Band dispensa repórteres, pauteiros, editores e produtores

O repórter Luiz Ceará não foi o único jornalista a ser demitido da TV Bandeirantes na tarde desta quarta-feira, 1°. Conforme o Comunique-se tinha adiantado, outros profissionais iriam deixar a emissora comandada por Johnny Saad. Ao todo, 12 colaboradores da equipe de esportes foram dispensados.

De acordo com o Cheni no Campo, blog editado por Anderson Cheni, os demitidos trabalhavam como pessoas jurídicas e souberam da decisão do canal – de reformular o departamento esportivo – na própria quarta, ao chegarem para mais um dia de trabalho. O Cheni no Campo também afirma que o repórter Márcio Gontijo, editores, produtores e pauteiros deixaram a Band. A informação foi confirmada ao C-SE por um funcionário da emissora.

Com a saída dos jornalistas, contratações devem acontecer na emissora televisiva do Grupo Bandeirantes de Comunicação no decorrer das próximas semanas. Um dos produtores, que permanece no veículo, disse que o setor de esportes está passando por “uma reestruturação”.  O repórter André Galvão, da rádio Transamérica de São Paulo, assinou com o canal justamente nesta quarta.

Até o momento, a direção da Band não se pronunciou sobre as 12 demissões.

Do Comunique-se

Na Teia da Mídia – Relembrando o lançamento, entrevista ao PJ em 2011

Perfis: Clube 13 de Maio – 40 anos de amor ao futebol amador

Eles são do tempo em que Joinville tinha campinhos de futebol por toda a cidade, onde a meninada se divertia a valer jogando bola. Bola de meia, de plástico e pés descalços não eram impedimentos para gastar energia suando e fazendo gols. Hoje, já cinqüentões, Adelar Bittelbrunn, Izael Macelay (Iza) e Edmilson Correa (Preta) lutam para manter em atividade um dos clubes mais antigos em atividade no futebol amador joinvilense, o 13 de Maio do bairro Fátima, zona sul da cidade. Amador mesmo, tanto que eles não têm campo próprio ou sede própria, mantendo um local de reuniões no bar de um deles, o Preta, localizado na rua Fátima, 1926.

Tudo começou no final da década de 1960 e inicio de 1970, quando o primeiro clube do Fátima, o Vila Palmira, encerrou atividades. “Meu pai amava e ama futebol, e decidiu continuar com apoio da minha mãe, que lavava as roupas do time”, conta Edmilson, o popular Preta, filho do fundador do clube, Vicente Antonio Correa. O trio dirigente conta que o nome saiu de uma reunião na casa do amigo João – não lembra o sobrenome – onde a maioria era da raça negra. “O João propôs que o nome fosse 13 de maio, porque também estavam no mês de maio, e aí ficou”, contam com base na história de seu Vicente.

Izael, o Iza, entrou para o time logo nos primeiros anos e lamenta o fim dos campinhos. “Tinha o campo do Internacional no Boehmerwaldt, do Guarani, Benfica e tantos outros. A gente ia antes do time principal, correndo, a pé, de bicicleta, para arrumar o campinho e jogar com a turma de lá. Hoje sumiram os campinhos”, relembra saudoso. Adelar destaca a força e união do grupo para manter o time. “O pessoal era e é tao unido que em mutirão chegou a fazer o campo da associação de moradores do bairro, na rua Guanabara”, explica. Mas nunca conseguiram apoio da Prefeitura para erguer sua sede própria, apesar de várias tentativas.

“Desde os tempos do Freitag tentamos terreno”, critica Adelar. Iza e Preta lembram do projeto que o Prefeito apresentou à diretoria do clube. “Eles tinham o projeto pronto, bonito. Mostraram para nós, e mandaram aterrar lá onde chamam de areão do Fátima. Tava tudo bonito, mas voce acredita que em um dia terminaram o aterro, e no outro tava cheio de barracos?”, contam ainda incrédulos com o que aconteceu. Indignados, foram ao Prefeito que disse: “Se vocês conseguirem tirar eles de lá, é de vocês”, conta Preta, sorrindo. Mesmo sem campo, os amigos não pararam nem um instante, e mantém a integraçao familiar.

Além de continuar a disputar o Copão Kurt Meinert, torneio que participam desde a primeira ediçao e que venceram em 1991 e 2007, o 13 de Maio mantém o time de veteranos que tem jogos marcados até 2012, todos os sábados por várias cidades da regiao e em Joinville. Todos os eventos sao realizados para angariar fundos e manter o time em atividade. No mês de maio passado o Clube 13 de Maio completou 40 anos de fundaçao com um grande baile no clube Dallas, também do Fátima. “Os recursos deste baile, que é anual, é a principal renda para manter os uniformes, taxas, e outras despesas”, contam orgulhosos.

Os veteranos atletas sonham ainda com uma sede própria para manter o clube ativo e forte para as futuras geraçoes do bairro, tirando crianças das ruas com o futebol amador. O Clube reúne em torno de 200 pessoas com suas atividades esportivas e sociais.“É difícil porque em tudo querem dinheiro para jogar hoje, estao acabando com o amador. Mas nós vamos manter a nossa história, e o lazer que o 13 nos proporciona com amizade e integraçao entre as famílias”, finaliza o trio de jogadores veteranos, parte da história do futebol amador joinvilense.

* publicado na seção perfil do Jornal Notícias do Dia de Joinville (SC) em 2011.

Jornalismo e a PEC do Diploma – Mobilização em fevereiro

A Executiva da FENAJ marcou para 7 e 8 de fevereiro, após a volta dos trabalhos no Congresso, atividades de mobilização no Senado pela aprovação, em 2º turno de votação, da PEC 33/09, que restitui a exigência do diploma para o exercício da profissão de jornalista. Os diretores da Executiva e membros da coordenação da campanha em defesa do diploma estarão presentes.

Em circular encaminhada aos sindicatos, membros da Comissão Nacional de Ética dos Jornalistas e entidades apoiadoras do movimento em defesa do diploma, a direção da FENAJ orientou que todos insistam, ainda em janeiro, quando os parlamentares estão em seus estados, nos contatos com os senadores. O objetivo é assegurar a votação da PEC em 2º turno em fevereiro, reafirmar os votos sim, garantir a presença dos senadores ausentes na primeira votação e inclusive buscar reverter a posição de parlamentares que votaram contra a proposta.

No primeiro turno de votação, no dia 30 de novembro do ano passado, a PEC 33/09, de autoria do Senador Antônio Carlos Valadares (PSB/SE) e que teve como relator o senador Inácio Arruda (PCdoB/CE), obteve 65 votos favoráveis e 7 contrários. Conforme acordo de lideranças anunciado em dezembro, o segundo turno de votação ficou para o início dos trabalhos no Senado em fevereiro.

“Acreditamos na possibilidade de um placar ainda mais favorável no 2º turno, pois já tivemos manifestações públicas de apoio à PEC de mais de 70 senadores. Mas para assegurar esta conquista contamos com o empenho de todos os nossos apoiadores”, diz o presidente da FENAJ, Celso Schröder.

Ele revela que além das atividades em Brasília nos dias 7 e 8 de fevereiro, a intenção é contar, também, com delegações de profissionais, professores, estudantes de Jornalismo e de outros segmentos da sociedade na data da votação da PEC em 2º turno. “Com muita luta corrigiremos, ainda em 2012, um equívoco cometido pelo STF que prejudica os jornalistas brasileiros há mais de dois anos”, considera Schröder.

Do Sindicato dos Jornalistas de SC

Na Teia da Mídia – Lançamento foi um sucesso, obrigado amigos!!

Panorâmica do evento realizado na Midas

Gente, eu poderia escrever aqui milhares, milhões de palavras. Expressar em desenhos, caricaturas, pinturas, as coisas mais belas do mundo. Talvez pudesse compor a música mais melodiosa e confortante, mas não há nada que eu e Marco Schettert podemos fazer para agradecer a tanto carinho e atenção que os amigos nos concederam no lançamento do nosso livro, Na Teia da Mídia, ontem à noite na Livraria Midas. Com toda a energia do mundo, desejo mandar o abraço apertado, forte, em cada um de vocês que esteve lá fisicamente, ou ainda quem não pôde estar, mas mandou todas as melhores energias e intenções. As fotos estão quase todas em meu facebook – https://www.facebook.com/SalvadorNetoJornalista – para quem quiser dar uma espiadinha e compartilhar conosco toda a emoção, alegria e sentimentos que transbordavam a cada um que chegava.

Só temos a dizer: obrigado, obrigado, obrigado, milhões de vezes muito obrigado gente! Avisando também que os livros continuam a ser vendidos na Midas, e brevemente em outras livrarias. E quem quiser comprar diretamente conosco, é só mandar um email para imprensa@salvadorneto.com.br, com endereço completo, nome, a quem deseja o autógrafo, e depositar apenas R$ 30,00 na conta corrente 1.346.582-1, agência 5214-0 do Banco do Brasil, mandar o comprovante de depósito identificado. Esse preço vale para Joinville (SC). Para as demais cidades será acrescido do valor de correio. Ótimo final de semana a todos e todas, fiquem com Deus, e mais uma vez, nossa gratidão eterna, obrigado!

Na Teia da Mídia já provoca manifestações de leitores, confira!

Vejam só que alegria constatar que nosso trabalho no livro Na Teia da Mídia já tem repercussões entre alguns leitores que tiveram acesso à obra! Queremos compartilhar com os leitores do Blog, porque essas reflexões é que são nossos objetivos principais, confiram uma delas!

De Jéssica Panqueves
“Boa Tarde! Na semana passada a Senhora Marli, esteve no escritório onde trabalho (Buettgen e Buettgen) e entregou um exemplar do livro “Na teia da mídia”, onde fez um breve relato do que ocorreu com sua família. Nessa ocasião pedi ao Dr. Gustavo Buettgen se pudesse ler o livro antes que ele. Terminei o livro hoje, e estou admirada pelo trabalho dos Senhores. A história trata a realidade da família, por passar por uma injustiças, humilhações em âmbito nacional. Gostaria de parabenizá-los pelo excelente trabalho.

Na leitura do livro surgiu uma reflexão de quantas outras milhares de pessoas que passam por situações parecidas e simplesmente deixam passar, ou que não possuem pessoas assim como os Senhores para relatarem seus sofrimentos e humilhações. Mais uma vez PARABÉNS e espero que muitas pessoas tenham a oportunidade assim como a familia da Senhora Marli tiveram em ter amigos, assim como os Senhores. Jéssica Panqueves”.

Do amigo e irmão Serginho, da Heat Eventos:
“Quero um livro hein! Abraço amigo e parabéns, já ouvi muito comentário legal pela obra… Serginho”

Do advogado Salustiano Luiz de Souza
“Vi na Midas o livro seu e do Marco Schettert. Como não tenho o e-mail dele, que é meu amigo, gostaria de enviar um grande abraço a vocês e parabenizar pelo lançamento. Se possível, gostaria que você transmitisse a ele. Muito sucesso”. Será transmitido Salustiano.

Em nome de Marco Schettert, e em meu nome, agradeço a manifestação da leitora. Fica o convite para os leitores do Blog participarem amanhã, dia 15 de dezembro, do lançamento na Livraria Midas às 19 horas. Estaremos lá para conversar com todos!

Noite de autógrafos do livro “Na Teia da Mídia” é amanhã (15/12) na Midas!

Capa e diagramação tem a assinatura de Marcelo Sani, a edição é de Sergio Sestrem e ilustrações de Pablo Meyer

Em 2000, Joinville ganhou destaque na mídia nacional depois que um maníaco sexual começou a atacar suas vítimas usando bicicleta. A dependência de jornalistas a fontes oficiais de informação levou à condenação pública e linchamento moral do trabalhador braçal Aluísio Plocharski, de família tradicional da cidade. Meses depois o verdadeiro criminoso seria preso.” A história da família Plocharski e o caso “Maníaco da Bicicleta” são os temas do livro “Na Teia da Mídia”, do advogado e jornalista Marco Schettert e do jornalista Salvador Neto.

O livro reúne dois trabalhos acadêmicos da faculdade de Jornalismo – Na Teia da Mídia (Salvador Neto), O Dano Moral na Imprensa (Marcos Antônio Santos Schettert) – que contam essa história, a ética no jornalismo e o dano moral que resultou de vários erros, enganos e contradições do caso. A obra – que é uma reflexão sobre a importância e a responsabilidade do jornalismo e trata da área do direito falando sobre dano moral – será lançada nesta quinta-feira, dia 15 de dezembro, às 19 horas, na Livraria Midas. Para os autores, o livro visa colaborar no aperfeiçoamento de jornalistas e advogados. “Na Teia da Mídia também se destina aos interessados na vida”, ressaltam os autores.

Sobre os autores:

Marco Schettert – É advogado, historiador e jornalista com atividades em Joinville (SC). Natural de Porto Alegre (RS), tem intensa atividade no direito, assessoria jurídica, e é professor. Apresenta o programa Tema Livre na TV Brasil Esperança Canal 11 em Joinville. Sua atuação em processos na área pública em defesa da cidadania o fazem um dos profissionais mais requisitados e respeitados.

Salvador Neto – É jornalista e blogueiro com atividades em Joinville e todo o estado de Santa Catarina. Escreve para o jornal Notícias do Dia a seção Perfil. Especializado em assessoria de imprensa sindical, política e de pequenas e médias empresas, mantém o blog Palavra Livre (www.palavralivre.com.br/), e é também articulista em vários jornais. Atua também como voluntário para a Apae Joinville e outras entidades.

Serviço:

Lançamento do livro “Na Teia da Mídia” (124 páginas)
Dia 15/12/2011 (quinta)
Às 19 horas
Livraria Midas, Rua Doutor João Colin, 475

Livro “Na teia da mídia” – Lançamento dia 15/12 às 19 horas na Midas!

Livro fala sobre jornalismo, direito e comunicação e será lançado dia 15 de dezembro na Midas

Finalmente chega a hora do lançamento do livro “Na teia da mídia”, de autoria deste jornalista e blogueiro em co-autoria com o também jornalista e advogado, Marco Schettert. Na próxima quinta-feira, dia 15 de dezembro, às 19 horas na Livraria Midas, ou Armazém Cultural Midas, haverá o evento com noite de autógrafos e, se Deus quiser, e eles também quiserem, a presença de muitos amigos, colegas de profissão, advogados, familiares, enfim, todos que se interessam por uma boa história.

O livro trata sobre jornalismo, direito, comunicação social, e conta a história da família Plocharski que foi envolvida no famoso caso do Maníaco da Bicicleta que aconteceu no ano 2000. Para quem não lembra, um estuprador atacava mulheres em Joinville (SC), e para se locomover usava uma bicicleta. O terror se espalhou na cidade, já que a polícia não conseguia prender o criminoso. Nesse cenário, um trabalhador braçal, Aluísio Plocharski, foi detido pela polícia, não reconhecido pelas mulheres vítimas, mas teve sua foto indevidamente divulgada em jornais, panfletos espalhados pela cidade, na televisão, e a polícia chegou a invadir sua casa buscando provas, causando um mal que reflete até hoje na vida da família.

É essa história danosa, o processo que moveram contra os órgãos de comunicação e estado pelo dano moral, e o estudo dos efeitos da comunicação na vida das pessoas que você vai encontrar neste livro. A intenção minha e de Marco Schettert é fazer um debate sobre nossas ações e atitudes diante dos desafios da profissão de jornalista, sobre o jornalismo, perpassando também pelo direito. Para que cada vez menos aconteçam erros na imprensa, e também da polícia, que podem afetar para toda a vida,  a vida de inocentes.

Contamos então com a presença dos amigos, leitores, escritores, comunidade em geral para o lançamento. Receberemos a todos e todas com muita satisfação. Quem quiser garantir seu exemplar antecipadamente pode mandar um email para gislene_rabello@hotmail.com, ou ainda para imprensa@salvadorneto.com.br, com nome, fone e todos os contatos. O valor de venda é de R$ 30,00.

Desde já agradecemos a atenção dos amigos. E para o amigo Marco Schettert, que foi o motivador da realização desse sonho, o meu abraço fraternal e desejo de sucesso sempre! Porque sonho que se sonha só, é apenas um sonho. Mas sonho que se sonha junto, é realidade! Aguardamos todos vocês no dia 15 de dezembro, 19 horas lá na Midas. Abraços!!

Diploma para jornalistas – Senado aprova PEC que restitui exigência

Em votação realizada na sessão de quarta-feira (30), o Senado aprovou, com 65 votos favoráveis e 7 contrários, a PEC 33/2009, do Senador Antônio Carlos Valadares (PSB/SE), que restitui a exigência do diploma para o exercício da profissão de jornalista. De norte a sul do país a categoria comemora.

A sessão do Senado foi acompanhada com apreensão pelo diretor da FENAJ José Carlos Torves e por José Nunes, presidente do Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul, Francisco Nascimento, vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas de Pernambuco, e Lincoln Macário, presidente do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, que comemoraram após a divulgação do resultado no placar do plenário.

Para o presidente da FENAJ, Celso Schröder, a expressiva votação foi emblemática. “Representou o desejo do Senado de corrigir um erro histórico do STF contra a categoria profissional dos jornalistas”, disse. Ele agradeceu o esforço de todos os parlamentares que se empenharam pela aprovação da matéria, especialmente o autor da PEC, senador Valadares, e o relator, senador Inácio Arruda (PCdoB/CE), e parabenizou a categoria e os Sindicatos de Jornalistas pela persistência nas mobilizações em defesa do diploma.

O diretor de Relações Institucionais da Federação, Sérgio Murillo de Andrade, também avalia que o Senado corrigiu um erro grave do STF, cometido em 2009, e que “surpreendeu toda a sociedade, que visivelmente passou a apoiar nossa luta pelo resgate da dignidade da profissão”.

Temporariamente “de alma lavada”, Sérgio Murillo lembra que o “primeiro round” desta luta foi vencido. “Devemos e merecemos comemorar, mas nossa mobilização tem que prosseguir cada vez mais forte para assegurar a vitória da restituição da exigência do diploma para o exercício da profissão tanto no Senado quanto na Câmara dos Deputados”, concluiu.

Fonte: Fenaj

Crônica da talentosa Vanessa Bencz: Sobre ser repórter

Recebi um chamado da jornalista, e recém-premiada com apoio do Simdec para lançar um livro, a jornalista Vanessa Bencz, via twitter para ler seu texto. Achei ótimo, forte, sincero, e reproduzo aqui sob permissão dela. Parabéns, compartilhar nossos momentos da profissão ajuda a nos humanizar um pouco, nos retirando do alto do pedestal em que por vezes nos colocam, ou que alguns se auto-colocam. Boa leitura aos leitores do Palavra Livre:

“Sobre ser repórter”
“Ao me aproximar do entrevistado, percebi que ele se arrumara especialmente para a entrevista. Camisa branca, bem passada. Cabelos penteados com pente de cerdas finas. Havia feito a barba naquela manhã. Estava muito cheiroso. Me aguardava na recepção do jornal com um sorriso sincero. Foi impossível não sorrir de volta. Assim começou a apuração da matéria que mais me marcou, nestes três anos de reportagem. André, 33 anos, é portador de uma doença degenerativa que o mantém eternamente sentado sobre uma cadeira de rodas. Neste dia, eu chorei duas vezes. Uma, pela história de vida do rapaz. Outra, por não ter conseguido levá-lo para conhecer o jornal por dentro – um degrauzinho de 20 centímetros impediu que conseguíssemos levá-lo para o interior da empresa. Senti vergonha por isso.

Este dia me marcou não apenas porque guardei André no coração. Registrei esta data porque foi a primeira vez que olhei meu reflexo no espelho e me senti grata por, cinco anos atrás, ter escolhido jornalismo como minha primeira opção no vestibular. Desde então, eu havia me decepcionado com o curso, me tornado uma universitária rebelde e havia lamentado para todos os ventos o piso salarial baixo. Ao me despedir de André, tratei de não calar aquela desconfiança que, de quando em quando, falava baixinho no meu ouvido: talvez jornalismo não seja tão ruim. Talvez a reportagem seja uma estratégia para dar voz aos que não tem. Talvez eu possa fazer muito como repórter. Talvez eu me divirta muito como jornalista. Talvez eu mude alguma coisa com a minha profissão.

Aos 18 anos, preenchi o quadradinho ao lado da palavra “jornalismo”, no ato da inscrição do vestibular. Mas eu não fazia a mínima ideia do que era ser jornalista – e acho que os vários estudantes que rabiscam o mesmo quadradinho, ano após ano, também não fazem. Ser jornalista é um mistério; cada um encontra um tesouro diferente. Não é objetivo como ser advogado, médico ou sacerdote. Ser jornalista é ser os entrevistados, as fontes e os adjetivos. É ser literatura, denúncia e relato. É encontrar seus Andrés e, com emoção, transformá-los em palavras, vírgulas e orações.

Hoje, com um livro de contos para sair do forno, concluo que a minha melhor forma de relatar o mundo é através de uma literatura que melhoro a cada dia, a cada André, a cada passo mais perto da naturalidade em ser um repórter cansado com um crachá balançando na barriga.”