Exclusivo! Brasileiros se sentem abandonados na Nova Zelândia e pedem ajuda para retornar ao Brasil

Quase 200 brasileiros, entre eles cerca de 20 catarinenses, se dizem abandonados pelo governo brasileiro e passam sérias dificuldades. O Palavra Livre recebeu mensagens de catarinenses que participam de grupo formado no Facebook para organizar e cobrar urgentes atitudes do Governo. A embaixada brasileira não dá prioridade, e parlamentares catarinenses consultados – pouquíssimos responderam a reportagem – dizem que há recursos e que devem fazer pressão no Governo Federal.

Aproximadamente 200 brasileiros se dizem abandonados pelo Governo Federal na Nova Zelândia. Organizados em um grupo criado no Facebook – veja aqui – por uma brasileira residente há 11 anos e já com cidadania neozelandesa, Luana Karina de Aguiar –
http://www.luanakarina.com/ -, eles cobram a Embaixada brasileira para que providenciem um novo voo de repatriação. Segundo relatos no grupo, confirmados pelo Palavra Livre junto à Luana Karina, há idosos com problemas de saúde, pessoas sofrendo com depressão e síndrome do pânico, entre outros casos sérios. A maioria perdeu seus empregos e trabalhos no país, outros estavam a turismo, e estão sem dinheiro inclusive para morar e se alimentar.

“A situação é muito séria, e a embaixada está fazendo pouco caso”, revela Luana que hoje e empreendedora por lá, e quando imigrou para a Nova Zelândia caiu em um golpe, passou muitas dificuldades e por isso se dedica há oito anos em ajudar imigrantes no país.

Dentre os atuais 183 brasileiros “presos” na Nova Zelândia existem 16 catarinenses na lista organizada por Luana Karina, organizadora do Grupo. São Paulo com 31 pessoas, Rio Grande do Sul com 22 pessoas são os estados com maior número de brasileiros a serem repatriados, e SC fica em terceiro, com Paraná (13) em quarto lugar e Minas Gerais (12) em quinto. Mas há também brasileiros de Sergipe, Rondônia, Rio de Janeiro, Pernambuco, Mato Grosso do Sul, Goiás, Espírito Santo, Distrito Federal, Ceará, Bahia e Amazonas. Quando Luana iniciou a organização para apoio, eram 153 pessoas pedindo ajuda. Há quem não tenha se manifestado ou não desejado dar maiores detalhes a ela, neste caso são 62 pessoas com os mais diversos motivos. E a lista pode continuar a crescer.

A Embaixada brasileira organizou um voo para repatriar 180 brasileiros no início de maio, e alega que avisou aos que lá estavam cadastrados via e-mail, e que não tem nenhuma previsão de um novo voo para o Brasil. Luana Karina afirma ter enviado uma carta à Embaixada explicando a situação das pessoas em riscos dos mais diversos, e solicitando um segundo voo. “O embaixador fez um vídeo dizendo que todos foram avisados por email e não compareceram. Eu sou uma cadastrada na embaixada e não recebi. Ele também disse que estão ajudando os brasileiros com recursos financeiros, alimentos, moradia, mas nós não conhecemos nenhum que tenha recebido isso”, acusa.

A reportagem teve acesso à carta e as respostas. O teor da carta da Embaixada não dá esperanças de novo voo, é fria e não estabelece saída alguma para os brasileiros. Para se ter uma ideia, um voo de retorno proposto seria por Doha (Qatar), custaria três vezes mais que o normal, e duraria mais de 50 horas, algo impeditivo para várias pessoas que passam por sérios problemas de saúde, como idosos, grávidas, depressivos e outros.

Entramos em contato com o Itamaraty no Brasil, e recebemos a resposta padrão muito parecida com a que os brasileiros receberam na Nova Zelândia após o apelo. Luana Karina destaca que o governo neozelandês tem sido efetivo em ajudar como pode aos imigrantes, mas ela destaca que a responsabilidade pelos brasileiros é do Governo brasileiro. “Está na Constituição Federal”, aponta. O Palavra Livre reiterou as perguntas sobre o apoio aos brasileiros, respondendo ao Itamaraty. Até a publicação desta reportagem, não recebemos resposta. Esperamos por 48 horas.

A Nova Zelândia se notabilizou no combate à pandemia do coronavírus, criou níveis de fechamento total (lockdown) como estratégia de enfrentamento, o que impossibilitou aos brasileiros e outros imigrantes a inclusive se locomover no país, e inclusive sair do país. Junto disso veio a perda dos empregos, renda e o caos a quem foi buscar uma vida melhor no exterior. O país localizado na Oceania tem pouco mais de 4,4 milhões de habitantes, um fuso horário de 15 horas em relação ao Brasil, foi o primeiro a anunciar ter se livrado do Covid-19, mas os casos retornaram ao país dias atrás, infelizmente. Este retorno do Covid-19 por lá pode complicar ainda mais a vida dos brasileiros que já pedem ajuda.

Parlamentares catarinenses foram questionados
O Palavra Livre apresentou o caso para os parlamentares catarinenses, deputados federais e senadores. Enviamos mensagens por whatsapp diretamente aos contatos deles e também de assessorias. Recebemos retorno apenas do deputado federal Celso Maldaner (MDB), e dos senadores Esperidião Amin (PP) e Dário Berger (MDB). Os demais parlamentares, o senador Jorginho Mello (PL) e os demais 15 deputados federais de SC não retornaram para dizer o que poderiam fazer pelos cidadãos catarinenses que estão passando sérias dificuldades na Nova Zelândia.

Celso Maldaner disse que é um assunto importante e que precisa solução. “Votamos medida provisória que dá recursos para a EMBRATUR para repatriar os brasileiros, tem orçamento para isso”, disse o deputado federal. Questionado quais as ações práticas que poderia tomar, destacou que colocou a sua assessoria para realizar contatos com o Ministério das Relações Exteriores e o Itamaraty. Em seguida enviou áudio de assessora do Itamaraty que repete o que a embaixada escreveu em carta aos brasileiros lá na Nova Zelândia, em que alega que tem que ter formalidades para organizar novo voo, e que não há previsão.

“Existem cerca de três milhões de brasileiros fora do país e não tem como trazer todo mundo de volta”, disse em áudio a funcionária Mariana Marshall do Itamaraty. O grupo “Abandonados na Nova Zelândia” já enviou cartas, tem lista dos brasileiros, mas não tem recebido solidariedade e prioridade por parte da embaixada. Uma atitude, por exemplo, poderia ser destacar um diplomata para centralizar o contato e ajudar o Grupo na busca pela solução, coisa simples de fazer, e obrigação de uma embaixada em favor dos seus cidadãos.

Via assessoria de imprensa, o senador Esperidião Amin afirmou que já interviu em situações como essa e que teve êxito, isso em relação a brasileiros que estavam no Chile e não conseguiam atravessar a fronteira, isso no dia 21 de maio. Aguardamos mais respostas sobre ação efetiva para apoio aos brasileiros para a repatriação, mas até o fechamento da matéria não obtivemos respostas de Amin. O senador Jorginho Mello (PL) também não respondeu aos questionamentos da reportagem, nem via assessoria e tampouco diretamente.

O senador Dário Berger (MDB), via assessoria, disse que “todos os pedidos que recebemos de catarinenses que estão no exterior e que chegam ao gabinete do senador solicitando apoio, são encaminhados ao Itamaraty cobrando uma solução. A orientação é sempre a mesma, de que os interessados procurem os órgãos diplomáticos do país, façam um cadastro e aguardem novas orientações”. Berger destacou também que vai articular uma pressão parlamentar catarinense para que o Itamaraty resolva a questão do novo voo para os brasileiros.

Governo de SC vai apoiar a repatriação
Buscamos também informações junto ao Governo de Santa Catarina, via Secretaria de Articulação Internacional (SAI). O secretário Douglas Gonçalves informou que desde que iniciou o lockdown a secretaria criou um plantão 24 horas por email ou celular onde atende estes casos. “Orientamos e solicitamos todos os dados das pessoas. Com isso alimentamos o banco de dados do Itamaraty. Buscamos como ver os voos, etc, para auxiliar os catarinenses”. Desta forma, segundo o Secretário, cerca de 90 catarinenses já foram repatriados, e existiriam cerca de 30 ainda em busca de repatriação.

Sobre os cerca de 20 catarinenses na Nova Zelândia, Douglas Gonçalves vai fazer contato com a organizadora que apoia os brasileiros, e aí os catarinenses, para articular o retorno ao país. “Primeiro passo é colocar via secretaria oficialmente esse povo lá no Itamaraty, e vamos cobrar esta solução com rapidez”, destacou o Secretário. O número de contato do Plantão SAI para estes casos de apoio aos brasileiros no exterior é +55 48 98801.6570. A Secretaria de Articulação Internacional do Governo de SC já conseguiu repatriar brasileiros, articulando com o Governo Federal, Ministério das Relações Exteriores e Itamaraty, vindos dos EUA, Bolívia e Chile. Em princípio esta repatriação da Nova Zelândia seria a primeira ação de apoio fora da América Latina a ser realizada pela SAI.

Da lista de catarinenses há cidadãos de Jaraguá do Sul, Navegantes, São Francisco do Sul, Itajaí, Rio Negrinho, que declararam as cidades de origem no Brasil, coisa que nem todos informaram ao Grupo.

Solidariedade e responsabilidade governamental
O Governo Brasileiro, o Governo de Santa Catarina e demais governos estaduais com cidadãos em busca de repatriação da Nova Zelândia precisam se posicionar, cobrar e exigir do Itamaraty a organização de um novo voo urgente para trazer os brasileiros de volta. Os parlamentares, aqui em especial aos parlamentares catarinenses – o Palavra Livre é sediado em SC – devem unir esforços e pressionar os órgãos competentes e autoridades para que tragam de volta estes brasileiros, pois é papel deles defender os direitos dos catarinenses e cidadãos brasileiros. Espera-se que a bancada federal catarinense se reúna e dê respostas ao pleito dos brasileiros na Nova Zelândia.

O Palavra Livre vai continuar cobrando dos parlamentares e governo o andamento desta repatriação de brasileiros, e catarinenses, até que a solução aconteça, e pede a todos os colegas de imprensa que façam o mesmo, porque juntos conseguimos fazer a pressão necessária em apoio e solidariedade a quem precisa.

Para saber mais sobre o grupo “Brasileiros abandonados na Nova Zelândia”, acesse – https://www.facebook.com/groups/391528548433104/about/

O grupo é aberto. Com ajuda de amigos, Luana Karina também fez um vídeo (clique aqui para assistir) onde ela explica o que fez, os contatos com a embaixada brasileira, e tem alguns depoimentos de pessoas com suas dificuldades e pedindo ajuda, como dois idosos de 85 anos com problemas de saúde, etc.

A Secretaria de Estado da Articulação Internacional (SAI) mantém um Plantão para apoio aos catarinenses no exterior, número inclusive que dá para contatar via WhatsApp – +55 48 988016570.

O Ministério das Relações Exteriores tem site para apoio aos brasileiros no exterior – clique aqui.

Secretaria de Articulação Internacional já tem novo comando interino

O Governador Carlos Moisés (PSL) decidiu designar o Gerente de Relações Internacionais da Secretaria de Estado da Articulação Internacional, Douglas Gonçalves, como Secretário da pasta, cumulativamente ao cargo atual. Ele era braço direito do ex-secretário Derian Campos, que pediu exoneração na semana passada. Com a decisão do Governador, a pasta continua sob o comando de um joinvilense e com o norte do estado, pelo menos por enquanto.

Gonçalves tem 39 anos e é publicitário e é pós-graduando em Gestão Pública. Já foi filiado ao PV, e desde o ano passado é o Secretário Geral do PSL em Joinville (SC). Antes de assumir o cargo a convite de Derian Campos ele era proprietário de um escola de idiomas no município de São Francisco do Sul e tem passagem longa nos meios da comunicação social e da propaganda.

Segundo Douglas Gonçalves, ele vai continuar o trabalho que o ex-secretário Derian estava realizando. “Vamos seguir com a preparação da área internacional de Santa Catarina para a retomada econômica que virá até que o Governador defina o novo nome para a pasta”, destacou o novo secretário interino da Articulação Internacional. Derian Campos é o presidente do PSL em Joinville e deverá coordenar a campanha à Prefeitura da maior cidade catarinense.

Opinião – O combate à pandemia do racismo

O mundo vive momentos trágicos com a pandemia do coronavírus, o Covid-19. Não é a primeira pandemia que enfrentamos, e derrotaremos. Todos os países se movimentam e usam recursos totais para salvar vidas. Mas há uma pandemia que insiste em permanecer viva entre nós, e com pouco ou nenhum combate: a do racismo. Incrivelmente não utilizamos todas as nossas forças, estudos, ações educacionais e politicas para dizimar este mal que fez uma vítima, George Floyd, morto por um policial branco em Minnesota, Mineápolis, EUA. Nove minutos de agonia sob um joelho branco, policial, representante do estado.

Miguel, 5 anos de idade, deveria estar sob os cuidados da patroa (!?) da sua mãe enquanto ela levava o… cachorrinho da primeira dama de Tamandaré (PE) passear… Largado em um elevador sozinho por querer a presença da mãe, sai em um andar do prédio de luxo e cai para a morte. Quem se importa? Não vou continuar a citar outros nomes aqui, mortes recentes de negros nas favelas, daqui do Brasil e no mundo. Encheriam páginas e mais páginas. Não que não mereçam, mas os nomes que devem ser citados são os nomes dos racistas e apoiadores de racistas que promovem esta pandemia que dura séculos.

Mortes causam comoção midiática. A espetacularização ajuda a vender publicidade e propaganda na grande mídia, e até comove alguns corações para o uso de tarjas pretas, etc. O fato é que basta de conviver com esta doença que nunca retrocede e avança em momentos da história. No Brasil as coisas para negros, indígenas, LGBTs, pobres, minorias pioraram com a chegada de um governo sem rumo social, apenas econômico e potencializado com o discurso de ódio a estas minorias, à democracia e pensamentos humanistas. Me perdoem, mas não dá para defender a luta contra o racismo e Bolsonaro e seus seguidores. São incompatíveis. O dedo que votou nele e agora é utilizado para postagens consternadas, posts da moda para “mostrar”que é antiracista, não colam.

A pandemia racista é irmã da violência e do ódio. Sempre foi, e continua sendo. As lideranças mundiais que colocamos, cada povo a seu jeito e lei, para comandar o desenvolvimento das nações, precisam fazer mais. Educação e debate permanente sobre os temas raciais, da diversidade que nos faz únicos, do amor, e logicamente do que representa o fascismo e suas vertentes, o ódio, a perseguição política, a falta de políticas públicas permanentes e com orçamentos pesados dedicados a mudança cultural dos povos. Não há outra saída para nós que nos entendemos como “humanos” e que nos auto-intitulamos civilizados.

Não haverá paz enquanto não entendermos e agirmos nesta direção. Educação, conscientização, trabalho militante permanente do Estado, com os grupos militantes das causas agindo junto, e desde a mais tenra idade dos nossos filhos, netos. Só há mudança cultural com educação permanente, dirigentes políticos que entendam que todos somos humanos e precisamos uns dos outros, e muitos precisam mais que outros de apoio, atenção e oportunidades. Meritocracia e outros títulos bonitos colocados na mídia como regras, não existem! São modelos de dominação de uns sobre outros, e pior, diferenciam os diferentes que não tem a mesma condição de partida que outros. É simples, basta ser honesto para compreender e agir.

Não sou negro. Não sou índio, nem LGBT. Não moro nas favelas e periferias do mundo e do meu país. Sou privilegiado e branco. Tive acesso a escolas, livros, pais que podiam participar da minha educação e prover as coisas. A empatia me fez compreender a cada ano da minha vida que ao me colocar no lugar do outro, e buscar ajudar se possível, seria o melhor caminho para fazer a minha parte para um mundo melhor, saudável, de paz, fraternidade e solidariedade. Busco todos os dias e em cada oportunidade promover as boas causas, apoiar quem precisa e denunciar quem difunde ódio, violência, ignorância e perseguições. Voto sempre com a consciência de eleger gente que gosta de gente, do povo, das pessoas, que admira a educação como prioridade na gestão. É um jeito de ver o mundo e agir. Cada um pode ter o seu.

O que não é mais possível é conviver com uma pandemia secular de ódio e discriminação aos negros, pobres, mulheres, LGBTs, indígenas que nunca retrocede, e muitas vezes avança com mais e mais mortes que sequer sabemos. Quantos morrem sufocados, sem poder respirar, nas favelas e comunidades pobres, aldeias e outros lugares, sempre alvos de violência do estado (polícia), abandono do poder público e sem qualquer vontade política de governos em defesa destes povos? É inadmissível que vivamos assim, vez em quando colocando luz em uma morte que comove, e logo depois vira história tão somente. Precisamos superar esta pandemia racista, preconceituosa, do ódio e da violência.

Para isso não servem somente posts bonitos e em apoio, se você vota em quem promove a barbárie, discurso de ódio, de diferenciação entre A ou B, pela cor, classe social e etc. Precisamos que a sociedade faça mais, por exemplo, vá conhecer de fato como vivem no dia a dia estas pessoas que vivem nas favelas, nas aldeias, nas suas casas diversas para compreender o porque das coisas serem como são. É preciso que mais pessoas se engajem em ações sociais que apoiem a emancipação destas pessoas e comunidades para que tenham mais oportunidades, educação e assistência, com oportunidades iguais. É preciso erradicar o racismo, o preconceito, o ódio e a violência. Só depende de nós. De cada um. Para que todos possam respirar e parar de chorar a vida de um irmão humano como Floyd, João Pedro, Miguel e tantos outros.

Nós podemos sim combater e vencer a pandemia racista e preconceituosa. Basta mais atitude, ação e leitura. Assim venceremos a ignorância. O Palavra Livre apoia.

  • o Editor

Palavra Poesia – Vidas Negras Importam

O Palavra Livre é também arte e cultura em todas as suas formas, especialmente a literatura a qual o editor é um aficcionado e produtor de textos. Tempos terríveis e uma imensa tristeza e tragédia com a morte de negros unicamente por serem negros… trouxe a tona a veia poética de um jovem autor que já tem uma poesia publicada aqui neste espaço. Edmundo Steffen nos brinda com outra construção simbólica da dor que sentimos como humanos de fato, carne, osso, pele, sangue…

Sensibilizar a si mesmo é uma tarefa que exige um mergulho profundo no sentimento que nos faz o que somos, gente. Aproveitem a viagem com o autor:

“Vidas Negras Importam”- Autor: Edmundo Alberto Steffen

Vidas Negras Importam
Mas não só essa semana
É um grito que corre nas ruas
Mas das periferias emana

Eles estão cansados de morrer
Porque a pele transforma em alvo
E como diria Leandro Karnal
Eu branco, já nasci salvo!

Não morro pela minha cor
Não levo 80 tiros de aviso
Um Estado que se preocupa em matar
Porque periferia viva, dá mais prejuízo

Toda vida importa? Concordo
Mas nunca vi branco morrer pela cor
A luta antirracista é de todos nós
Por isso vou parar para compor

A cada 23 minutos morre um jovem negro
O que você pensaria se fosse da sua família?
O Estado age sem piedade
E mais corpos empilha

Jenifer, Kauã, Ágatha e João Pedro
Esses foram os que ganharam visibilidade
Mais quantos ainda vão morrer?
Sem nem ao menos oportunidade

Quantos cientistas, artistas e pensadores
Dos quais não poderão existir
Quantas famílias cheia de dores
Que orgulho não poderão sentir

Vidas são cerceadas
Na Necropolítica do Estado
Que decide quem vive e quem morre
Mas é sempre do mesmo lado

Nas favelas, entram nas casas sem mandado
Nos condomínios, pedem licença
Até quando são mandados

Mais uma vida que foi tirada
Em prol da segurança do Brasil
Mortes banalizadas
Confundiram guarda-chuva com fuzil

Você que acha vitimismo todo esse discurso
Procure se informar e sair da bolha
Pois nascer sem informação, tudo bem
Mas continuar sem, é uma escolha!

  • Edmundo Alberto Steffen nasceu em Joinville-SC, no dia 13 de outubro de 1997, cursou Ensino Fundamental na rede municipal de ensino da mesma cidade, Ensino Médio no Instituto Federal Catarinense – Campus Araquari e atualmente é estudante de Filosofia da PUCPR em Curitiba. Autor do livro “Poesias aos Ventos”, escreve poesias, textos e análises sobre cinema e literatura em seu Instagram “ @edmundo.steffen “ .

Pós-Covid19 – Comissão Europeia aprova o maior plano de recuperação da história: 750 bi de Euros

Um passo histórico que dispara os alarmes em alguns países do norte da União Europeia, ao mesmo tempo em que alenta esperanças para os do sul. A Comissão Europeia aprovou nesta quarta-feira um plano de recuperação econômica contra a pandemia num valor de 750 bilhões de euros (4,42 trilhões de reais). Dessa quantia, 500 bilhões de euros correspondem a subsídios a fundo perdido, e os outros 250 bilhões de euros a empréstimos.

Pela primeira vez em 60 anos, o clube comunitário se dispõe a se endividar maciçamente nos mercados financeiros. E, sobretudo, pela primeira vez na história da UE, Bruxelas transferirá parte desses recursos em forma de subsídios a fundo perdido para os países mais golpeados por uma crise tão inesperada como devastadora. Fontes comunitárias indicam que dois terços do plano, meio trilhão de euros, serão injetados como subsídios, distribuídos com uma cota de partilha que favorecerá os países mais golpeados pela pandemia. O restante, 250 bilhões de euros, será distribuído na forma de empréstimos, sem cotas por países, mas com salvaguardas para garantir que nenhum sócio absorva muito em detrimento do resto.

A presidenta da Comissão Europeia (Poder Executivo da UE), Ursula von der Leyen, anunciará o projeto publicamente nesta manhã perante o Parlamento Europeu. Mas o comissário (ministro) europeu de Economia, Paolo Gentilloni, um dos principais impulsionadores da iniciativa, já revelou pelo Twitter o montante desse fundo de recuperação.

A cifra fica longe dos 2 trilhões de euros que o Parlamento Europeu solicitou em uma dura resolução aprovada neste mês, mas se aproxima do trilhão de euros discutido nos últimos dias. O documento que sairá dos quartéis-generais da Comissão deverá receber a luz verde tanto do Parlamento Europeu, muito exigente quanto ao alcance do plano, como dos Estados membros, onde se antevê uma áspera batalha. Segundo fontes da comunidade, a proposta que Ursula von der Leyen destina à Espanha 75 bilhões de euros em ajuda não reembolsável.

O “salto qualitativo na solidariedade europeia”, como o definiu o vice-presidente da Comissão, Josep Borrell, assusta alguns países do norte, que temem o começo de uma “união de dívidas” ou uma “união de transferências financeiras”. Para os sócios do sul, o novo Fundo de Recuperação é um sinal de esperança e uma compensação justa para manter um mercado interno que beneficia principalmente o norte e que, sem um reequilíbrio nas ajudas pelo coronavírus, poderia voar pelos ares.

As ajudas públicas nacionais autorizadas como resultado da pandemia já superam os dois trilhões de euros, mas quase metade disso foi concedida pela Alemanha às suas empresas, enquanto as ajudas oferecidas pela quarta maior economia do bloco, a Espanha, por exemplo, não chegam a 4% do total. O enorme desequilíbrio ameaça a capacidade de sobrevivência das empresas situadas nos países mais golpeados pela pandemia. E tanto Bruxelas como Berlim acabaram por reconhecer o risco de fragmentação do mercado se as empresas de todos os países não puderem competir em igualdade de condições.

Covid-19 – Instituto Americano de Física repercute estudo da Udesc Joinville (SC)

Um artigo científico sobre a evolução da Covid-19, produzido pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) em Joinville em conjunto com outras duas universidades, foi divulgado pelo Instituto Americano de Física. O estudo, publicado na Revista Chaos: An Interdisciplinary Journal of Nonlinear Science; baseia-se em números reais, obtidos até 27 de março, no Brasil, Japão, Estados Unidos, na China, França, Alemanha, Itália, Coréia do Sul e Espanha.

“Decidimos usar nossa experiência para realizar análises numéricas extensas usando a série em tempo real dos casos cumulativos confirmados de Covid-19, a fim de procurar respostas sobre a disseminação desse patógeno”, explicou o professor da Udesc Joinville, Cesar Manchein.

Segundo o artigo, medidas de quarentena mais suaves são ineficientes em achatar curvas em comparação com diretrizes de isolamento mais rígidas. “Nossos resultados mostram que uma estratégia eficiente para evitar o aumento do número de indivíduos infectados por coronavírus combina duas ações: um alto nível de distância social e um número significativo de testes para identificar e isolar indivíduos assintomáticos. A combinação das duas ações é, essencialmente, a estratégia usada na Coréia do Sul”, disse à publicação, o coautor do estudo, professor Rafael da Silva, da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Também participam da pesquisa o doutorando Eduardo Brugnago e o professor Marcus Beims, da UFPR; e o professor Carlos Mendes, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Os pesquisadores planejam continuar aplicando dados reais para aperfeiçoar o estudo.

Coronavírus coloca Primeiro-Ministro Britânico na UTI

O primeiro-ministro britânico Boris Johnson, de 55 anos, foi levado para uma unidade de tratamento intensivo em um hospital britânico. Ele havia sido diagnosticado com coronavírus dez dias atrás, e foi sido levado ao hospital St Thomas, em Londres, no domingo por causa de “sintomas persistentes” como febre alta.

Nesta segunda, foi anunciado que ele seria submetido a exames. Um porta-voz do governo britânico afirmou que esta seria uma medida de precaução recomendada pelos médicos, já que os sintomas da doença têm continuado dez dias depois de resultados positivos para o vírus.

No início da noite em Londres (tarde no Brasil), o governo anunciou que o premiê foi levado à UTI após uma piora nos sintomas.

Será que no Brasil as nossas “autoridades” entenderão que não há barreiras para este vírus? E mais, que podem até serem poderosos, ter a estrutura de atendimento especial de líderes mundiais que adoecem e vão sofrer em UTIs? Será que realmente pensarão nos milhões que não tem o mesmo atendimento e sequer poderão ser tratados em UTIs?

Em tempo: Boris foi um dos que negaram a força terrível do Covid-19 (Coronavírus), e só tomou decisões em defesa da saúde dos britânicos depois… e já tarde…

Coronavírus – Pandemia, saiba mais sobre isso

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou nesta quarta-feira (11/03) que está em curso uma pandemia do novo coronavírus.

“Pandemia não é uma palavra para ser usada à toa ou sem cuidado. É uma palavra que, se usada incorretamente, pode causar um medo irracional ou uma noção injustificada de que a luta terminou, o que leva a sofrimento e mortes desnecessários”, afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.

“A descrição da situação como uma pandemia não altera a avaliação da OMS da ameaça representada por esse vírus. Isso não muda o que a OMS está fazendo nem o que os países devem fazer “, afirmou Ghebreyesus.

Desde 31 de dezembro, quando a China informou a OMS que um vírus até então desconhecido estava se espalhando pelo país, ele já chegou a 114 países. Segundo o último boletim da organização, foram registrados mais de 118 mil casos e 4.291 mortes.

A escalada do surto originado na cidade chinesa de Wuhan e a velocidade com que o Sars-cov-2, como é chamado oficialmente o novo coronavírus, se espalhou pelo mundo impressionam, mas isso não é exatamente surpreendente em um mundo globalizado.n

Outro aspecto torna mais preocupante esta evolução. Inicialmente concentrado na China, o vírus já passou a se reproduzir localmente em dezenas de países.

Segundo o diretor-executivo do programa de emergências da OMS, Michael Ryan, a “declaração de uma pandemia não é como a de uma emergência internacional”. “É uma caracterização ou descrição de uma situação, não é uma mudança na situação”, disse Ryan.

O que é uma pandemia?

A humanidade enfrenta pandemias desde ao menos 1580, quando um vírus do tipo influenza, que causa gripes, surgiu na Ásia e se espalhou para a África, Europa e América do Norte.

O termo é usado para descrever uma situação em que uma doença infecciosa ameaça muitas pessoas ao redor do mundo simultaneamente.

Uma das pandemias mais graves já enfrentadas ocorreu entre 1918 e 1920. Estima-se que 50 milhões de pessoas tenham morrido na pandemia da gripe espanhola, mais do que os 17 milhões de vítimas, entre civis e militares, da 1ª Guerra Mundial.

O exemplo mais recente foi a disseminação global do vírus influenza H1N1, que causou a pandemia da gripe suína, em 2009. Especialistas acreditam que ele tenha infectado milhões de pessoas e matado centenas de milhares.

Mas uma pandemia não se caracteriza pela gravidade da doença que ela causa. “O principal fator é o geográfico, quando todas as pessoas no mundo correm risco”, diz Ritchmann.

Pandemias são mais prováveis com novos vírus. Como não temos defesas naturais contra eles ou medicamentos e vacinas para nos proteger, eles conseguem infectar muitas pessoas e se espalhar facilmente e de forma sustentada.

Diferença entre pandemia, epidemia e endemia

Rosalind Eggo, acadêmica especialista em doenças infecciosas na Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, explicou à BBC a diferença entre epidemia, pandemia e endemia.

“A infecção endêmica está presente em uma zona de maneira permanente, em todo momento durante anos e anos”, afirmou.

Por outro lado, uma epidemia é um “aumento de casos seguido de um ponto máximo e, depois, uma diminuição”.

É o que ocorre nos países onde se registram epidemias de gripe a cada ano: no outono e no inverno aumentam os casos, chega-se a um máximo de infecções, e depois diminuem.

Por último, a pandemia é uma epidemia que ocorre “em todo o mundo mais ou menos ao mesmo tempo”.

OMS agia com cautela diante do novo coronavírus

A OMS vinha sendo cautelosa em confirmar oficialmente a pandemia.

No fim de janeiro, a organização reuniu por duas semanas seguidas seu comitê de emergência para avaliar se havia uma situação de emergência de saúde pública de interesse internacional.

Após a primeira reunião, disse que ainda era cedo para isso, mas, após a segunda, reconheceu que a disseminação internacional do Sars-Cov-2 representava um risco para outros países e exigia uma resposta global coordenada.

Naquele momento, o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, afirmou que a transmissão local fora da China e um receio sobre o impacto do coronavírus sobre países com sistemas de saúde mais frágeis levou àquela decisão.

Por que a OMS demorou a declarar uma pandemia?

Declarar uma pandemia significa dizer que os esforços para conter a expansão mundial do vírus falharam e que a epidemia está fora de controle.

Ao afirmar que estamos diante de uma pandemia, a OMS sinaliza que é hora de passar para a fase de mitigação, ou seja, deixar de se concentrar na detecção de novos casos e adotar medidas para tratar os pacientes em estado mais grave e evitar mortes.

Mas, antes disso, a organização precisa garantir que terá como apoiar os países mais pobres na ações necessárias para isso, diz o infectologista Marcos Boulos, do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

A organização também tem sido cuidadosa diante da evolução do novo coronavírus porque foi bastante criticada por ter considerado a disseminação da gripe suína uma pandemia, três meses após ela eclodir no México.

Isso gerou uma corrida global para a compra de medicamentos e outros insumos para combater o vírus H1N1, que, depois, se mostrou menos letal do que se esperava.

Vírus é menos letal, mas causa pânico

O novo coronavírus apresenta um grande potencial de transmissão, mas parece ser menos letal do que aqueles por trás de outras duas epidemias nas últimas duas décadas.

A OMS estima que 3,4% dos pacientes morrem por causa da covid-19, a doença causada por este vírus. Este índice foi recentemente revisado para cima pela organização, que antes apontava uma taxa de letalidade de cerca de 2%.

Ainda assim, é uma proporção bem menor do que a registrada nos surtos de coronavírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars, na sigla em inglês) e da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers, na sigla em inglês), em que 10% e 35% dos pacientes morreram, respectivamente.

* com informações de agências e BBC Brasil

Saúde Infantil – Unicef afirma que sarampo mata 400 crianças por dia em todo o mundo

Quase 400 crianças morrem diariamente de sarampo no mundo, apesar de a vacinação ter permitido reduzir o número de mortes em 79% nos últimos 15 anos, revela um relatório hoje (11) divulgado em Genebra.

“Fazer o sarampo passar para a história não é missão impossível”, disse Robin Nandy, responsável pela imunização no Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), citado num comunicado conjunto da Organização Mundial de Saúde (OMS), do Unicef, da Aliança para a Vacinação (Gavi) e dos centros de prevenção e controlo de doenças dos Estados Unidos (CDCP).

“Temos os instrumentos e o conhecimento para fazê-lo; o que nos falta é a vontade política para alcançar cada criança, esteja ela onde estiver. Sem este compromisso, as crianças vão continuar a morrer de uma doença que é fácil e barato prevenir”.

O Unicef, a OMS, o Gavi e o CDCP estimam que as campanhas de vacinação do sarampo e um aumento da cobertura da vacinação de rotina tenham permitido salvar 20,3 milhões de vidas entre 2000 e 2015, mas o progresso não é equilibrado. Em 2015, cerca de 20 milhões de crianças não foram vacinadas e estima-se que 134 mil tenham morrido da doença.

Milhões de crianças sem vacinação
A República Democrática do Congo, a Etiópia, a Índia, a Indonésia, a Nigéria e o Paquistão representam metade das crianças por vacinar e 75% das mortes por sarampo.

“Não é aceitável que milhões de crianças fiquem por vacinar todos os anos. Temos uma vacina segura e muito eficaz para parar a transmissão do sarampo e salvar vidas”, disse Jean-Marie Okwo-Bele, diretor do departamento de imunização da OMS.

Ele lembrou que a região das Américas foi este ano declarada livre de sarampo, “o que prova que a eliminação é possível”. “Agora temos de acabar com o sarampo no resto do mundo. Começa com a vacinação”, afirmou.

Brasília - Crianças e adolescentes são vacinados no Centro de Saúde n 8, no bairro Asa Sul, durante o Dia D da Campanha Nacional de Multivacinação, que ocorre neste sábado em todo o Brasil (Marcelo Camargo/Agê
Em 2015, em todo o mundo, cerca de 20 milhões de crianças não foram vacinadas contra o sarampo, que matou 134 mil meninos e meninasMarcelo Camargo/Agência Brasil
 

O presidente do Gavi, Seth Berkley, lembrou que o sarampo é um bom indicador da robustez dos sistemas de imunização dos países”.
“Para abordar as doenças evitáveis através da vacinação mais mortíferas precisamos de compromissos fortes por parte dos países e dos parceiros para aumentar a cobertura vacinal e os sistemas de vigilância”, afirmou.

O sarampo, uma doença viral altamente contagiosa que se transmite por contato direto e pelo ar, é uma das principais causas de morte entre as crianças pequenas a nível mundial, mas é evitável com duas doses de uma vacina segura e eficaz.

No entanto, surtos da doença em vários países, provocados por falhas na imunização de rotina e em campanhas de vacinação, continuam a ser um problema: só em 2015 houve surtos no Egito, Etiópia, Alemanha, Quirguistão e na Mongólia.

Dados recentes sobre mortalidade infantil
Quase metade das 5,9 milhões de mortes de crianças com menos de cinco anos registradas em 2015 ocorreram no primeiro mês de vida, conclui um estudo hoje (11) divulgado em Londres.

Publicado na revista científica The Lancet, o estudo, que apresenta os dados mais recentes sobre a mortalidade infantil em 194 países, indica que 5,9 milhões de crianças morreram em 2015 antes dos 5 anos, 2,7 milhões das quais eram recém-nascidas.

Globalmente, em 2015 houve menos quatro milhões de mortes infantis do que em 2000, em grande parte devido à redução da mortalidade associada à pneumonia, à diarréia, morte durante o parto, malária e ao sarampo (todas caíram mais de 30% entre 2000 e 2015).

No entanto, embora o número de mortes de recém-nascidos tenha diminuído de 3,9 milhões em 2000 para 2,7 milhões em 2015, o progresso na redução da mortalidade neonatal (nos primeiros 28 dias de vida) foi mais lento do que nas crianças entre um mês e cinco anos.

Isto resultou num aumento da proporção de recém-nascidos entre a mortalidade infantil, de 39,3% em 2000 para 45,1% em 2015.

Se as mortes de recém-nascidos tivessem caído ao mesmo ritmo das mortes de crianças entre um mês e cinco anos, o mundo teria alcançado o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio de reduzir a mortalidade infantil em dois terços entre 1990 e 2015, o que não aconteceu.

O estudo destaca também as desigualdades no progresso registrado no mundo, com as taxas de mortalidade infantil variando entre 1,9 e 155,1 mortes por mil nascimentos, e 60,4% (3,6 milhões) de todas as mortes ocorridas em 10 países.

Apesar dos progressos, as principais causas de morte entre as crianças foram as complicações devido a parto prematuro (17,8%, 1,1 milhões de mortes), pneumonia (15,5%, 0,9 milhões de mortes) e morte durante o parto (11,6%, 0,7 milhões de mortes).

Em 2015, os países com maiores taxas de mortalidade infantil (mais de cem mortes por cada mil nascimentos) foram Angola, República Centro-Africana, Chade, Mali, Nigéria, Serra Leoa e Somália.

Nestes países, as principais causas de morte foram a pneumonia, a malária e a diarréia, pelo que os investigadores recomendam investimentos para promover o aumento da amamentação, a disponibilização de vacinas e a melhoria da qualidade da água e saneamento.

Anomalias congênitas
Em comparação, nos países com menores taxas de mortalidade infantil (menos de dez mortes por cada mil nascimentos), incluindo a Rússia e os Estados Unidos, as principais causas de morte foram anomalias congênitas, complicações devido ao parto prematuro e lesões.

Os investigadores recomendam a melhoria da detecção e tratamento das anomalias congênitas, dos cuidados de saúde durante a gravidez e o parto e mais investigação sobre a eficácia das intervenções em casos de lesão.

Citada num comunicado da The Lancet, a autora principal do estudo, Li Liu, da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg, nos Estados Unidos, reconheceu que a sobrevivência infantil “melhorou substancialmente desde que os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio foram definidos, embora a meta de reduzir em dois terços a mortalidade infantil não tenha sido alcançada”.

“O problema é que este progresso foi desigual e a taxa de mortalidade infantil permanece elevada em muitos países. É necessário um progresso substancial nos países da África subsaariana e no sul da Ásia para se alcançar a meta dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, disse.

Com informações da Ag. Lusa e Ag. Brasil

Na América Latina, eleição de Trump causa reações negativas

palavralivre-america-latina-continenteAntes mesmo de saber os resultados das eleições presidenciais norte-americanas, o governo mexicano reagiu na madrugada (9) de hoje a uma eventual vitória do candidato republicano Donald Trump, que provocou queda no valor do peso. As autoridades da área econômica convocaram uma entrevista para esta quarta-feira, com o objetivo de acalmar os mercados.

Quando a contagem de votos terminou, o jornal El Universal anunciou: “Trump ganha a presidência dos EUA; o peso (mexicano) em queda livre”. Os mercados reagiram às declarações de Trump que, durante a campanha, propôs acabar com o Nafta – o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio com o Canadá e o México, em vigor desde 1994.

O acordo, que reduz barreiras alfandegárias, levou ao fechamento de fábricas nos Estados Unidos. As empresas reduziram seus custos, mudando-se para o território mexicano, onde a mão de obra é mais barata. Montavam eletrodomésticos e automóveis com componentes importados e exportavam o produto acabado para o mercado norte-americano e terceiros mercados.

Trump sugeriu cobrar um imposto de 35% sobre as importações mexicanas, o que teria sério impacto no país vizinho, além de construir um muro na fronteira, para impedir a entrada de imigrantes ilegais.

Na Bolívia, o presidente Evo Morales reagiu pelo Twitter. Ele disse que nos Estados Unidos “valem mais as armas que os votos” e elogiou as revoluções populares da Venezuela, do Equador e da Nicarágua.

O jornal Granma, de Cuba, tinha na capa a notícia de segunda-feira: a eleição do ex-guerrilheiro Daniel Ortega para um terceiro mandato consecutivo na Nicarágua. O presidente Obama tinha iniciado um processo de reaproximação com o governo comunista cubano, depois de mais de meio século de guerra fria.

Na Argentina, o jornal La Nación lembra que o país teve uma relação de altos e baixos com os Estados Unidos: na década de 90, foram mais que próximas. Nos últimos 12 anos, foram distantes. Em março, os argentinos inauguraram uma nova etapa quando o presidente Barack Obama visitou o país para se encontrar com Maurício Macri, que tinha assumido o poder há três meses. A maioria dos analistas ouvidos considera incerto o futuro com Trump.

Na América Latina, como nos Estados Unidos, as manchetes dos jornais online noticiaram a vitória de Trump como algo inesperado e surpreendente, cujos desdobramentos são ainda imprevisíveis.

No Chile será realizado nesta quinta-feira (10) o seminário sobre os Novos Desafios da América Latina, com a participação dos presidentes do Banco Central da Argentina, Federico Sturzenegger, e do Brasil, Ilan Goldfajn, além do ministro da Fazenda chileno, Rodrigo Valdés, e do diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), Alejandro Werner. O impacto da vitória de Trump no comércio internacional provavelmente será incluído na agenda.