Manuel Bandeira (19/4/1886 – 13/10/1968), poeta pernambucano, marcou época em nossa literatura. Ele foi um dos poetas nacionais mais admirados, inspirando, até hoje, desde novos escritores a compositores. Aliás, o “ritmo bandeiriano” merece estudos aprofundados de ensaístas. Por vezes inspira escritores não só em razão de sua matemática, mas também devido ao estilo sóbrio de escrever.
Manuel Bandeira possui um estilo simples e direto, embora não compartilhe da dureza de poetas como João Cabral de Melo Neto, também pernambucano. Aliás, numa análise entre as obras de Bandeira e João Cabral, vê-se que este, ao contrário daquele, visa a purgar de sua obra o lirismo. Bandeira foi o mais lírico dos poetas. Com vocês para o final de semana, um dos seus belos poemas:
“Confissão
Se não a vejo e o espírito a afigura,
Cresce este meu desejo de hora em hora…
Cuido dizer-lhe o amor que me tortura,
O amor que a exalta e a pede e a chama e a implora.
Cuido contar-lhe o mal, pedir-lhe a cura…
Abrir-lhe o incerto coração que chora,
Mostrar-lhe o fundo intacto de ternura,
Agora embravecida e mansa agora…
E é num arroubo em que a alma desfalece
De sonhá-la prendada e casta e clara,
Que eu, em minha miséria, absorto a aguardo…
Mas ela chega, e toda me parece
Tão acima de mim…tão linda e rara…
Que hesito, balbucio e me acovardo.”
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