O lixo produzido nas cidades pode ser uma alternativa de renda para milhares de brasileiros carentes que vivem pelas ruas e bairros em busca de materiais recicláveis como plástico, ferro, tetraplak, alumínio, papelão, papel, vidro. Mas é preciso que a sociedade separe o lixo que pode ser aproveitado pela indústria. A coleta seletiva que beneficia esses trabalhadores é uma das metas da Cooperativa Alternativa de Catadores de Lixo, Reciclagem e Preservação Ambiental (Coorepan) que vem atuando desde 2005 em Cuiabá e conta hoje com 22 catadores distribuídos em vários bairros da região do Coxipó. Dona Gema Divinali Ecco é uma voluntária da cooperativa que atua desde 2001 buscando implantar a coleta seletiva em Cuiabá com benefícios para famílias de catadores. Tudo começou no Jardim dos Ipês quando ainda era presidente da Associação de Moradores. ” Como não tínhamos dinheiro para nada, implantamos o projeto Lixo que vira luxo e a comunidade começou a separar os materiais que podem ser vendidos. Foi aí que percebemos que as associações de bairros podem ganhar com o lixo doado pelos moradores”, conta.
O projeto durou cinco anos até que surgiu a idéia de criar a Coorepan. Gema conta que tem sido difícil trabalhar em Cuiabá onde o poder público resiste à proposta de criar incentivos para as cooperativas. “Aqui não há nada de concreto para implantar a coleta seletiva. Não existem ecopontos e a proposta recente de Prefeitura de Cuiabá é entregar o lixo da cidade para uma empresa, excluindo aqueles que selecionam o lixo e evitam que produtos recicláveis e nocivos ao meio ambiente sejam depositados na natureza. É preciso muita força de vontade e união dos catadores para trabalhar aqui”, desabafa.
Esta semana, a Coorepan se une com a Associação dos Catadores de Lixo de Várzea Grande (Ascavac) ampliando o quadro de trabalhadores para 50 catadores. Na semana que vem faz uma reunião com a Associação de Moradores dos bairros Jardim Imperial, Recanto dos Pássaros e Jardim Universitário para que seja feita a coleta seletiva.
Falta a prefeitura de Cuiabá fazer os ecopontos onde os catadores possam levar o lixo selecionado, separá-lo e preparar para a venda. Por enquanto, os catadores da Coorepan levam o lixo ao Pedra 90, onde a cooperativa tem um barracão.
O secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano da Capital (Smades), Archimedes Pereira Lima Neto, afirmou em reunião com cooperativas de catadores de lixo no mês passado e com representantes da indústria de processamento de resíduos Bio Terra que não há previsão para instalação de centros de triagem de material reciclado. Ele alega que cada ponto custa aproximadamente R$ 25 mil, incluindo a madeira que deverá ser doada pelo Juizado Volante Ambiental (Juvam). “Dependemos do financeiro da prefeitura e do Juvam, mas espero que 2 pontos, no Coophema e CPA 3, sejam feitos até o final do ano”. disse.
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