O ex-presidente Juscelino Kubitschek (1902-1976) morreu em decorrência de um acidente de trânsito e não por homicídio doloso comandando pela ditadura militar, informa relatório preliminar da Comissão Nacional da Verdade (CNV), divulgado nesta terça-feira, 22. JK, como era conhecido, presidiu o Brasil entre 1956 e 1961.
A análise da comissão, criada pela presidente Dilma Rousseff para examinar e esclarecer graves violações aos direitos humanos praticados durante a ditadura militar, decorre de pedido feito em setembro de 2012 pela Comissão de Direitos Humanos e pelo Memorial da Anistia Política da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Minas Gerais.
Foram analisados documentos, depoimentos testemunhais e perícias para investigar as circunstâncias do acidente de carro na via Dutra que matou JK e seu motorista Geraldo Ribeiro, ocorrido em agosto de 1976. O pedido foi feito pela OAB após serem levantadas suspeitas de que o ex-presidente tivesse sido vítima de um atentado preparado pelo regime militar em função da identificação, após a exumação do corpo do motorista, de uma perfuração no crânio, similar à de um tiro de arma de fogo.
“Temos absoluta clareza de que a credibilidade do trabalho da comissão está diretamente associada à capacidade de gerar relatório e documentos que sejam respaldados pelas provas mais consistentes, pelas evidências mais sólidas, e, portanto, essa tem sido a preocupação. Não foi diferente o tratamento dado ao caso de Juscelino Kubitschek”, disse o coordenador da CNV, Pedro Dallari.
Segundo o trabalho de investigação da Comissão Nacional da Verdade, Geraldo Ribeiro não foi atingido por projetil expelido por arma de fogo. De acordo com o relatório, o fragmento metálico que se encontrava no crânio do motorista era um cravo metálico utilizado para fixar revestimentos de caixões.
“Não há nos documentos, laudos e fotografias trazidas para a presente análise qualquer elemento material que, sequer, sugira que o ex-presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira e Geraldo Ribeiro tenham sido assassinados, vítimas de homicídio doloso. O conjunto de vestígios materiais indicam que o ex-presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira e Geraldo Ribeiro morreram em virtude de um acidente de trânsito”, diz o relatório divulgado pela comissão.
Na segunda, 21, a Comissão Nacional da Verdade fez contato com Maria Estela Kubitschek, filha do ex-presidente, para informar o resultado da análise. A divulgação do relatório nesta terça está associada, nas palavras do coordenador da comissão, ao aniversário de Brasília, celebrado em 21 de abril, definido por ele como “o dia em que se celebra o aniversário da grande criação do presidente Juscelino Kubitschek”.
Do Valor Econômico.
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