 – Como é o seu modo de produzir sua literatura? De quais livros seus você mais gosta?
DAVID GONÇALVES – Bem, cada escritor tem um método, um estilo. Eu preciso vivenciar a realidade primeiro, depois recriá-la num contexto cheio de significados. Não consigo voar só nas asas da imaginação. Quando decido por uma temática, começo a vivenciá-la , e, aos pou-cos, começo a escrever. É assim com o conto e com o romance. Há livros, como o caso de Águas de outono, que devoraram vinte anos. Enfim, para escrever, eu preciso sentir o cheiro das ruas, das matas, do pó das estradas, das pessoas. Dos livros que mais gosto, por Deus, é difícil de dizer. Três, entretanto, a crítica tem enfatizado: geração viva [contos], O sol dos trópicos [romance] e Acima do chão [romance]. Espero que o Sangue verde, que está sendo lançado, entre na lista também.
2 – Em que situação se encontra a literatura brasileira?
DAVID GONÇALVES – Alguns profetas falsos têm apregoado a morte da Literatura Brasileira, alguns chegam até dizer que o mestre no momento é Paulo Coelho, o mais traduzido, o mais vendido… Dizem também que a Internet liquidou o livro físico… Entretanto, há autores no-vos surgindo por todos os cantos do país, usando a Internet como meio de divulgação. E bons! Só para citar: Rogério Pereira [no Paraná], Luiz Ruffato [São Paulo], Jovino Machado [Minas Gerais], José Fernandes [Goiás], os escritores da Associação Confraria das Letras [Joinville, SC], com as miniantologias e a antologia Saganossa. O problema todo consiste na divulgação. Nem sempre os bons autores estão na mídia. Quem não frequenta a mídia, fica no ostracismo.
3 – Quem, no Brasil, está produzindo boa literatura?
DAVID GONÇALVES – Nossa Literatura é riquíssima. Há uma geração de escritores invejáveis que se encontra entre os 70 e os 100 anos: Manoel de Barros, Gilberto Mendonça Teles e An-tonio Miranda, Adélia Prado, Dalton Trevisan, Flávio Cardoso… Uma outra, entre os 30 e 70, nas várias regiões do país: José Fernandes [Goiás], Artêmio Zanon e Alcides Buss [Santa Catari-na], Jovino Machado [Minas Gerais], Luiz Ruffato [São Paulo], Pelegrini Júnior {Paraná}. Só para lembrar alguns nomes. A lista, entretanto, é grande. Enfim, sou um narrador, não sou crítico literário.
4 – Quais são os autores da Literatura Catarinense que você recomendaria?
DAVID GONÇALVES – A Literatura Catarinense é preciosa. Temos autores de ponta, a come-çar por Cruz e Souza, Guido Vilmar Sassi, Tito Carvalho, Virgílio Várzea, Flavio Cardoso, Pi-nheiro Neto, Urda Alice Klueger, Artêmio Zanon, Péricles Prade, Alcides Buss, Salin Miguel, Amílcar Neves. Dos autores joinvilenses, Carlos Adauto Vieira, Donald Malschitzky, Hilton Gorresen, Jura Arruda, Dúnia de Freitas…
5 – Qual a importância das Academias? Elas estão cumprindo o seu papel?
DAVID GONÇALVES – Penso que a primeira função das Academias é cuidar e preservar a Lín-gua Portuguesa, e incentivar a melhor produção literária em cada Estado. Mas vejo que mui-tas delas estão se tornando uma espécie de “igrejinha literária”, onde há mais advogados e desembargadores e políticos do que bons escritores. Com isso, o que temos? Um marasmo. Até parece que, depois de entrar numa academia, ninguém produz coisa alguma. A sorte dos autores é que não se precisa das Academias para produzir boa literatura.
6. Fale um pouco sobre o seu novo romance, o “Sangue verde”.
DAVID GONÇALVES – Na verdade, eu comecei a pensar neste romance há 40 anos, quando comecei a visitar o Cerrado e a Amazônia. Enquanto escrevia outras obras, o assunto foi amadurecendo, até que, em 2008, achei que estava pronto para escrevê-lo. Eu não queria escrever alguns contos sobre o assunto. Mas uma obra maior. Demorei cinco anos para es-crevê-lo. Foi suado, o assunto exigiu muitos esforços. Queria fazer um romance sobre uma Amazônia com suas veias abertas, destruída, em nome do progresso. Foi difícil. É um roman-ce de múltiplas personagens. É denúncia, advertência, um grito angustiante da floresta pe-dindo socorro. As personagens parecem viver num caldeirão de interesses próprios, destituí-dos de moralidade. Enfim, um universo doentio em formação.
7- O que significa a literatura para sua vida? É hobby? É compromisso?
DAVID GONÇALVES – Não é hobby, não. Antes de tudo, é a minha vida. Sem ela, não saberia como viver. Vejo a Literatura como algo maior: através dela, podemos reunir várias ciências ao mesmo tempo – filosofia, psicologia, sociologia, história, geografia, lingüística, antropolo-gia, etc. É conhecimento, é lição de vida, é criatividade, é o jeito do homem expandir sua mente. Por isso, quem lê tem mais capacidade de perceber a vida e o mundo.