Escassez de domésticas pode mudar hábitos da classe média

“As classes média e média alta se organizaram em função do trabalhador doméstico, que estrutura suas vidas e possibilita suas jornadas de trabalho”, diz Luana Pinheiro, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

De acordo com a pesquisadora, a migração de mulheres jovens para outros setores do mercado de trabalho formal tende a reduzir a oferta de trabalhadoras domésticas, mas a demanda continua alta.

“Essa não-reposição (de profissionais na categoria) pode ter impactos muito profundos na sociedade. Se a oferta se tornar muito pequena, as famílias podem ter que se reorganizar e redistribuir as tarefas domésticas”, diz a socióloga.

Famílias acostumadas à ajuda doméstica terão que encontrar novas maneiras de dar conta de cuidados com filhos, limpeza e alimentação, diz Pinheiro, e adotar uma divisão de tarefas mais equilibrada entre homens e mulheres.

Mas também o Estado será chamado à responsabilidade, afirma a socióloga, preenchendo lacunas que vêm sendo compensadas por trabalhadoras domésticas.

“O Estado vai ter que compartilhar com as famílias a responsabilidade por atividades como o transporte escolar e a oferta de creches”, diz Pinheiro. “Os cuidados não devem ser responsabilidade só da família, ou só da mulher dentro da família. Se for assim, quem tem dinheiro resolve, quem não tem não resolve.”

BBC

Autor: Salvador Neto

Jornalista e escritor. Criador e Editor do Palavra Livre, co-fundador da Associação das Letras com sede no Brasil na cidade de Joinville (SC). Foi criador e apresentador de programas de TV e Rádio como Xeque Mate, Hora do Trabalhador entre outros trabalhos na área. Tem mais de 30 anos de experiência nas áreas de jornalismo, comunicação, marketing e planejamento. É autor dos livros Na Teia da Mídia (2011) e Gente Nossa (2014). Tem vários textos publicados em antologias da Associação Confraria das Letras, onde foi diretor de comunicação.

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