As denúncias do caso Siemens acirraram o clima da disputa eleitoral para 2014. O debate foi antecipado. Nos bastidores, PT e PSDB já se preparam para uma batalha. “Agora, é guerra de guerrilha”, dizia um tucano no último final de semana, preparando-se para o contra-ataque aos petistas.
Militantes do PSDB reuniram informações sobre dirigentes do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) – o órgão federal que denunciou um suposto cartel na venda de trens ao Metrô paulista – a fim de municiar a imprensa e, principalmente, eleitores e simpatizantes em debates nas redes sociais. Também estavam de olho no encontro do PT em Bauru, no interior paulista, na última sexta-feira, prontos para denunciar eventuais deslizes e excessos dos adversários. E diziam já ter farta munição para responder ao PT.
Esse “arsenal”, de acordo com tucanos, será tornado público “no momento certo”. Tucanos diziam que, por estarem “no pé” do PT, o ex-presidente Lula teria tido a necessidade de vir a público para dizer que o encontro petista não fora organizado para lançar a candidatura ao governo do ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
“Mas as faixas estavam lá. E todo omundo sabia que era pra isso”, argumentava um assessor. No PSDB, há visões distintas sobre o estrago causado pelo caso Siemens. Para alguns, a antecipação do debate eleitoral até teria sido positiva, por avaliarem que o caso pode ser esquecido “dentro de dois ou três meses”. Outros entendem que o governador Alckmin reagiu bem ao formar uma comissão com a participação de entidades como a Transparência Brasil para apurar as denúncias, mas ainda assim “o
assunto não está encerrado”.
Tentativa de unificação
Petistas da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB) disseram que Lula teria se reunido três vezes com o deputado federal Paulo Teixeira – candidato às eleições internas do PT em novembro pelo grupo Mensagem ao Partido -, para tentar que ele abandonasse a disputa e desse apoio a Rui Falcão. Teixeira contestou essa versão:
“Não. Ele (Lula) mostrou preocupação com a disputa e o desejo de mudança no PT. Eu disse que a disputa seria de alto nível e se ele quisesse mudar o PT eu concordaria com uma chapa organizada por ele”. Falcão lança hoje sua candidatura, no Senado Federal, em Brasília.
Cartilha da reforma
O Pensamento Nacional das Bases Empresariais (PNBE) elaborou uma cartilha sobre a reforma política, na qual apresenta 15 propostas, entre elas a redução a dois senadores por estado, fidelidade partidária, voto distrital misto e aumento da transparência no financiamento de campanhas.
O exílio de Capiberibe
Será lançado na quinta-feira, no Sesc Pompéia, em São Paulo, o livro “Florestas do meu exílio” (Editora Terceiro Nome), do senador e ex-governador do Amapá João Capiberibe (PSB). O livro relata a jornada de mais de seis mil quilômetros – de Belém a Santiago do Chile – que a família Capiberibe fez na América do Sul na década de 1970.
A guerrilha e a fuga de hospital
João Capiberibe estudava economia na Universidade Federal do Pará quando entrou na Ação Libertadora Nacional (ALN), de Carlos Marighella, para ser o responsável pela guerrilha rural no norte do País. Foi preso com a mulher, Janete (hoje deputada), então grávida de oito meses. Ela foi libertada e Capiberibe, torturado. Fugiu depois de hospital em trajes de médico. Mais tarde, o casal foi para a Bolívia, Peru e Chile.
Do Brasil Econômico