Opinião: O chororô do prefeito Udo Döhler – Parte 2

Realidade vem derrubando avaliação do governo Udo Döhler
Realidade vem derrubando avaliação do governo Udo Döhler

Continuando a análise da entrevista do prefeito Udo Döhler ao jornalista Claudio Loetz em A Notícia do último final de semana (17 e 18 maio), (a primeira parte leia clicando aqui) vamos a mais alguns pontos destacados pelo Prefeito, e continuando de trás para frente:

Saúde: para o Prefeito, investir 35% da receita da Prefeitura na saúde é demais. Gostaria de ouvir uma novidade, do tipo, vamos fazer isso para resolver, aquilo para agilizar, etc. Cobrar a diferença do Estado? Isso é discurso velho, vem do seu eleitor maior o senador LHS, mas nem ele conseguiu. Joinville aguarda o choque de gestão na saúde que realmente reduza as filas nas cirurgias e especialidades, e não via Cooperfield, sumindo com listas já existentes.

Oposição e Travas: Para Udo Döhler, a oposição de dois, sim, dois vereadores trava o desenvolvimento da cidade. Seria infantilidade acreditar em tamanha baboseira. Um governo que não consegue por na rua licitações do estacionamento rotativo, dos radares, do aluguel de máquinas para atender o povão nos bairros, etc, etc, não pode colocar a culpa também em dois vereadores. E quando ele diz que só deve explicações à população, ele esquece que os vereadores são legítimos representantes do povão! Sim, eles merecem respeito, ser ouvidos, atendidos. Porque conversa para fotografias e mídia não resolve a vida nos bairros e na saúde, por exemplo.

Santos Dumont: uma miragem que o governador Colombo vende para Joinville via gastos exorbitantes com dinheiro publico em publicidade é ampliado pelo prefeito Udo. A obra não anda, e nem vai andar com falta de vontade política que sempre existe na Ilha em relação a Joinville. De compromissos assinados pelo Governo do Estado o inferno SC está cheio! As obras previstas para estarem prontas em 2010 são as mesmas que saem agora à conta gotas na cidade. Ou seja, parceria que atende a não sabemos quem, porque o povão nada vê de fato.

Máquinas da Prefeitura/Estômago: Udo reclama da complexidade das licitações das máquinas para as subprefeituras. Impugnação de concorrência é algo normal, do jogo no setor público. Aí ele deixa outra pista sem nomes, diz que tem de acabar com o clientelismo. Quem são os clientelistas Prefeito? A incompetência na realização das licitações já chegou a virar piada, pois nenhuma acontece! E o povão nos bairros, vai ficando até sem a patrolinha nossa de cada dia! Os loteamentos da zona sul que o digam, pois foram até para a TV nos programas de campanha e hoje já não são mais prioridades.

Licenciamentos: segundo o Prefeito, não faz sentido fiscalizar instalação elétrica, hidráulica, etc. Ou seja, a lógica é deixar tudo para o “privado”, resolver. Assim ele quer acabar com a Fundema, órgão que emite os licenciamentos na cidade, e com isso ganhar agilidade. Será? A legalidade é altamente necessária, e o que se precisa é dar condições de trabalho a fiscais e ao órgão fiscalizador, seja qual ele for. A lógica capitalista não pode se sobrepor à lógica do coletivo.

Desvios de conduta: essa declaração de Udo mexeu com os brios do funcionalismo público municipal, cerca de 12 mil servidores. Quer dizer que há tantos desvios de conduta, eufemismo para evitar a palavra corrupção ou algo parecido talvez, que é uma das tarefas que mais complicar a vida do Prefeito? A generalização é maléfica e põe sobre toda uma categoria uma suspeição que consideramos exagerada e injusta. Corrupção há na área pública e também privada. Aliás, só há corrupção na área pública por grandes interesses privados. E a pergunta que fica é se a centralização das licitações dá resultado, porque até agora nada saiu para valer e a cidade se afunda no marasmo?

Empresariado: como nunca foi total a adesão ao seu nome no meio empresarial, leia-se Acij, onde Udo já foi várias vezes presidente, agora a coisa piorou e o Prefeito admite na entrevista. Mas não diz como vai amenizar o mal estar com o governo lento e desarticulado. Enfim, a gestão e o gestor estão em Xeque também nos apoiadores.

Desenville: aqui um tiro no órgão colegiado criado por LHS no final da década de 1990 no qual inclusive Udo participava ativamente. Diz que não é prioritário, e que precisa ser refeito. O que pensará o senador que foi pedir votos nas ruas para ele? Suas obras vão sendo pouco a pouco desconstruídas? Precisa ser refeito, diz o Prefeito, mas mais uma vez não diz como. E já estamos caminhando para o final do segundo ano de mandato.

Estacionamento Rotativo: vai esperar diz Udo, porque só é fonte de receita para a Prefeitura. Depende de plano de mobilidade urbana, que depende da consultoria contratada, que depende da LOT, que depende do Conselho da Cidade, da Câmara de Vereadores, etc, etc. Enquanto isso vivemos um caos no centro da maior cidade catarinense, pois não há vagas nas ruas e sequer nos estacionamentos pagos! Os engarrafamentos em qualquer horário já estressam motoristas o dia inteiro, e nada se faz. A gestão de Udo Döhler não decola, não mostra a que veio, é om Boeing pesadão que ainda está tentando taxiar.

Finalizando a análise que faço da entrevista que era para ter sido estratégica, mas virou um tiro no pé, penso que ainda dá tempo do prefeito Udo acertar, mas não da forma como conduz a administração. Centralizador, autoritário, sem o traquejo político necessário para a conversa popular que fortalece o Prefeito, com um secretariado engessado e fraco em vários setores, cada vez mais se fechando e se isolando dos gritos da sociedade, o governo tende a piorar.

A tentativa de vender a imagem de que Udo não governa porque a Justiça não deixa, porque os vereadores oposicionistas não deixam, porque a corrupção dos servidores e a burocracia não deixam, porque o Badesc não deixa, porque os opositores ao seu projeto da LOT não deixam, porque o povo reclama muito das ruas esburacadas, os empresários reclamam, enfim, todos não deixam, fez água antes do barco partir.

A tarefa da gestão pública não é simples como um passe de mágica, ou uma canetada em uma mesa de empresa. Há que se ter habilidades, diálogo, articulação politica, e trabalhar muito. O que não quer dizer acordar de madrugada, mas sim ser eficiente no tempo em que estiver comando o time. Isso se chama gestão eficaz, e não infelizmente isso que vemos em Joinville hoje.

Oremos e cobremos, quem sabe algo muda urgentemente. Se não mudar, temos de mudar no voto, pois assim manda a democracia.

* Por Salvador Neto, jornalista e editor do Palavra Livre

Autor: Salvador Neto

Jornalista e escritor. Criador e Editor do Palavra Livre, co-fundador da Associação das Letras com sede no Brasil na cidade de Joinville (SC). Foi criador e apresentador de programas de TV e Rádio como Xeque Mate, Hora do Trabalhador entre outros trabalhos na área. Tem mais de 30 anos de experiência nas áreas de jornalismo, comunicação, marketing e planejamento. É autor dos livros Na Teia da Mídia (2011) e Gente Nossa (2014). Tem vários textos publicados em antologias da Associação Confraria das Letras, onde foi diretor de comunicação.

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