Sindicato diz “não” ao aumento da carga horária na Prefeitura de Joinville (SC)

Frente à frente, dois descendentes de alemães, em lados opostos. Foto do ND Joinville, Rogério Souza Jr.

Como já era esperado, o prefeito Udo Döhler terá muito trabalho com os servidores municipais de Joinville (SC). Em nota publicada no site do Sindicato dos Servidores, o presidente Ulrich Beathalter, já avisa que não aceitarão o aumento da carga horária porque a iniciativa já está “consolidada” entre os mais de 11 mil servidores. Além dos abacaxis deixados pela gestão Carlito, Udo terá pela frente um osso duro de roer: o Sindicato dos Servidores. Confira a nota de Ulrich:

Não ao aumento da carga horária
Por Ulrich Beathalter

O ano começa com muitas novidades. Não bastasse o atraso no pagamento dos salários e mais um parcelamento de dívidas com o Ipreville, estamos lidando também com a possibilidade de aumento da jornada de trabalho na Estratégia Saúde da Família.

Na quarta-feira passada reunimos um grupo de servidores desse setor para debater a questão. Ocorre que há 18 anos, desde que o Programa Saúde da Família foi implantado em Joinville, os servidores cumprem jornada de 7 horas diárias. São 18 anos em que esses trabalhadores têm sua vida organizada a partir desse horário. Compromissos familiares, escolares e até outros vínculos empregatícios estão agendados e vêm sendo cumpridos nos intervalos ou fora deste período de 7 horas cumpridas nos Postos de Saúde.

Aí, de repente, o governo determina que, da noite para o dia, centenas de trabalhadores passarão a cumprir uma hora a mais de expediente – e sem qualquer compensação financeira para isso. É um impacto muito grande na vida desses trabalhadores.

Por isso o sindicato orienta os servidores da Estratégia Saúde da Família a refletir sobre a questão. É impossível se conformar com essa mudança, sem contestar e argumentar com as razões apresentadas pela Prefeitura. Independente do edital do concurso que fizemos, independente do conteúdo do termo de posse assinado, existe uma prática consolidada por mais de 18 anos. Em qualquer lugar, principalmente na iniciativa privada, não se aumenta a jornada de trabalho de alguém sem prover o aumento proporcional nos vencimentos desse trabalhador. Por que agora seria diferente?

Na próxima semana reuniremos novamente os servidores da Estratégia Saúde da Família. Até lá deveremos ter respostas a consultas feitas ao Ministério do Trabalho e ao Ministério da Saúde. De qualquer forma, será coletivamente que os trabalhadores decidirão como o sindicato vai se dirigir ao governo para negociar essa questão.

Não se pode aceitar tranquilamente o aumento de jornada de trabalho. Ainda mais na saúde, num momento em que o Brasil todo discute a redução da jornada de trabalho da enfermagem para 30 horas semanais. Inclusive projeto de Lei já tramita no Congresso referente a esse tema.

Aguardamos todos os servidores da ESF no sindicato, na próxima semana.

Autor: Salvador Neto

Jornalista e escritor. Criador e Editor do Palavra Livre, co-fundador da Associação das Letras com sede no Brasil na cidade de Joinville (SC). Foi criador e apresentador de programas de TV e Rádio como Xeque Mate, Hora do Trabalhador entre outros trabalhos na área. Tem mais de 30 anos de experiência nas áreas de jornalismo, comunicação, marketing e planejamento. É autor dos livros Na Teia da Mídia (2011) e Gente Nossa (2014). Tem vários textos publicados em antologias da Associação Confraria das Letras, onde foi diretor de comunicação.

5 comentários em “Sindicato diz “não” ao aumento da carga horária na Prefeitura de Joinville (SC)”

  1. Jura, PessoaL que o funcinário da Saude de Joinville está se recusando a comprir o horario de trabalho ao qual ele fez comcurso publico E CONCORREU A VAGA COM MUITASS PESSOAS QUE ESTARIAN DISPOSTAS A ATÉ DAR A VIDA PRA SALVAR OUTRA. kkkk e mais nós sempre pagamos nossos impostos pra ter atendimento na saude dignamente. É BEM POR ISSO QUE NUNCA TEM FUNCIONÁRIO DISPOSTO A NOS ATENDER… SÃO 13 MIL HORAS DE SERVIÇO PERDIDO (MÃO DE OBRA PAGA E NÃO CUMPRIDA)
    PARABENS PREFEITO UDO… DIGINIDADE É SER JUSTO RECEBER PELO QUE SE TRABALHA…

  2. Maria do Socorro, que bom ver seu comentário aqui no Blog! Verdade, esse mantra do capitalismo, trabalhar mais, sempre, é o desejo de quem explora, não é desejo de quem vive. Hoje, com a crise econômica provocada pelos dilemas do próprio capitalismo, quem deveria dar exemplo são os próprios capitalistas, reduzindo jornadas e contratando mais pessoas, para dar dignidade e oportunidade, com renda para manter suas famílias. Mas isso é luta para sempre, obrigado por participar!

  3. Infelizmente, pessoas pensam e dizem: se trabalho 8 horas, outros não devem trabalhar 7 ou 6, ao invés de pensar ou esperar que um dia evoluamos ao patamar de poder dizer que a carga horária de todos deve ser de 6 ou 7 horas. Não querem direitos, mas comentam em favor de tirar dos outros, s e usam de clichês infundados com o assunto. Isso também é manter-se num quadrado: não analisar bem o caso, por outra perspectiva ou num âmbito maior.
    “Uma ou duas horas a menos de serviço, gera um aumento na produtividade dos trabalhadores” assim se pensa e convencionam em alguns países europeus; mas esses são direitos adquiridos deles.
    Talvez seja regressão mudar isso aqui. E, como consta na matéria, não se trata de comodismo, mas de mudanças que podem afetar a vida de pessoas. A vida não é só trabalho; é, também, lazer, família e também estudos, sendo este último muito facilitado com a redução da jornada de trabalho, pois uma ou duas horas a menos de trabalho, conforme o turno, propicia oportunidade para estudar e até estagiar em lugar diferente (algo muito difícil para estudantes que necessitam de renda própria para se sustentar e ainda ajudar a família). Ninguém comenta o quanto é difícil alguém que tem de renda inferior, conciliar trabalho, faculdade (paga com o trabalho) e estágio, pois nem sempre empresas contratam estudantes para trabalhar, e estágios pagam pouco. Por isso, as coisas continuam sempre como são. 6 e 7 horas/dia é evolução, e não comodismo.
    De qualquer forma, acho que a carga horária vai, sim, aumentar.

  4. Vocês já leram “quem mexeu no meu queijo”?
    Fala sério, não aceitar mudar a jornada de trabalho só porque existe uma “prática consolidada” é não aceitar uma mudança só pelo fato de ela existir!
    Todo mundo trabalha 8 horas, então porque o funcionalismo público não pode? Se quiserem continuar com 7 horas, arranjem um argumento melhor.

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